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quinta-feira, 12 de março de 2015

Armenio Guedes (1918-2015): um comunista honesto (a partir de certo momento)

De todos os comunistas que conheci -- refiro-me, não a todos eles, mas ao pessoal do velho Partidão que tinha certa cultura, e que pelo menos tinha lido Marx e Dostoievski, ou Lênin e Balzac -- e que entrevistei, em pesquisas sobre a história política brasileira nas décadas em que o Partido Comunista Brasileiro ainda era uma força política aparentemente importante, Armênio Guedes foi o único honesto, ou seja, a falar sinceramente sobre os crimes do stalinismo, e sobre as deformações do socialismo.
Eu devo tê-lo entrevistado em Paris, em algum momento do final dos anos 1970 e início dos 1980, quando ainda viviamos em ditadura militar, portanto, e nossa conversa foi muito fluída, muito aberta, e ali conheci um homem culto, inteligente, aberto, ou seja, quase um humanista (se é possível dizer isto de um comunista). Mas registre-se que ele tinha se tornado comunista quase como um air du temps, o Zeitgeist, pois esta era uma escolha que se colocou a muitos jovens idealistas de certa geração, quando o socialismo ainda parecia prometer melhorias na condição de vida de países "semi-coloniais", como o pessoal do Komintern considerava equivocadamente o Brasil. Ele logo percebeu, no degelo pós-Stalin, que aquela coisa não poderia funcionar. Ainda assim permaneceu no Partido pois aquilo representava uma vida de lutas. Não sem críticas, tanto que foi marginalizado pelos velhos dirigentes prestistas e por outros oportunistas.
O texto abaixo, assinado por algum intelectual gramsciano, presta uma homenagem a um dos poucos intelectuais comunistas que colocava a cultura antes da política, embora seu autor, não identificado, ainda mantenha as mesmas ilusões de velhos e novos comunistas quanto às possibilidades de um, qualquer um, socialismo, algo que Armênio Guedes provavelmente já não tinha mais (mas que ele não confessava, provavelmente para não chocar os camaradas).
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 12 de março de 2015

Armênio Guedes (1918-2015)
Gramsci e o Brasil - Março 2015

Faleceu ontem em São Paulo (11/03/2015), aos 97 anos, Armênio Guedes, dirigente histórico do antigo Partido Comunista Brasileiro e presidente de honra da Fundação Astrojildo Pereira. Baiano de Mucugê, criado em Salvador e tendo passado por sua Faculdade de Direito, que abandonou pouco antes de se formar, Armênio participou de uma geração brilhante de políticos e intelectuais democráticos e de esquerda, entre os quais João Falcão, Aydano Couto Ferraz, Jorge Amado, Edson Carneiro, Carlos Marighella e muitos outros.

Tendo aderido ao PCB nos anos 1930, sob a inspiração do antifascismo, Armênio guardou desta experiência original a marca das posições de frente com os adeptos do pensamento liberal, que carregou mesmo nos momentos de maior sectarismo do comunismo brasileiro e internacional. Assim, logo depois do célebre XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, que denunciou os crimes que haviam acompanhado a construção do socialismo de Estado sob a direção de Stalin, Armênio esteve entre os que mais se empenharam, no PCB, por uma profunda revisão de métodos, que atualizasse a teoria e a prática dos comunistas brasileiros.

Não por acaso, Armênio participa da redação do “Manifesto de Março de 1958”, ao lado de outras personalidades com pensamento mais ou menos próximo do seu, como Luiz Carlos Prestes, Giocondo Dias e Jacob Gorender. Este “Manifesto”, ao destacar de modo inovador a importância da “questão democrática”, ao lado da “questão nacional”, assinalou uma mudança de rumos na cultura dos comunistas, em direção à plena assimilação posterior dos métodos da democracia política e sua valorização acima de qualquer ambiguidade.

Se não foi suficiente para impedir açodamentos e equívocos na grande e terrível crise de 1964, o “Manifesto de 1958” forneceu instrumentos para a política de resistência pacífica e legalista do PCB ao regime ditatorial, uma política que teve Armênio como um de seus defensores mais destacados e coerentes. Armênio, então no estado da Guanabara, era a referência para o trabalho tanto com os jovens intelectuais, quanto com a velha “classe política”, que a seu modo se opunha tenazmente ao regime, e as novas lideranças que surgiam no interior do MDB e do movimento democrático em geral. Aqui, seu nome deve ser permanentemente lembrado ao lado de singulares personalidades do comunismo brasileiro, como Luiz Inácio Maranhão Filho, Giocondo Dias, Marco Antônio Tavares Coelho, Salomão Malina, João Massena e outros dirigentes com clara visão política dos problemas e perspectivas postos pela “frente democrática” contra o regime militar.

No início da década de 1970, Armênio teve de se exilar no Chile de Allende, depois de ter sido identificado e abordado por agentes da CIA no Brasil. Neste Chile que buscava um caminho democrático para o socialismo, teve continuidade a trajetória de Armênio, ponto de união entre exilados de diferente formação política e cultural. A sangrenta derrubada de Allende, em 1973, marcou nova parte do percurso de Armênio no exílio, já em linha com os mais arrojados políticos e teóricos que se afastavam da ortodoxia soviética, como é o caso do Partido Comunista Italiano e de dirigentes da estatura de Antonio Gramsci, Palmiro Togliatti e Enrico Berlinguer.

Deste último, aliás, Armênio assimilou plenamente, e até o final de sua vida, a ideia de que a democracia política, antes de ser “burguesa”, como afirmava a ortodoxia, era na verdade um “valor universal”, de que as classes subalternas não podiam mais abrir mão, sob o risco de reproduzirem novas experiências autoritárias ou totalitárias, como as do chamado “socialismo real”.

A derrocada da União Soviética e deste tipo de socialismo encontrou Armênio sereno e firme em suas convicções reformistas. Uma palavra — reformismo — que fez questão de reabilitar em diversas intervenções públicas, afirmando explicitamente, por exemplo, que “[...] a Revolução de Outubro, que por tanto tempo nos serviu de modelo, deve ser considerada a última revolução do século XIX. E a ‘revolução democrática’ dos nossos dias, quer dizer, os modos de se desenvolver a luta revolucionária depois do ‘grande ato metafísico de Outubro’, está rigorosamente por ser inventada”.

A vida luminosa de Armênio Guedes, que acompanhou a parábola da experiência soviética e dos comunistas brasileiros, acaba por se confundir com as esperanças de renovação do pensamento e da prática da esquerda, na perspectiva de uma mudança social que reforce simultaneamente os espaços de liberdade de cada indivíduo e a trama plural de uma comunidade baseada nos valores da solidariedade e da fraternidade. Armênio Guedes continuará a ser um dos pilares desse tipo de concepção e de luta por um socialismo reconciliado com a democracia — algo, como sabemos, rigorosamente a ser inventado, para usar suas próprias palavras.

Fonte: Especial para Gramsci e o Brasil.

Venezuela-Unasul: uma alianca inquebrantavel (OESP)

O Estadão, esse jornal reacionário se indigna com uma aliança em tudo e por tudo absolutamente natural e esperada. Como é que a Unasul não ficaria do lado dos bolivarianos? Ela foi feita para Isso mesmo. 
Paulo Roberto de Almeida 

A União das Nações Sul-Americanas (Unasul) está cumprindo fielmente o papel que lhe foi designado por seus criadores: apoiar, de maneira desavergonhada, os regimes autoritários ditos "bolivarianos" no continente. Enquanto o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sufoca a oposição - encarcerando seus líderes, calando a imprensa independente e violentando a separação de Poderes -, os representantes da Unasul, a pretexto de promover o "diálogo" naquele país, avalizam um governo que desafia, à luz do dia, todos os compromissos democráticos que deveria respeitar para continuar integrando essa comunidade de nações.
A encenação da Unasul começou já na chegada da delegação que, oficialmente, fora despachada para a Venezuela para convidar governo e oposição a negociar uma saída para a crise do país. O ex-presidente colombiano Ernesto Samper, porta-voz do grupo - que incluiu o chanceler brasileiro, Mauro Vieira -, tratou logo de mostrar o alinhamento da entidade à tese de Maduro segundo a qual seu governo é vítima de golpistas. "Queremos declarar, de maneira enfática, que todos os Estados da Unasul, sem exceção, rechaçarão qualquer tentativa de desestabilização democrática, de ordem interna ou externa, que se apresente na Venezuela", afirmou Samper.
Com esse tipo de discurso, que corrobora as teorias conspiratórias dos chavistas, a começar daquela segundo a qual há um levante em curso e que os conspiradores são financiados e treinados pelos Estados Unidos, os representantes da Unasul rebaixam a oposição à categoria de golpistas. É difícil de imaginar como a Unasul pretende apresentar-se como mediadora do conflito venezuelano, agindo dessa forma.
Seria ingênuo esperar, no entanto, que a Unasul pudesse agir de outra maneira. Criada em 2008 e concebida pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para liderar o projeto megalomaníaco de "mexer com o tabuleiro do poder no mundo", conforme suas próprias palavras, a Unasul rapidamente se transformou em ribalta para as diatribes chavistas.
O papel designado à Unasul é parte de objetivo mais amplo: esvaziar de vez a Organização dos Estados Americanos (OEA), que ainda é a mais importante entidade multilateral das Américas. A intenção é alijar os Estados Unidos dos foros de debate da região e calar as críticas da OEA em relação às violações de direitos humanos nos países bolivarianos. A culminação desse esforço deverá ser a eleição, no dia 18, do ex-chanceler uruguaio Luis Almagro para a secretaria-geral da OEA. Almagro, até aqui candidato único, já disse que o responsável pela mediação na Venezuela é a Unasul. Logo, parece claro que a OEA, sob nova direção, abrirá mão de qualquer protagonismo na Venezuela, deixando a Unasul à vontade para blindar Maduro.
E a Unasul demonstrou que está bem desembaraçada em seu papel. Em nenhum momento a delegação enviada à Venezuela manifestou genuína preocupação com a prisão de opositores e com a evidente destruição das instituições democráticas. Ao contrário, fez publicamente um "chamado à oposição para que exerça, através do legítimo processo democrático, seu direito ao dissenso".
A única explicação racional para tal papelão é que a Unasul talvez não queira melindrar Maduro, preferindo oferecer-lhe apoio e compreensão para que ele, finalmente, aceite o diálogo. Mas tal hipótese é cabulosa. O fato é que a Unasul optou por maltratar um dos lados da negociação, arruinando qualquer legitimidade que pudesse ter para assumir a difícil tarefa de mediar a crise. Não foi à toa que os grupos de oposição imediatamente rejeitaram, por viciada, a tal mediação da Unasul.
A Unasul não pode tratar como iguais uma ditadura e suas vítimas. O mínimo que a decência demanda é que haja gestões firmes para o regime chavista libertar os presos políticos e suspender a repressão, como acaba de fazer o governo dos EUA - que anunciou a intenção de ampliar as sanções a integrantes do regime acusados de intimidar opositores. Enquanto os dissidentes continuarem encarcerados, não há como negociar nada na Venezuela. (Estadão).

Venezuela: Unasul apoia o regime na sua "normalizacao" autoritaria

Perguntas:
1) A lei habilitante não é ruptura democrática, já que torna dispensável o trabalho do Parlamento?
2) Eleições com personalidades de oposição detidas sem processo são democráticas?
Apenas duas perguntas, mas tenho mais...
Paulo Roberto de Almeida



A comissão de Chanceleres da UNASUL sobre a situação na Venezuela, composta pelos Chanceleres do Brasil, Mauro Vieira, da Colômbia, María Ángela Holguín, e do Equador, Ricardo Patiño, realizou visita a Caracas no dia 6 de março, em cumprimento ao mandato de promoção do diálogo entre os diferentes atores políticos venezuelanos. Participaram, ainda, da missão o Secretário-Geral da UNASUL, Ernesto Samper, e representante da Presidência Pro-Tempore da organização, neste momento ocupada pelo Uruguai. 

A missão reuniu-se com autoridades do governo e representantes dos partidos de oposição que integram a Mesa de Unidade Democrática/MUD. Em todos esses encontros, a comissão deixou claro que não são admissíveis soluções que signifiquem ruptura da normalidade institucional democrática.

Houve reuniões com o Presidente Nicolás Maduro e a Chanceler Delcy Rodríguez, além de encontros com os titulares do Conselho Nacional Eleitoral, do Tribunal Supremo de Justiça e da Procuradoria Geral.

Da reunião com a oposição, ocorrida na sede da Nunciatura Apostólica, participaram sete representantes de partidos que fazem parte da MUD, entre outros, o ex-candidato presidencial e Governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, o Governador do Estado de Lara, Henri Falcón, e Enrique Naime, do Comitê de Organização Política Eleitoral Independente – COPEI.

A situação dos opositores detidos, inclusive Leopoldo López e Antonio Ledezma, foi tratada tanto com a oposição como com o governo. As autoridades judiciais venezuelanas prestaram esclarecimentos sobre os procedimentos jurídicos em curso em relação aos detidos.

A missão recebeu garantias do Presidente Maduro e do Conselho Nacional Eleitoral de que as eleições legislativas previstas para o corrente ano serão convocadas em breve. O CNE indicou que deverá fixar o calendário eleitoral no correr das próximas semanas. 

O CNE informou ainda que organizará proximamente, a pedido dos interessados, as chamadas eleições prévias, para a definição de candidatos dentro dos diferentes partidos, tanto para a MUD (17 de maio), como para o Partido Socialista Unido da Venezuela (28 de junho). 

Ficou acertado que a UNASUL enviará missão de acompanhamento do processo eleitoral, já a partir de seus estágios iniciais.

Houve consenso quanto à opção eleitoral como caminho para o equacionamento das atuais diferenças políticas.

A UNASUL é hoje o único organismo internacional que conta com a aprovação tanto do governo como da oposição para levar adiante a promoção do diálogo entre os venezuelanos.

Ficou acertado, ainda, que a comissão de Chanceleres dará seguimento a seus esforços de promoção do diálogo por meio de novas visitas ao país para encontros com representantes do governo, dos partidos de oposição reunidos na MUD e de setores representativos da sociedade civil venezuelana.

Eugênio Gudin - Inventário de Flores e Espinhos - Márcio Scalercio, Rodrigo de Almeida (GoodReads)


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Eugênio Gudin - Inventário de Flores e Espinhos

4.0 of 5 stars 4.00  ·  rating details  ·  1 rating  ·  0 reviews
O livro “Eugênio Gudin - Inventário de flores e espinhos”, do historiador Márcio Scalercio e do jornalista Rodrigo de Almeida, retrata a vida de um homem de dois séculos e apara uma aresta incompreensível: a ausência de uma biografia ampla do pai dos economistas brasileiros e de um dos mais influentes pensadores liberais da história da nação. As 316 páginas, elaboradas a partir da consulta de mais de mil documentos e enriquecidas com depoimentos de personalidades, revelam as facetas do sacerdote cujo evangelho tentava exorcizar demônios atrelados às entranhas dos males nacionais, como a inflação, o desperdício do dinheiro público e o gigantismo estatal. Não se trata de um livro para iniciados em Economia, até mesmo porque há uma extensa lista de publicações dedicadas ao pensamento de Gudin. A obra faz jus a uma das maiores preocupações de Gudin (1896-1986): tornar a economia um tema acessível a todos. (less)
ebook, 312 pages
Published 2012 by Insight
ISBN: 9788598831

Minhas cinco diretivas para o 15 de marco - Paulo Roberto de Almeida


Minhas cinco diretivas para o 15 de março de 2015

Paulo Roberto de Almeida

A sociedade brasileira participa neste domingo, dia 15 de março de 2015, de uma manifestação que pode ser histórica, não no sentido em que ela pode derrubar um governo, ou alterar o equilíbrio de forças no plano político, mas simplesmente porque ela pode começar a transformar um país, o que é hoje o Brasil, e desde 1822, numa verdadeira nação, o que ainda é uma promessa.
Sei que as pessoas estão confusas, e existem vários movimentos, ou grupos de ação, que estão chamando para essa grande manifestação popular apartidária: alguns são pelo impeachment, outros pela renúncia, vários se manifestam diretamente contra os corruptos e os totalitários no poder, todos estão insatisfeitos com os problemas econômicos e as cenas de imoralidade explícitas que emergem do mundo político. Não haverá consensos, e a confusão pode continuar e até aumentar. Não pretendo dar lições a ninguém, inclusive porque eu também não sei quais são os caminhos a serem tomados para superar o atual cenário de dificuldades práticas e de dúvidas políticas. Não parece haver, ainda, uma plataforma comum aos diferentes grupos que se empenharam no chamado à manifestação. Tudo bem, a diversidade sempre foi uma marca dos regimes democráticos, assim como a tolerância com caminhos alternativos para o bem comum.
De minha parte, creio ser útil alguma unidade em torno de objetivos simples, claros, compreensíveis para a maioria da população e, se também puder ser, consensuais para o maior número. Com base no meu entendimento de quais sejam os problemas brasileiros atuais, e as grandes dificuldades do país, proponho apenas cinco temas em torno dos quais a maioria poderia se unir nessa manifestação:
1) Contra a corrupção: restaurar a moralidade nos negócios públicos;
2) Contra o Estado extorsivo: menos impostos, mais liberdades econômicas;
3) Contra todos os privilégios: políticos são cidadãos como quaisquer outros;
4) Contra a censura: todas as comunicações são livres, sem controle do Estado;
5) Contra todas as ditaduras: o Brasil defende a democracia e os direitos humanos.

Prefiro assim: poucas palavras de ordem para tentar fazer deste país uma nação.

Hartford, 2789: 12 de março de 2015.

Venezuela: Parlamento do Mercosul tambem sai em socorro dos chavistas...

Assim são os nossos representantes no Mercosul: eles acham que a Venezuela está sendo atacada pelo imperialismo e precisa da defesa dos valentes anti-imperialistas.
Enfim, eles dividem o mundo. A gente observa...
Paulo Roberto de Almeida

Comunicado de Prensa de la Presidencia del PARLASUR

La Presidencia del Parlamento del MERCOSUR, ante la declaratoria de "emergencia Nacional" y el anuncio de aplicación de acciones y medidas injerencistas decretadas el pasado 09 de marzo de 2015, por el Presidente de los Estados Unidos, contra la República Bolivariana de Venezuela y sus funcionarios, por considerar que su situación política se constituye en una amenaza inusual y extraordinaria a la seguridad nacional y la política exterior de los Estados Unidos; expresa su más enérgico y categórico rechazo a dichas medidas, por representar una amenaza real de agresión a la soberanía, la paz y la estabilidad democrática de este país suramericano y por ende del MERCOSUR, y se constituyen en sí mismas en peligro de una intervención armada contra Venezuela, lo cual debe activar una alerta nacional e internacional.
En este contexto, hace un llamado respetuoso a los presidentes y jefes de Estado del MERCOSUR, a rechazar y condenar esta situación que es contraria y violatoria de los principios del derecho internacional y del derecho comunitario del bloque, en especial al Protocolo de Ushuaia I y II sobre el Compromiso Democrático en el MERCOSUR, así como a los principios, propósitos y competencias del Parlamento del MERCOSUR, establecidos en su Protocolo Constitutivo, como el de velar por la observancia de las normas del MERCOSUR y la preservación del régimen democrático en los Estados Parte.
Así mismo, la Presidencia del Parlamento del MERCOSUR, se une a los pronunciamientos de los distintos países y organismos internacionales, que han condenado esta nueva agresión y acciones intervencionistas contra el gobierno y pueblo bolivariano, entre ellos, China, Cuba, Ecuador y Bolivia, así como la Unión de Naciones Suramericanas (UNASUR) y la Alianza Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América (ALBA). Igualmente, expresa que este hecho desmedido e injerencista se contrapone al reconocimiento que de manera pública y reiterada, la comunidad internacional ha otorgado a Venezuela, como un país amante de la paz, respetuoso de los acuerdos internacionales, de los Derechos Humanos y de la soberanía e independencia de los Estados.
Finalmente, se hace un llamado a la comunidad internacional en general, a los pueblos del mundo y a los parlamentos nacionales e internacionales de nuestra región, a condenar y rechazar estas prácticas imperialistas del gobierno norteamericano, que atentan contra la estabilidad democrática en la República Bolivariana de Venezuela, su integridad territorial y su soberanía como Estado libre e independiente, principios consagrados en la Carta de las Naciones Unidas, en las declaraciones políticas de la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños(CELAC) y en la Unión de Naciones Suramericanas (UNASUR y en el Mercado Común del Sur (MERCOSUR), entre otros.
Montevideo, 11 de marzo de 2015.
Parlamentario Saúl Ortega Campos
Presidente Parlamento del MERCOSUR

De onde surgiu o conceito de "totalitarismo"? Nao, nao foram os americanos que inventaram...

Continuando em meu esforço didático de educação online, venho agora ao conceito de totalitarismo, que retiro também deste livro que estou terminando de ler:

Edmund Fawcett:
Liberalism: The Life of An Idea
(Princeton: Princeton University Press), p. 275

Em 1926, o ano em que os fascistas italianos encarceram Antonio Gramsci, esbirros do Mussolini massacraram na rua o jornalista Giovanni Amendola, um liberal antifascista. Era a terceira vez que ele apanhava dos fascistas.
Sua falta tinha sido atacar o ditador Mussolini nas páginas de Il Mondo, um jornal liberal que Amendola tinha fundado. Para descrever a política de Mussolini de controle total dos cidadãos pelo Estado ele cunhou a expressão "totalitário", ou seja, o uso do poder do Estado para suprimir partidos rivais, fechar jornais incômodos (como o dele), amedrontar jornalistas ou representantes da oposição e promover a doutrinação de toda a sociedade no novo credo de culto ao Estado e ao ditador.
Ah, sim, Giovanni Amendola morreu no terceiro massacre promovido pelos fascistas.

Isso lembra alguma coisa, alguém, algum país aqui por perto?
Pois é, quando os petralhas afirmarem que o bolivarianismo chavista é de esquerda, vocês podem dizer: não, não é. Ele é perfeitamente fascista.
Chávez, e seus macabros seguidores, inclusive os seus amos cubanos, são fascistas, perfeitamente totalitários.
Todas as medidas que Mussolini tomou, nos anos 1920, e que Hitler adotou prontamente chegou ao poder em 1933, foram seguidas, ipsis litteris, ipsis verbis, exatamente da mesma forma, pelos fascistas bolivarianos.
Os nossos petralhas gostariam de fazer igual.
Eles não fazem não porque não querem, mas porque não podem (pelo menos por enquanto).
Tem até um Stalin Sem Gulag treinado pelos cubanos para fazer exatamente o que fez: montar essa imensa máquina de corrupção no Brasil, já que eles não podem adotar aqui os métodos das mílicias fascistas usadas no entre-guerras.
Mas, pode ser que esteja ainda em curso.
Atenção, cidadãos: é precis derrotar os fascistas no berço.

Todos na manifestação do dia 15, contra o totalitarismo dos companheiros...

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 12 de março de 2015
Retirei as informações sobre Walter Lippmann e seu colóquio do livro que estou lendo agora: Edmund Fawcett (ex-editor da Economist): Liberalism: The Life of An Idea (Princeton, NJ: Princeton University Press, 2014), p. 276 para ser mais exato. - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/#sthash.5e5D2BpT.dpuf
Retirei as informações sobre Walter Lippmann e seu colóquio do livro que estou lendo agora: Edmund Fawcett (ex-editor da Economist): Liberalism: The Life of An Idea (Princeton, NJ: Princeton University Press, 2014), p. 276 para ser mais exato. - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/#sthash.5e5D2BpT.dpuf
Retirei as informações sobre Walter Lippmann e seu colóquio do livro que estou lendo agora: Edmund Fawcett (ex-editor da Economist): Liberalism: The Life of An Idea (Princeton, NJ: Princeton University Press, 2014), p. 276 para ser mais exato. - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/#sthash.5e5D2BpT.dpuf
Retirei as informações sobre Walter Lippmann e seu colóquio do livro que estou lendo agora: Edmund Fawcett (ex-editor da Economist): Liberalism: The Life of An Idea (Princeton, NJ: Princeton University Press, 2014), p. 276 para ser mais exato. - See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/#sthash.5e5D2BpT.dpuf

De onde surgiu o conceito de "neoliberalismo"? Nao, nao foi a esquerda que inventou nos anos 1980...

O substantivo neoliberal e o conceito de neoliberalismo têm um registro de nascimento, e ele é mais antigo do que supõem tanto os esquerdistas, que os usam como xingamento, quanto os liberais que preferem recusar esse conceito -- pela conotação negativa dada pelos esquerdistas justamente -- e usar simplesmente o de liberal, ou clássico, ou tout court.
Ele nasceu em 1938, por ocasião de um colóquio organizado em Paris em torno do livro do jornalista liberal americano (no sentido clássico, porque depois isso virou um xingamento também nos EUA) Walter Lippmann, que estava providenciando a tradução para o Francês de seu livro The Good Society (1937).
Nesse colóquio, os participantes reconheceram que, em face das transformações econômicas e políticas em curso -- crise do capitalismo, ascensão dos fascismos, dirigismo econômico, totalitarismo e várias outras coisas mais -- o velho liberalismo doutrinal precisava ser reforçado, ou adaptado aos novos tempos. Ninguém sabia bem o que propor, até que um alemão, refugiado do nazismo, Alexander Rüstow, sugeriu "neoliberalismo".
Ninguém sabia dizer muito bem o que era, mas pelo menos tinha uma conotação de novo.
De fato ficou meio esquecido até que no pós-guerra, Milton Friedman, um dos fundadores do Mount Pelerin Society, criada por Friedrich Hayek para estimular um retorno ao liberalismo clássico, escreveu, em 1952, um pequeno artigo tratando do "neoliberalismo", que depois foi integrado ao seu livro Essays in Positive Economics (Chicago: University of Chicago Press, 1953). O artigo deve estar disponível na internet, e eu o tenho guardado neste computador. Depois posto no Academia.edu e aviso.
Depois disso, o termo ficou meio esquecido, numa época de dominância praticamente absoluta do keynesianismo doutrinal e aplicado, ou seja teórico e prático, já que todos os governos eram keynesianos, inclusive os conservadores (os tories na Grã-Bretanha e os republicanos nos EUA).
Só quando a Margaret Thatcher desenterrou Hayek e começou a aplicar suas ideias na combalida economia britânica o termo foi recuperado pela esquerda já com uma conotação acusatória.
Ele inclusive passou a ser identificado com as chamadas regras do Consenso de Washington, quando estas não têm nada a ver, a não ser vagamento, com o espírito liberal, mas isso apenas por estupidez da esquerda, que repete slogans sem qualquer fundamentação e sem qualquer conhecimento de causa.

Retirei as informações sobre Walter Lippmann e seu colóquio do livro que estou lendo agora:
Edmund Fawcett (ex-editor da Economist): Liberalism: The Life of An Idea (Princeton, NJ: Princeton University Press, 2014), p. 276 para ser mais exato.

Divirtam-se, portanto, e ninguém mais tem o direito de se enganar sobre o conceito, ou pelo menos o seu nascimento.
O copyright pertence a Alexander Rüstow.
Aliás, a informação já está na Wikipedia (vejam aqui: http://en.wikipedia.org/wiki/Alexander_R%C3%BCstow), de onde retiro este parágrafo:

In the 1930s, the climate in Germany became too unfriendly for Rüstow, and he obtained a chair in economic geography and history at the University of Istanbul, Turkey, where he worked at his magnum opus, Ortsbestimmung der Gegenwart (in English published as Freedom and Domination), a critique of civilization. In 1938 at the Colloque Walter Lippmann, it was Rüstow who created the term 'neoliberalism' to separate new liberalism from classical liberalism. Rüstow promoted the concept of the social market economy, and this concept promotes a strong role for the state with respect to the market, which is in many ways different from the ideas who are nowadays connected with the term neoliberalism.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Politica brasileira: vcs conhecem o "proxy gov"? Nao tem nada a ver com a modernidade...

É o nosso velho governo minha gente.  Épa, nosso não; dos companheiros, ou talvez de um só...
Ele, segundo um amigo da onça, envelheceu rápido demais, e virou -- acho que já era -- um governo por procuração, onde quem manda não é quem assina, e onde quem assina não manda...
Acho que não tem mais conserto daqui para a frente.
Acho melhor trocar de vez...
Olhem aí abaixo quem mexe os pauzinhos para o boneco dançar...
Paulo Roberto de Almeida



Presidência nega que Lula tenha sugerido saída de Mercadante da Casa Civil

RAFAEL MORAES MOURA - O ESTADO DE S. PAULO
O Estado de S. Paulo, 11 Março 2015 | 12h 52

Insatisfeito com desempenho de ministro à frente da pasta, ex-presidente teria recomendado troca em reunião com Dilma


Brasília - A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) divulgou nesta quarta-feira, 11, uma nota em que contesta o "rumor" de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha sugerido à presidente Dilma Rousseff uma troca no comando da Casa Civil.
Lula e Dilma jantaram nessa terça, 10, no Palácio da Alvorada. Os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, e da Defesa, Jaques Wagner, e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, participaram do encontro.
"Não corresponde à verdade o rumor de que a presidenta Dilma Rousseff tenha recebido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a sugestão de mudança na chefia da Casa Civil", diz a nota divulgada pela Secom. "O ministro Aloizio Mercadante tem total confiança da presidenta e seguirá cumprindo suas funções à frente da Casa Civil."
Críticas. Nos bastidores, o ex-presidente Lula não tem economizado nas críticas disparadas contra Mercadante. Uma fonte próxima de Lula disse à reportagem que, na avaliação do ex-presidente, Mercadante "já deu o que tinha que dar".
Segundo esse interlocutor, Lula teria dito em conversas reservadas que, se Mercadante "fosse bom mesmo, teria ocupado um cargo no meu governo".

Comercio exterior e a gloria do dia: governo CONSEGUE EVITAR o livre comercio - belo programa

Acho que as pessoas -- não sei se jornalistas, governistas, industrialistas, oportunistas e outros istas -- se dão conta do ridículo de certas situações: o governo se vangloria disto:
"Governo brasileiro conseguiu evitar que o livre-comércio entre os dois países no setor automotivo entrasse em vigor."
Não é uma maravilha?
Você paga, caro consumidor, mas pode tirar a primeira vírgula...
Paulo Roberto de Almeida

COMÉRCIO EXTERIOR
Brasil e México podem negociar até US$ 1,5 bi
Uol Notícias, 10/03/2015

Governo brasileiro conseguiu evitar que o livre-comércio entre os dois países no setor automotivo entrasse em vigor
Após várias rodadas de negociações, Brasil e México oficializaram, na manhã desta segunda-feira, no Rio de Janeiro, a renovação pelos próximos quatro anos do acordo automotivo entre os dois países, que venceria em 18 de março.

O anúncio foi feito no Palácio do Itamaraty pelos ministros brasileiros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, e pelo secretário de Economia do México, Ildefonso Guajardo Villareal.

O governo brasileiro conseguiu evitar que o livre-comércio entre os dois países entrasse em vigor após o dia 18 de março, como era previsto originalmente no acordo. Os mexicanos concordaram em manter o regime de cotas por pelo menos mais quatro anos.

Pelo acerto, cada país poderá exportar para o outro até US$ 1,56 bilhão nos próximos 12 meses, sem o pagamento do Imposto de Importação. A partir de março de 2016, a cota subirá gradualmente 3% ao ano. O que exceder o valor da cota anual será taxado à alíquota de 35% a título de Imposto de Importação.

O ministro Armando Monteiro disse que a preservação das cotas é uma forma de compensar a diminuição das vendas do setor no mercado doméstico brasileiro, que "vive uma certa retração".

"A meu ver, o sistema de cotas é o mais adequado levando em conta assimetrias no comércio Brasil-México", disse, mencionando a forte integração entre a indústria mexicana e a dos Estados Unidos.

A cota inicial estipulada na renovação é inferior àquela que estava valendo até agora, de US$ 1,64 bilhão, referente ao acordo assinado em 2012. O valor evoluirá dos US$ 1,56 bilhão acertados este ano para US$ 1,606 bilhão (2016-2017); US$ 1,655 bilhão (2017-2018); ?US$ 1,704 bilhão (2018-2019).

O novo acordo manterá em 35% o percentual de conteúdo nacional exigido na produção dos veículos. Entretanto, a novidade é que esse percentual se estenderá também para as autopeças. A partir de 2019, o índice passará a 40%.

O secretário de Economia do México, Ildefonso Guajardo Villareal, afirmou que a grande vantagem do acordo para o seu país é dar maior previsibilidade a um setor que responde por 46% do comércio bilateral entre as duas nações, que envolve cerca de US$ 10 bilhões por ano.

"É fundamental partir deste degrau para continuar construindo novas avenidas nas relações entre Brasil e México", disse Villareal. O secretário afirmou que a presidente Dilma Rousseff está sendo aguardada de braços abertos em seu país pelo presidente Enrique Peña Neto, que teria parabenizado o governo pelo acordo.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, explicou que a indústria automobilística deverá utilizar um critério que mistura participação de mercado das montadoras e um outro critério linear, englobando todas as empresas associadas à Anfavea.

Moan comentou a mudança da associação, que até pouco tempo defendia a adoção do livre comércio. "Infelizmente perdemos competitividade e precisamos desse período para recuperá-la. Diante desse aspecto, apoiamos o governo brasileiro fortemente na prorrogação desse acordo, mesmo que no critério de cotas", disse Moan.

Impeachment: copy and paste, ou, um pouco de historia nao faz mal, de 1992 a 2015 - Reinaldo Azevedo

Eu já tinha pensado nisso, mas estava sem tempo para procurar. Os jornais da época, obviamente, devem ter transcrito a petição, basta agora procurar pela data: 3 ou 4 de setembro de 1992
Paulo Roberto de Almeida

Há, sim, algumas diferenças fundamentais entre 1992 e 2015; entre as circunstâncias que acompanharam  a denúncia apresentada à Câmara contra Fernando Collor, que resultou no seu afastamento, e as que estão presentes no debate sobre o impeachment de Dilma Rousseff. Em 1992, Barbosa Lima Sobrinho, então presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), era um dos signatários da petição. Em 2015, a ABI empresta a sua sede para Lula promover um ato de suposta defesa da Petrobras. À porta da entidade, milicianos desceram o braço em pessoas que protestavam contra Dilma. Em 1992, Marcelo Lavenère, então presidente da OAB, assinava a petição junto com Barbosa. Em 2015, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, presidente da entidade, é candidato ao Supremo e espera contar com a boa vontade de Dilma. Entenderam o ponto? Em 1992, a esquerda queria chegar ao poder. Em 2015, os esquerdistas já estão no poder. E que fique claro: havia uma penca de motivos para denunciar Collor. Como acho que há uma penca de motivos para denunciar Dilma.

Trago uma peça nem tão fácil de encontrar. Se vocês clicarem aqui, encontrarão em PDF o Dário do Congresso Nacional de 3 de setembro de 1992 que traz a íntegra da denúncia formulada contra Collor com base na Lei 1.079, a Lei do Impeachment. Se e quando tiverem tempo, vale a pena dar uma lida.

Se a história aceitasse recall com base em algumas avaliações influentes no presente, seria o caso de devolver o mandato a Collor, que lhe teria sido tomado, então, injustamente. Se faltam motivos para pedir o impeachment de Dilma Rousseff — porque, segundo dizem, não há provas contra ela —, então cabe perguntar quais eram as provas que existiam contra o então ex-presidente. A pergunta seria absurda, dado tudo o que se sabia, e se sabe, da promiscuidade entre o agora senador e PC Farias? Seria, sim! Mas não menos do que essa história de que, até agora, nada pesa contra Dilma.

Collor foi denunciando com base no Inciso 7 do Artigo 8º e no Inciso 7 do Artigo 9º da Lei 1.079. Ele foi acusado de permitir infração de lei federal e de atentar contra o decoro do cargo. A lei exige que se se apresentem provas. A dupla alinhavou algumas evidências colhidas pela CPI — e não custa lembrar que o homem foi absolvido pelo Supremo —, mas deixava claro, desde o início, que a questão realmente relevante era a política. Lá estava escrito:

“O impeachment não é uma pena ordinária contra criminosos comuns. É a sanção extrema contra o abuso e a perversão do poder político. Por isso mesmo, pela condição eminente do cargo do denunciado e pela gravidade excepcional dos delitos ora imputados, o processo de impeachment deita raízes nas grandes exigências da ética política e da moral pública, à luz das quais hão ser interpretadas as normas do direito positivo”.

Petição anti-collor 1

A mim, então, me parece bem. Quando sei que existe uma cadeia de comando na Petrobras, que chega à presidente da República, e se sei que uma quadrilha lá está instalada com o intuito, entre outros, de arrecadar dinheiro para o partido do poder — dinheiro que, segundo consta, inundou a sua própria campanha —, parece-me que as raízes da ética na política e da moral pública foram desafiadas.

A petição contra Collor ensinava mais:
“Nos regimes democráticos, o grande juiz dos governantes é o próprio povo, é a consciência ética popular. O governante eleito que se assenhoreia do poder em seu próprio interesse, ou no de seus amigos e familiares, não pratica apenas atos de corrupção pessoal, de apropriação indébita ou desvio da coisa pública: mais do que isso, ele escarnece e vilipendia a soberania popular.”

Petição anti-collor 2-1

E o texto prossegue:
“É por essa razão que a melhor tradição política ocidental atribui competência, para o juízo de pronúncia dos acusados de crime de responsabilidade, precisamente ao órgão de representação popular. Representar o povo significa, nos processos de impeachment, interpretar e exprimir o sentido ético dominante, diante dos atos de abuso ou traição da confiança nacional.
A suprema prevaricação que podem cometer os representantes do povo, em processos de crime de responsabilidade, consiste em atuar sob pressão de influências espúrias ou para a satisfação de interesses pessoais ou partidários.”

Petiçao anti-Collor 3

Acho que está tudo aí. Se e quando alguém resolver apresentar uma denúncia contra Dilma na Câmara, sugiro que copiem os termos da petição apresentada por Barbosa Lima Sobrinho, no tempo em que a ABI não abrigava milicianos, e por Lavenère, no tempo em que a OAB não se comportava como esbirro de um projeto de poder e de um partido político.

Falei?


Brasil politica: protestos aumentam, em previsao do dia 15/03

Apenas transcrevendo:

Dilma é vaiada em SP e diz que crise no país é passageira
Daniela Lima e Natuza Nery – Folha de S. Paulo, quarta-feira, 11 de março de 2015

• Presidente foi recebida aos gritos de 'fora PT' em feira da construção civil
• Em discurso restrito a convidados do setor, ela voltou a pedir paciência e disse que problemas não são tão graves

SÃO PAULO, BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff foi recebida com vaias e gritos de "fora Dilma" e "fora PT" na abertura do Salão Internacional da Construção Civil, nesta terça-feira (10), em São Paulo. Como chegou ao local antes da abertura da feira, a petista não foi hostilizada por visitantes, mas por expositores e pessoas que trabalhavam na montagem e na limpeza dos estandes.

Na segunda parte de sua agenda, em discurso só para convidados dos organizadores da feira, a presidente voltou a pedir paciência. "Não deixem que as incertezas conjunturais determinem sua visão de futuro do Brasil", disse. Mais da metade das cadeiras da plateia estava vazia.

Foi a segunda vez em menos de três dias que a petista foi hostilizada. No domingo (8), houve panelaço e gritaria em 12 capitais durante pronunciamento de Dilma na TV, em que ela pediu paciência e defendeu o ajuste fiscal que tenta implementar.

A combinação dos dois eventos deu ao Palácio do Planalto a certeza de que os protestos previstos para o próximo dia 15 terão força. Se há um mês integrantes do governo chamavam de "piada" a manifestação pelo impeachment, agora temem uma reunião massiva em alguns locais do país.

Um levantamento feito a pedido do PT mostra que 1,4 milhão de internautas espalhados por 24 cidades já confirmaram presença no ato do dia 15. Outros 64 municípios ainda podem ampliar a lista.

Nesta terça, numa tentativa de minimizar os riscos de um constrangimento em São Paulo, a equipe presidencial mudou duas vezes o posicionamento de cinegrafistas e fotógrafos que acompanhavam a agenda de Dilma para afastar a presidente dos pontos onde as pessoas se aglomeravam.

Mas as tentativas falharam. Recepcionada pelos organizadores do evento, Dilma tentou passear por alguns estandes. Quando as pessoas a viram, as vaias se intensificaram. "Eu vou voltar", disse, dando as costas para o ato.

Os trabalhadores, então, cercaram a área onde o carro de Dilma estava estacionado. "Ladra" e "vagabunda" foram alguns dos termos que ela pôde ouvir no caminho até o automóvel. Sem reagir, Dilma fechou a porta e partiu para a solenidade de abertura do salão, fechada apenas para convidados.

Houve nervosismo entre os assessores da presidente. Segundo pessoas que acompanharam o curto périplo da presidente, o ministro Thomas Traumann, chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, disse, irritado, que eles haviam caído em uma "armadilha".

Após as vaias, interlocutores da presidente afirmaram que ela "sentiu o golpe". A petista já havia se mostrado abatida com a dimensão do panelaço do último domingo. Dilma, então, se dirigiu para o auditório onde houve a solenidade de abertura do Salão, restrita a convidados.

Sem citar diretamente a Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras, o presidente da Associação Brasileira da Indústria dos Materiais de Construção, Wilson Cover, disse, em seu discurso, que é preciso punir quem merece ser punido, mas também buscar uma solução "institucional" para não paralisar pequenas e médias empresas.

Cover afirmou ainda que o empresariado do setor apoia o ajuste de contas, mas também considera "absolutamente necessário" adotar medidas que aumentem a competitividade do Brasil.

A resposta de Dilma veio em um discurso de mais de 30 minutos, na qual a presidente disse ver a crise como temporária e destacou que tem "trabalhado permanentemente" para que a economia se recupere até o fim do ano.

A petista voltou a dizer que a crise não é tão grande quando pregam "alguns". "É verdade que o Brasil passa por um momento difícil, mas nem de longe vivemos uma crise das dimensões que alguns estão dizendo", avaliou, acrescentando que a economia tem "fundamentos fortes".

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Após panelaço, Dilma é vaiada e ouve gritos de 'fora' em SP
Tatiana Farah – O Globo, 11/03/2015

• Atos de sexta-feira deverão defender Petrobras, mas criticarão ajuste fiscal

SÃO PAULO e BRASÍLIA - Apenas dois dias após ser alvo de um panelaço e um buzinaço em diversas capitais, durante seu pronunciamento na TV, a presidente Dilma Rousseff foi recebida ontem com vaias e gritos de "fora!" ao visitar o Salão Internacional da Construção (Feicon), em São Paulo. As vaias começaram antes que ela chegasse ao evento e partiram de pessoas que trabalhavam no local. Os manifestantes disseram que começaram a vaiar porque, quando viram a movimentação da imprensa, pensaram que a presidente já estava no pavilhão. Quando Dilma chegou, as vaias se multiplicaram.

A reação constrangeu a presidente, a ponto de levá-la a desistir de visitar os estandes e de usar o carro para chegar ao auditório da abertura oficial da Feicon. No auditório, Dilma encontrou uma plateia formada por poucas dezenas de empresários e ainda teve de ouvir críticas do setor sobre a crise econômica.

Dirigentes do PT atribuíram o panelaço de domingo à mobilização de partidos de oposição e às classes mais abastadas. Porém, boa parte do protesto de ontem partiu de trabalhadores.

"Dilma perdeu a classe média", diz analista
Para o cientista político Antônio Azevedo, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é natural que o desgaste do governo se amplie para segmentos do eleitorado que também votaram em Dilma por haver três crises simultâneas em curso: econômica, política e ética.

- Dilma perdeu a classe média já no processo eleitoral. Neste momento, com o ajuste fiscal, também se afasta de sua base. O governo está totalmente isolado, porque perdeu ainda o controle do Congresso Nacional - lembrou.

Dilma não escondeu o incômodo com as vaias e a baixa presença de empresários no evento. Após ouvir pedidos de medidas protetivas para o setor de construção, Dilma pediu otimismo à plateia, mas admitiu que a situação é delicada:

- O Brasil passa por um momento difícil, mais difícil do que tivemos em anos recentes, mas, nem de longe, estamos vivendo uma crise das dimensões que alguns dizem que estamos vivendo - disse. -Não deixem que as incertezas conjunturais determinem sua visão de futuro do Brasil.

Dilma justificou os cortes previstos pelo ajuste fiscal: disse que o Orçamento da União absorveu "parte importante da crise", mas garantiu recursos para o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família.

Dirigentes petistas ficaram irritados com a escolha de São Paulo como palco do primeiro compromisso de rua da presidente após o panelaço, por se tratar de cidade onde Dilma acumula alta rejeição e perdeu para o candidato tucano Aécio Neves, nas eleições do ano passado.

Na próxima sexta-feira, outros atos estão previstas no país, organizados por centrais sindicais e movimentos sociais que reivindicam direitos, defendem a Petrobras, a democracia e a realização de uma reforma política.

Esses atos foram pensados inicialmente como forma de se contrapor aos protestos do próximo domingo, que estão sendo organizados por movimentos contrários ao governo, alguns dos quais defendem o impeachment de Dilma. Porém, os atos de sexta-feira deverão criticar o ajuste econômico proposto pelo governo.

- Essa mobilização não é em defesa nem contra o governo - disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT-SP), Adi Santos Lima.

Governo preocupado também com ato da CUT
O governo pediu à CUT para que cancele as manifestações, segundo revelou um ministro próximo a Dilma. Segundo essa fonte, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, a pedido de Dilma, se reuniu com dirigentes da CUT e conversou por telefone pedindo a suspensão. A preocupação é evitar que os atos motivem mais manifestantes contra o governo no domingo Em nota, porém, Rosseto negou o pedido e disse que "a CUT é quem marca ou desmarca suas manifestações".

Teme-se o acirramento dos ânimos, que levem à violência e quebra-quebra, como nos protestos de 2013. Integrantes do governo monitoram redes sociais desde que os convites para as manifestações começaram a surgir na internet.

Dilma determinou uma força-tarefa de ministros para acompanhar os atos de sexta e de domingo. O Planalto orientou os ministros a não participar dos atos das centrais sindicais para evitar provocações. (Colaboraram Thiago Herdy, Julianna Grajeia, Fernanda Krakovics, Simone Iglesias e Luiza Damé) .

Roberto Campos: um profeta cuja hora ainda não chegou (quando chegara'?)

Como disse ainda Roberto Campos, o Brasil é um país que não perde oportunidade de perder oportunidades. É o que está acontecendo agora, e da pior forma, pois além de retrocedermos pelo menos 30 anos na desorganização econômica, avançamos, e muito, na desorganização política, na corrupção e no atraso mental...
Os mafiosos assaltaram o Estado e dele não pretendem sair.
Vamos ter de expulsá-los do poder.
Paulo Roberto de Almeida

Repetindo o óbvio (09/01/2000)

 

*Roberto de Oliveira Campos

 

 

Aceito o risco de parecer repetitivo. Diante das grandes questões que preocupam mais no nosso país, a originalidade do articulista fica em segundo lugar. Estamos atravessando dias pesados, um ambiente de insatisfações e sombras. Os mais jovens sentem-se angustiados diante das incertezas do futuro, da ameaça de desemprego, de falta de horizontes. Os mais velhos tentam lembrar-se daqueles períodos em que o Brasil não atravessava um estado de crise permanente. Salvo alguns breves anos do começo do Plano Real, parte da Era Kubitschek e o otimismo do "milagre econômico" do fim dos anos 60 - que, no entanto, foi tisnado pela situação política de exceção -, todo o resto de nossa História contemporânea é um confuso mosaico de problemas e condições institucionais instáveis.

 

Não chegamos felizmente ao extremo dos gulags, campos de extermínio, "limpezas étnicas" e coisas que tais. Nossos chamados "anos de chumbo", comparados às experiências de outras nações (e certamente aos "anos de aço" dos regimes comunistas), pareceriam antes de papel de cigarro metalizado. Se afundamos numa situação crítica injustificável, é por nossa própria culpa, por falta coletiva de bom senso e de responsabilidade.

 

O público exprime sua perplexidade naquela conhecida anedota de como Deus, tendo presenteado nossa geografia com uma abundância de vantagens materiais, colocou no Brasil, como contrapeso, um "povinho ruim". Essa autodepreciação está errada. O trabalhador brasileiro, ainda que subinstruído, é diligente e flexível, como as empresas estrangeiras são as primeiras a reconhecer. Os engenheiros e gerentes especializados têm em alguns casos nível bastante alto. Somos a oitava economia do mundo e temos conseguido adaptar-nos a mudanças tecnológicas complexas. Falta-nos reduzir os excessivos contrastes em matéria de educação, informação e saúde - demanda social justa, mas não um impedimento real ao nosso desenvolvimento tecnológico ou industrial.

 

A verdade é que nosso grave subdesenvolvimento não é só econômico ou tecnológico. É político. Somos um gigante preso por caguinchas dentro de estruturas disfuncionais. A máquina político-administrativa que rege hoje nossos destinos é uma fábrica de absurdas distorções cumulativas. O regime presidencialista e o voto puramente proporcional, cada um dos quais, já de si, dificilmente funcionam bem, transformam-se, quando combinados, numa crise quase ininterrupta. O presidencialismo americano, que nos serviu de modelo, é conjugado ao voto distrital, e a federação é autêntica, porque foram os Estados que a criaram, enquanto que no Brasil estes resultaram do desfazimento do império unitário.

 

Não é que os políticos só pensem em si ou sejam "corruptos" de nascença. Essa é uma visão popular deformada. A maioria é dedicada e séria. Mas o deputado, o senador, o prefeito, o governador e, obviamente, o presidente têm de ser eleitos, ponto de partida do qual não há escapatória. Nas eleições proporcionais de hoje, os deputados são obrigados a catar votos por todo o Estado, garimpando aqui e ali - um processo caro e tremendamente incerto, porque eleitor em geral não sabe como discriminar entre dezenas de representantes eleitos. Como é que o eleitor médio vai se lembrar de quem propôs medidas ou leis, para poder avaliar quem merece o seu voto? Um americano ou um inglês pode falar no "seu" deputado: sabe exatamente quem ele elegeu e tem como cobrar respostas ao representante do "seu" distrito. O alemão, com um sistema misto, tem o "seu" deputado distrital e também o da lista do seu partido. E, como o regime é parlamentarista, pode cobrar de ambos.

 

No Brasil, cobrar o quê? De quem? Mal acaba de ser eleito por um partido, o deputado ou senador se sente à vontade para mudar de partido. Não existe sanção. A eleição presidencial então é sempre um trauma violento, agravado pela percepção de que o vencedor passará a controlar a máquina pública, os mecanismos de dar ou negar favores. Gerir a coisa pública é, entre nós, um contínuo varejo. Dá para estranhar que, desde o início da República, raros tenham sido os governos que não se envolveram em conflitos com o Congresso, com riscos de descontinuidade institucional? Contra um sistema tão ruim, tanto faz se os políticos são santos ou bandidos. Num ônibus sem freios, o perigo de desastre é o mesmo para todos.Há perto de três séculos e meio, Colbert, o famoso ministro protecionista da França monárquica, assim se lamentava na Carta de Luís XIV aos funcionários e ao povo de Marselha (26 de agosto de 1764):

 

"Como desde a morte de Henrique IV temos tido só exemplos de carências e necessidades, precisamos determinar como aconteceu que, durante tão longo tempo, não tenhamos tido, se não abundância, pelo menos uma renda toleravelmente satisfatória..." Colbert põe a culpa no sistema fiscal e afirma que piores do que os muitos corruptos foram aqueles altos funcionários "cuja incompetência prejudicou mais o Estado e o povo do que os roubos pessoais". Entre os vícios da burocracia fiscal da época, Colbert lista os seguintes: "Consumir com despesas correntes as receitas ordinárias e extraordinárias dos dois próximos anos..." e "negligenciar as receitas gerais ordinárias afazendadas, dedicando-se ativamente à busca de fontes de renda extraordinárias..."

 

Colbert se revelou um reformista e desenvolvimentista avant la lettre. Mas a França já estava politicamente entalada, e ele não conseguiu realizar sua "reforma fiscal". O mundo está cansado de esperar pelas "reformas" brasileiras. E de ouvir lamentações sobre a nossa pobreza. Há muito, exceto em regiões desérticas da África ou gravemente sobrepovoadas da Ásia, a pobreza deixou de ser uma fatalidade. É um acidente histórico de povos que preferem externalizar a culpa em vez de fabricar seu próprio destino.

 

*Defensor apaixonado do liberalismo. Economista, diplomata e político também se revelou um intelectual brilhante. De sua intensa produção, resultaram inúmeros artigos e obras como o livro A Lanterna na Popa, uma autobiografia que logo se transformou em best-seller. Foi ministro do Planejamento, senador por Mato Grosso, deputado federal e embaixador em Washington e Londres. Sua carreira começou em 1939, quando prestou concurso para o Itamaraty. Logo foi servir na embaixada brasileira em Washington, e, cinco anos depois, participou da Conferência de Bretton Woods, responsável por desenhar o sistema monetário internacional do pós-guerra. 

A crise das universidades federais (de todas) e os reitores dilmistas: os idiotas uteis da reeleicao

Quem não se lembra do famoso manifesto de dezenas de reitores das IFES (praticamente todos, com duas honrosas exceções) que assinaram uma peça vergonhosa de adesismo anti-acadêmico, pouco antes das eleições, praticamente constrangendo todo o corpo docente e, provavelmente, metade da comunidade discente, a votar pelo poste, sempre sob a promessa de um futuro brilhante, feito de verbas, apoio federal para todos os seus projetos corporativos e mil mordomias prometidas pelos traficantes de votos do partido totalitário (ou seja, o preferido dos gramscianos de botequim das academias?
Eu me lembro perfeitamente, e estou certo de que vários leitores também se lembram das cenas explícitas de sabujismo político, quando esses reitores, não contentes de assinar um lixo partidário, foram em romaria submissa entregar a peça asquerosa para a candidata mentirosa.
Eles parecem ter se decepcionado um pouco agora, já que várias universidades sequer têm prazo para iniciar o ano acadêmico, já que se encontram totalmente paralisadas por falta de dinheiro.
Bem feito. Agora vão em romaria a Brasília para implorar verbas, e já constituem a bancada do setor, para roubar mais um pouco do orçamento em favor do terceiro ciclo, tirando preciosos, e mínguos, recursos que deveriam ir para os dois primeiros ciclos.
Bando de parasitas incompetentes.
Concordo com a sugestão de meu amigo Roque Callage, que me enviou a matéria abaixo, no sentido de se fazer "um projeto de lei, criando a verdadeira autonomia de fundações universitárias para gerirem seus proprios orçamentos, ao invés de ficarem encostados indecentemente no Governo Federal!"
Acrescenta ele: "Ficam apoiando o PT a cada eleição e fazendo manifestos ...são incompetentes e  corporativistas!"
Eu iria até mais longe: daria uma simples mesada para essas IFES e mandaria esses alfabetizados encostados ir buscar o resto do dinheiro no mercado. Sem a estabilidade vergonhosa a partir do primeiro ano (para mim, tenure, só depois de doze anos de produtividade), e selecionaria reitor por competição aberta, programa de metas, espírito administrativo, e não acadêmico, e cobrança de resultados, sempre.
As universidades privadas também estão em crise, algumas em estado terminal, já que sobrevivendo (algumas a altura de 60%) das bolsas federais, elas não estão admitindo alunos que não pagarem, e estes simplesmente não recebem nada.
Ninguém mandou votar em gente incompetente...

Paulo Roberto de Almeida

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Reitores de federais terão sua bancada no Congresso Nacional
Leandro Mazzini
Opinião e Notícia, 10/03/2015

Na semana em que as universidades federais anunciam aperto no orçamento e corte de gastos e investimentos, os reitores vão ganhar uma bancada parlamentar no Congresso Nacional para reivindicarem atenção e a usarem como uma ponte com o Palácio do Planalto.

A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) e a deputada Margarida Salomão (PT-MG) vão lançar amanhã a Frente Parlamentar de Fortalecimento das Universidades Federais, com o apoio da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).