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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 22 de março de 2017

Rise and demise of Bretton Woods system - Michael Bordo

Um resumo de um paper importante, de um dos maiores especialistas no sistema de Bretton Woods.
Paulo Roberto de Almeida

The Operation and Demise of the Bretton Woods System; 1958 to 1971 
For your information, especially if you want to understand some important historical issues related to our international monetary system, here is a good paper by Michael Bordo (NBER Working Paper No. 23189), The Operation and Demise of the Bretton Woods System; 1958 to 1971.
National Bureau of Economic Research (NBER)
http://www.nber.org/papers/w23189?utm_campaign=ntw&utm_medium=email&utm_source=ntw
 
This chapter revisits the history of the origins, operation and demise of the Bretton Woods International Monetary System. The Bretton Woods system was created by the !944 Articles of Agreement to design a new international monetary order for the post war at a global conference organized by the US Treasury at the Mount Washington Hotel in Bretton Woods ,New Hampshire at the height of World War II. The Articles represented a compromise between the American plan of Harry Dexter White and the British plan of John Maynard Keynes. The compromise created an adjustable peg system based on the US dollar convertible into gold at $35 per ounce along with capital controls. It was designed to combine the advantages of fixed exchange rates of the pre World War I gold standard with some flexibility to handle large real shocks. The compromise gave members both exchange rate stability and the independence for their monetary authorities to maintain full employment.
It took over a decade for the fully current account convertible system to get started. The system only lasted for 12 years from 1959 to 1971 but it did deliver remarkable economic performance. The BWS evolved into a gold dollar standard which depended on the US monetary authorities following sound low inflation policies. As the System evolved it faced the same severe fundamental problems as in the interwar gold exchange standard of: adjustment, confidence and liquidity. The adjustment problem meant that member countries with balance of payments deficits, in the face of nominal rigidities, ran the gauntlet between currency crises and recessions. Surplus countries had to sterilize dollar inflows to prevent inflation.
The U.S. as center country faced the Triffin dilemma. With the growth of trade and income member countries held more and more dollars instead of scarce gold as reserves generated by a growing US balance of payments deficit. As outstanding dollar liabilities grew relative to the US monetary gold stock confidence in the dollar would wane raising the likelihood of a run on Fort Knox.This led to the possibility that the US would follow tight financial policies to reduce the deficit thereby starving the rest of the world of needed liquidity leading to global deflation and depression as occurred in the 1930s. Enormous efforts by the US, the G10 and international institutions were devoted to solving this problem.
As it turned out, after 1965 the key problem facing the global economy was inflation, not deflation, reflecting expansionary Federal Reserve policies to finance the Vietnam war and the Great Inflation. US inflation was exported through the balance of payments to the surplus countries of Europe and Japan leading them in 1971 to begin converting their outstanding dollar holdings into gold. In reaction President Richard Nixon closed the US gold window ending the BWS.

A carne é fraca e a politicagem é forte - Carlos Brickmann

OS DELÍRIOS DA CARNE

Coluna Carlos Brickmann

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(Edição dos jornais de Quarta-feira, 22 de março de 2017)

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O problema não é a carne. O problema não é o tamanho das malfeitorias, nem o prejuízo às exportações. O problema é o Governo; o Governo que politiza a fiscalização de alimentos, que deveria ser estritamente técnica, rígida, intolerante, preocupada com a saúde da população, absolutamente desconhecedora das conveniências de partidos.


Boa parte do Ministério da Agricultura está loteada, aparelhada para servir a interesses partidários. Nos Estados onde houve mais problemas com a Operação Carne Fraca, o PMDB (ala Temer) e o PP, do ministro Ricardo Barros, comandam a Superintendência do Ministério da Agricultura do Paraná. Em Goiás, o poder é exercido pelo PTB, na pessoa do deputado Jovair Arantes. Quem cuida da qualidade da carne?


Quem cuida da qualidade da carne são os próprios produtores e exportadores, que sabem o custo da negligência na redução das vendas internacionais. Já Temer oferece churrasco a representantes dos países exportadores - e mantém a mesma política de loteamento do Governo que levou à questão da carne, sem notar que é esse o seu problema. Narra o bem informado Radar on-line (http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line) que Temer sinalizou à bancada do PMDB mineiro na Câmara que lhe dará a próxima vaga no Ministério. Diante dos governos que temos, a qualidade dos alimentos que consumimos e exportamos é até boa demais.

 

Os dados da briga

 

As principais críticas à Operação Carne Fraca envolvem números. Foram dois anos de investigações e mais de mil policiais federais para autuar 21 dos 4.837 frigoríficos nacionais, dos quais foi preciso interditar três, responsáveis por menos de 2% da produção brasileira de carnes; dos 11.300 funcionários do Ministério da Agricultura, 33 foram afastados. E os 21 frigoríficos colocados sob fiscalização especial exportaram, em 2016, US$ 120 milhões. No total, 0,89% das exportações brasileiros de carne.

 

Os fatos da vida

 

Mas o fato é que havia politicagem, que houve servidores que facilitaram aos infratores o que não deveriam facilitar, que foram encontradas coisas erradas - talvez não as que, no calor da notícia, levaram fontes e jornalistas a divulgar que vitamina C dava câncer. Pode ter havido exagero, mas tinha coisa errada. O estrago está feito. Como assinalou o jornalista gaúcho Fernando Albrecht (http://fernandoalbrecht.blog.br/), "o povo sempre acredita na acusação, mas nunca na defesa". E com motivos.

 

Quem paga a conta

 

Imaginemos que haja apenas um bife estragado em toda a imensa produção nacional. Uma porcentagem desprezível, sem dúvida. Mas, para quem comeu esse bife e passou mal, de que adianta saber que todo o restante da carne produzida no país estava em excelentes condições? E os importadores, por via das dúvidas, por que comprarão do Brasil e não da Argentina, do Uruguai ou da Austrália?A propósito, uma bela explicação em perguntas e respostas sobre a Operação Carne Fraca e os problemas causados por carne em más condições está em http://wp.me/p6GVg3-36c.

terça-feira, 21 de março de 2017

Stefan Zweig e o Brasil: nota à imprensa



A Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), o Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI) e o Instituto Rio-Branco (IRBr) promovem nesta data, 21 de março, no auditório Embaixador João Augusto de Araújo Castro, debate sobre a obra do escritor austríaco Stefan Zweig (1881-1942) e sua estada no Brasil.

O debate começará às 15h. A entrada é franca. Terá a participação do ex-ministro Celso Lafer, professor emérito da Universidade de São Paulo; de Kristina Michahelles, jornalista, tradutora e diretora da Casa de Stefan Zweig em Petrópolis; e do historiador Israel Beloch, que coordenou a edição do Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro, editado pela Fundação Getúlio Vargas.

Jornalista na juventude, Stefan Zweig tornou-se, a partir da década de 1920, um dos escritores mais famosos e vendidos em todo o mundo. Em 1936, visitou o Brasil pela primeira vez, sendo homenageado pelo Governo brasileiro. Pronunciou, no Rio de Janeiro, a palestra “A Unidade Espiritual do Mundo”, em que repudiava a visão xenófoba e intolerante à época dominante na sua própria patria e na Alemanha. Com a ascensão do nazismo, exilou-se, a partir de 1934, na Inglaterra, visitando novamente o Brasil, ainda que rapidamente, em 1940, quando recolhe elementos para escrever, em 1941, “Brasil, País do Futuro”, obra em que enaltecia a diversidade presente na formação do povo brasileiro. Depois de breve estada em Nova York, mudou-se para o Brasil no segundo semestre de 1941, mas decidiu-se pelo suicídio em fevereiro de 1942, em Petrópolis, onde tinha instalado residência, profundamente deprimido com o avanço do nazismo na Europa. Ali terminou suas memórias, “O Mundo de Ontem”, na qual descreve o ambiente de liberdade e segurança desfrutado na Europa antes da Grande Guerra. Em sua carta de despedida, reafirmou seu amor pelo Brasil, cuja diversidade e tolerância eram, para ele, motivo de admiração diante de uma Europa que se autodestruía com a Segunda Guerra Mundial.

Depois do debate, o Professor Celso Lafer e o Doutor Israel Beloch autografarão o livro universal (em cinco línguas) editado por este último a partir da conferência de Stefan Zweig no Brasil, sobre “A Unidade Espiritual do Mundo”, que será lançado na ocasião, e que conta com estudo de Lafer sobre o pacificismo de Zweig.

O auditório do Instituto Rio-Branco fica no SAFS Quadra 05, lotes 2 e 3. Tem capacidade para 117 pessoas.

O Homem que Pensou o Brasil: Roberto Campos

Lançamento (hopefully) no dia 17 de abril, dia em que Roberto Campos estaria completando cem anos (se fosse tão longevo quanto José Osvaldo de Meira Penna), na Livraria Argumento do Leblon, as 19:00.
Segue o índice do livro (com capa ainda indefinida): 


Paulo Roberto de Almeida
(organizador)


O homem que pensou o Brasil:
trajetória intelectual de Roberto Campos


Curitiba
Editora Appris
2017

Índice


Apresentação
           Sérgio Eduardo Moreira Lima

              Paulo Roberto de Almeida
1.1.  Como surgiu este livro?
1.2.  A atualidade dos escritos de Roberto Campos
1.3.  Um rebelde com causa
1.4.  O mestre e o aprendiz, dobrando-se às evidências
1.5.  Uma vida a serviço do progresso do Brasil
1.6.  Do diplomata-economista ao economista-tecnocrata
1.7.  Do homem de Estado ao pensador contra o Estado
1.8.  Uma última tentativa de reformar o Brasil: a via da política

2. A contribuição de Roberto Campos para a modernização do país
                Antonio Paim
2.1.   De Keynes a Mises e Hayek
2.2.   O modernizador eclético

3. Roberto Campos, o convívio com um estadista liberal
                  Ives Gandra Martins
3.1. As afinidades eletivas
3.2. O pianista e o embaixador
3.3. A Academia do Direito e da Economia
3.4. A luta comum contra a irracionalidade

4. O iconoclasta planejador: Roberto Campos e a modernização do Itamaraty
                  Rogério de Souza Farias
4.1. O diplomata heterodoxo
4.2. Planejando a política externa? A expansão da área econômica do Itamaraty
4.3. Uma proposta revolucionária: rompendo a hierarquia do Itamaraty
4.4. O planejador iconoclasta da política exterior

5. O patrimonialismo na obra de Roberto Campos
             Ricardo Vélez-Rodríguez
5.1. Roberto Campos, crítico do patrimonialismo
5.2. Um filósofo bem humorado
5.3. Um retrospecto melancólico do fracasso para obter o desenvolvimento sustentado
5.4. Um caso de cegueira patrimonialista: a política de reserva de informática
5.5. Um caso de hybris patrimonialista: o monopólio da Petrobrás
5.6. O ideal da sociedade livre

6. Racionalidade e autonomia em Roberto Campos
              Reginaldo Teixeira Perez
6.1. Observações iniciais
6.2. O equacionamento do problema: ciência ou ideologia?
6.3. Duas razões para um objetivo
6.4. Observações finais

7. Roberto Campos: um economista pró-desenvolvimento econômico
                Roberto Castello Branco
7.1. Introdução
7.2. O economista pró-mercado e o debate sobre o planejamento econômico
7.3. Batalha em defesa das boas ideias
7.4. As crises de balanço de pagamentos
7.5. BNDE e BNDES
7.6. O arquiteto de planos de estabilização
7.7. A luta pela privatização
7.8. Algumas lições para os economistas

8. Breve história da macroeconomia
             Rubem de Freitas Novaes
8.1. Introdução à introdução
8.2. Introdução
8.3. Dos clássicos a Keynes
8.4. A reação austríaca
8.5. A reação neoclássica
8.6. Do modelo IS-LM às expectativas racionais de Lucas
8.7. A reação neokeynesiana e o novo consenso
8.8. Outras questões relevantes

9. Roberto Campos na UnB: um passo para a abertura
              Carlos Henrique Cardim
9.1. Os encontros internacionais da UnB
9.2. O “flamante” decano e  a “indiferença apaixonada” do embaixador
9.3. Cultura e democracia
9.4. Uma sugestão de Aron
9.5. Campos e a reforma agrária
9.6. O conselho de San Tiago Dantas
9.7. Campos e o engraxate
9.8. O selo do gênio que abre caminho
9.9. A pedagogia acadêmica dos adágios
9.10. “Ele soube duvidar”

10. No Parlamento: lucidez e coerência
                 Antônio José Barbosa
10.1. Da diplomacia à arena política
10.2. O parlamentar erudito
10.3. A estreia no Senado
10.4. A preocupação constante com a situação econômica
10.5. Populismo, protecionismo, nacionalismo e outros ismos
10.6. Encerrando a aventura parlamentar

11. Tanta lucidez assim é mitocídio: Raymond Aron e Roberto Campos como intelectuais públicos
               Paulo Roberto Kramer
11.1. Introdução
11.2. Raymond Aron
       11.2.1. O colunismo no combate de ideias
       11.2.2. “Círculo quadrado”, ou o mito da improdutividade redistributiva
       11.2.3. Ideologias e utopias na Paris intelectual dos anos 50
       11.2.4. O Grande Medo na Europa próspera e acomodada
11.3. Roberto Campos
       11.3.1. O mais 'porco-espinho' entre as raposas, o mais 'raposa' entre os porcos-espinhos
       11.3.2. Os mitos que perpetuam o atraso brasileiro
       11.3.2.1. Populismo
       11.3.2.2. Estruturalismo
       11.3.2.3. Protecionismo
       11.3.2.4. Estatismo
       11.3.2.5. Nacionalismo
11.3.3. Desastres socioeconômicos fomentados por essa mitologia
11.4. À guisa de conclusão

12. Roberto Campos: uma trajetória intelectual no século XX
                  Paulo Roberto de Almeida
12.1. Turgot e Campos: dois economistas, separados no tempo, unidos nas ideias
12.2. As ideias movem o mundo? Provavelmente sim, para Roberto Campos
       Primeira Parte: No Estado, pelo Estado, com o Estado
12.3. O seminarista literário se torna um economista prático
12.4. Do economista improvisado ao administrador pragmático
12.5. A irresistível ascensão do diplomata tecnocrata
12.6. A economia brasileira guiada pela mão do Estado
12.7. A produção intelectual a favor do ativismo estatal
12.8. Dos bastidores ao palco: o homem público se torna um estadista
12.9. No olho do furacão: o estadista em ação, no planejamento estatal
12.10. O articulista erudito a serviço da razão de Estado
       Segunda Parte: Fora do Estado, sem o Estado, contra o Estado
12.11. Do “executivo imaginoso” ao “pregador missionário”
12.12. O diplomata “herege”, do “outro lado da cerca”, nadando “contra a maré”
12.13. O “herege diplomata” em licença, e no limbo, do Itamaraty
12.14. A produção intelectual, entre a academia e a tecnocracia
12.15. De volta às lides diplomáticas, na Corte de Saint James
12.16. O “herege diplomata” é sabotado no caminho da ministrança
12.17. A produção intelectual entre o “milagre brasileiro” e a “década perdida”
12.18. De tecnocrata a político: a ética da convicção, num país anti-weberiano
12.19. Do fracasso na política ao sucesso como publicista erudito
12.20. O profeta da estabilização contempla angustiado a hiperinflação
12.21. À guisa de conclusão: o profeta do planejamento utópico do futuro

Roberto Campos: obras
Notas sobre os autores

 Frases:
 
Nossa pobreza não é uma fatalidade imposta por um mundo injusto. É algo que podemos superar com diligência municiada pela emoção e disciplinada pela razão.

A primeira coisa a fazer no Brasil é abandonarmos a chupeta das utopias em favor da bigorna do realismo.

Este é o país dos controles, no qual o Estado controla tudo, exceto a si mesmo.

Frases selecionadas de Roberto Campos, In:
Drummond, Aristóteles (org.): O Homem Mais Lúcido do Brasil: as melhores frases de Roberto Campos (São Luis: Livraria Resistência Cultural Editora, 2013)

Não sou controvertido. Controvertido é quem controverte comigo.
(Discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, 26/10/1999)



Um livro dirigido a todos aqueles que, desde jovens, aprenderam um pouco de relações internacionais e muito de economia, como foi o caso deste organizador, com o grande economista-diplomata, que foi, ao mesmo tempo, o maior estadista brasileiro da segunda metade do século XX. Uma modesta homenagem nos seus 100 anos.
Paulo Roberto de Almeida