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terça-feira, 10 de julho de 2018

Unasul: epilogo de uma fantasia - Jose Casado (O Globo)

Nunca deveria ter sido criada, mas o lulopetismo diplomático tinha suas obsessões antiamericanas e anti-imperialistas, e o desejo ridículo de ver o Brasil liderar o continente, o que nunca iria acontecer.
Desde o início eu me coloquei contra essa aventura sem sentido, e por isso ganhei o ódio dos companheiros no poder.
Deveria ter sido encerrado com mais estardalhaço do que foi, mas creio que ainda demorou para acabar de vez...
Paulo Roberto de Almeida 


Epílogo de uma fantasia
Jose Casado
O Globo, 10 Julho 2018 
Custou R$ 220 milhões. Parece um prédio parado no ar, com vidros refletindo montanhas ao fundo e cercado por espelhos d’água. Tem 19,5 mil metros quadrados distribuídos em cinco andares e dois subsolos. Desde a inauguração, em 2008, abrigou três dezenas de diplomatas, um para cada 650 metros quadrados de construção. Em dez anos, eles quase nada tiveram para fazer, além de receber salários de R$ 60 mil por mês e desfrutar mordomias.
Era símbolo do principal projeto petista para a política externa brasileira, traçado no 1º de janeiro de 15 anos atrás em jantar no Palácio da Alvorada, quando Lula celebrou a posse na Presidência da República. Nasceu da ambição de líderes regionais que desejavam impor um contraponto à influência dos Estados Unidos na Organização dos Estados Americanos (OEA).
No fim de semana, o governo do Equador mandou a polícia interditar o edifício-sede da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), na Metade do Mundo, periferia de Quito. Quer o prédio de volta, para instalar uma universidade. Lenín Moreno, presidente equatoriano, alega razões objetivas: seu país gastou uma fortuna numa fantasia política, porque, na prática, a Unasul nunca funcionou, e há anos sobrevive em coma político.
Metade dos países associados abandonou a entidade — inclusive o Brasil, que pagou 39% das despesas na última década, o equivalente a R$ 168 milhões. “Me pergunto se algum dia a Unasul serviu para alguma coisa”, argumenta Moreno.
Dos quatro presidentes-fundadores, Lula está preso, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro; a argentina Cristina Kirchner e o equatoriano Rafael Correa têm prisão decretada, acusados de corrupção, fraudes, sequestro e associação a grupos terroristas; e o venezuelano Hugo Chávez morreu. A Unasul foi comandada por ex-presidentes com biografias turvadas por episódios de corrupção. O primeiro, Néstor Kirchner, falecido marido de Cristina, enriqueceu na Presidência argentina. Assumiu em 2003 com patrimônio de US$ 1,9 milhão, saiu cinco anos depois com fortuna 7,5 vezes maior (US$ 14,2 milhões), segundo as próprias declarações juramentadas. Kirchner morreu em 2010. A viúva gastou US$ 116 mil dos contribuintes para homenageá-lo com uma estátua de 2,2 metros de altura, plantada na entrada da sede da Unasul. O último secretário-geral da entidade foi o ex-presidente colombiano Ernesto Samper, cuja biografia está marcada por vínculos com cartéis de drogas. Em 1995, na Presidência da Colômbia, ele assistiu a confissões públicas sobre o patrocínio do narcotráfico à sua eleição. Os principais doadores foram os irmãos Miguel e Gilberto Rodríguez Orejuela, na época chefes do Cartel de Cáli. Até hoje, Samper não pode entrar nos Estados Unidos.
Se passou década e meia desde que o entusiasmado chanceler brasileiro Celso Amorim apresentou o projeto da Unasul ao venezuelano Hugo Chávez, e sorriu ao ouvi-lo dizer: “O que vocês estão propondo é uma ‘Alquita’”, referência à versão menor, regionalizada, do projeto dos EUA para uma Área de Livre Comércio das Américas (Alca). A iniciativa do governo Lula foi festejada e apropriada por Chávez e pelo casal Kirchner. Dela sobraram um prédio vazio na Metade do Mundo e dúzias de burocratas bem remunerados, absolutamente sem nada para fazer. É o epílogo melancólico de uma fantasia política chamada Unasul.
Principal projeto de política externa nos anos Lula, a Unasul acabou com a sede interditada no fim de semana e burocratas absolutamente sem nada para fazer.

Rubens Barbosa: excesso de cúpulas (e como...)


Excesso de cúpulas
É hora de examinar se vale a pena mantermos encontros que soam ineficazes e obsoletos
Rubens Barbosa *
O Estado de S.Paulo, 10 Julho 2018

A realização da VIII Cúpula das Américas, em Lima, em abril, sugere uma reflexão sobre as sucessivas reuniões presidenciais que vêm sendo realizadas no continente americano sem apresentarem um caminho para os países da região em temas de interesse geral. Caso o número de reuniões de alto nível de fato engendrasse coordenação e resultados concretos, as Américas seriam um exemplo para o mundo e se apresentariam como um modelo de entendimento e cooperação.
Se houvesse resultados concretos para os 34 países da região, a partir de discussões objetivas e desideologizadas, os encontros poderiam ser positivos e deveriam ser apoiados. Mas não é o que ocorre. Poucos guardarão na lembrança alguma conclusão das oito Cúpulas das Américas, incluída esta última. À exceção, talvez, da primeira, que se realizou em Miami em 1994, quando, inaugurando uma estratégia de negociação comercial, os EUA propuseram ao Hemisfério um acordo de livre-comércio das Américas, repetido depois com a Europa e com a Ásia.
O continente americano é o campeão mundial de cúpulas. Contei perto de 20 fóruns, associações e organizações multilaterais, regionais e reuniões presidenciais com outras regiões. Exemplos são a Cúpula Ibero-Americana, a Alba, aliança bolivariana das Américas, a Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), a Organização dos Estados Americanos (OEA), a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), o Tratado de Cooperação Amazônico, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, uma reunião de presidentes latino-americanos com presidentes da África e do Oriente Médio, o Mercosul e a Aliança do Pacífico. Recentemente, o Brasil, pela inexistência de governança e de resultados concretos, propôs a suspensão da participação de seis países na Unasul. O destino do Conselho de Defesa da América do Sul ficou incerto.
Fica assim evidenciado que há poucos interesses concretos que de fato alinhem nessas cúpulas os 34 países. Elas se repetem sem nenhum resultado prático, em meio a rituais de pomposo cerimonial e oratória vazia e medíocre. Em muitos casos a demagogia fácil supera discussões sérias.
Num momento em que a nova geopolítica reforça o papel do regionalismo em todos os continentes, a América Latina encontra-se fragmentada e enfraquecida. Em cada uma dessas reuniões surge a discórdia entre os países, em muitos casos com ênfase e animosidade.
Chegou a hora de examinar, do ponto de vista do Brasil, se vale a pena o investimento em recursos burocráticos, tempo dos presidentes e atenção da mídia para a manutenção dessa prática de encontros entre os 34 países, mas que agora soa ineficaz e obsoleta. Chegou a hora de mudar o formato e a substância das cúpulas para dar conteúdo real a esses encontros. O documento final da Cúpula de Lima teve 57 parágrafos tratando somente de medidas contra a corrupção, enquanto a prática se amplia e há presidentes e altos funcionários presos ou sendo investigados...
Isso por si só não significa que reuniões presidenciais sejam desimportantes. Encontros de cúpula em outras partes do mundo têm sua lógica e se justificam, ao pautarem os interesses dos países participantes. O G-7, que reúne os países mais industrializados para discutir as linhas principais da economia e das finanças globais, tomou medidas concretas que passaram a afetar o mundo todo. O G-20, criado depois da crise financeira de 2008, focalizou os problemas daquele momento e tem se reunido menos pelo esvaziamento de seu objetivo inicial. Encontros entre chefes de governo da União Europeia, do Nafta, da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), do Acordo Transpacífico (CPTPP) são feitos regularmente por terem foco bem específico e de interesse geral, tal como o aprofundamento da cooperação econômica e comercial.
Com o acelerar das técnicas de comunicação e buscando poupar tempo e recursos, vemos o início de encontros presidenciais virtuais por teleconferência. Apesar da falta do encontro cara a cara e de uma troca direta entre os altos dirigentes presentes, a teleconferência permite mais objetividade e menos perda de tempo.
A partir de 2019, o novo governo brasileiro deveria examinar de forma objetiva, do ponto de vista dos interesses nacionais e dos resultados que se querem alcançar, a conveniência de manter nossa participação nessas reuniões que pouco ou nada representam para nós e, assim, estimular o encerramento de suas atividades. As cúpulas presidenciais vêm carecendo de uma agenda com medidas concretas de avanço - especialmente no caso do Mercosul. Às reuniões presidenciais de rotina, sem nenhum objetivo relevante, o presidente brasileiro não deveria comparecer ou mandaria substituto.
Como forma de compensar essa nova atitude em relação às reuniões de cúpula, o Brasil poderia inaugurar uma nova fase de aprofundamento do relacionamento bilateral com todos os países da região. Caberia apresentar propostas concretas para ampliar o comércio, os investimentos, os projetos de desenvolvimento de infraestrutura, e a assistência e a cooperação técnica que de fato expandam interesses mútuos e nacionais.
Superadas as dificuldades políticas dos últimos dois anos com a eleição do novo governo, em 2019, como uma das dez maiores economias globais e pelo peso da participação do Brasil na América do Sul, o País não poderá deixar de oferecer, de maneira proativa e construtiva, sua contribuição para o crescimento e a estabilidade da região. Esse trabalho poderá começar com iniciativas para a superação das dificuldades políticas por que passa a Venezuela. Com essa atitude o Brasil poderia criar um fato político que permitiria uma reflexão geral sobre o assunto.

* PRESIDENTE DO INSTITUTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS E DE COMÉRCIO EXTERIOR (IRICE)


Trade Policy in the USA: tariffs - Mises org

Woodrow Wilson and the Tariff: Lessons for Today

Theodore Roosevelt (president 1901–09) and Woodrow Wilson (president 1913–21) are the two celebrated progressive presidents. Many of today’s observers, not familiar with the detailed history of that era, fail to appreciate the fundamental importance of the tariff issue to debates of that time.

A search for “tariff” in Scott Berg’s biography, Wilson, turns up 66 hits. Then, 250 hits in Doris Kearns Goodwin’s, The Bully PulpitTheodore Roosevelt, William Howard Taft, and the Golden Age of Journalism. Wilson’s 1913 book, The New Freedom A Call For the Emancipation of the Generous Energies of a People, was an edited selection of his campaign speeches. Sixty-three hits on this book.

What were the issues? The tariff was a breeding ground for corruption and unfair to those forced to pay elevated prices. The tariff reinforced the position of firms with market power — the “trusts” in the language of that time.
Wilson was thoroughly familiar with how the tariff actually worked, as he explained clearly in The New Freedom. “We have come to recognize in the tariff as it is now constructed, not a system of protection, but a system of favoritism, of privilege, too often granted secretly and by subterfuge, instead of openly and frankly and legitimately, and we have determined to put an end to the whole bad business … .”
Goodwin discusses the difficulties reformers had in making any progress in Congress. “Aware that [Senator Nelson] Aldrich had abundant experience in devising obscure classifications for each of the 4,000 duties in the tariff schedule, …” How familiar does this passage sound?
As is true of pro-tariff arguments today, obfuscation of the issues was a key mechanism of the forces supporting trade restriction during the Progressive Era. Goodwin recounts the campaign against the tariff waged by journalist Ida Tarbell. “Fifty years ago, [Tarbell wrote in 1909] wool was disposed of in perhaps fifty words, which anybody could understand; to-day it takes some three thousand, and as for intelligibility, nobody but an expert versed in the different grades of wools, of yarns, and of woolen articles could tell what the duty really is.” These tariffs pumped up the profits of American firms manufacturing woolen clothing. Tariffs raised the cost of machinery used in cotton production and reduced competition from machinery producers abroad.
Then, as now, log-rolling coalitions made reform difficult. Goodwin writes: “To Taft’s disappointment, the controversial wool schedule was not changed. The combination of ‘the Western wool growers and the Eastern wool manufacturers,’ he lamented, rendered it ‘impossible’ to get lower duties ‘through either the Committee or the House.’ ”
Wilson was a Southerner, born in Virginia and raised in Georgia and South Carolina. He understood the costs high tariffs imposed on the South. The beneficiaries were Eastern manufacturing interests. Farmers were especially disadvantaged as they paid excessive prices for farm equipment in an era of rapid mechanization of agriculture.
A key campaign promise of Wilson’s was reduction of the tariff. This he did after assuming office with the Revenue Act of 1913. Tariff reduction was good for the South and the rest of the country as well. Unfortunately, Wilson failed to institutionalize a lower tariff and did not “put an end to the whole bad business.” In 1922, Congress raised tariffs once again with the Fordney–McCumber Tariff. As I recounted recently in my Tariff of Abominations II, President Trump is taking the United States back to an unhealthy era of tariff controversy, special-interest pleading and retaliation by other countries.
Worse, President Trump has upset a painful and slow institutional process begun after World War II in moving the world toward freer trade. No country will be a winner. Wilson’s experience as president after the election of 1912 should serve as a warning. Winning a battle is not enough to win a war.
Perhaps it is time to start thinking about the tariff in an entirely different way. Starting with the Tariff Act of 1789, the US tariff has been the playground of special interests, and used as a means of rewarding political friends, and harming political enemies. If we must have a tariff, all tariffs ought to be levied at the same rate. This approach would turn the tariff principle from that of “bad business” favoritism to pure revenue.

William Poole is Distinguished Scholar in Residence at the University of Delaware. He was a member of President’s Reagan’s Council of Economic Advisers 1982-85. He retired as President and CEO of the Federal Reserve Bank of St. Louis in March 2008.

RBPI: uma revista de impacto - Antonio Carlos Lessa (IRel-UnB)

Meu amigo, professor no IRel-UnB e editor da Revista Brasileira de Política Internacional me comunica esta grande notícia sobre o sucesso da nossa revista: 

Caros(as) Colegas,

Trago a boa notícia da grande elevação do Fator de Impacto da RBPI no Journal Citation Reports - JCR-InCites, chegando nos números consolidados de 2017 ao índice de 0,906. Tendo por base o ano de 2016, o Fator de Impacto da RBPI foi praticamente triplicado. Esses dados foram publicados na última semana de junho, sendo o Impact Factor do JCR é uma das medidas mais esperadas da ciência global.
Com isso, a RBPI tem o maior fator de impacto de todas as publicações da grande área de humanidades no Brasil, situando-se na 49a posição no ranking das revistas brasileiras. Como medida de comparação, a icônica Revista Dados está na 116a posição, com fator de impacto de 0,286. A Revista de Ciência Política, da Universidade Católica do Chile, que é reputada como uma das melhores publicações da área de humanidades da América Latina, teve um fator de impacto de 0,413.
Com o seu Fator de Impacto, a RBPI se situa da 132a posição em termos globais no cluster International Relations & Political Science, no universo considerado de 217 publicações internacionais. A RBPI, em termos globais no cluster, se situa logo abaixo de International Peacekeeping (129a posição - IF 0,937) e à frente de outras revistas prestigiadas que compõem o universo de publicação de autores brasileiros e latino-americanos, a exemplo de Latin American Perspectives (170a posição - IF = 0,575), Political Science Quarterly (185a posição - IF 0,422), Revista de Ciência Política - Chile (187a posição - IF 0,413) e do Journal of Global War Studies (210a posição - IF 0,167). Esses indicadores fazem com que a RBPI se situe pelo meio do terceiro quartil das publicações mais influentes do cluster International Relations & Political Science, em termos globais.
Envio abaixo uma tabela que sumariza a evolução da medida desde 2010, quando a RBPI teve o seu primeiro fator de impacto divulgado (referente a 2009).

Saudações a todos,
Antônio Carlos Lessa

Antônio Carlos Lessa
Professor Titular - Full Professor 
University of Brasília
Institute of International Relations
p: +55 61 31073651 
a: Caixa Postal 4306 - Brasilia, DF 70919-970, Brazil 
 

Master em Pensamento economico: Complutense Madrid



INVITACIÓN

MÁSTER PENSAMIENTO ECONÓMICO Y EMPRESARIAL
LOS DEBATES DE LA ECONOMÍA EN EVOLUCIÓN

2018 - 2019
El máster propio de la UCM, que se encuentra en su segunda edición, extiende una fraterna invitación a la comunidad académica de la Asociación Latinoamericana de Historia del Pensamiento Económico (ALAHPE). Este programa de posgrado responde a un vacío que existe en el panorama de titulaciones en relación a la difusión de las distintas escuelas y teorías de historia del pensamiento económico y empresarial, así como la compren-sión de los fundamentos de las controversias que se producen entre ellas. El recien-te bestseller de Lawrence White, El choque de las ideas económicas (2015, Ed. Antoni Bosch), muestra el interés que hay en conocer las razones de las más seña-ladas disputas entre economistas, en definitiva, hacer un viaje por las ideas que han marcado el pensamiento económico hasta su forma actual: ¿Cómo combatir la po-breza, la desigualdad, el paro? ¿Hay que tener austeridad, gasto público, regula-ción, privatizaciones?

El máster además tiene un programa especial de becas y la opción de ser impartido en español y en inglés. Para mayor información visite nuestro enlace:
Información MÁSTER
En caso de que no funcione el botón, haga clic en:
http://www.ucm.es/titulospropios/masterpensamientoeconomico
Para acceder al formulario de pre-inscripción ir a este enlace.

Contactos e información adicional
Estrella Trincado | Directora (UCM)
estrinaz@ccee.ucm.es
Info: masterpenseco@ucm.es
Giovanny Manosalvas |  Coord. Ecuador - UCE
giovaman@ucm.es | gmmanosalvas@uce.edu.ec
giovamalvs@yahoo.com

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Minha utopia pessoal: o que poderia ser um governo de recuperação no Brasil? -Paulo Roberto de Almeida

De vez em quando eu me pego sonhando, como por exemplo ao retornar de Portugal no último dia 2 de julho, uma semana atrás, portanto. Em Portugal encontrei um país recuperado da enorme crise vivenciada alguns anos atrás, recebendo milhões de turistas, mas basicamente comprometido com sólidos princípios econômicos, que não são mais os da austeridade dos ajustes necessários, mas tampouco são os da irresponsabilidade habitual de populistas distributivistas, mesmo se os socialistas voltaram ao poder.
Portugal parece ter encontrado um equilíbrio entre a estabilidade macroeconômica e a busca de opções realizáveis dentro das limitações econômicas do país, que ainda é uma pequena economia, muito dependente da UE. 
No caso do Brasil não temos a UE, e nem o Mercosul poderia lhe ser comparado. Só temos nós mesmos. Pois eu imaginei que tudo poderia ser diferente, mas infelizmente acho que não vai ser.
Em todo caso, deixo aqui a minha fórmula realista de ajustes e equilíbrios, que não é um remédio milagroso, pois vai demorar anos e anos de lenta e dura recuperação.
Acho que não vai dar, mas deixo aqui minhas sugestões.
Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 9 de julho de 2018


A divisão do país e a transição da nação: tarefas do próximo governo

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: análise da conjuntura; finalidade: recomendações de postura]

Introdução
Quaisquer que sejam a análise conjuntural e o diagnóstico prescritivo que se façam sobre os problemas atuais e futuros do Brasil, bem como sobre as maneiras de resolver determinados impasses em torno das medidas a serem adotadas para superá-los, com vistas a retomar um processo de crescimento sustentado, impossível não partir da constatação de que o país se encontra hoje bastante dividido politicamente e fragmentado por correntes opostas de opinião quanto às tarefas à frente da nação, ou até mesmo quanto à forma de se fazer esse diagnóstico. Esse é, justamente, o resultado de anos e anos de incitação à divisão do país, um discurso monotemático bastante conhecido, que insistiu, desde sempre, em dividir a nação entre o povo e as elites, entre “nós” e “eles” (ou seja, eles e nós mesmos), entre uma suposta maneira correta de se fazer “justiça social”, por definição virtuosa, e uma alegada via “neoliberal” de ajuste austero e socialmente injusto.
Não é necessário qualquer explicitação detalhada quanto aos principais atores responsáveis por esse tipo de discurso, e seus efeitos notoriamente deletérios no aprofundamento dessa divisão política, que ameaça contaminar o debate político nesta fase eleitoral, e nas semanas e meses seguintes. Agora, qualquer que seja o governo que assuma o comando do Estado a partir de 1ro de janeiro de 2019, terá de começar, já desde o início da transição que começa ao término do segundo turno de outubro deste ano, a tarefa de reconstrução das bases da governança, a começar pela formação de um governo minimamente representativo das forças que se uniram para chegar à vitória no prélio definidor. Digo minimamente porque imagino que uma solução de melhor conveniência política seja uma composição entre os eleitos, ou seja, representativos do voto popular, e certo número de tecnocratas basicamente comprometidos com o processo de reformas já em curso, portanto necessárias, e outras que serão indispensáveis à continuidade dos ajustes programados.
A primeira tarefa do futuro chefe de Estado e comandante da nação será a de expor claramente à sociedade os terríveis problemas econômicos que a nação enfrenta e enfrentará nos próximos anos, sem nada esconder, sem nada mudar no conteúdo do que deve ser esclarecido à população para que ela tenha plena consciência da terrível situação que a nova administração herda para administrar. A função de um comandante da nação não deve ser a de apaziguar seus supostos apoiadores no Congresso, com os quais ele terá de trabalhar, mas isso apenas depois que ele se dirigir em primeiro lugar à população para informá-la do que deve e precisa ser feito para enfrentar o terrível legado recebido. Cabe o máximo de realismo nessa primeira mensagem, tão pronto anunciado o resultado oficial da votação. O discurso à nação é o primeiro ato da governança que se iniciará em 1ro de janeiro de 2019.

A primeira mensagem: a união da nação
O Brasil não pode mais continuar dividido entre, de um lado, os mentirosos que nos legaram a terrível situação presente – supostamente de esquerda, ou associados a ela – e que pretendem novamente se impor pela mentira e pela fraude sobre o que efetivamente ocorreu nos anos de populismo econômico, e de outro, os saudosistas de um regime militar – supostamente de direita – que não tem a menor chance de voltar. Esse passado de divisões artificiais não mais serve à nação no presente, e não pode ser a base da difícil reconstrução que temos no presente e no futuro previsível. Não existe um orçamento de esquerda ou de direita, assim como não existe um maná dos céus que derrame continuamente recursos supostamente coletivos para gastos públicos contínuos. 
A nação, de uma vez por todas, precisa aprender a viver dentro dos seus meios. A fratura entre os brasileiros de uma ou outra opinião não nasce apenas dessa divisão artificial de direita e esquerda, inclusive porque a maioria da população não se define em torno de conceitos abstratos. A divisão é claramente impulsionada por aqueles que pretendem continuar pregando conquistas impossíveis, os patrocinadores do populismo econômico e da demagogia política, formulando promessas fáceis, e mentirosas, de que existe um protetor natural de todos os pobres, que se chamaria Estado brasileiro. Esse Estado que tira dois quintos de toda a riqueza produzida por empresários e trabalhadores é precisamente o Estado que prolonga e mantém a pobreza dos mais humildes, ao mesmo tempo em que distribui fartamente subsídios e vantagens aos mais ricos. Isso precisa parar, e com isso deve cessar a divisão artificial entre pobres e ricos, e essa noção viciosa e viciada de que os interesses de ambos divergem entre si, numa “luta de classes” que só serve aos interesses dos mesmos divisionistas que infelicitaram a nação.
 Todos os brasileiros precisam tomar consciência de que o governo informará precisamente, de forma totalmente transparente, quais são as despesas obrigatórias, às quais não se pode constitucionalmente evadir, e quais são os recursos que nos restam para um debate aberto sobre as prioridades de gastos de livre arbítrio. Não se poderá atender a todos os reclamos ao mesmo tempo, mas as razões das escolhas básicas serão apresentadas com clareza ao mesmo tempo à população e ao Congresso. 

A primeira medida: o governo ainda será de transição
Não se deve eludir ou elidir a verdade. O Brasil tem um longo e penoso caminho de reconstrução pela frente, tantas são as deformações e os vícios acumulados ao longo dos anos. Já estamos em transição há muito tempo, primeiro da relativa estabilidade dos anos 2000, com crescimento moderado impulsionado pela demanda chinesa, para uma fase de crescimento irresponsável do final daquela década e que se prolongou durante toda a primeira metade da presente década, que nos precipitou na terrível recessão que enfrentamos há pelo menos três anos. A transição dos últimos dois anos, depois do final do governo irresponsável que produziu a maior crise de nossa história, não foi suficiente para recompor as bases de um novo ciclo de crescimento com distribuição de renda. Nem o fará sem a adoção de medidas duras de correção das deformações acumuladas.
Não há porque prometer um correção rápida dos imensos problemas que figuram na agenda da nação, e a melhor forma de ser honesto com a nação é dizer de modo claro quais são, quantos são, quão difíceis são esses problemas, se a presente geração quiser entregar aos nossos filhos e netos um país melhor do que o recebido neste momento, uma economia destroçada pela irresponsabilidade fiscal, a saúde, a educação e a aposentadoria futura ameaçadas de insolvência pura e simples.
Insistir sobre a transição é também uma maneira de preparar a nação para as comemorações do seu segundo centenário da independência, quando, infelizmente, a renda média da população será igual, talvez até mesmo inferior, à que a nação exibia dez anos antes, dada a gravidade da crise que nos foi legada, a maior recessão de toda a história econômica do país. O que o governo pretende fazer, até 2022, é uma completa inversão das tendências seguidas nas últimas décadas, de maneira a podermos iniciar um terceiro século de vida independente em bases sensivelmente diferentes daquelas que foram as nossas até o presente momento.

Uma certa concepção do Estado: ao menor custo para a sociedade
Pela primeira vez em nossa história bissecular, os custos do ajuste incidirão não sobre a sociedade, mas sobre o próprio Estado, que avultou de modo exagerado, a ponto de engolir um volume de recursos incompatível com a capacidade da cidadania de gerar riquezas na proporção exigida pelo ogro famélico no qual converteu-se esse Estado. O Brasil não tem produtividade para registrar uma carga fiscal típica de país rico, exibindo ao mesmo tempo uma renda per capita cinco ou seis vezes inferior à dos países ricos. Essa carga fiscal precisa diminuir, sobretudo sobre os produtores e investidores, do contrário estaremos matando a galinha de ouro que mantém esse Estado vorazmente predatório. Isso tem de acabar, e o Brasil precisa voltar a ser um país normal, daí que o esforço de austeridade incidirá em primeiro lugar sobre o próprio Estado.
O governo passará a trabalhar com um número reduzido de ministérios, voltando tanto quanto possível ao formato e à estrutura administrativa existente na transferência da capital para Brasília. O presidente tem a obrigação de reunir-se com cada um de seus ministros, e deve poder discutir com eles todos os aspectos das políticas setoriais que ele tem de levar a cabo. Isso só é possível com um ministério enxuto, o que significa uma redução real das agências públicas, não apenas pequenos ajustes no organograma.
O governo vai propor ao parlamento a redução do número de deputados numa mais estrita proporcionalidade na Câmara, assim como o corte de um terço no número de senadores. Também vai sugerir ao parlamento a redução do número de juízes da Suprema Corte para nove, como foi tradicionalmente no Brasil republicano. O sistema eleitoral será revisto, para um modelo distrital misto, com o fim do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral, como maneira de reduzir naturalmente o número anormalmente elevado de agremiações politicas. A Justiça do Trabalho, em suas várias instâncias, criadora de conflitos ao contrário do que habitualmente se crê, não pode continuar a trabalhar nos moldes atuais, quando ela tipicamente gasta o dobro do valor médio dos contenciosos com o seu próprio funcionamento. Algo precisa ser feito a esse respeito, uma vez que a própria instituição representa uma anomalia no cenário internacional, já que poucos países, se algum, exibe essa pletora de cortes trabalhistas. 

Um programa de tarefas baseado em cinco princípios claros
O programa completo de governo será detalhado oportunamente, em torno de cinco grandes capítulos de ação, cujo sumário breve pode ser anunciado da seguinte maneira: 
1) Macroeconomia estável
A volatilidade, que obsta ao planejamento microeconômico e ao investimento produtivo, não é o resultado de capitais especulativos ou da ganância dos financistas, e sim a consequência de mudanças intempestivas nas políticas de governo, macroeconômicas ou setoriais, daí a necessidade de proclamar regras claras – como aquelas existentes no tripé econômico do governo que implementou o Plano Real – e de ater-se a elas com o compromisso da continuidade. Equilíbrio fiscal, juros de referência o mais próximo possível do nível de equilíbrio dos mercados financeiros, um regime de flutuação cambial acompanhando a dinâmica dos intercâmbios externos, estrito controle do endividamento público de maneira a incluir o serviço da dívida no limite, ou pouco abaixo, das disponibilidades orçamentárias e redução das metas de inflação a patamares existentes na maioria dos países. 

2) Microeconomia competitiva
Liberdade de mercados é a coisa mais simples de se conceber: inexistência de carteis e monopólios estatais ou privados, eliminação ou redução das barreiras à entrada de competidores em todas as áreas de interesse público relevante, fim das corporações de ofício ou concessões em regime de reserva de mercado (interna, setorial ou passível de abertura a concorrentes estrangeiros). O principio é válido para praticamente todas as áreas de oferta de bens universais, ou seja, de consumo indistinto, mas também pode ser aplicado a serviços públicos de interesse geral, que podem ser adequados para funcionar em bases semelhantes ou similares às dos mercados. Abertura econômica e liberalização comercial são dois instrumentos essenciais nessa vertente.

3) Governança eficiente e transparente
Uma reforma política e administrativa, nos três poderes e em cada um dos níveis da federação, e em suas agências especializadas, impõe-se como condição incontornável ao trabalho de redução do tamanho, do peso, dos custos de manutenção do Estado hoje extrator e predador. Reformas nos códigos do Judiciário e modernização de suas práticas também são essenciais para diminuir os custos de transação e o terrível ônus para os particulares das delongas inaceitáveis nos prazos de solução de litígios. Certos  “direitos adquiridos” terão de ser revistos, pois eles correspondem, na maior parte dos casos, a “espertezas” contrabandeadas para dentro do Estado por interesses corporativos em prol da criação e manutenção de privilégios inaceitáveis a qualquer título, aliás em grande medida defendidos com disfarces de duvidosa legalidade. Cabe rever, também, o princípio da estabilidade funcional no serviço público, pois ele só se justifica em restrito número de casos, sendo o Brasil notoriamente tolerante com abusos nesse terreno. Isso vale, igualmente, para certos dispositivos constitucionais que prolongam privilégios não justificados pela natureza dos serviços oferecidos pelo Estado.

4) Alta qualidade dos recursos humanos
O principal obstáculo a um crescimento mais vigoroso dos índices notoriamente medíocres da produtividade total de fatores, especialmente a do trabalho, é o espetáculo deprimente da baixíssima qualidade da educação brasileira, em todos os níveis, o que está a exigir não uma simples reforma, mas uma verdadeira revolução nessa área. Não se trata de processo linear ou limitado no tempo, pois as correções a serem feitas nessa área necessitam prolongar-se por mais de uma geração para produzirem resultados minimamente satisfatórios. Metodologias e padrões já testados numa ampla gama de países, em estudos coordenados por uma instituição como a OCDE, oferecem diversas sugestões de mudança, a serem conduzidas por força-tarefa nacional, com mandato a ser exercido por largo tempo.

5) Abertura ao comércio internacional e aos investimentos estrangeiros
Se existe um item na política econômica externa que deve passar à frente de quaisquer outros temas da agenda diplomática são esses dois, felizmente podendo ser guiados por relatórios pragmáticos já disponíveis para consulta e ação: o Fazendo Negócios, do Banco Mundial, o Relatório Global de Competitividade, do Fórum Econômico Mundial, e o Liberdade Econômica no Mundo, do Fraser Institute, fornecem dezenas de recomendações absolutamente transparentes a esse respeito.
A política externa será basicamente uma política econômica externa, em esforço coadjuvante ao processo de ajustes e reformas na economia. O foco da diplomacia estará, assim, centrado na inserção global da economia brasileira, de maneira a elevar os níveis notoriamente baixos de participação nos intercâmbios de bens e serviços e de competitividade externa da oferta nacional. Maior abertura aos investimentos diretos estrangeiros, inclusive em áreas ditas “estratégicas”, assim como a redução da proteção tarifária e não tarifaria terão o efeito de aumentar a produtividade geral da economia.

Paulo Roberto de Almeida
Lisboa, em voo Lisboa-Brasília, 2 de julho de 2018

  

Delfim Neto: situação econômica do Brasil, pior do que se pensa

Recebido de meu amigo Roque Callage: 
Quando Delfim, que é sempre eufórico, está vendo uma situação muito ruim, é porque é é ruim mesmo. O futuro é muito ruim. Ele projeta que terá que ser feito ajuste de 5% do PIB e não vê nenhum estadista com capacidade de governar o País e devolver estabilidade à economia, incluindo equilibrio das instituições.Tem um nome que não se apresentou e que ele não quer dizer. 
Roque Callage

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O ex-ministro Antônio Delfim Netto está pessimista com o Brasil

O economista vê apenas um nome para a Presidência capaz de articular um novo pacto com o Congresso e o STF para recuperar o protagonismo do Executivo
Por Felipe Saturnino e Gerson Freitas Jr., da Bloomberg
Publicado em 7 julho 2018 

O problema fiscal, diz, é pior do que parece, deve ser carregado por um longo período e vai levar a uma escalada da dívida pública enquanto o Congresso, movido por interesses próprios, continua a aprovar medidas que agravam o rombo.
O país vive uma situação social “dramática”, com 13 milhões de desempregados, e carece de alternativas políticas capazes de orquestrar uma solução e recuperar o protagonismo perdido pelo Executivo.
“Nós devíamos estar dizendo para a sociedade que a situação é dramática”, afirma Delfim. “A solução para isso vai exigir sacrifícios de todos”.
Um cálculo “grosseiro”, diz ele, indica necessidade de um ajuste da ordem de 5% do PIB apenas para estabilizar a dívida nos níveis atuais.
Mesmo diante desse quadro, o Brasil ainda não tem, segundo ele, um candidato a presidente com a vontade e o poder político necessários para implementar as medidas necessárias para recuperar as contas públicas, a começar por uma reforma da Previdência.
Delfim destaca ainda como essencial que o próximo mandatário tenha a capacidade de articular um novo pacto com o Congresso e o Supremo, a fim de recuperar o protagonismo do Executivo. “É preciso alguém com musculatura,” afirma Delfim.
Novo impeachment?
O economista de 90 anos vê apenas um nome capaz de cumprir esse papel, nome este que ele prefere manter sob sigilo, mas que não figura entre os atuais pré-candidatos à presidência.
Ele vê ainda o risco de que as forças políticas de centro apenas tomam a decisão de se unir em torno de um único nome “quando for tarde demais”.
Delfim afirma que os empresários também estão pessimistas diante do atual cenário. “A cabeça deles está em pânico, porque não veem nenhum futuro”, diz. Antes dos primeiros 100 dias do próximo governo, “ninguém vai pensar em investimento no Brasil”.
“O próximo presidente tem de entrar com um programa realmente correto ou, então, pagar as consequências”, diz. Quais seriam as consequências? O país não crescer mais, deteriorando ainda mais o ambiente político e levando o próximo presidente a sofrer um impeachment.
PIB e juros
Delfim cortou sua projeção de crescimento neste ano de 2,5% para até 1,2%, refletindo a piora generalizada na confiança dos investidores após a greve dos caminhoneiros que paralisou o país em maio.
Ele elogiou, contudo, a articulação entre Banco Central e Tesouro para conter a escalada do dólar, suavizando a volatilidade do câmbio e os movimentos dos juros futuros, diante da piora do ambiente externo. Saiba mais: O dólar pode chegar a R$ 5? Confira a publicação da Empiricus e descubra as perspectivas
“É a primeira vez que você tem uma ação de profissionais”, diz. “O BC está se comportando bem, não caiu na conversa mole do mercado de subir os juros. Ele está no regime de metas inflacionárias, na qual a variável básica é a inflação”, conclui.

Desempenho comercial do mercado único europeu - John Weeks (Social Europe)

Trade Performance In EU Internal Market In Euro Era

John Weeks
John Weeks
European integration began as a political project to institutionalize peace and cooperation, with the Coal and Steel Community the initial step. In the late 1980s and into the 1990s, roughly coinciding with the end of the Cold War, priorities changed – from peace and cooperation to trade competitiveness.
The Treaty on European Union (TEU) formalized this shift (also known as the Treaty of Rome, subsequently amended by the Treaties of Amsterdam, Nice and Lisbon). Article 2, section 3 reads:
The Union shall establish an internal market. It shall work for the sustainable development of Europe based on balanced economic growth and price stability, a highly competitive social market economy, aiming at full employment and social progress, and a high level of protection and improvement of the quality of the environment. [Eur-Lex, emphasis added]
The treaty makes political and ideological specifications for the European Union. It commits all member governments to a specific form of economic organization, a “market economy”. Other parts of the two major EU treaties make it clear that “market economy” is synonymous with “capitalism” (Treaty of the Functioning of the European Union is the other).
No constitution of a major country, even though it may have a capitalist economy, includes such an ideological commitment, with the possible exception of China’s (Smith and Weeks 2017). The treaty language further specifies that the EU economy be “highly competitive”. Because those words are used immediately following the mandate for “an internal market”, it is a reasonable inference that “highly competitive” means “trade competitive”.
Because the treaty section commits to “a highly competitive social market economy”, singular rather than plural, the referent must be the Union as a whole. Thus, Article 2(3) must refer to extra-EU trade: that the EU economy taken as a whole should be internationally competitive. This interpretation implies that the TEU makes a fundamental change from the concept of the early initiators of integration. Their focus was to facilitate intra-EU trade, through a customs union that would lay the basis for political integration.

Intra- and extra-EU trade patterns

By definition the purpose of a customs union is to give preference to trade among members. With that in mind we can assess if the intentions behind the wording in the TEU have affected the pattern of EU trade. At the beginning of this century the adoption of the euro represented a major institutional change affecting EU trade. One would expect the euro’s entry to reinforce intra-EU trade.
Internal EU regulations on product safety and related rules also impact on intra- and extra-EU trade. We should expect EU regulations to have a different impact on extra-EU imports than on extra-EU exports. Extra-EU imports must conform to intra-EU regulations, while extra-EU exports need not do so. The restrictive fiscal policies pressed upon national governments after 2010 represent a second possible depressor of intra-EU trade, due to their growth-reducing effects.
That extra-EU exports may face less regulation than extra-EU imports suggests the possibility of different patterns for exports and imports. The statistics indicate such a difference. Chart 1 shows annual rate of growth of intra- and extra-EU imports for the 19 Eurozone countries and the nine with national currencies from the introduction of the euro in 2001 through 2017. For the 19 Eurozone countries in a bare majority, 10 of 19, intra-EU import trade grew faster than extra-EU import trade. Among the non-euro countries in 7 of 9 intra-EU imports grew faster.
One would have expected the opposite result, faster growth of intra-imports for the euro group, not the non-euro group. A major purpose of the introduction of the euro was to reduce transactions costs, making trade more “seamless”. The statistics do not support that prediction. It appears that any cost-reducing role of the euro was outweighed by other effects.
One such effect might relate to level of development and structural characteristics. The ten countries in which intra-EU imports grew fastest were from the Baltic region or central Europe, countries in transition from centrally planned economies (annual rates in percentages): Lithuania (10.9), Slovakia (10.7), Romania (10.5), Bulgaria (9.2), Latvia (8.7), Estonia (8.6), Czech Republic (8.5), Poland (8.3), Hungary (6.7) and Slovenia (5.1). For all ten except Slovenia intra-imports grew faster than extra-imports. These statistics suggest that the euro has not facilitated intra-import trade.

Chart 1: Annual rates of growth of intra-EU imports and extra-EU imports, Eurozone and non-euro countries, 2001-2017 (percentages)

Note: Rate of growth calculated by using end years. Black line divides the 19 Eurozone members from the nine non-euro countries.
Source: Eurostat
The same statistics on exports is consistent with the hypothesis that EU rules have a relatively restrictive effect. Of the 28 countries, for only one, Bulgaria, did intra-EU exports grow faster than extra-EU exports, and for another the rates were the same to one decimal point (Sweden).
The statistics also cast doubt on the reputation of the German economy as an engine of export growth. Over the 17 years, German intra-EU exports grew slower than in 12 other EU countries (faster than 15); and for extra-EU exports 16 countries showed faster growth rates (eleven slower). The expanding German goods surplus resulted from relatively slow growth of imports compared to exports, rather than rapid export growth.

Chart 2: Annual rates of growth of intra-EU exports and extra-EU exports, Euro zone and non-euro countries, 2001-2017 (percentages)

Note: Rate of growth calculated by using end years. Black line divides the 19 Eurozone members from the nine non-euro countries.
Source: Eurostat

Peace, not trade

These statistics suggest a few conclusions. First, the EU internal market has integrated the formerly centrally planned countries into international commerce, though more so for imports than exports. Second, the EU internal market has not fostered trade growth relatively to the non-EU market. Its benefit to EU citizens is probably consumer protection rather than cheap goods, with the former the more important benefit. Third, the euro has not facilitated trade within the internal market, neither for imports nor for exports.
Many others have for several years argued that “benefits from trade” is a weak argument for EU membership. The statistics support that conclusion and indicate that it may apply to most EU members.   The strongest arguments for membership are those put forward by the visionaries of European integration in the late 1940s, which are political and social, not economic. EU reform should be based on the sublime goals of peace and cooperation, not the commercial banality of export competitiveness.