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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Russia-Ukraine war: what we know on day 168 of the invasion - Jordyn Beazley (The Guardian)

Russia-Ukraine war at a glance

Russia-Ukraine war: what we know on day 168 of the invasion

Zelenskiy vows to ‘liberate’ Crimea as Kyiv denies responsibility for deadly attack on Russian airbase in the annexed peninsula 

Smoke rises after explosions near a Russian airbase in Crimea.
  • A Russian airbase deep behind the frontline in Crimea has been damaged by several large explosions, killing at least one person. It was not immediately clear whether it had been targeted by a long-range Ukrainian missile strike. In his nightly address, Ukraine’s president, Volodymyr Zelenskiy, did not discuss who was behind the attacks but vowed to “liberate” Crimea, saying: “This Russian war against Ukraine and against the entire free Europe began with Crimea and must end with Crimea – with its liberation.” An adviser to the president, Mikhail Podolyak, said Ukraine was not taking responsibility for the explosions, suggesting partisans might have been involved.

  • The head of Ukraine’s state nuclear power firm warned of the “very high” risks from shelling at the Zaporizhzhia nuclear power plant in the Russian-occupied south and said it was vital Kyiv regains control over the facility in time for winter. Energoatom’s chief, Petro Kotin, told Reuters in an interview that last week’s Russian shelling had damaged three lines that connect the Zaporizhzhia plant to the Ukrainian grid and that Russiawanted to connect the facility to its grid.

  • Russian forces occupying the Zaporizhzhia nuclear plant are reorienting the plant’s electricity production to connect to Crimea, annexed by Moscow in 2014, according to Ukrainian operator Energoatom. “To do this, you must first damage the power lines of the plant connected to the Ukrainian energy system. From August 7 to 9, the Russians have already damaged three power lines. At the moment, the plant is operating with only one production line, which is an extremely dangerous way of working,” Energoatom president Petro Kotin told Ukrainian television. The plant, located not far from the Crimean peninsula, has six of Ukraine’s 15 reactors, and is capable of supplying power for four million homes.

  • The leaders of Estonia and Finland want fellow European countries to stop issuing tourist visas to Russian citizens, saying they should not be able to take holidays in Europe while the Russian government carries out a war in Ukraine. The Estonian prime minister, Kaja Kallas, wrote on Tuesday on Twitter that “visiting Europe is a privilege, not a human right” and that it was “time to end tourism from Russia now”, the Associated Press reported.

  • US president Joe Biden on Tuesday signed documents endorsing Finland and Sweden’s accession to Nato, the most significant expansion of the military alliance since the 1990s as it responds to Russia’s invasion of Ukraine, Reuters reports.

  • The US state department has approved $89m worth of assistance to help Ukraine equip and train 100 teams to clear landmines and unexploded ordnance for a year, Reuters reported.

  • The total number of grain-carrying ships to leave Ukrainian ports under a UN brokered deal to ease the global food crisis has now reached 12, with the two latest ships which left on Tuesday headed for Istanbul and Turkey.

  • Russia’s Baltic exclave of Kaliningrad has been struggling with quotas imposed by the EU for sanctioned goods that it can import across Lithuania from mainland Russia or Belarus, the region’s governor admitted.Lithuania infuriated Moscow in June by banning the land transit of goods such as concrete and steel to Kaliningrad after EU sanctions on them came into force, Reuters reported.

  • Russia has launched an Iranian satellite from Kazakhstan amid concerns it could be used for battlefield surveillance in Moscow’s invasion of Ukraine. Iran has denied that the Khayyam satellite, which was delivered into orbit onboard a Soyuz rocket launched from Baikonur cosmodrome, would ever be under Russian control. But the Washington Post previously reported that Moscow told Tehran it “plans to use the satellite for several months, or longer, to enhance its surveillance of military targets” in Ukraine, according to two US officials.

I write from Ukraine, where I've spent much of the past six months, reporting on the build-up to the conflict and the grim reality of war. It has been the most intense time of my 30-year career. In December I visited the trenches outside Donetsk with the Ukrainian army; in January I went to Mariupol and drove along the coast to Crimea; on 24 February I was with other colleagues in the Ukrainian capital as the first Russian bombs fell.

This is the biggest war in Europe since 1945. It is, for Ukrainians, an existential struggle against a new but familiar Russian imperialism. Our team of reporters and editors intend to cover this war for as long as it lasts, however expensive that may prove to be. We are committed to telling the human stories of those caught up in war, as well as the international dimension. But we can't do this without the support of Guardian readers. It is your passion, engagement and financial contributions which underpin our independent journalism and make it possible for us to report from places like Ukraine.

If you are able to help with a monthly or single contribution it will boost our resources and enhance our ability to report the truth about what is happening in this terrible conflict.

Thank you.

Luke Harding

Foreign correspondent


CELSO AMORIM: o Brics vai se fortalecer - Entrevista Sputnik Brasil (247)

Celso Amorim: Lula foi responsável não só pela projeção como pela criação do BRICS

Ex-chanceler brasileiro fez um balanço da atuação do grupo e projetou o cenário para o BRICS no caso da eleição de Lula, como as pesquisas eleitorais vêm apontando.

Por Marina Lang, da Sputnik Brasil - 

3 de agosto de 2022, 18:27 h

https://www.brasil247.com/brasil/celso-amorim-lula-foi-responsavel-nao-so-pela-projecao-como-pela-criacao-do-brics

Quando o economista Jim O'Neil publicou seu artigo "Building Better Global Economic BRICs" ("Construindo uma melhor economia global BRICs", em tradução livre), em 2001, talvez sequer imaginasse que, sete anos depois, ministros das Relações Exteriores de Brasil, Rússia, Índia e China estivessem juntos em um encontro.

O ano era 2008, a África do Sul ainda não era o "S" da coalizão de países e quem representava o "B" de Brasil nesse acrônimo internacional era o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, durante a segunda gestão do então presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atual líder isolado na disputa presidencial das eleições brasileiras deste ano.

Quatorze anos depois, as placas tectônicas da geopolítica mundial se movimentaram. Muita coisa mudou, mas o BRICS segue sendo um dos grupos mais importantes na nova ordem de um mundo multipolar. De acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), o BRICS concentra 31,8% do produto interno bruto (PIB) global atualmente.

De lá para cá, o ex-chanceler brasileiro fez um balanço da atuação do grupo em entrevista exclusiva de pouco mais de uma hora concedida à Sputnik Brasil na última segunda-feira (1º), além de projetar o cenário para o BRICS no caso da possível eleição de Lula, como as mais recentes pesquisas eleitorais vêm apontando.

Amorim aponta as similaridades entre o grupo, mas enfatiza, principalmente, duas grandes diferenças entre os países que o compõem: a questão das armas nucleares — sobre a qual defende veementemente a eliminação total delas — e a dificuldade de se encontrar um consenso sobre a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que considera urgente e cujo entrave principal, em sua avaliação, se encontra na posição chinesa a respeito.

"O Brasil é membro do BRICS, mas o Brasil também é membro da Coalizão da Nova Agenda, com países variados, como Nova Zelândia, que querem a eliminação total das armas nucleares. Porque nós partimos do pressuposto de que, enquanto existir algum país com arma nuclear, o risco existe. Em geral, as potências nucleares falam muito em não proliferação. Tudo bem, mas temos que falar na eliminação das armas nucleares", sublinha. 

Veja abaixo os principais trechos da entrevista do ex-chanceler Celso Amorim sobre o BRICS, parte de uma série publicada ao longo desta semana.

Sputnik Brasil: Qual a importância que o grupo terá em um eventual novo governo Lula, considerando que o Lula foi um dos grandes responsáveis pela projeção do grupo?

Celso Amorim: Pela projeção eu nem diria. Eu diria que pela criação mesmo. O termo BRICS tinha sido inventado por um economista do Goldman Sachs, Jim O'Neil. Uma vez eu o encontrei e disse: "Foi você quem inventou o BRICS, né?" E ele disse: "Foi". E eu disse: "Mas nós é que criamos". Porque, na realidade, era apenas um acrônimo para definir países com alguma semelhança. E ele não incluiu a África do Sul, na verdade.

Eu acho que certamente o BRICS vai ter muita importância [no possível governo Lula em 2023]. Eu acho que o mundo evoluiu de lá para cá. Embora a China já fosse a economia mais forte, ela também se comportava com uma certa timidez, com um certo cuidado, eu diria, nas relações internacionais. E agora essa situação é diferente. Então, a meu ver, é preciso também que haja um certo equilíbrio dentro do BRICS. Isso exige que todos se articulem.

Acho que é certa uma ampliação do BRICS; já há uma proposta, um convite feito à Argentina. Da minha parte (e eu nem conversei com o presidente Lula sobre isso), eu sou totalmente a favor, porque eu acho que isso apenas fortalece o Brasil e fortalece a América do Sul, porque nós caminhamos para um mundo de blocos. Há outros países que podem participar, e isso pode ser considerado.

Agora, não devemos ter a imagem do BRICS sendo um grupo que é contra outro. Eu acho que ele é parte de um equilíbrio global. Mas o Brasil, por exemplo, não deixará de ter uma parceria estratégica com a União Europeia [UE] nem deixará de ter um diálogo especial com os Estados Unidos. Em alguns momentos funciona, em alguns momentos não funciona. Mas eu acho que cada um dos países do BRICS tem situações análogas. Ele [o BRICS] é parte dessa pluralidade de articulações que constituem a teia complexa das relações internacionais de hoje, o que é muito importante.

Na área econômica ele revelou grande importância: foi a primeira vez que teve uma pequena reforma no sistema de cotas do FMI, e também influiu nas decisões tomadas no G20. Também é importante em certas áreas como energia, alimentos... Enfim, tem muita coisa que se pode fazer em comum, tem muita afinidade entre os países [do BRICS].

SB: Dentro desse contexto de nova ordem multipolar, de que maneira o Brasil poderia se beneficiar, sendo um dos integrantes do BRICS?

CA: O BRICS não se opõe, o BRICS é parte dessa ordem. Eu acho que isso nos dá alternativas. Eu acho que o Brasil não tem que estar com todos os ovos em uma única cesta. É muito bom ter boas relações com os EUA, é muito bom ter relações com a UE; nós somos a favor, fortemente, disso. Mas também é muito bom ter com os países do BRICS e com outros países, aliás, com a África, com a América do Sul; fortalecer a integração com a América do Sul e a América Latina é absolutamente fundamental. Então você tem que atuar em várias direções. Para usar uma expressão: alianças de geometria variável.

Então depende muito do ponto, e nós temos muitos pontos em comum com o BRICS. Mas em um ponto, por exemplo, nós não temos, que é a reforma do Conselho de Segurança [da ONU]. Até hoje nós não conseguimos um apoio unânime à necessidade de reformar o Conselho de Segurança com novos membros permanentes. Isso, para nós, é um ponto fundamental, porque é a raiz do desequilíbrio na organização mundial. Eu acho que a Rússia tem sido até um pouco mais flexível, pelo menos ao verbalizar posições, mas a China é muito rígida nesse ponto. Ela não fala que é contra, mas não faz nenhum movimento para que isso ocorra. Enfim, então, é assim.

Dois países do BRICS são possuidores de armas atômicas e reconhecidos como potências nucleares pelo TNP [Tratado sobre a Não Proliferação de Armas Nucleares]. Um outro país do BRICS tem armas atômicas sem ser membro do TNP, que é a Índia, e dois outros são países que renunciaram às armas nucleares. Então isso também nos dá uma mudança de visões, quer dizer, o Brasil é membro do BRICS, mas o Brasil também é membro da Coalizão da Nova Agenda, com países variados, como Nova Zelândia, que querem a eliminação total das armas nucleares. Porque nós partimos do pressuposto de que, enquanto existir algum país com arma nuclear, o risco existe.

Em geral, as potências nucleares falam muito em não proliferação. Tudo bem, mas temos que falar na eliminação das armas nucleares.

SB: Na semana passada, a imprensa brasileira divulgou que Lula estava planejando se reunir com os embaixadores do BRICS e, em seguida, com outros embaixadores. Por que separar as reuniões, isto é, primeiro com os BRICS e depois com os outros?

CA: O Lula não é uma autoridade para convocar embaixadores. Aliás, é o presidente [Jair] Bolsonaro quem faz isso (e eu nunca vi isso, mas enfim). Ele [Lula] está conversando, e é uma conversa mais produtiva se ela é uma conversa em grupo. Não é só sobre esse tema. Mais amplamente, é sobre a cooperação bilateral. Ele não está convocando, as oportunidades surgem. Acho que é natural que ele faça e esteja discutindo. Há a questão de que os embaixadores europeus estão de férias neste período.

Lula esteve [nos últimos meses] na França, na Alemanha, na Espanha e na União Europeia. Quanto à América Latina, ele foi à Argentina, foi ao México. Então o BRICS era um pouco o que estava faltando.

Como não há condição de visitar os quatro países do BRICS, é uma das maneiras de ele ter uma reunião com eles.

SB: No tema das reservas internacionais em dólar, o senhor acha que o Brasil deveria ampliar a cesta de moedas e incluir o yuan e o rublo, sobretudo ante o congelamento dos ativos russos?

CA: Já discutimos no BRICS, no tempo em que eu ainda era ministro. Estávamos começando uma discussão sobre a possibilidade do uso das moedas, de se fazer o comércio com as moedas locais, com as moedas nacionais. Acho que seria uma boa maneira de contornar certos problemas com o dólar. Não sou economista, mas na nossa cesta de reservas eu sei que o yuan já entra um pouquinho. Muito pouquinho, mas entra.

Mas o que eu vejo no comércio do BRICS é que se poderia fazer um comércio entre os países do BRICS ou bilateralmente, entre dois deles, em moedas locais. Isso seria uma maneira de incentivar o comércio e de se colocar fora do risco dessas sanções. Agora, se você vai trocar as moedas por outra moeda, isso é uma coisa complicada, acho que não é uma coisa que um país, sozinho, vai decidir.

SB: China e Rússia defendem uma moeda para o BRICS. O senhor defende uma moeda própria para o BRICS? Como facilitar as transações econômicas entre os membros do grupo?

CA: Isso é complexo porque a moeda, essencialmente, é confiança. Antigamente havia o ouro que lastreava a moeda, hoje em dia não tem. Para se chegar a uma moeda comum é um caminho muito longo. O que eu acho razoável pensar é ter contas de comércio bilateral, ou pode ser plurilateral, do BRICS usando moedas nacionais. Isso eu acho que é possível, e há uma maneira de você se colocar fora, digamos, do império do dólar. Não porque se é contra o dólar, mas porque não se quer estar sujeito a isso. E isso acho que é possível.

Agora, pensar em uma moeda do BRICS… Acho que as economias têm dimensão muito desproporcional entre China e África do Sul, por exemplo. Agora, sim, procurar libertar o comércio e os investimentos desses países do império do dólar é razoável. Ou de qualquer outro império, nada contra especialmente o dólar, mas de qualquer outro império.

O meio ambiente e a política externa - Rubens Barbosa (OESP)

 O meio ambiente e a política externa

O Estado de S. Paulo | Espaço Aberto
09 de agosto de 2022

Rubens Barbosa

A partir da guerra na Ucrânia, a ameaça concreta de falta de energia, em especial do gás, agravada pela forte alta dos preços no mercado internacional, trouxe um retrocesso nos compromissos ambientais assumidos pelos países europeus. A reabertura de usinas a carvão na Alemanha e outras medidas em diversos países vão em sentido contrário às políticas de redução de emissões de gás carbônico. Os países que cobram uma atitude mais firme do Brasil na defesa do meio ambiente e nas políticas de mudança de clima, por circunstâncias internas, veem-se forçados a utilizar meios de geração de energia que condenam, por serem contrários às políticas ambientais que defendem.

Pela primeira vez na História o Brasil ocupa uma posição de grande visibilidade e influência na mais importante e estratégica questão global para o futuro da humanidade.

As novas preocupações globais com a preservação do meio ambiente e a mudança de clima colocaram o Brasil em situação de destaque no contexto internacional. O Brasil, como nunca antes, se encontra no centro das discussões sobre o tema global (não militar) mais relevante e que concentra a atenção de todos os países nas discussões multilaterais e mesmo bilaterais, com repercussão sobre a totalidade dos membros da comunidade internacional. Desde 1992, quando da realização da cúpula sobre meio ambiente, a Eco-92, o Brasil passou a desempenhar um papel de relevo nas negociações e envolveu-se fortemente em todos os acordos negociados até o Acordo de Paris, em 2015, mas nunca o tema da mudança de clima ganhou as dimensões atuais.

A preocupação com o aquecimento do planeta adquiriu proporções inusitadas, pela perspectiva real do aumento do nível dos oceanos, do desaparecimento de ilhas-países e de grande parte de países com litorais vulneráveis, além do impacto sobre a agricultura, que, no médio e no longo prazos, poderá vir a ser afetada pela desertificação ou por grandes inundações, como resultado da alteração dos regimes pluviais, com a destruição das florestas e a não redução do aquecimento planetário.

Nas últimas reuniões do G20 e na COP-26 houve uma evolução da atitude e das posições políticas do governo em relação a essas discussões, apesar de tudo. O Brasil está de volta e se apresenta como parte da solução, com contribuições para a formação do mercado global de carbono, a redução do metano e a antecipação do fim do desmatamento da Amazônia. O Brasil poderá voltar a ter um papel especial nessas negociações e relevância global pela importância do bioma amazônico, pelo maior reservatório de água doce do mundo, pela importância da matriz energética limpa, pelo papel como potência agrícola e pelas soluções que já está produzindo para a redução das emissões de gás de efeito estufa.

Pela primeira vez na História 0 Brasil ocupa posição de visibilidade e influência na mais importante e estratégica questão global para o futuro da humanidade

Fontes inesgotáveis e diversificadas de energia renovável (solar e eólica), o potencial da biomassa e da biodiversidade, a produção de etanol, que reduz a poluição dos transportes, são contribuições do País para as discussões sobre o desenvolvimento sustentável, a preservação do meio ambiente e a mudança de clima. O desenvolvimento do mercado de carbono entre Estados e o voluntário entre empresas poderá trazer um grande volume de recursos para o País e ajudará a mitigar o problema de emissão de gás na atmosfera.

Com as necessárias mudanças de políticas ambientais, governo e sociedade em geral poderíam aproveitar essa grande oportunidade. A questão não se deve limitar às discussões ambientais, mas ampliar-se para o exame de como o meio ambiente pode trazer recursos externos, ajudar a fortalecer a projeção externa do País e como o Brasil, afinal, poderá encontrar um lugar no mundo que corresponda efetivamente ao seu potencial.

No momento em que as contradições nas posições ambientais dos países desenvolvidos se agravam, está sendo publicado o livro Diplomacia ambiental, que vai suprir a falta de uma completa e independente informação interna dos compromissos internacionais assumidos em 15 acordos pelos diferentes governos brasileiros nas últimas décadas e confirmar ou corrigir a crescente percepção externa negativa sobre as políticas ambientais atuais. O trabalho esclarece a evolução dos processos gerados pelo resultado das negociações e pela internalização dos acordos examinados, que se tomam parte da legislação nacional. O livro mostra os compromissos cumpridos ou em processo de cumprimento e os não cumpridos, e, por isso, poderá ser um instrumento valioso para o governo e para o setor privado na defesa do interesse nacional e no restabelecimento da credibilidade externa do País, substancialmente deteriorada.

Fica muito claro, contudo, que há muito a ser feito para colocar o Brasil novamente como um real protagonista nos entendimentos bilaterais e nos fóruns internacionais sobre meio ambiente. Em paralelo ao lançamento deste livro, o resultado do trabalho Diplomacia ambiental já pode ser acessado por meio do e-book no portal Interesse Nacional: wvw.interessenacional.com.br.

O trabalho oferece um roteiro para que, a partir de 2023, meio ambiente e mudança de clima possam estar no centro da política externa e serem definidos como a principal prioridade da ação oficial para a recuperação da credibilidade externa.

PRESIDENTE DO INSTITUTO RELAÇÕES INTERNACIONAIS E COMÉRCIO EXTERIOR (IRICE), É MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Russia has lost up to 80,000 troops in Ukraine. Or 75,000. Or is it 60,000? - Olivier Knox (The Washington Post)

The Washington Post, August 9, 2022 

 By Olivier Knox
with research by Caroline Anders
 

The big idea

Russia has lost up to 80,000 troops in Ukraine. Or 75,000. Or is it 60,000?

Ukrainian President Volodymyr Zelensky during an interview with The Washington Post at his office in Kyiv, Ukraine, on August 8. (Heidi Levine/The Washington Post).

Ukrainian President Volodymyr Zelensky during an interview with The Washington Post at his office in Kyiv, Ukraine, on August 8. (Heidi Levine/The Washington Post).

On July 20, the CIA said Russia had suffered 60,000 casualties in Ukraine since widening its war there Feb. 24. On July 27, the Biden administration told lawmakers Moscow’s losses ran to 75,000 killed and woundedOn Monday, the Pentagon’s number crept higher, to up to 80,000.

Even 60,000 would be catastrophic. Over two decades of war in Afghanistan, the United States endured 2,448 dead and more than 20,000 wounded. At, 80,000, it would be more than half the 150,000 troops Russia was estimated to have massed on Ukraine’s border by Feb. 23.

But if you think it’s unlikely that Moscow lost 15,000 over the stretch of a week, you’re right. Instead, officials are working not from a fixed number but a scale, and some go with the higher end, while others are more confident at the lower end.

  • “It’s always a range. And, you know, there’s no perfect number,” CIA Director William Burns told the Aspen Security Forum on July 20. “I think the latest estimates from the U.S. intelligence community would be, you know, something in the vicinity of 15,000 killed and maybe three times that wounded, so a quite significant set of losses.”

(“Russia classifies military deaths as state secrets even in times of peace and has not updated its official casualty figures frequently during the war. On March 25 it said 1,351 Russian soldiers had been killed,” Reuters reported July 20.)

WHY IT MATTERS

This isn’t a “gotcha.” The Daily 202 wanted to look at the casualty number because so much U.S. policy toward Ukraine aims to escalate the cost to Russia of sustaining its war there, and so much of U.S. analysis of the conflict asks the question “how much more can Moscow take?”

 

On Monday, those two dynamics were very much in evidence as Undersecretary of Defense for Policy Colin Kahl briefed reporters about a fresh disbursement of $1 billion in military aid for Kyiv — the largest U.S. package to date.

  • “There's a lot of fog in war, but, you know, I think it's safe to suggest that the Russians have probably taken 70- or 80,000 casualties in less than six months,” Kahl said. “That number might be a little lower, a little higher, but I think that's kind of in the ballpark.”

Asked how long Russia could sustain that, Kahl replied: “A lot of it would depend, I think, on the political decisions that Vladimir Putin will make ultimately about whether he can continue to recruit and send additional forces to the front, whether he was at some point, you know, willing to engage in national mobilization or some other effort.”

ZELENSKY WANTS MORE

Escalating the costs for Russia was also central to The Washington Post’s interview with Ukrainian President Volodymyr Zelensky, who pressed the United States and its allies to ban all Russian citizens.

Russians should “live in their own world until they change their philosophy,” he said, my colleague Isabelle Khurshudyan reported Monday. “Whichever kind of Russian … make them go to Russia.”

That’s a bridge too far for President Biden’s administration, according to a U.S. official who spoke on the condition of anonymity to be more candid.

“We would not want to implement a total ban on all Russians,” the official told The Daily 202.

  • A total ban would mean denying entry to Russian dissidents and those who have criticized the war, as well as those who are “persecuted for politics or sexual orientation,” and that would upend a “bedrock principle” that Americans welcome such people, the official said.

It would also run against a theme Biden has woven into his rhetoric about the war, namely that America’s quarrel is with Putin and his government, not the Russian people, the official said.


 

But that has been something of a mixed message. The unprecedented economic sanctions the United States and its partners have leveled on Russia since February are surely hitting the Russian people, while Putin rages against them but hasn’t relented in Ukraine.


Estado de Direito Sempre: assine você também a carta-manifesto em defesa do Estado Democrático de Direito

Falta pouco para chegarmos ao primeiro milhão, no dia 11 de agosto. Para o dia 2 de outubro, a meta é de mais de dois milhões. Vamos lá minha gente: mobilizem familiares e amigos para aumentar o apoio da sociedade ao Estado democrático de Direito.


Paulo Roberto de Almeida
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11 de agosto, às 10h 
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Faculdade de Direito da USP
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estadodedireitosempre.com 



Notícias da guerra: a Rússia pode ter "perdido" quase a metade da força de invasão mobilizada em fevereiro de 2022, segundo os EUA

Putin vai ter de "engolir" essas mortes, em algum momento em que elas se tornarem públicas para a população russa. Entra ainda em seu passivo o enfraquecimento econômico e tecnológico, e portanto militar, da Rússia, um legado que sua insana guerra de agressão produziu gratuitamente.

Up to 80,000 Russian casualties in Ukraine, Pentagon official says

From CNN's Ellie Kaufman

Between 70,000 and 80,000 Russians have been killed or wounded during the war in Ukraine, Colin Kahl, Defense Department undersecretary for policy, said during an on-camera briefing at the Pentagon on Monday. 

“I think it’s safe to suggest that the Russians have probably taken 70 or 80,000 casualties in less than six monthts. Now that is a combination of killed in action and wounded in action, that number might be a little lower, little higher, but I think that’s kind of in the ballpark,” Kahl said.

Kahl said that number of casualties from Russian forces is “remarkable” considering Russia has “achieved none of Vladimir Putin’s objectives” since invading Ukraine at the end of February.

“The Ukrainian morale and will to fight is unquestioned, and much higher I think than the average will to fight on the Russian side, so I think that gives the Ukrainians a significant advantage,” Kahl added.

CNN, 8:37 p.m. ET, August 8, 2022

Pentagon announces extra $1 billion in security assistance for Ukraine 

From CNN's Barbara Starr and Ellie Kaufman

The US Defense Department Monday announced a $1 billion package of additional weapons and security assistance for Ukraine in the latest round of military aid. 

It is “the largest single drawdown of US arms and equipment” since August 2021, according to a Pentagon statement. This marks the eighteenth drawdown by the Pentagon.

What the package includes: The package for the first time will have munitions for the National Advanced Surface-to-Air Missile Systems (NASAMS), a US-Norwegian air defense system the Ukrainians need for shooting down Russian cruise missiles aimed at population centers. 

The transfer of NASAMS itself could still be some days away according to US defense officials. The first system to arrive is expected to be from Norway, which can get it to Ukraine quicker than the US. 

This package focuses heavily on additional ammunition and weapons that Ukrainian forces have used successfully against Russian forces in eastern Ukraine. There is additional ammunition for High Mobility Artillery Rocket Systems (HIMARS), 75,000 rounds of 155mm artillery ammunition and 1,000 Javelin anti-tank weapons among key items. This is the first transfer of Javelin’s announced since June. There are also hundreds of AT4 anti-armor weapons included. 

Eleições brasileiras de 2022: desimportância do Brasil no contexto da crise geopolítica mundial - Oliver Stuenkel (OESP)

 O mundo não vai ficar olhando para o Brasil, golpe ou não golpe, pois existem problemas mais dramáticos na agenda das grandes potências.


Eleições no Brasil perdem visibilidade por causa da crise geopolítica global

Guerra na Ucrânia, tensão sobre Taiwan e eleições nos EUA e na Itália tiram pleito brasileiro da lista de prioridades nas capitais internacionais

Estadão, 09/08/2022 | 10h05
Coluna
Oliver Stuenkel

O mundo vive hoje a mais séria crise geopolítica desde o colapso da União Soviética há mais de trinta anos. Tanto a guerra na Ucrânia quanto a tensão envolvendo Taiwan, China e Estados Unidos não terão solução simples e devem elevar o nível de instabilidade global por tempo indeterminado. Além disso, as eleições gerais na Itália em setembro e as parlamentares nos Estados Unidos em novembro absorvem a atenção de diplomatas mundo afora, haja vista o impacto que os resultados desses pleitos terão para além de suas respectivas fronteiras. Se a aliança da direita nacionalista obtiver maioria parlamentar em Roma, como as pesquisas sugerem atualmente, a Itália poderá minar a união ocidental em torno das sanções econômicas contra a Rússia. Se o Partido Republicano conseguir retomar a maioria das cadeiras na Câmara e no Senado dos EUA, o governo Biden ficará praticamente paralisado até o fim de seu mandato, e aumentará a preocupação europeia com o possível retorno de um trumpista à Casa Branca – afinal, como relata John Bolton, ex-assessor do presidente Trump, o ex-presidente republicano planejava tirar os EUA da OTAN no segundo mandato, passo que produziria verdadeiro cataclismo geopolítico mundial.

Diante de tantos focos de instabilidade, agravados pela expectativa de uma onda de calotes no mundo em desenvolvimento e uma possível crise de fome por causa da guerra na Ucrânia, o pleito brasileiro em outubro não aparece hoje na lista dos principais desafios geopolíticos. Para empresas multinacionais, por exemplo, a possibilidade de uma aproximação diplomática da Itália com a Rússia pode ter mais impacto nos mercados do que um “6 de janeiro à brasileira”.

Mesmo para governos latino-americanos, o resultado das ‘midterms’ norte-americanas pode ter consequências mais amplas do que as eleições brasileiras, devido, entre outros fatores, ao papel cada vez mais tímido do Brasil na arena internacional ao longo dos últimos anos. De fato, é difícil lembrar qual foi a mais recente iniciativa diplomática brasileira na América Latina, no G20, no grupo BRICS ou em qualquer outro fórum multilateral. Diante da provável piora na relação entre o Ocidente e a Rússia e a crescente tensão envolvendo Taiwan, futuros governos brasileiros terão cada vez mais dificuldade em pautar a agenda global.

Isso não quer dizer que observadores internacionais não estejam de olho no cenário eleitoral brasileiro. Não há dúvida, porém, de que o tempo e a atenção que a imprensa e outros formadores de opinião mundo afora reservarão às eleições brasileiras em outubro serão mais limitados. Na prática, essa situação também reduz a disposição de governos no exterior de tomarem a dianteira diplomática se houver qualquer tipo de instabilidade pós-eleitoral no Brasil – por exemplo, pressionando o candidato derrotado a reconhecer logo o resultado das urnas caso demonstre resistência a fazê-lo. Afinal, se há um consenso nas chancelarias mundo afora é o de que a humanidade não precisa de mais uma crise geopolítica.

https://www.estadao.com.br/politica/instabilidade-geopolitica-global-reduz-atencao-internacional-as-eleicoes-brasileiras/