A Constituição diz que quaisquer acordos internacionais
com efeitos gravosos precisam ser aprovados pelo Congresso antes de serem
efetivados. Ponto.
Paulo Roberto de Almeida
Cidadania está de olho
nos empréstimos do BNDES
Governo
tornou secretos os documentos que tratam de financiamentos do Brasil aos
governos de Cuba e Angola. “Um absurdo de falta de transparência e respeito com
os cidadãos brasileiros pagadores dos impostos”
Jorge
Maranhão
Congresso
em Foco, 16/03/2015
Faz tempo
que uma conta não fecha, dentre tantas outras mal explicadas pelo governo
federal: o custo para o Brasil dos empréstimos feitos pelo BNDES a
investimentos em outros países.
O tema
já vinha sendo discutido em alguns círculos mais restritos, mas ganhou
repercussão maciça nas redes sociais quando a presidente Dilma visitou Cuba
para a inauguração de um porto, em janeiro deste ano, que conta com maciços
investimentos brasileiros.
Sabemos
que pouco mais de um bilhão de dólares foram emprestados para esses interesses
nas terras dos irmãos Castro. Infelizmente, não sabemos muito mais do que isso,
pois o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em junho
de 2012, tornou secretos os documentos que tratam de financiamentos do Brasil
aos governos de Cuba e de Angola. Um absurdo de falta de transparência e
respeito com os cidadãos brasileiros pagadores dos impostos que, em última
análise, estão bancando tudo isso.
Já
basta o espantoso valor de R$ 190 bilhões emprestados pelo BNDES somente em 2013,
dos quais mais de 60% foram destinados a empresas de grande porte, em sua
maioria em contratos sem dar muitas satisfações à sociedade.
Mas a
cidadania continua de olho e têm obtido seus primeiros resultados no Supremo
Tribunal Federal. Primeiro, o ministro Ricardo Lewandowski concedeu no fim de
fevereiro uma liminar ao jornal Folha de S. Paulo,
para que este tivesse acesso aos relatórios de análise para a concessão de
empréstimos e financiamentos de valor igual ou superior a R$ 100 milhões. Ou
seja, praticamente todos os empréstimos internacionais do banco.
Segundo
Lewandowski, “a negativa generalizada de fornecimento dos referidos relatórios,
mesmo com relação às partes que não contenham informações abrangidas pelos
sigilos fiscal e bancário, atentaria, sem sombra de dúvida, contra o direito à
informão e a liberdade de imprensa”. Disse tudo.
Logo
em seguida, um senador de oposição, Alvaro Dias, decide colocar mais lenha
nessa fogueira, ao protocolar também no STF um pedido para receber informações
sobre os empréstimos feitos pelo banco especificamente aos governos cubano e
angolano. Diz o senador que, antes de recorrer ao Supremo, pediu esses
esclarecimentos por vias administrativas, sempre negados sob a alegação de
sigilo imposto pelos governos daqueles países.
Ou
seja, países de muito menor peso político e importância comercial que o Brasil
podem impor cláusulas de sigilo contra os cidadãos brasileiros, numa clara
interferência à nossa soberania e às nossas leis que exigem transparência e
amplo acesso às informações públicas?
Depois
da grande indignação nas ruas contra o “padrão Fifa” imposto aos estádios das
cidades-sede da Copa, será que os governantes do momento não entenderam que a
transparência no trato com a coisa pública é obrigação intrínseca aos seus
cargos, e não um favor?
Ainda
que pese o fato de estarmos em ano eleitoral e, com isso, o jogo político fica
mais exaltado prematuramente, não há justificativa plausível para que se
escondam os reais motivos para o aporte de recursos públicos para a atuação em
outros países.
A
cidadania continuará de olho nesses pontos obscuros do BNDES.
Um comentário:
Está cada vez mais difícil a leitura do blog pois muitos artigos ultrapassam a margem direita e se superpõem à coluna da direita que tem a listagem das postagens.
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