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sábado, 2 de março de 2013

Submarino nuclear: tecnologicamente interessante, militarmente semi-interessante

O tal de submarino nuclear brasileiro, que quando finalmente terminar de ser construído terá custado, provavelmente três vezes mais do que o anunciado nesta matéria e que já vai estar defasado tecnologicamente nesse "entonces" futuro, que ninguém sabe exatamente quando será, pode ser mais interessante no plano da capacitação tecnológica (não exatamente pelo submarino em si, mas pelo que se aprende fazendo) do que propriamente no plano militar, pois sua utilidade real será muito pouco e muito limitada (ainda que os militares e marinheiros possam dizer o contrário).
Vai ser um brinquedo muito caro, que quando ficar pronto provavelmente já estará em certa medida superado tecnologicamente, ainda assim nossos marinheiros e engenheiros navais terão aprendido alguma coisa, para fabricar outros brinquedos, mais úteis no plano da indústria civil, provavelmente.
O problema é que no Brasil os vínculos intra e intersetoriais são muito tênues, quase inexistentes, e os linkages tecnológicos também apresentam dificuldades para spill-over.
Acho que existem brinquedos mais úteis e mais baratos, mas ninguém pode impedir militares de desejar ter os seus brinquedos, caros, ou não, úteis ou não...
Sempre é assim...
Paulo Roberto de Almeida

Fábrica de componentes do submarino nuclear brasileiro começa a funcionar
Daniela Chiaretti
Valor Econômico, 1/03/2013

De acordo com o cronograma, a embarcação estará navegando em 2025
O Brasil está mais perto de ter seu submarino nuclear, um projeto dos militares há 40 anos. Se tudo andar conforme o cronograma da Marinha do Brasil, o SNBR, sigla para Submarino Nuclear Brasileiro, estará navegando em 2025. Hoje será inaugurada em Itaguaí, no Rio de Janeiro, a unidade de produção de onde sairão seus componentes internos e dos outros quatro submarinos convencionais que vão substituir a atual frota.

A presidente Dilma Rousseff inaugura hoje de manhã a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (Ufem), iniciada em 2010. Trata-se de uma fábrica grande, com um galpão de 40 metros, 90 mil m2, sendo 53 mil m2 de área construída. Fica a três quilômetros da Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A Nuclep constrói os cilindros do casco, a parte do submarino onde ficam os tripulantes. Enquanto a Nuclep fabrica o corpo do submarino, a Ufem faz as estruturas mais leves e internas - os convés, as anteparas, as bases da tubulação e dos equipamentos além da proa e da popa.

O processo de construção dos submarinos acontece simultaneamente em várias unidades. A intenção é que cada um deles fique pronto em cinco anos, o prazo para que não estejam logo obsoletos, explica o almirante Alan Paes Leme Arthou, gerente do projeto e construção da base e do estaleiro de Itaguaí. O primeiro dos quatro submarinos convencionais - a família dos SBR que terá nome das batalhas navais da Guerra do Paraguai-, deve ficar pronto em 2015. Permanece dois anos em teste e será entregue em 2017. O segundo será entregue 1,5 ano depois e assim por diante até que o quarto fique pronto em 2020.

Cada um dos submarinos convencionais custa ? 500 milhões (quase R$ 1,3 bilhão). Substituirão a frota existente, de cinco submarinos (Tupi, Tamoio, Timbira, Tapajó e Tikuna), com vida útil entre 25 e 30 anos e baseados em projeto alemão. A nova família tem cinco metros a mais que os franceses Scorpène, da Direction des Constructions Navales et Services (DCNS). Ali cabem 40 tripulantes.

O submarino nuclear, que será batizado de Álvaro Alberto (homenagem ao militar que introduziu a energia nuclear no Brasil), é bem maior e custará ? 2 bilhões (R$ 5,19 bilhões). São cem tripulantes.

O projeto em curso pela Marinha inclui três frentes - a que vai construir o submarino nuclear, a que construirá os quatro submarinos convencionais e as instalações para fazer tudo isso. O plano prevê a construção do estaleiro e de uma base naval. O chamado Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos) é o maior contrato militar internacional do Brasil - são ? 6,7 bilhões (ou R$ 17 bilhões). Parcela desses recursos para o projeto de defesa brasileiro faz parte de um financiamento a ser pago pelo Brasil em 20 anos, até 2029, a um consórcio formado pelos bancos BNP Paribas, Societé Generale, Calyon Credit Industriel et Commercial, Natixis e Santander.

Cerca de 70 brasileiros estiveram nos estaleiros da DCNS, em Cherbourg, para transferência de tecnologia e capacitação. Uma empresa formada pela DCNS e pela Odebrecht, de propósito específico, constrói a base naval e o estaleiro em Itaguaí.

O projeto de construção dos submarinos faz parte de um acordo entre Brasil e França assinado em setembro de 2009 entre os então presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy. A França não passa ao Brasil a tecnologia da propulsão nuclear. "Ninguém, no mundo, fornece tecnologia para enriquecer urânio, que é o combustível do submarino nuclear", diz o almirante. O Brasil já enriquece urânio desde 1985.

Hoje meia dúzia de países têm submarinos nucleares: Estados Unidos e Rússia (já tiveram cerca de 170 cada e agora possuem 70), Inglaterra e França (dez cada), e China (com quatro). A Índia também tem um projeto, como o Brasil.

O almirante Arthou dá uma ideia da complexidade de se fazer um submarino nuclear. "É o bem mais complexo que se pode produzir no mundo", diz. Um carro tem cerca de 3 mil peças, um avião caça, 100 mil. Um avião comercial de última geração, 150 mil peças. Na Challenger são 180 mil peças. "Um submarino nuclear tem entre 800 mil a 900 mil peças, dependendo do projeto." 

8 comentários:

Anônimo disse...

Deveriamos sair "à francesa" de certas parcerias e buscar parceiros que transferissem realmente teccnologia ao Brasil...


http://www.dnaindia.com/india/report_india-develops-submarine-launched-ballistic-missile-joins-elite-club_1722367

Vale!

Ari disse...

Por causa desse tipo de pensamento é que a defesa do Brasil está totalmente defasada! É lógico que um submarino nuclear é de grande importância para o País. Tanto que quem realmente entende de defesa(os militares) Querem o submarino!

John Galt disse...

PRA,

Não foram essas instalações que o governo brasileiro construiu com dispensa de licitação, para atender a demandas do governo da França?

Um abraço,

Anônimo disse...

Pergunte a um argentino se compraria um "exocet usado" de um francês!

Vale!

KKK disse...

Brasileiros !Ta na hora de acordar!!. Um submarino é mto pouco devido as ameaças externas.
Nós nao as vemos pq nossos telejornais sao fraquíssimos,enxergam pequeno e nao teem qq compromisso com segurança nacional. Qdo as reservas minerais de outros paises baixarem alem do tolerado, ficaremos surpresos com mtos "paises amigos" que cobiçarão nosso desprotegido território. O Collor cometeu um crime contra nossas futuras geraçoes qdo jogou cal no poçco do cachimbo...q Deus nos abençoe.

KKK disse...

Nao entendo...um submarino é mto pouco em face as ameaças externas que logo podem surgir devido a diminuição de resrevas minerais de paises conhecidos como "amigos". Uma vez que essas reservas abaixem de limites toleraveis o Brasil passara a ser alvo facil de governantes com "seeds nazis"...
Palmas para o Collor que jogou uma pá de cal no poço da serra do cachimbo....precisamos da mais ousadia e mais coragem.Dinheiro tem.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Alberto Gaia,
Vc acha que "us americanu" vao "estacionar" um navio-plataforma acima do pre-sal e comecar a "sugar" o nosso fabuloso petroleo?
E ao deslocar a IV Frota, que so existe no papel, para roubar o nosso petroleo?
E o submarino nuclear é a ferramenta adequada para isso?

Alberto Gaia disse...

Acho normal que um " trabaiadô brazileio" pense assim...mas o fato de ler esta coluna faz do senhor alguém especial que não pensa só no cafezinho de manha , no bife com batata frita no almoço e na "cervejinha" à nte.
Ferramenta adequada? O S.R. esta brincando? Me diga quando e qual foi instrumento adequado qdo um país esta decidido obter riqueza de outra nação?

Ahmadinejad afirma que a democracia falhou ao redor do mundo.
I believe it is peace in our time" declarou Chamberlain em 1938, o qual usou todos os instrumentos à la Paulo Roberto de Almeida contra uma Alemanha sedenta de território. Nao obteve êxito. Chamberlain renunciou.

Talvez o Brasil ofereça um DVD de samba, ou uma boazuda de Ipanema, ou leve-os pra passear nas favelas (como sempre fazem) , ou me sugira uma outra coisa...

Eu estive com Rubem Ludwig (ministro educação governo Figueiredo) pessoalmente num voo de Rio - Manaus e te digo a conclusão da nossa conversa:

O Brasil um dia vai usar as armas..
A Amazônia vai ser tomada ou vendida..
O sul do Brasil vai se emancipar
Uma invasão um dia será iminente..

Aí só existem duas diplomacias: As das palavras e as das armas.

Então pergunto? seu neto ou bisneto servindo nas forças armadas vai usar um FAL na artilharia? , navegar nos mare s com um porta aviões Minas Gerais? Nas batalhas aéreas vai usar um Tucano?
Espero realmente que isso não ocorra, mas caso contrario , bom seria estarmos
morando já no Jardim da Saudade para não ver os fatos...