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quarta-feira, 27 de março de 2013

Brasil: deterioracao das contas externas - Editorial Estadao

Os países podem conviver, durante longo tempo, com déficits externos administráveis, ou seja, perto de 3% do PIB ou menos. Acima disso, só potências econômicas como os EUA, que emitem moeda de reserva mundial, podem suportar índices de 6, 7 ou mesmo 8% do PIB: ou eles são financiados pelo resto do mundo, ou jogam a conta para o mundo, justamente, emitindo moeda, e com isso até tornando suas exportações mais competitivas.
Países como Brasil, México ou Argentina podem se financiar em limites muito estreitos. Quando passa de 4% (como está o Brasil hoje), a deterioração se acelera muito rápidamente, e aí vem o desastre: fuga de capitais e desvalorização inevitável, o que torna todos mais pobres, e joga o país para trás na escala dos maiores PIBs.
Esse é o destino do Brasil, graças às políticas dos companheiros.
Se não corrigirem rapidamente, a queda também vai ser rápida.
E não foi por falta de aviso: faz 50 ou 60 anos que é assim...
Paulo Roberto de Almeida

Contas externas com tendência de piora em 2013

26 de março de 2013 | 2h 10
Editorial Econômico O Estado de S.Paulo
 
O déficit de US$ 6,6 bilhões na conta corrente do balanço de pagamentos, em fevereiro, mostrou a dificuldade de conciliar objetivos diversos - menos inflação, câmbio na dependência dos humores oficiais e retomada econômica. O desequilíbrio foi maior que o esperado e encostou nos US$ 18 bilhões no primeiro bimestre. O déficit passou de 2,5% do PIB para 4,8% do PIB e obrigou o Banco Central (BC) a rever, para pior, as expectativas para 2013.
O ponto mais fraco das contas externas é a balança comercial, deficitária em US$ 5,3 bilhões no primeiro bimestre, sem maior reação até a quarta semana de março. Entre as causas, a transferência, para este ano, da contabilização de importações de derivados de petróleo em 2012, da ordem de US$ 4,5 bilhões. Mas esse não foi o único fator negativo: no primeiro bimestre, as exportações foram quase US$ 2,5 bilhões inferiores às do mesmo período do ano passado.
É um indicador da baixa competitividade dos produtos brasileiros no exterior e das oscilações negativas das cotações de commodities. O BC baixou a previsão de superávit comercial de US$ 17 bilhões para US$ 15 bilhões e elevou a do déficit corrente de US$ 65 bilhões para US$ 67 bilhões.
Na verdade, fatores que são muito positivos para a atividade econômica, como o alto nível de ocupação da mão de obra e a elevação da massa salarial, pressionam os gastos com turismo, por exemplo - houve um déficit de US$ 1,236 bilhão no item viagens, em fevereiro, o maior da história. A crise global também contribui para elevar o déficit externo: as remessas de lucros e dividendos atingiram US$ 4,2 bilhões, no bimestre, dos quais US$ 2,1 bilhões apenas em fevereiro, superando em 181% as do primeiro bimestre de 2012.
Frise-se que os pontos fracos do balanço de pagamentos não significam, por ora, um risco crescente de desequilíbrio cambial grave. As reservas cambiais são elevadas e, nos últimos anos, o déficit em conta corrente - a medida mais importante de avaliação, que inclui balança comercial, serviços e rendas - tem sido financiado pelos ingressos de capital, notadamente os Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs). Isso não ocorreu no primeiro bimestre, quando o IED se limitou a US$ 6,4 bilhões, mas os ingressos financeiros asseguraram um superávit do balanço de pagamentos de US$ 3,2 bilhões.
Mas as contas cambiais terão de melhorar, nos próximos meses, para reduzir a apreensão quanto ao futuro. O aumento da volatilidade do mercado cambial, registrado na semana passada, não foi um sinal alentador.

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