EntrevistaObsessão pelo conhecimentoProfessor da UFRJ, o filósofo Alberto Oliva disserta sobre teoria do conhecimento, pensadores fundamentais, educação, política e, claro, sua trajetóriapor Daniel Rodrigues Aurélio*
Graduado em filosofia, mestre em comunicação e doutor em filosofia, titulações obtidas na UFRJ, Alberto Oliva cursou pós-doutorado Universitá Degli Studi di Siena na Itália. Consultor ad hoc da Capes, parecerista e membro do conselho editorial de revistas e editoras prestigiadas, Oliva publicou livros sofisticados, mas nem por isso deixou de lançar-se em um esforço de divulgação da filosofia e da ciência, seja como colunista de jornais, seja como autor de livros como "Teoria do conhecimento", lançado pela Zahar em 2011. Na entrevista a seguir, Alberto Oliva narra seu período de formação, ocorrido em uma época complicada da história do Brasil, além de falar sobre seus autores favoritos, teoria do conhecimento, política e o panorama da educação no país. Conhecimento Prático Filosofia: Para começar, conte-nos como foi o seu "despertar" para a filosofia. Alberto Oliva: De família italiana pobre, sempre estudei em escolas públicas. Tive a ventura de ser aluno do Colégio Pedro II. No primeiro ano do curso clássico, em 1966, fui brindado com um excelente curso de história da filosofia ministrado por Eduardo Prado de Mendonça, que também era professor do IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais) da UFRJ. Eduardo tinha a virtude de ensinar filosofia expondo seus grandes problemas e salientando a riqueza das respostas dadas pelas diferentes escolas de pensamento. Para o neófito, é o ideal. No segundo ano do curso clássico já tinha me decidido a fazer filosofia. Quando comuniquei a Eduardo minha opção, ele tentou me dissuadir. Argumentava que não deveria fazer filosofia em razão de minha família ser pobre e das dificuldades que encontraria para me profissionalizar. De fato, não eram nada alvissareiras as perspectivas de trabalho para o bacharel em filosofia. Nossa pós-graduação era incipiente. Capes e CNPq ainda não tinham uma política de fomento à pesquisa como a que se consolidou nas quatro últimas décadas. Mesmo atento à preocupação de Eduardo Prado, comecei a me preparar sozinho para o vestibular. Àquela altura já estava profundamente envolvido com a filosofia e seus fascinantes problemas. Acabei arrastado pelo maravilhamento - o thaumaston a que se refere Aristóteles no início da Metafísica - que leva à filosofia. Passei minha adolescência jogando futebol, embevecido com o cinema, principalmente com o neorrealismo italiano, e lendo avidamente histórias da filosofia. Meu envolvimento com a filosofia foi de tal ordem que dediquei os três anos de meu curso clássico quase que exclusivamente ao seu estudo. Pude fazê-lo porque as provas do vestibular eram exclusivas ao curso de filosofia. Lembro-me que fiz uma prova dissertativa de filosofia cuja principal questão era sobre as diferentes concepções de causa esposadas por Aristóteles e Spinoza. A prova de inglês foi a tradução de um texto. O resultado dado pelo próprio Departamento de Filosofia. Estou convencido de que esse tipo de vestibular possui regras de avaliação pedagogicamente superiores às hoje vigentes. PÁGINAS :: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | Próxima >> | ||||
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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
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