quarta-feira, 23 de março de 2016

Corrupção e os seus descontentes: uma interpretação psicanalítica

Por que o Juiz Sérgio Moro se transformou em um herói nacional ? E porque é odiado zoologicamente pelos lulo-dilmistas ? Uma interpretação psicanalítica
 
Ser ou não ser - És a Questão
 por Jordan Campos
(Recebido em 23/03/2016)
 
O que justifica pessoas serem contra um juiz federal que conseguiu até o momento condenar 93 pessoas por crimes de corrupção e trazer de volta aos cofres públicos 3 bilhões de reais? Resposta - O PAVOR de compreender que foi TRAÍDO. Vamos entender... 

Sergio Moro, nascido em Maringá, casado com Rosângela Moro que nunca foi advogada do PSDB, pai de dois filhos, e filho de Odete Starke Moro e Dalton Áureo Moro, este último que nunca foi filiado a nenhum partido político, aposentado como professor de Geografia. Basta uma simples pesquisa para atestar isso.  
Brasil, famoso pela fala comum de que “rico não vai para a prisão” e que “políticos corruptos acabam em pizzarias rindo de nossas caras”, surge um Juiz com método de ação objetivo e discreto, que não dá entrevistas, ia para o trabalho de bicicleta e fazia “cooper" pelas ruas. Apaixonado pela ação de Juízes americanos e inspirado na “operação mãos limpas” da Itália, que prendeu empreiteiros, políticos e cia. Eis que este juiz compõe o coração da maior operação anticorrupção da história deste lindo País, nomeada de “Lava Jato”. O que começou com um grampo que levou à prisão da esposa de um doleiro que carregava euros na calcinha e culminou num rastro imenso de ligações criminosas, tem atualmente os seguintes números:  24 fases em sua alçada e mais de 1,1 mil procedimentos investigados, condenou 93 pessoas com penas totais de 990 anos de prisão, entre estas dos empreiteiros mais ricos e blindados do País, doleiros, políticos com foro privilegiado - incluindo um senador, assessores, banqueiros. E que devolveu aos cofres públicos até o momento R$ 3 bilhões dos R$ 21,8 bilhões que nos foi roubado nos crimes investigados.

Oras, não era isso que o povo sempre sonhou? Prender os corruptos, os ricos ilegais e os políticos “do mal”? Dentre todos estes números da Lava Jato temos políticos de praticamente todas as siglas, incluindo PT, PSDB, PMDB. Chegamos a pensar que o que está acontecendo hoje jamais poderia acontecer aos nossos vivos olhos. O que justifica então que pessoas supostamente inteligentes critiquem e queiram “acabar” e até prender e exonerar o Moro? Aos ignorantes é a ignorância. Mas a resposta mais complexa começa a ser desenhada e entendida na crença da impunidade como uma verdade maior. Uma crença tão enraizada que pode se transformar em verdade ortodoxa para nosso significado e interpretação do mundo. Junte isto a uma grave “Síndrome de Estocolmo”, na qual nos afeiçoamos a quem pode nos destruir. Junte isso a uma mitificação tal qual paixão crônica por uma figura chamada Lula e um partido que já gerou esperanças. A resposta para esta fixação em não conseguir ver a realidade, entender que as máscaras caíram, e até o que áudios claros revelam repousa então no medo de entender que você foi enganado – NINGUÉM QUER SER TRAÍDO – e querer nos cegar para não admitir que dedicamos anos ao nosso amor é uma estratégia de autoproteção. Buscar desculpas num passado que não existe mais. O medo do rompimento até do que sabemos fazer mal. Este processo de negação é a mesma estrutura psíquica daquela mulher que apanha, que é traída, sufocada por uma relação perversa e mesmo assim insiste em defender o marido para a família e não consegue se desvencilhar, POIS ESTÁ ATRELADA AO SÍMBOLO DE SER SUA ESPOSA, e não abre mão deste status, mesmo se matando. 

O nosso cérebro se divide em zonas racionais e subjetivas-emotivas. Um hipnólogo para fazer uma hipnose, desliga o centro racional e faz com que a outra parte aceite qualquer sugestão e comando. Uma das maiores formas de hipnose é a paixão por alguém ou uma causa, a carência existencial que deixa a identidade vulnerável, drogas, vícios e medo. Uma pessoa que possa simplesmente ver os números do Moro e da Laja Jato e que se ache na pureza de significar isto como algo contrário ao bem do Brasil, com tantos fatos e provas, está em hipnose grave. Esta pessoa muitas vezes nem sabe que isto está acontecendo em sua mente e vai defender com tramas e versões surreais por pura defesa, mas está afetada por este conjunto de fatores explicados acima. Tem medo da morte e do luto de quebrar suas crenças e heróis, e infantilmente bate o pé e fecha os olhos gritando para sua alma que os fatos não são verdadeiros. 

O juiz Sergio Moro é a maior figura anticorrupção da nossa história brasileira. Não sou eu que diz isso, são os números. O que chamam de "excessos do Moro" é na verdade o descostume de se ver pulso forte sobre a Constituição ser seguida à risca. É tão fora do senso comum ver estes números de prisões, condenações, desmonte de esquemas de décadas e restituições em 2 curtos anos, que parece exagerado e louco ao nosso cérebro que nunca se educou para entender que isso fosse possível. Mas simplesmente é a Lei sendo cumprida. Nada irá ser provado contra o Moro - está tudo na Lei. Mas alguns poucos advogados e juristas que têm verdadeira inveja do seu trabalho e números se remoem como a Raposa que desdenha mas quer “comprar”.

Não escrevi este texto para tentar convencer ninguém contrário ao Moro, Impeachment e cia., pois já expliquei a hipnose e a necessidade de manter o símbolo como quem perde e protege uma parte de si mesmo. Sonhos mortos viram carniça, mas é normal se acostumar ao fedor e não reparar no que se carrega. Escrevo este texto para que você que comemora a maior limpeza de corrupção já feita no País e ainda longe de terminar, possa compreender o que se passa na mente de quem é contra o Moro e Lava Jato com fervor estranho. Que venha o Aécio, Cunha, Renan e quem mais possa. Respostas do tipo “É golpe”; “Comprado pela Globo” não serão levadas a sério sem provas. Enfim... E se na linha sucessória para presidente só sobrar o Tiririca de honesto, pelo menos teremos um palhaço de profissão na presidência. 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.