Aqui abaixo figura apenas o sumário deste importante estudo.
Para ler por inteiro, os interessados precisam acessar este link: http://www.iedi.org.br/cartas/carta_iedi_n_769.html
Exportação de manufaturados: Concorrência China x BrasilIEDI, 20/01/2017
Sumário
Esta Carta IEDI atualiza nosso estudo de 2013 (Carta IEDI n. 590) sobre a concorrência entre Brasil e China na exportação de manufaturados nos três principais mercados regionais para as empresas brasileiras – Mercosul (Argentina, Uruguai, Paraguai), Aladi (Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela) e Nafta (EUA, Canadá e México). Na edição anterior fizemos uma comparação entre os anos de 2008 e 2012, isto é, após o aprofundamento da crise global; agora, tratamos do quadro em 2015, ano de forte crise da indústria e da economia brasileiras, comparando-o com 2012.
O desempenho da balança comercial brasileira, desde 2003, tornou-se estreitamente vinculado ao crescimento econômico e da demanda externa da China mediante dois efeitos antagônicos. Por um lado, o “efeito complementaridade”, que beneficiou (sobretudo, antes da crise financeira global) as exportações brasileiras tanto de forma direta (impulsionando as vendas externas de commodities), como indireta (aumentando as exportações de bens manufaturados para países latino-americanos exportadores de commodities). Por outro lado, o “efeito concorrência”, associado à consolidação da China como produtora e exportadora de produtos manufaturados, afetou negativamente a indústria brasileira por dois canais: a invasão de importados no Brasil e o crescimento das exportações chinesas para mercados tradicionalmente atendidos pela indústria brasileira.
Após 2008, o “efeito concorrência” ganhou intensidade devido à estratégia da China de aumentar sua presença na periferia para compensar a perda de dinamismo das economias centrais, atingidas pela crise global. No âmbito dessa estratégia, aumentaram as exportações chinesas para as principais regiões de destino das vendas externas brasileiras de bens manufaturados – Mercosul, Aladi e Nafta – a ponto de superarem o valor registrado pelo Brasil em 2012.
Para 2015, entre outros indicadores que são analisados nesta Carta, calculamos o nível de ameaça das exportações chinesas às exportações brasileiras. Foram criadas quatro categorias: Ameaça Direta quando, para um produto, há aumento de market-share da China nas regiões selecionadas, ao mesmo tempo em que o Brasil reduz seu market-share; e Ameaça Indireta quando o aumento do market-share da China for maior do que o aumento do market-share do Brasil. Os produtos que não estão sendo ameaçados pelas exportações chinesas foram classificados como Sem Ameaça.
Ainda que nos dois períodos analisados (2008-2012 e 2012-2015) o desempenho, em valor, das exportações chinesas e brasileiras para as regiões selecionadas tenha sido bastante diferente, como mostram os itens abaixo, do ponto de vista do dinamismo e do grau de ameaça, várias tendências negativas identificadas em 2012, que eram motivo de preocupação para o Brasil, não se intensificaram ou mudaram de direção e tendências positivas se intensificaram.
• Exportações brasileiras: crescimento de +1,9% entre 2008 e 2012 e -21,8% entre 2012 e 2015
• Exportações chinesas: crescimento de +47,6% e +8,3%, respectivamente
No que se refere ao grau de ameaça das exportações chinesas, em 2015 elas representavam uma ameaça direta principalmente nos produtos em que o Brasil perdeu oportunidades de mercado, isto é, nos produtos cuja participação na pauta das regiões consideradas neste estudo cresce, mas cuja participação do Brasil cai. Porém, essa ameaça direta da China recuou de 76%, em 2012, para 68,7%, em 2015.
Outro motivo de preocupação em 2012 era a ameaça indireta das exportações da China (de 36,4%) nas exportações de produtos cuja participação na pauta das três regiões estudas crescia assim como a participação do Brasil em tais produtos. Contudo, em 2015, o grau de ameaça indireta das vendas externas chinesas nesses produtos recuou para menos de 5%.
Em termos de região de destino das exportações, no caso dos produtos exportados pelo Brasil que sofriam Ameaça Direta das exportações chinesas e tinham como destino o Nafta, a participação aumentou de 39,5% em 2012 para 45,2% em 2015. Esse resultado é desfavorável, já que no âmbito das três regiões consideradas, o Nafta foi o mercado mais dinâmico no período analisado devido ao desempenho dos Estados Unidos. Em contrapartida, a redução da participação da Aladi neste grupo sob ameaça direta (de 23,4% para 17,3%) é positiva, pois essa região é o principal destino de produtos manufaturados brasileiros.
No que se refere aos produtos que sofreram Ameaça Indireta, o Mercosul foi o principal destino em 2015 (42,2%), assim como nos dois anos anteriores (em 2012 o percentual era um pouco maior, enquanto em 2008 menor). Já as posições do Nafta e da Aladi se inverteram entre 2012 e 2015. A Aladi tornou-se a segunda principal região de destino dessa categoria de produtos em 2015 (29,8%), seguida pelo Nafta (27,9%).
Em suma, considerando os resultados em termos de dinamismo e grau de ameaça, a trajetória de aumento do “efeito-concorrência” das exportações chinesas entre 2008 e 2012 nas principais regiões de destino das exportações brasileiras de produtos manufaturados não persistiu no triênio subsequente. Esta Carta IEDI também traz informações que contribuem para a compreensão das mudanças no perfil do comércio exterior brasileiro em 2015 mencionadas acima, sobretudo o melhor desempenho das exportações da indústria de transformação.
Embora estudos adicionais sejam necessários para identificar de forma mais precisa os determinantes da interrupção da tendência de perda de dinamismo e de market-share das exportações brasileiras nas regiões selecionadas entre 2012 e 2015, é possível identificar alguns fatores externos e internos que contribuíram para este resultado.
Do lado externo, o contexto internacional foi desfavorável tanto do ponto de vista do crescimento da demanda externa como dos preços das commodities, mas a apreciação do dólar no biênio 2014-2015 favoreceu as exportações brasileiras já que significou, igualmente, apreciação da moeda chinesa (a paridade fixa com o dólar foi abandonada em 2010, mas o regime cambial vigente desde então procura manter a cotação do Renminbi relativamente estável em relação à moeda americana).
Do lado interno, dois fatores atuaram positivamente: a desaceleração da atividade econômica, que culminou na recessão em 2015; e, sobretudo, a desvalorização da moeda brasileira em termos reais. Assim, para que as exportações brasileiras de bens manufaturados não retomem aquela tendência, seria fundamental a manutenção da taxa de câmbio em patamares competitivos. A dependência do câmbio pode diminuir ao longo do tempo, desde que fatores relacionados à produtividade/custo de natureza sistêmica (infraestrutura, tributação, custo financeiro) tenham evolução e que a indústria amplie sua produtividade.
Finalmente, é importante mencionar que as exportações brasileiras de bens manufaturados para os países latino-americanos das regiões analisadas também foram negativamente afetadas pelos múltiplos acordos comerciais que têm sido assinados com países externos à região, que acabam beneficiando produtos provenientes de países com vantagens competitivas, como a China. Assim, o governo brasileiro também deve adotar uma estratégia de política que busque um modelo favorável para a penetração de nossas exportações e estimule a integração da indústria brasileira nas cadeias regionais e globais de valor mediante a diversificação da base industrial e investimentos no mercado regional.
Leia o estudo completo neste link: http://www.iedi.org.br/cartas/carta_iedi_n_769.html
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