terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Trinta anos sem José Guilherme Merquior: listagem da série "ano Merquior" - Paulo Roberto de Almeida


 Comecei  esta série "ano Merquior" de forma algo improvisada – aliás, como muitas coisas que faço –, ao ter conhecimento de que um longo ensaio meu, sobre a obra sociológica e política de José Guilherme Merquior – reproduzida aqui apenas em um breve trecho inicial – tinha sido incluída numa nova edição de Foucault – escrita em inglês pelo intelectual brasileiro mais universal que jamais existiu, com exceção, talvez, de Vinicius de Moraes – pelo seu editor na É Realizações, João Cezar de Castro Rocha, a ser publicado proximamente. Pretendo incluir outros materiais, até a data de seus 80 anos, em 22 de abril. Ele nos fez, nos faz muita falta: imaginem o que poderia ter escrito nestes últimos 30 anos desde a sua morte.

Paulo Roberto de Almeida


 

Trinta anos sem José Guilherme Merquior


Postagens no blog Diplomatizzando, por Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 5 de janeiro de 2021

 

 

Ao se completarem 30 anos desde o falecimento do intelectual, acadêmico (da ABL) e diplomata José Guilherme Merquior, desaparecido precocemente aos 50 anos incompletos, em 7 de janeiro de 1991, o brilhante homem de cultura, de saber, de conhecimento e de sensatez política e econômica faz mais falta do que nunca, em nossos tempos conturbados, estilhaçados por ideologias contrárias e contraditórias. Exatamente tudo o que ele precisava para impor-se no debate público com sua postura serena, ponderada, nos argumentos certeiros, praticamente imbatíveis, dotados de densa, profunda, fundada racionalidade, tudo apoiado num sólido conhecimento das teorias políticas, das doutrinas sociais e de uma atenta observação das coisas do mundo. 

Ao pensar em tudo o que ele poderia ter colaborado, como reflexão e posturas, desde seu brutal desaparecimento, resolvi alinhar algumas poucas postagens, selecionando materiais diversos que ofereço como prazer intelectual – e lamento adicional – dos leitores interessados. São materiais dele ou sobre ele, inclusive um pequeno trecho de um longo ensaio que fiz sobre sua obra sociológica e política – não ousei me aventurar na produção estética e literária –, que não se esgotam aqui, pois em 22 de abril deste ano ele completaria 80 anos: ficou nos “devendo” trinta anos, pelo menos, de intensa produção cultural, política, filosófica, estética e literária. 

Já disse algo do que penso sobre ele e sua obra nas introduções das postagens que alinho abaixo, mas me permito transcrever, aqui, o posfácio escrito pelo editor atual na, É Realizações, da obra de JGM, o professor João Cezar de Castro Rocha, à reedição da obra O Marxismo Ocidental ( 2018), mas apenas o seu início: 

 

Uma obra-manifesto?

Hipóteses sobre o estilo intelectual de José Guilherme Merquior

João Cezar de Castro Rocha

 

Por onde começar?

Não é uma tarefa simples oferecer uma interpretação abrangente da obra multifacetada de José Guilherme Merquior. E não apenas multifacetada, mas também extensa – extensíssima... e aqui o superlativo seria modesto e acima de tudo sincero. Publicando desde muito cedo no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, Merquior nunca diminuiu seu ritmo intenso, quase impossível, de leitura e de escrita. Falecido precocemente aos 49 anos de idade, ele deixou vinte livros lançados e Liberalism – Old and New inteiramente revisto, embora o título tenha sido publicado postumamente.

Não é tudo.

Desses 21 livros, um foi escrito em francês, L’Esthétique de Lévi-Strauss (1977), inicialmente apresentado na forma de um seminário em presença do antropólogo; aliás, o carteio entre José Guilherme Merquior e Claude Lévi-Strauss merece uma cuidadosa edição comentada. Desde 1979, com o aparecimento de ensaio extraído de parte do segundo doutorado que completou, este sob a orientação de Ernest Gellner na London School of Economics, The Veil and the Mask: Essays in Culture and Ideology, Merquior passou a redigir – sempre à mão – seus textos mais ambiciosos em inglês. No caso foram outros cinco títulos, incluindo este Western Marxism, assim como o último que escreveu, Liberalism – Old and New (1991) 

Ainda não é tudo.

Nos livros escritos em inglês, Merquior não foi nada tímido e buscou produzir um acerto de contas com as correntes hegemônicas da tradição ocidental. E isto sem perder um decibel sequer de sua dicção polêmica – proeza incomum, e não somente em sua época. (p. 250-251 de O Marxismo Ocidental, 2018).

 

Alinho aqui as postagens que preparei de forma muito improvisada, simplesmente garimpando sem muita ordem os textos dele e sobre ele que encontrei em duas ou três pastas de meus arquivos de computador. Outras postagens virão, no devido tempo, neste ano que apelidei de “ano Merquior”, uma modesta homenagem a quem tanto contribuiu com minha formação intelectual, tanto, talvez até mais, do que outros grandes mestres: Marx, Max Weber, Raymond Aron, Fernand Braudel, Albert Hirshmann, Barrington Moore, David Landes, Deirdre McCloskey e tantos outros. 

 

Postagens iniciais nesta série “O ano Merquior”

 

1) 2021, o ano Merquior (1): aos 30 anos de sua morte precoce, ele estaria fazendo 80 anos neste ano

https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-merquior-1-aos-30-anos-de.html

 

2) 2021, o ano Merquior (2): Discurso de posse na Academia Brasileira de Letras

https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-merquior-2-discurso-de-posse.html

 

3) 2021, o ano Merquior (3): Homenagem de seus amigos e colegas diplomatas, depois de sua morte

https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-merquior-3-homenagem-feita.html

 

4) 2021, o ano Merquior (4): uma entrevista para o jornal Gazeta do Povo sobre Merquior - Paulo Roberto de Almeida

https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-merquior-4-uma-entrevista.html

 

5) 2021, o ano Merquior (5): A legitimidade na perspectiva histórica (1980) - José Guilherme Merquior, Celso Lafer

https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/2021-o-ano-merquior-5-legitimidade-na.html

 

6) O ano Merquior (6): A tese do curso de Altos Estudos em 1978: A legitimidade em política internacional - José Guilherme Merquior

https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/o-ano-merquior-6-tese-do-curso-de-altos.html

 

7) O ano Merquior (7): o que perdemos em 30 anos de ausência de José Guilherme Merquior? - Josué Montello

https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/o-ano-merquior-7-o-que-perdemos-em-30.html

 

8) O ano Merquior (8): Os primeiros 30 anos de intensa produtividade intelectual - Paulo Roberto de Almeida

https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/o-ano-merquior-8-os-primeiros-30-anos.html

 

9) O ano Merquior (9): Fotos do jovem orador da turma de 1963: José Guilherme Merquior

https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/o-ano-merquior-9-fotos-do-jovem-orador.html

 


10) O ano Merquior (10): depoimento de José Mário Pereira sobre José Guilherme Merquior (2001)

https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/o-ano-merquior-10-depoimento-de-jose.html

 


 

A propósito desta última postagem, o testemunho de José Mário Pereira, esclareço que o segundo posfácio da nova edição do Marxismo Ocidental compõe-se de uma entrevista concedida pelo editor da Topbooks ao diretor editorial Castro Rocha, que vale ler em sua integridade.

Outros materiais virão, aguardem...

 

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 5 de janeiro de 2021

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.