Cúpula militar se irrita com nova declaração de Bolsonaro, de mandar Forças Armadas às ruas contra isolamento, diz jornal
Exaltado, Bolsonaro atacou as medidas de contenção da Covid-19 - como o uso da máscara - e disse em entrevista ao apoiador Sikêra Jr. que os militares podem ir às ruas para reestabelecer, entre outras, a "liberdade religiosa e de culto"
Plinio Teodoro
Revista Forum,
Menos de um mês após a demissão dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, que ameaçaram colocar o cargo à disposição após declaração sobre “o meu Exército” de Jair Bolsonaro, a cúpula militar voltou a se irritar com uma fala do presidente, que em entrevista ao apresentador Sikêra Jr. voltou a falar que é o “chefe supremo das Forças Armadas” e ameaçou fazer uso da força contra as medidas de isolamento social para frear a propagação da Covid-19.
Segundo Igor Gielow, da Folha de S.Paulo, membros da cúpula militar ouvidos na manhã deste sábado (24) teriam dito que Bolsonaro “confunde conceitos” ao suar sua posição de comandante-em-chefe das Forças Armadas de forma política contra governadores.
Na entrevista, Bolsonaro afirmou que tem “plano” de colocar as Forças Armadas nas ruas para intervir nas políticas de isolamento social decretadas por governadores e prefeitos para reduzir a contaminação pelo coronavírus.
“Se tivermos problemas, nós temos um plano de como entrar em campo. Eu tenho falado, eu falo ‘o meu [Exército]’, o pessoal fala ‘não’… Eu sou o chefe supremo das Forças Armadas. O nosso Exército, as nossas Forças Armadas, se precisar iremos para a rua não para manter o povo dentro de casa, mas para reestabelecer todo o artigo 5º da Constituição. E se eu decretar isso vai ser cumprido”, afirmou Bolsonaro, diante da pergunta “bem bolsonarista” de Sikêra Jr.
Exaltado, Bolsonaro atacou as medidas de contenção da Covid-19 – como o uso da máscara – e disse que os militares podem ir às ruas para reestabelecer, entre outras, a “liberdade religiosa e de culto”.
“As nossas Forças Armadas podem ir para a rua um dia sim, dentro das quatro linhas da Constituição, para fazer cumprir o artigo 5º. O direito de ir e vir, acabar com essa covardia de toque de recolher, direito ao trabalho, liberdade religiosa e de culto; para cumprir tudo aquilo que está sendo descumprido por parte de alguns governadores e alguns poucos prefeitos, mas que atrapalha toda a sociedade. Um poder excessivo que lamentavelmente o Supremo Tribunal Federal delegou, então qualquer decreto, de qualquer governador, qualquer prefeito, leva transtorno à sociedade”.
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