Mini reflexão sobre a visível deterioração da vida no Brasil
Paulo Roberto de Almeida
O fato é o seguinte: a despeito do continuum difuso na escala social — contrariamente a essas visões simplistas, ancoradas no passado, sobre a luta de classes como “motor da História” —, existe um fosso, enorme no Brasil, entre aqueles, como eu e a maioria dos que me leem neste momento, privilegiados que somos, e uma grande maioria de brasileiros que precisam lutar diariamente pela sua existência, pela sua simples sobrevivência. Nós, os happy fews, não conhecemos verdadeiramente o que é fome e miséria, não temos a ameaça, o cuidado e o perigo de saber o que dar de comer aos nossos dependentes. Não estamos ameaçados em nossas casas e na geladeira, no conforto e na segurança, a despeito de termos eventualmente reduzido nossas expectativas de ganhos constantes: ainda conseguimos nos manter. Mas, e os milhões dos que foram lançados na rua da amargura, ao flagelo da fome e das doenças?
Por que, como, em quais condições chegamos a isto que vemos todos os dias nas ruas e nos semáforos: pobres reduzidos à condição degradante de ter de pedir alguns tostões para simplesmente sobreviver?
E o que fazemos?
Continuamos impotentes, debatendo esses problemas, e outros mais triviais, nas redes sociais? Sem qualquer consequência prática ou solução para os problemas apontados?
Quando foi que nos degradamos a esse ponto? Onde foi, quando foi que o Brasil se perdeu? Creio que desde sempre, desde a origem da nação independente.
Repito Mario de Andrade: “progredir, progredimos um tiquinho, que o progresso também é uma fatalidade”.
Mas, como foi, quando foi que começamos a regredir?
Como vocês repararam, neste final de ano estou no modo angustiado com a nossa situação como nação.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 29/12/2021
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