Transcrevo, abaixo, trecho inicial e final de um pequeno texto sobre a minha visão da China, tal como me foi solicitada por um estudioso chinês do Brasil. Como nunca tinha sido publicado, coloco-o à disposição dos interessados, apenas como um testemunho subjetivo em torno das relações Brasil-China, segundo minha opinião não qualificada. O texto integral está disponível em Academia.edu.
Paulo Roberto de Almeida
Uma visão pessoal sobre a China e o Brasil no contexto global
Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.org; http://diplomatizzando.blogspot.com)
[Objetivo: reflexão impressionista sobre a China; finalidade: informação geral]
1. Como vim a “descobrir” a China, em minha primeira adolescência?
Meu interesse pela China é praticamente simultâneo ao meu despertar adolescente sobre as grandes questões das relações internacionais, e vem acompanhando minhas leituras e reflexões praticamente desde meados dos anos 1960, quando comecei a formular algumas ideias mais sistemáticas sobre o Brasil e sua posição na economia e na política mundiais. O interesse pelas questões internacionais e sua relação com o desenvolvimento brasileiro foi pela primeira vez suscitado por uma palestra realizada pouco depois da crise dos mísseis soviéticos em Cuba no estabelecimento de ensino no qual eu então – adolescente entre 13 e 14 anos – frequentava o ciclo secundário do “ginasial”, quatro anos de estudos entre os 12 e os 15 anos, previamente aos antigos estudos de “colegial”, segunda etapa do secundário e preparatório para estudos universitários.
(...)
Infelizmente, vivemos uma nova era de incerteza global, diretamente fabricada, de modo totalmente artificial, por um dirigente irresponsável, que dissemina pontos de fricção em todos os terrenos imagináveis das relações internacionais: comércio, investimentos, tecnologia, segurança estratégica, meio ambiente, cultura e direitos humanos, numa postura arrogantemente nacionalista e estreitamente egoísta, criando ele mesmo problemas para o seu país e para parceiros e supostos adversários ,e transferindo para outros a responsabilidade de resolver esses problemas criados por uma administração errática e imprevisível. Em face dessas incertezas, a China, que sempre exerceu um papel positivo no desenvolvimento econômico e material, na promoção do progresso científico, em prol do bem-estar de sua própria população, e também no de outros povos – em parte em virtude de uma diáspora praticamente universal, alcançando desde longo tempo outros povos em outros continentes –, deve continuar exercendo grande responsabilidade no manejo de suas relações regionais e internacionais, sem jamais provocar ela mesma focos de tensão ou de dissenso na busca de soluções consensuais em benefício da paz, da segurança e da prosperidade universais. Este é o papel que se espera da China nas próximas décadas e ao longo deste século, no qual ela terá, provavelmente, uma preeminência como nunca teve no decorrer de sua história passada.
Esta é a percepção de um modesto estudioso das relações internacionais, de um débil conhecedor da China e de seu povo, de um pensador insurreto na defesa da democracia e dos direitos humanos, duas áreas nas quais a China ainda tem grandes progressos a fazer ao longo das próximas décadas. Uma percepção que espero ser confirmada em um futuro não muito distante.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 26 de junho de 2019.
Inserido na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/101022310/3481_Uma_visão_pessoal_sobre_a_China_e_o_Brasil_no_contexto_global_2019_).
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