Grato a meu amigo Mauricio David, pela transcrição.
Paulo Niemeyer: “As cirurgias estão com os dias contados”
Brazil Journal
Considerado um dos mais renomados neurocirurgiões do país, o médico carioca Paulo Niemeyer é enfático ao prever que as cirurgias devem acabar no futuro, com os avanços da genética e da imunoterapia. “A tendência é que desapareçam. “É difícil falar em tempo, mas, do jeito que a genética e a imunoterapia estão progredindo, acho que muita coisa vai mudar. Progressivamente, as cirurgias vão perder a razão de existir.” Com cinco décadas de experiência e uma extensa lista de celebridades que já operou, ele tem mais do que propriedade para falar sobre o assunto. Por suas mãos já passaram nomes como o músico Herbert Vianna, a atriz Malu Mader, o ator Paulo José e a jornalista Glória Maria. Para o neurocirurgião, o grande problema atualmente não é mais “tirar o tumor, mas evitar que ele volte”. E ele aponta as áreas que precisam avançar: genética e imunoterapia. “Uma vez que isso se desenvolva, você não vai precisar mais operar. Com o diagnóstico feito o paciente vai tomar um remédio, fazer um tratamento e o tumor vai regredir,”, diz o médico a Nilton Bonder neste episódio do The Business of Life. Filho de um dos pioneiros da neurocirurgia no Brasil, Niemeyer carrega o mesmo nome do pai e o DNA da medicina no sangue. Formou-se em medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem pós-graduação na Inglaterra e doutorado na Escola Paulista de Medicina. De acordo com ele, seguir a mesma profissão foi um “caminho natural.” Na entrevista, Niemeyer destaca que a medicina está entrando em um novo estágio, passando por uma transformação. E destaca que o momento é “espetacular” para as áreas cognitiva e de tratamentos de doenças. “Estamos vivendo hoje o que os médicos viveram na Renascença. Naquela época, eles abriam o cadáver, olhavam para o fígado, o rim e não sabiam para o que serviam, qual nome dariam. Agora, estamos vivendo isso com a genética,” pontuou. À frente do Instituto Estadual do Cérebro, no Rio de Janeiro, o neurocirurgião contou ainda sobre o centro, que se tornou referência internacional em neurocirurgia e procedimentos de alta complexidade e atende exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Criado há cerca de dez anos, o instituto virou “referência de hospital público que deu certo e que os pacientes querem ir para lá”. “É um lugar de referência e qualidade,” comentou. De duas a três vezes por semana, o médico disse que opera no hospital. “Hoje estamos fazendo 2 mil cirurgias por ano. Tudo pelo SUS e com uma qualidade igual a qualquer hospital privado no país. É um projeto de sucesso, que fico muito feliz de estar à frente.” Aos 71 anos, o médico e autor de livros como “O que é ser médico” e “No labirinto do cérebro” é membro, desde 2021, da Academia Brasileira de Letras. Para se manter atualizado, ele diz que o segredo é não fechar os olhos. “É preciso estar aberto a todas as novidades.”
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