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quarta-feira, 1 de março de 2023

Rui Barbosa, cem anos do falecimento: um dos pais do Direito Internacional do Brasil - Paulo Roberto de Almeida

 Aos cem anos do falecimento de Rui Barbosa, permito-me reproduzir artigo que elaborei aos 100 anos de sua conferência realizada em Buenos Aires, sobre os conceitos modernos do direito internacional, mais conhecida como o dever dos neutros, na Faculdade Nacional de Direito da UFBA

Rui Barbosa e o direito internacional

Paulo Roberto de Almeida

14 de julho de 2016 

 

            Cem anos atrás, quando a Argentina comemorava o primeiro centenário de sua independência, o governo brasileiro designou o senador Rui Barbosa para ser o seu representante nos festejos daquele evento. Ademais de participar das cerimônias oficiais, Rui Barbosa foi convidado a fazer uma palestra na Faculdade de Direito e Ciências Sociais de Buenos Aires, ali pronunciando uma das alocuções mais importantes da história do direito internacional no Brasil. Dada a importância de suas reflexões para a própria construção da doutrina jurídica que sustenta a essência da política externa brasileira, bem como para a afirmação dos mais importantes valores e princípios da diplomacia sempre defendida pelo Itamaraty, cabe relembrar alguns dos aspectos importantes dessa conferência, inclusive para os nossos dias.

            Para facilitar a tarefa, temos à nossa disposição a excelente edição dessa conferência pela Fundação Casa de Rui Barbosa, através da qual, em 1983, Sérgio Pachá estabeleceu um texto definitivo do original em espanhol, realizando ele mesmo a tradução, acompanhada de notas e de uma excelente introdução a esse texto, de enorme repercussão, à época (e ainda hoje) na Argentina), durante muito tempo conhecido como "O Dever dos Neutros". Rui Barbosa não era desconhecido na Argentina, onde já havia vivido em 1893, fugindo da perseguição que lhe movia o governo de Floriano, por ter batalhado pelos envolvidos na revolta da Armada. Ele começa a parte substantiva de sua conferência de 1916 relembrando justamente esse episódio, defendendo a liberdade nas palavras de um de seus mais admirados promotores argentinos, Juan Batista Alberdi: "A civilização política é a liberdade. Mas a liberdade não é senão a segurança: a segurança da vida, da pessoa, dos bens."

            Ele continua, então, por um verdadeiro hino em louvor à nova "civilização argentina", não sem antes lembrar a barbárie dos antigos caudilhos que tinham levado o país à anarquia e à tirania. Num exercício arriscado de profetismo, Rui Barbosa anunciava aos argentinos da audiência que "há muito que consolidastes a vossa civilização. Vinte e cinco anos, pelo menos, de governo estável, ordem constante e progresso ininterrupto vos libertaram para sempre das recaídas no mal da anarquia. Um desenvolvimento colossal da riqueza, as acumulações do trabalho na prosperidade, uma abundante transfusão do sangue europeu, um civismo educado nos melhores exemplos da liberdade conservadora, grandes reformas escolhidas com discrição, adotadas com sinceridade e praticadas com inteireza depuraram dos últimos vestígios da antiga doença vosso robusto organismo, talhado para um crescimento gigantesco, asseguraram-vos no mundo uma reputação definitiva e fizeram da República Argentina um dos centros da civilização contemporânea, uma nação cujo invejável progresso pode resumir-se numa palavra, dizendo-se que a República Argentina é um país organizado." A Argentina de fato era, cem anos atrás, um dos países mais ricos do mundo, possuindo uma renda per capita superior à de vários países europeus, equivalente a 73% da renda média nos EUA (já então o mais rico de todos) e cinco vezes maior do que a renda per capita dos brasileiros. 

            Depois de repassar os episódios mais relevantes do itinerário político argentino, iniciado em 1806, caminhando para a independência já em 1810 e consagrado definitivamente no Congresso de Tucuman, em 9 de julho de 1816, quando se proclama solenemente, em nome de todo o povo argentino, a autonomia completa em face do soberano espanhol, Rui Barbosa chega ao cerne de sua conferência: um novo exercício da força bruta, contra o direito, representado pela Grande Guerra, especialmente a invasão da Bélgica neutra pelas tropas do Império alemão, em total desrespeito aos princípios da neutralidade, discutidos poucos anos antes na Segunda Conferência da Paz da Haia, na qual Rui havia sido o chefe da delegação brasileira. Suas palavras, em defesa desse princípio, foram muito claras: “Entre os que destroem a lei e os que a observam não há neutralidade admissível. Neutralidade não quer dizer impassibilidade; quer dizer imparcialidade; e não há imparcialidade entre o direito e a injustiça. (...) O direito não se impõe somente com o peso dos exércitos. Também se impõe, e melhor, com a pressão dos povos”. 

            Esse exato discurso de Rui Barbosa foi relembrado pelo chanceler Oswaldo Aranha, em 1942, quando o Brasil se viu confrontado à extensão da guerra europeia ao continente americano, instando, então, o Brasil, a assumir suas responsabilidades no plano dos princípios do direito internacional e dos valores da solidariedade hemisférica. A Alemanha tinha, mais uma vez, violado a neutralidade da Bélgica, para invadir a França. A postura de Aranha – que havia recepcionado Rui, como jovem estudante no Rio de Janeiro, quando o jurista desembarcou na volta ao Brasil –, foi decisiva para que, ao contrário da vizinha Argentina, então controlada pelo Grupo de Oficiais Unidos, de orientação simpática ao Eixo, o Brasil adotasse uma postura compatível com a construção doutrinal iniciada por Rui e de acordo a seus interesses nacionais, nos contextos hemisférico e global, em face do desrespeito brutal ao direito internacional cometido pelas potências nazifascistas na Europa e fora dela.  

            Vinte anos depois, o chanceler San Tiago Dantas soube preservar o patrimônio jurídico da diplomacia brasileira ao defender, de maneira clara, o respeito ao princípio da não intervenção nos assuntos internos de outros Estados, que estava em causa nas conferências e reuniões pan-americanas em torno do caso de Cuba. Outros juristas e diplomatas brasileiros, ao longo do século, a exemplo de Raul Fernandes, Afrânio de Melo Franco, Afonso Arinos de Melo Franco e Araújo Castro, participaram dessa construção doutrinal e pragmática dos valores e princípios da diplomacia brasileira. Há que se reconhecer, no entanto, que Rui Barbosa foi um dos grandes iniciadores e batalhadores pela afirmação dessas grandes diretrizes políticas que hoje integram plenamente o patrimônio consolidado da diplomacia brasileira.

 

Paulo Roberto de Almeida, ministro da carreira diplomática, é diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, da Funag, e professor no Uniceub.

 

Aproveito para anunciar a publicação deste livro: 

Rui Barbosa: uma personalidade multifacetada. 

Rui Barbosa: a Multifaceted Personality

https://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/1-1214

O centenário de falecimento de Rui Barbosa nos convida a rememorar o pensamento e a prática do singular jurista, político, diplomata e intelectual do Segundo Reinado e da Primeira República no Brasil. A contribuição simbólica que a Fundação Alexandre de Gusmão oferece nesta oportunidade é a presente edição de "Rui Barbosa: uma personalidade multifacetada". A edição original de 2012 reuniu profundos conhecedores da biografia e da obra ruiana, todos titulares da Cátedra:  a publicação nos oferece as reflexões de Marianne Wiesebron, Ruben Oliven, André Cunha, Paulo Visentini, Raúl Antelo, Italo Moriconi e Jairo Nunes, que iluminam a versatilidade de Rui Barbosa a partir de suas respectivas áreas de especialização acadêmica. O painel composto a várias mãos bem ilustra as múltiplas facetas do homem cuja biografia é inseparável da história da jovem República brasileira. A edição ampliada que a FUNAG agora apresenta é enriquecida por duas valiosas contribuições. A primeira, palestra de Celso Amorim, também realizada em 2007, na qual se veem com clareza as interseções entre as ideias de Rui Barbosa e várias questões multilaterais do século XXI, bem como a atualidade de sua vocação universalista e de sua luta pela redução das assimetrias nas relações internacionais. A segunda, artigo de Carlos Henrique Cardim, de 2013, que aprofunda o estudo sobre a atuação de Rui especificamente na esfera internacional.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

America Latina: a que menos cresce no mundo - Andrés Oppenheimer

Grato a Pedro Luiz Rodrigues pela seleção de matérias sempre tão interessantes para ler.

América Latina, la que menos crece
Andrés Oppenheimer
La Nación, Buenos Aires – 8.8.2019

El nuevo pronóstico económico del Fondo Monetario Internacional dado a conocer pocos días atrás trae malas noticias para América Latina: la región tendrá el crecimiento económico más bajo del mundo este año. O sea, será el campeón mundial del estancamiento económico.
Según las previsiones del FMI, las economías de América Latina crecerán un promedio de 0,6 por ciento en 2019. Eso debería activar las alarmas en la región porque sucede en el marco de una economía mundial en crecimiento.
El FMI pronostica que la economía mundial crecerá un 3,2 por ciento este año, incluida una tasa de crecimiento del 6,2 por ciento en Asia y del 3,4 por ciento en el África subsahariana.
La mayoría de los países más grandes de América Latina crecerán menos de lo que se había anticipado, dijo el FMI.
La tasa de crecimiento de México se ha revisado a la baja a 0,9 por ciento este año. La economía de Brasil crecerá solamente 0,8 por ciento, y la de Argentina se reducirá 1,3 por ciento en 2019, y crecerá 1,1 por ciento en 2020. La economía de Venezuela caerá un 35 por ciento este año.
Solamente Chile, Colombia y Perú crecerán a tasas saludables de 3,2, 3,4 y 3,7 por ciento, respectivamente, este año, dice el FMI.
¿Por qué está estancada América Latina? Hay muchos motivos, pero estos son algunos de los más importantes:
Falta de continuidad en las políticas económicas, lo que ahuyenta a los inversionistas. En muchos países, cada nuevo presidente quiere reinventar la rueda y deshace todo lo que hizo el anterior.
En México, por ejemplo, el presidente Andrés Manuel López Obrador ha prometido llevar a cabo una "cuarta transformación" en la historia del país. López Obrador, entre otras cosas, suspendió contratos para la enorme renovación del aeropuerto de la Ciudad de México y está dando marcha atrás a reformas para mejorar la calidad de la educación pública.
Eso ha creado "una fuerte incertidumbre en torno a las políticas económicas de México", según el FMI. Uno puede estar de acuerdo o no con eso, pero el hecho es que la "cuarta transformación" de López Obrador está ahuyentando las inversiones. El presidente no parece entender que sin inversión no habrá crecimiento, y sin crecimiento no habrá reducción de la pobreza.
Excesivo gasto público, baja productividad y una pésima distribución de la riqueza. Muchos de los países más grandes de la región, como la Argentina, simplemente gastan mucho más de lo que producen.
Nuevas cifras que circulan en las instituciones financieras internacionales muestran que la Argentina tiene solo nueve millones de trabajadores en el sector privado y autónomo, que en conjunto mantienen a 15,3 millones de personas a cargo del Estado, entre ellas los jubilados, gente que recibe subsidios estatales y empleados públicos.
Entre 2003 y 2015, durante los gobiernos populistas de Néstor Kirchner y Cristina Fernández, el gasto público de la Argentina se duplicó.
Y sin embargo la fórmula presidencial que incluye a la expresidenta Cristina Fernández como candidata a la vicepresidencia está liderando varias encuestas y podría ganar las próximas elecciones. Muchos argentinos aún no han aprendido la lección de que un país no puede gastar más de lo que produce sin ir de crisis en crisis.
Bajos estándares de educación, ciencia, tecnología e innovación. Los países latinoamericanos ocupan los últimos lugares en la prueba internacional PISA de estudiantes de 15 años y registran muy pocas patentes internacionales de nuevos inventos.
Mientras que Corea del Sur registró 17.000 patentes ante la Organización Mundial de la Propiedad Intelectual el año pasado, todos los países de América Latina y el Caribe juntos registraron solamente 537 patentes. En una economía global basada en el conocimiento, esa es una receta para el atraso.
Mi conclusión es que los países de la región no pueden seguir culpando a factores externos por su estancamiento económico, porque la economía mundial está creciendo y otros países emergentes de todo el mundo están creciendo mucho más. Es hora de reconocer que tenemos un problema interno y comenzar a abordarlo creando un clima que atraiga las inversiones y promueva la innovación.

sábado, 12 de agosto de 2017

Ministerial da OMC em Buenos Aires (12/2017): papers de doutorandos

Chamo a atenção para este anúncio de conferência aberta a doutorandos e mestrandos interessados em comércio internacional:
https://gallery.mailchimp.com/ac44df64ebfd49bfa33c0ef9c/files/4993a425-c344-4417-b4d8-ca5fb481c121/Call_for_Papers_WTO_11th_Ministerial_Conference_Think_Track_esp_.pdf

THINK TRACK MC11 
“Pensando en una gobernanza global del comercio internacional para el Siglo XXI: desafíos y oportunidades en vísperas de la 11ª Conferencia Ministerial de la OMC”
Buenos Aires, 12 de diciembre de 2017

CONVOCATORIA PARA PONENCIAS Y PROPUESTAS DE PANEL
Instituciones organizadoras: Gobierno de la República de Argentina, Banco Interamericano de Desarrollo (BID), Instituto para la Integración de América Latina y el Caribe (INTAL), Consejo Argentino para las Relaciones Internacionales (CARI), Facultad de Derecho de la Universidad de Buenos Aires (UBA), Master of Laws in International Economic Law and Policy (IELPO LL.M.) de la Universidad de Barcelona, Graduate Institute of International and Development Studies, Instituto para el Derecho y la Justicia Internacionales (IILJ) de New York University School of Law (NYU), Georgetown Law.

CONTEXTO
La Argentina será sede de la Conferencia Ministerial de la Organización Mundial del Comercio por primera vez los días 10-13 de diciembre de 2017 (CM11).
En un contexto de incertidumbre sobre el futuro del comercio internacional, la Argentina está convencida de que el camino a seguir es un sistema multilateral robusto, y que es necesario traer la OMC más cerca de la gente. En la próxima CM11, Argentina quiere ayudar a facilitar un multilateralismo renovado, y la comunidad académica está en una posición única para analizar los desafíos que la OMC enfrenta y las oportunidades que se presentan.

En este contexto, el Gobierno de la República Argentina ha lanzado la iniciativa “Think Track MC11”, destinada a apoyar actividades académicas en el ámbito del comercio internacional que puedan contribuir al éxito de la CM11. Como parte de esta iniciativa, con el apoyo del Banco Interamericano de Desarrollo (BID) y el Instituto para la Integración de América Latina y el Caribe (INTAL), y junto al Consejo Argentino para las Relaciones Internacionales (CARI), la Facultad de Derecho de la Universidad de Buenos Aires (UBA), el Master of Laws in International Economic Law and Policy (IELPO LL.M.) de la Universidad de Barcelona, el Graduate Institute of International and Development Studies, el Instituto para el Derecho y la Justicia Internacionales (IILJ) de New York University School of Law (NYU), y Georgetown Law, el Ministerio de Producción organizará una conferencia titulada
“Pensando en una gobernanza global del comercio internacional para el Siglo XXI: desafíos y oportunidades en vísperas de la 11ª Conferencia Ministerial de la OMC” 
el 12 de diciembre de 2017. 

La conferencia promoverá la presentación y discusión de diferentes perspectivas sobre la CM11 y el futuro de la organización.

CONVOCATORIA PARA PONENCIAS Y PROPUESTAS DE PANEL
Las Instituciones Organizadoras lanzan una convocatoria para ponencias y propuestas de panel con miras a contribuir a la Conferencia sobre la base de tres temas principales:

I. Pensando en la gobernanza global del comercio internacional Los participantes son invitados a discutir el escenario del comercio internacional y a abordar los desafíos y oportunidades de cara al futuro, incluyendo el rol del multilateralismo, la evolución de los acuerdos comerciales regionales, la influencia de la política en el sistema comercial internacional, entre otros.

II. La OMC llega a la mayoría de edad A medida que se aproxima el 23° aniversario de la OMC, las propuestas de reforma abundan. Los participantes son invitados a presentar opiniones e ideas para mejoras de la OMC como institución, tales como cambios en su marco institucional, incluyendo la solución de diferencias, y sobre si la OMC debe lidiar con algunas de las cuestiones más apremiantes en la economía internacional (desarrollo, cuestiones ambientales, deuda y finanzas, entre otras), y cómo.

III. La Conferencia Ministerial de Buenos Aires Las discusiones se centrarán en la agenda para la 11ª Conferencia Ministerial y sus posibilidades de éxito, incluyendo los temas nuevos y sus desafíos, el progreso de las negociaciones, el legado de la Ronda Doha, entre otras.

PROCEDIMIENTO
Presentación de resúmenes Estudiantes de posgrado e investigadores jóvenes interesados en presentar trabajo original en la Conferencia deberán enviar un resumen o sinopsis del artículo propuesto detallando
i) el título;
ii) un resumen de 500 palabras o sinopsis;
iii) cinco palabras clave;
iv) CV actualizado.

Las propuestas de panel deben incluir:
i) 3-5 ponentes (que pueden incluir, inter alia, académicos, profesionales, funcionarios gubernamentales, abogados) que se comprometan a viajar a la Conferencia;
ii) título y resumen de la discusión de los tópicos;
iii) información personal de los ponentes;
iv) moderador propuesto.

Los resúmenes y propuestas de paneles deben ser enviados el 15 de septiembre de 2017 a más tardar, en inglés, español o francés a: a.cuevas@ielpo.org.
En caso de enviarse un resumen o propuesta en español o francés, deberá incluirse una versión en inglés.

Selección
Un comité académico compuesto por especialistas de renombre en el área de comercio internacional seleccionará los resúmenes y las propuestas de panel más relevantes de acuerdo a los criterios siguientes:
a) El carácter apropiado para las metas y los tópicos de la Conferencia;
b) Originalidad, creatividad y potencial para contribución a las discusiones;
c) Relevancia para el contexto de las negociaciones dentro del marco de la OMC y la CM11.

Las Instituciones Organizadoras notificarán su decisión sobre la aceptación de resúmenes y propuestas de panel para el 9 de octubre de 2017.

Envío de artículos y documentos de trabajo Los estudiantes e investigadores cuyas propuestas de artículo hayan sido admitidas para presentar en la Conferencia deberán enviar sus artículos completos o documentos de trabajo de hasta 18.000 palabras para el 1 de diciembre de 2017.

Los documentos de trabajo serán aceptados siempre que constituyan borradores completos y extensivos.

FINANCIAMIENTO PARA PARTICIPANTES
Las Instituciones Organizadoras desafortunadamente no podrán cubrir gastos de traslado o alojamiento para todos los participantes. Sin embargo, un número limitado de becas parciales estará disponibles para gastos de traslado y alojamiento de algunos participantes.
Se dará prioridad a estudiantes de posgrado y doctorandos que no puedan obtener apoyo por otros medios y a académicos de países en desarrollo y menos adelantados.
Aquellos que deseen solicitar una de estas becas deberán enviar una carta personal a.cuevas@ielpo.org (Asunto: “Solicitud de ayuda financiera”) declarando el motivo de la solicitud de beca, junto con una carta de recomendación de un supervisor.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Rui Barbosa em Buenos Aires, cem anos atrás: Direito Internacional


Cem anos atrás, designado representante brasileiros aos festejos do primeiro centenário da independência argentina, mais exatamente em 14 de julho de 1916, Rui Barbosa pronunciou uma conferência na Faculdade de Direito de Buenos Aires quando, ao receber o título de professor honoris causa, protesta - a propósito da Guerra Mundial em curso na Europa - contra a postura dos países neutros diante das atrocidades do conflito, relembra aos países suas obrigações em face do direito internacional. 
Na alocução, conhecida como "O dever dos neutros", Rui defende o princípio de que neutralidade não pode ser confundida com indiferença e impassibilidade. Alcançando repercussão internacional, foi traduzida em diversas línguas e comentada nos principais jornais da Europa e das Américas.
Depois de repassar os episódios mais relevantes do itinerário político argentino, iniciado em 1806, caminhando para a independência já em 1810 e consagrado definitivamente no Congresso de Tucuman, em 9 de julho de 1816, quando se proclama solenemente, em nome de todo o povo argentino, a autonomia completa em face do soberano espanhol, Rui Barbosa chega ao cerne de sua conferência: um novo exercício da força bruta, contra o direito, representado pela Grande Guerra, especialmente a invasão da Bélgica neutra pelas tropas do Império alemão, em total desrespeito aos princípios da neutralidade, discutidos poucos anos antes na Segunda Conferência da Paz da Haia, na qual Rui havia sido o chefe da delegação brasileira. Suas palavras, em defesa desse princípio, foram muito claras: “Entre os que destroem a lei e os que a observam não há neutralidade admissível. Neutralidade não quer dizer impassibilidade; quer dizer imparcialidade; e não há imparcialidade entre o direito e a injustiça. (...) O direito não se impõe somente com o peso dos exércitos. Também se impõe, e melhor, com a pressão dos povos”.   

Os interessados podem lê-la num pdf editado pela Fundação Casa de Rui Barbosa, com uma outra obra ao início, no seguinte link:

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Turistas acidentais (na Buenos Aires do bicentenario)

Vítima do cerimonial da Casa Rosada, chanceler Amorim vaga pelo centro portenho (junto, tour arquitetônico)
por Ariel Palacios
Blog Os Hermanos
Seção: Política; Turismo
26.maio.2010 16:35:09

Mapa do périplo do chanceler Amorim no centro de Buenos Aires

Em vermelho, o trajeto feito por Amorim
Em verde, o trajeto que teria que ter feito, se não fosse o descalabro da organização do evento

0 – Amorim sai da Casa Rosada
1 – Amorim é barrado na Praça de Mayo
2 – Depara-se com a banda dos Granaderos e volta para a Casa Rosada
3 – Na Casa Rosada é também barrado
4 – Passa ao lado do prédio do Banco de La Nación, obra de Alejandro Bustillo
5 – Esquina da 25 de Mayo e Bartolomé Mitre. Grupo decide caminhar pela Mitre
6 – Casal brasileiro depara-se atônito com ministro Amorim, ao vê-lo como pedestre normal
7 – Passa ao lado do prédio do Banco de La Província, um marco art-déco
8 – Esquina da Diagonal e Florida. Multidão impede passagem para ver Lula e o desfile. Monumento que retrata o presidente Sáenz Peña.
9 – Pela calle Florida, Amorim passa ao lado do prédio da Gath e Chávez
10 – É resgatado por veículo da embaixada


O chanceler Celso Amorim foi vitima ontem (terça-feira) à noite da desorganização do governo da presidente Cristina Kirchner. O ministro do país que absorve 30% das exportações argentinas teve que vagar pelo centro portenho, no meio da multidão, que festejava a data nacional e não conseguiu assistir a segunda parte das celebrações do bicentenário da Revolução de Maio de 1810.
O imbroglio começou quando Amorim, acompanhado pelo assessor de relações internacionais do presidente Lula, Marco Aurelio Garcia, e o embaixador brasileiro na Argentina, Enio Cordeiro (e três correspondentes brasileiros) saiu da Casa Rosada – o palácio presidencial – onde havia participado da cerimônia de inauguração da “sala de heróis latino-americanos” (uma sala que reúne quadros de heróis dos países da região) e foi barrado ao tentar atravessar a Praça de Maio.
O governo argentino havia indicado que os convidados especiais passariam por um corredor VIP. O corredor levava os convidados ao lugar da segunda fase das celebrações na avenida Diagonal Norte (onde os presidentes de países sul-americanos, entre eles o presidente Lula, assistiriam um espetacular desfile artístico-histórico).
Mas, Amorim, abandonado pelo cerimonial argentino, deparou-se com a extinção do corredor VIP, e foi barrado por uma policial e um operário, que impediam a passagem de qualquer pessoa.
O policial afirmava categoricamente que pessoa alguma podia passar por ali (embora dezenas de pessoas tivessem passado por ali cinco minutos antes), enquanto que o robusto operário, na grade do lado, sustentava que havia uma obra, e que ninguém passaria por esse lado.
As autoridades argentinas encarregadas da organização, nesse intervalo, haviam desaparecido dali. Ministros do próprio gabinete da presidente Cristina Kirchner também foram barrados.
O resto da praça estava ocupado por uma imensa multidão que se acotovelava para os festejos (calcula-se que 2 milhões de pessoas estavam nesse instante nas ruas do centro de Buenos Aires).
Sem alternativa, Amorim – acompanhado dos jornalistas (entre eles, vosso blogueiro) – deu meia-volta e começou a contornar a Casa Rosada, caminhando apressado pela avenida Rivadavia em direção a Puerto Madero.
Mas, quando chegou na esquina da avenida Rivadavia e da rua 25 de Mayo, na esquina do Banco de La Nación e da Side (o serviço secreto argentino), a banda dos Granaderos (guarda presidencial), subindo a avenida em formação cerrada, obrigou o chanceler a retroceder.
Amorim, estupefato, voltou em direção à Casa Rosada. Mas, nos portões do palácio presidencial, foi barrado pela segurança. Ali, permaneceu uns minutos, enquanto assessores atarefavam-se nos celulares, tentando encontrar uma saída para o insólito imbroglio. Vinte minutos já haviam transcorrido desde o início da confusão. E o resto do imbroglio levaria muito mais tempo.
Enquanto isso transcorria, o presidente Lula, sem saber do destino de seu chanceler, acomodava-se a três quarteirões dali, no palanque de honra, para assistir o desfile artístico de encerramento das celebrações do bicentenário.
Sem soluções à vista, e visivelmente exasperado, Amorim empreendeu novamente o caminho da rua 25 de Mayo, acompanhado por Garcia e o embaixador Cordeiro (e o trio de jornalistas).
- Chanceler, já que estamos aqui, o que o senhor achou das declarações de Hillary Clinton sobre o Irã? (perguntou um colega).
- Não, não vou falar de Irã agora (disse Amorim, enquanto caminhava).
Outro jornalista aproveitou a deixa e perguntou: “chanceler, e sobre as barreiras argentinas para os importados…?”
- Não vou falar de conflitos comerciais hoje, pois este é um dia de festa, é o bicentenário..
Seguiram uns minutos de silêncio enquanto o grupo de diplomatas e jornalistas barrados caminhava sem destino definido.
Para quebrar o gelo, enquanto passávamos ao lado do prédio do Banco de La Nación, comentei:
- Chanceler, esse prédio é interessante…foi construído por Alejandro Bustillo, um dos mais famosos arquitetos do país…quando tentaram dar um golpe contra Perón em 1955, ele quase veio esconder-se aqui, pois o subsolo do banco é blindado…
- Ah, aqui? Em 1955? Edifício impressionante… (pausa) …como é bonita a arquitetura do centro desta cidade (disse Amorim).
Ao chegar na esquina da Bartolomé Mitre, o grupo parou novamente.
“Vamos por esta rua, rumo à Maipú”, disse um integrante do grupo.
Amorim rempreendeu a caminhada, no meio da multidão, que abarrotava a rua e festejava a data nacional. “Estou me divertindo”, disse sorrindo em tom resignado aos jornalistas, enquanto alguns jovens passavam ao lado segurando garrafas plásticas com conteúdo que em uma rápida apreciação me parecia que era de elevada capacidade inebriante, além de exalar o característico cheiro da cannabis sativa.
Além deles, também passavam famílias com suas crianças, aposentados e turistas estrangeiros.
“Pense bem, chanceler, quando poderia caminhar assim, tranquilamente, pelo centro de Buenos Aires?”, disse um colega.
Pois é”, respondeu Amorim.
“Já passaram por coisas similares?”, inquiriu outro colega.
“Por cada coisa… já passamos por cada coisa em outros lugares!”, disse Marco Aurélio, para minimizar o descalabro da organização do governo Kirchner.
Um casal de turistas brasileiros, nesse instante, passou ao lado e surpreendeu-se ao ver o chanceler do Brasil caminhando prosaicamente no meio da multidão.
“Está perdido, ministro?”, perguntaram.
Eh…”, disse Amorim, amável, mas de forma enigmática.
O casal, ao ver que o ministro estava constrangido e aparentemente perdido, tentou animá-lo: “eh…bom… eh… um prazer conhecer o senhor!..ehhh…A gente gosta muito do senhor, viu?”
Amorim, sem parar de caminhar, acenou em sinal de agradecimento.
Nesse instante, passamos ao lado do edifício do Banco de la Província de Buenos Aires, uma joia da arquitetura art-déco portenha. Amorim estava nervoso e caminha apressado.
- Ministro, este é um marco da arquitetura da cidade (disse um dos colegas, para ver se o animava com outra coisa)
- Há uns prédios muito bonitos por aqui… É uma cidade impressionante (disse ele)
- É mesmo (completou Marco Aurélio Garcia, o integrante do governo Lula que melhor conhece a capital argentina).
No entanto, ao chegar na esquina da rua Florida e a Diagonal Norte, ao lado do edifício do Bank Boston, um exemplo sui generis (de 1928) de arquitetura plateresca espanhola com arquitetura de bancos americanos dos anos 20.
Ali, o chanceler viu milhares de pessoas que se acotovelavam e gritavam hurras (e outras frases de conteúdo indefinido). Um grupo de jovens havia ‘escalado’ o monumento do presidente Sáenz Peña (em estilo art déco), de autoria do escultor José Fioravanti, e agitava bandeiras dali de cima.
Militantes peronistas tocavam seus tradicionais bumbos com frenesi.
- Ehhh…. teríamos que passar por aqui (disse alguém do grupo)
- Por aqui eu não passo, não! (exclamou Amorim).
Marco Aurelio Garcia levantou as sobrancelhas (as duas juntas, não como o sr. Spock) e concordou com a decisão do chanceler.
O grupo vacilou uns segundos, enquanto avaliava o cenário.
Amorim fez uma pausa e afirmou categórico: “Ah, não! Eu vou pegar um táxi”.
Eu disse: “se for isso, temos que ir para lá (apontando na direção da avenida Córdoba)”
- Essa aqui é a rua Florida? (perguntou um integrante do grupo)
- Sim (disse um dos colegas jornalistas)
- Aqui tem batedor de carteira…vários batedores de carteira (disse outro colega jornalista, alertando sobre um dos problemas que ficaram frequentes na calle Florida)
- Vamos, quero pegar um táxi (disse Amorim, a ponto de transformar-se talvez no primeiro chanceler em visita à Argentina que pegaria um táxi)
Na sequência, como dezenas de milhares de brasileiros que trafegam todos os meses pela outrora rua elegante de Buenos Aires, Amorim, MAG e o embaixador Cordeiro empreenderam a caminhada por essa ‘calle’ de pedestres. Nenhum táxi passava pela área, já que as ruas estavam fechadas para o trânsito.
No meio do caminho, pelo celular, o embaixador conseguiu um veículo da embaixada do Brasil que – furando o bloqueio de guardas – pode entrar no centro da cidade.
- Que prédio é este? (disse Amorim, ao ver um monumental edifício do início do século XX)
- Foi a principal loja de departamentos, um luxo inspirado nas galerias de Paris e Londres. Era o prédio da Gath & Chávez (disse eu ao passar pela esquina da Floria e a calle Perón, antiga calle Cangallo, enquanto driblávamos um batalhão de camelôs que vendiam objetos esverdeados Made in China com psicodélicas luzinhas vermelhas).
- Muito bonito (disse Amorim sobre o prédio)
Na esquina da Florida e Sarmiento, o chanceler Amorim foi finalmente resgatado e levado rumo à embaixada do Brasil.