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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Ubiratan Iorio publica livro sobre a Escola Austriaca de Economia

Tomo conhecimento agora, e ainda não tenho o livro, por estar no exterior, mas não tenho nenhuma hesitação em recomendar enfaticamente este novo livro de um dos poucos economistas lúcidos - ou seja, que não adere nem ao mainstream economics, que é a síntese neokeynesiana, nem à sua versã de botequim, que é a dos esquizofrênicos e aloprados que estão destruindo a economia brasileira atualmente -- que ainda temos a chance de ter. Vou encomendar o meu.
Paulo Roberto de Almeida 

Evitemos os perigos da “mitologia da coerência” no estudo da História

Em breve será publicado meu novo livro Dos Protoaustríacos a Menger: Uma Breve História das Origens da Escola Austríaca de Economia. Na introdução, escrita à guisa de exórdio, procuro advertir para alguns pontos que julguei relevantes, não apenas para que se possa compreender a mensagem do livro, mas – dentro de objetivos mais amplos – se passe a lidar com obras de História em geral.
É, naturalmente, um livro sobre a História do Pensamento da Escola Austríaca, desde suas origens pós-escolásticas até aquele que é considerado, com justiça, o fundador dessa fascinante abordagem da Economia, das Ciências Sociais, da Filosofia Política, do Direito e, de modo mais abrangente, da Filosofia e da própria vida. Nosso percurso, portanto, abrangerá cerca de seis séculos de História, que vão do século XIV ao final do século XIX.
Por esse motivo, cabem algumas reflexões, colhidas de diversos autores e de minha própria experiência, sobre Teoria Econômica e História, para que não caiamos no erro comum de julgar cada pensador apresentado no livro como se ele estivesse vivo hoje, como se fosse nosso contemporâneo, como se pudéssemos falar com ele pelo Skype ou pelo celular. É claro que não é assim e vou tentar explicar por quê.
O grande filósofo espanhol do século XX José Ortega y Gasset sustentava que a História é um sistema, com um papel muito importante, pois é por meio de seu estudo que, conhecendo o ambiente, os usos e costumes dos pensadores do passado, podemos compreender adequadamente o presente, para que no futuro tentemos evitar o que não deu certo, procurar apreender o que deu certo e, então, aplicar nosso conhecimento ao estado das artes vigente que, certamente, mudou em relação ao dos estudiosos do passado. Na verdade, nem a Escola Austríaca nem qualquer outra, em qualquer área científica, jamais foram corpos unificados de pensamento: foram e ainda são muito mais conjuntos de fragmentos colhidos aqui e ali, de diversos autores e que com o passar do tempo foram constituindo um corpo comum de conhecimentos, compartilhado pelos estudiosos de cada tendência.
Ora, isso pode ser escrito de outra forma: a História – para usarmos a linguagem de Hayek (e que foi sugerida por Menger em 1871) – é uma ordem espontânea, ou seja, um processo dinâmico de acontecimentos e decisões movidos pela ação humana, porém sem que obedeçam a estruturas previamente planejadas. Mergulhar, portanto, na História, é estudar a ação humana dos nossos antepassados, aprender em que erraram e acertaram e investigar porque erraram e acertaram, de acordo com as circunstâncias das épocas em que viveram. A História, assim como a linguagem e os mercados, são processos de tentativas e erros, são procedimentos de descobertas dinâmicos e permanentes.
Estudar a História é, portanto, investigar a ação humana pretérita
Estudar a História é, portanto, investigar a ação humana pretérita, nos campos da Economia, da Filosofia Política, do Direito, da Política e, consequentemente, do poder – que, aliás, nada mais é do que a dimensão política da ação humana, como demonstra magnificamente, em “Potere – La dimensione politica dell’azione umana” (editado por Rubbettino em 2013), o professor italiano Lorenzo Infantino, da Faculdade de Economia LUISS Guido Carli, de Roma.
Agrada-me o alerta do Prof. Peter J. Boettke, da George Mason University, na Virgínia, um dos austríacos de maior renome acadêmico da atualidade, que no capítulo 11 (“Back to the future: Austrian economics in the twenty-first century”) e no prefácio do livro “Handbook on Contemporary Austrian Economic” [publicado por Edgard Elgar, em 2010, por ele editado], adverte com bastante propriedade que a Escola Austríaca contemporânea não é um corpo unificado de pensamento e que seria um grande erro sugerir que é.
Boettke é o autor de “Living Economics: yesterday, today and tomorrow” [The Independent Institute-Universidad Francisco Marroquin, 2012]. Esse livro ganhou, em novembro de 2012, o Prêmio de melhor livro sobre a Escola Austríaca, concedido pela Foundation for Economic Education (FEE) em associação com a Society for Development of Austrian Economics (SDAE). Nele o autor introduz a ideia de que a ciência econômica afeta todas as esferas da vida, nos mercados, em uma cabine de voto, em uma igreja, em família ou em qualquer atividade humana. O Prof. Boettke acredita que a economia não é apenas um jogo para ser jogado por profissionais inteligentes, mas uma disciplina que aborda as questões práticas mais urgentes em qualquer momento histórico. Na economia, estão em jogo a riqueza e a pobreza das nações e a extensão e a qualidade de nossas vidas gira em torno das condições econômicas que nos condicionam. E, mais que tudo, que a Ciência Econômica não é um corpo consolidado, uma rocha, mas que ela vive, vale dizer, transforma-se e se aprimora ao longo do tempo.
Vejamos o que escreve no prefácio:
“Kirznerianos, rothbardianos e lachmannianos são vários rótulos que têm sido utilizados para caracterizar indivíduos e as suas contribuições. Misesianos e hayekianos são metaetiquetas que têm sido muitas vezes usadas por amigos e inimigos das respectivas vertentes de pensamento dentro da Escola Austríaca Moderna. Da forma como a enxergo, a Economia Austríaca contemporânea é um programa de pesquisas progressivo e não um corpo resolvido de pensamento e esse é o único caminho a seguir – o que significa que não devemos nos preocupar com a fidelidade às obras de qualquer pensador passado ou presente e sim em apenas buscar a verdade tal como a enxergarmos, acharmos e tomarmos ideias produtivas onde quer que possamos encontrá-las”. (tradução minha)
Na verdade, não há nada de novo nessa afirmativa. Esta era a maneira como Mises e Hayek enxergavam as ciências sociais. O cruzamento das ideias de Menger e Böhm-Bawerk com as de economistas ingleses como Wicksteed (tinturas austríacas) ou mesmo Mill (cuja famosa quarta proposição fundamental influenciou a Teoria Austríaca do Capital), economistas suecos, como Wicksell (de quem a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos absorveu o conceito de taxa natural de juros), economistas franceses como Turgot e Bastiat, belgas como De Molinari, italianos, como Bandini, Galiani e Delfico, espanhóis (como a maioria dos mais proeminentes pós-escolásticos e, no século XIX, Jaime Balmes)e economistas americanos (como Knight e Clark), era a melhor alternativa que Mises e Hayek vislumbravam a respeito da atividade intelectual de um economista. Tal cruzamento não significa completa concordância ou consistência, mas sim uma seleção capaz de melhorar as concepções sobre a economia.
O famoso historiador inglês Quentin Skinner, em “Meaning and Understanding in the History of Ideas” [in: History and Theory, Vol. 8, No. 1, 1969], antecipava o mesmo alerta a respeito do erro de considerarmos a História como um sistema fechado, que aqui repito: “Este procedimento dá aos pensamentos de vários escritores clássicos uma coerência e um ar geral de um sistema fechado, que podem nunca ter alcançado ou até mesmo sido feitos para alcançar”.
Deveria ser senso comum que a compreensão de textos escritos há cem, duzentos, trezentos ou mais anos, pressupõe a compreensão tanto do que seus autores tinham a intenção de dizer, como da maneira que esses autores desejavam que suas ideias fossem tomadas. Logo, a capacidade de compreender um texto deve ser também a de compreender tanto a intenção a ser compreendida como a intenção de como deve ser entendida.
A questão essencial com que nos confrontamos ao estudar qualquer texto, é o que o seu autor, no momento em que escreveu para o público que pretendia alcançar, desejava comunicar alguma ideia ou proposta. Portanto, o objetivo essencial de qualquer tentativa de compreender as afirmativas do autor, deve ser o de identificar essa sua complexa intenção.
Consequentemente, a metodologia apropriada para a história das ideias deve se preocupar, antes de qualquer outra coisa, com a demarcação de todo o conjunto de comunicações que poderia ter sido convencionalmente realizado por ocasião do enunciado dado pelo autor e, depois, com o delineamento das relações entre o enunciado dado e o contexto linguístico mais amplo, como um meio de decodificar a intenção real do pensador.
Existe uma crença quase metafísica a que a mitologia da coerência – isto é, a de que as doutrinas são corpos unificados de pensamento -, dá origem: ela leva a se esperar de um escritor que não apenas mostre coerência interna – que se transforma, assim, em um dever de cada intérprete revelar, mas também que todas as barreiras aparentes a essa revelação, constituídas por quaisquer contradições aparentes que o trabalho do escritor possa sugerir conter, não podem ser barreiras de fato, simplesmente porque não podem existir contradições.
Uma vítima constante dessa mitologia da coerência, inclusive por parte de muitos austríacos, é Hayek. Tenho lido muitas críticas a ele no sentido de que teria sido um “social democrata” ou um “intervencionista”, o que os leva a classificar Hayek simplesmente como um teórico liberal do século XX; entretanto, o que esses críticos deixam em segundo plano é que os pontos de vista dele e, principalmente, o público para quem escrevia e as circunstâncias da época em que ele tinha quarenta anos, em plena era dos autoritarismos, eram completamente diferentes de seus pontos de vista, do público e das circunstâncias existentes quando ele tinha oitenta anos.
Skinner explica que se podem identificar dois postulados positivos e gerais. O primeiro diz respeito aos métodos adequados para estudar a história das ideias: por um lado, é um erro escrever biografias intelectuais concentrando-se nas obras de um determinado escritor, ou escrever histórias de ideias analisando a morfologia de um determinado conceito ao longo do tempo. Esse tipo de estudo é inadequado. Por outro lado, isso não nos permite concluir, como às vezes se afirma, que nenhuma forma particular de se estudar a história das ideias é mais satisfatória do que qualquer outra. Skinner sugere então uma metodologia alternativa, que não seja sujeita a qualquer dessas inadequações. O que ele sugere, em poucas palavras, é que a compreensão de textos pressupõe a compreensão tanto do que eles tinham a intenção de dizer e de como este significado era destinado pelo autor a ser tomado.
Outra observação geral refere-se ao valor de se estudar a história das ideias. A possibilidade mais interessante, ao discutir tanto as causas das ações como as condições para compreender as propostas científicas, é a de um diálogo entre a discussão filosófica e as evidências históricas.
Skinner sugere um ponto importante sobre o valor filosófico de se estudar a história das ideias. Por um lado ele deixa claro que qualquer tentativa de justificar o estudo do tema em termos de problemas perenes e verdades universais a serem aprendidas com os textos clássicos é ingênua. Qualquer declaração de princípios é inevitavelmente a personificação de uma intenção particular, em uma ocasião especial, dirigida à solução de um problema particular, e, portanto, específica para a sua situação de uma forma que tentar ignorar esse fato só pode ser sinal de ingenuidade.
Aprender com o passado – e jamais poderemos aprendê-lo em sua totalidade – a distinção entre o que é necessário e o que é produto apenas de nossas próprias dúvidas momentâneas é a chave para nossa própria autoconsciência
A implicação principal disso é que não é meramente que os textos clássicos não possam estar preocupados com as nossas perguntas e respostas, mas apenas com as de seus próprios autores; há também, a implicação de que só existem respostas individuais a questões individuais, com tantas respostas quantas questões diferentes e tantas perguntas quanto questionadores diferentes. Não há, consequentemente, nenhuma esperança de buscar o ponto certo no estudo da história das ideias pela tentativa de aprender diretamente com os autores clássicos, concentrando-se em suas tentativas de respostas a perguntas supostamente intemporais.
Exigir da história do pensamento uma solução para os nossos problemas imediatos é, assim, incorrer em uma falácia não apenas metodológica, mas, no dizer de Skinner, um erro moral. Mas aprender com o passado – e jamais poderemos aprendê-lo em sua totalidade – a distinção entre o que é necessário e o que é produto apenas de nossas próprias dúvidas momentâneas é a chave para nossa própria autoconsciência.
Já Rothbard lembra que em toda a obra de Mises está presente a tese de que são as ideias que fazem a história, e não a história que faz as ideias. Mises sabia que apenas ideias com bases sólidas podem servir de sustentáculos a programas de ação econômicos e políticos capazes de alcançar os resultados desejados. E sabia, naturalmente, que ideias derivadas de premissas e lógicas equivocadas levam necessariamente a interpretações errôneas da realidade e que essas ideias resultarão numa conduta que “não somente deixa de alcançar os objetivos desejados por seus autores e defensores como também cria um estado de coisas que – do ponto de vista das avaliações destes – é menos desejável do que o estado de coisas anterior”.
O Prof. José Manuel Moreira (que me concedeu a honra de escrever o Posfácio de meu modesto livro), na página 50 de sua tese de doutoramento (resumida), Filosofia e metodologia da economia em F. A. Hayek – ou a descoberta de um caminho “terceiro” para a compreensão e melhoria da ordem alargada da interação humana [Universidade do Porto, 1994, no terceiro tópico do capítulo I, em que trata de teoria e história], ressalta com muita propriedade que:
“Hayek defenderá a complementaridade do tratamento histórico e teórico, mas ao mesmo tempo manterá que a aspiração a tornar a história uma ciência teórica é em si contraditória com uma outra exigência defendida por muitos historicistas (e particularmente pelos marxistas), a de que a teoria deveria sempre ser histórica”.
E prossegue o notável economista português esclarecendo que Hayek não negava que a História lida com eventos únicos, singulares, isolados, mas que isso não é uma característica exclusiva da história da humanidade. Por essa razão, enfatizava que a distinção entre teoria e história não tem conexão com a diferença entre os objetos concretos utilizados pelos dois métodos e que, assim sendo, as duas espécies de conhecimento são necessárias para que possamos compreender os fenômenos concretos, sejam eles da natureza ou da sociedade humana.
Por sua vez, Edward H. Kaplan, em sua resenha – “Writing History: Essay on Epistemology” ao livro de Paul Veyne, “Writing History: Essay on Epistemology” (Middletown, Conn. Wesleyan University Press, 1984 (ed. original em francês, de 1971, publicada em The Review of Austrian Economics, Volume 1. Ludwig von Mises Institute, 1987, iBook) escreve que Veyne nega que a história seja uma ciência social, uma vez que qualquer ciência verdadeira utiliza um conjunto de abstrações como objeto, enquanto a História os fixa em elementos particulares concretos.
Para Veyne, o historiador os compõe como “verdadeiras novelas” e assim se parece mais com um romancista do que com um cientista. Isto porque, como o romancista cria ficções às quais ele se esforça para dar uma aparência de verdade, ele pode ter que realizar o tipo de pesquisa em documentos semelhantes aos estudados normalmente pelo historiador. Este último, obviamente, não precisa criar personagens ou incidentes, mas, tal como o romancista, ele tem que decidir sobre algum “enredo” que se encaixe em sua narrativa. E escreve:
“Uma ciência do homem é possível e até certo ponto já existe, mas a história não é e não pode ser essa ciência. Tal ciência deve, Veyne argumenta (citando Mises, Hayek e Schumpeter), ser praxeológica. Se os objetos da história são eventos específicos, os objetos de uma verdadeira ciência humana devem ser abstrações que podem ser manipuladas na mente, independentemente do mundo de onde foram tiradas”. (tradução minha)
Por fim, nunca é demais lembrar que uma das características da Escola Austríaca é o individualismo metodológico. Assim sendo, cada agente – e, no caso do livro, cada pensador – é um indivíduo diferente dos demais, tanto nos aspectos objetivos como, principalmente, nos subjetivos. Ora, esta característica das pessoas, elaborada cientificamente pela Escola Austríaca mediante o individualismo metodológico, por si só já deve ser suficiente para espantar a lenda da “mitologia da coerência”, um fantasma muito mais em conformidade com as ideias coletivistas do que com a defesa das liberdades individuais.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Ludwig Von Mises: nascido em 29 de Setembro - homenagem de Rodrigo Constantino

29/09/2013
 às 17:56 \ Filosofia política

A liberdade segundo Mises

Dia 29 de setembro de 1881 nascia Ludwig von Mises, um dos maiores expoentes da Escola Austríaca e defensores do liberalismo. Em sua homenagem, segue um texto que tenta resumir um pouco seus pensamentos políticos:
A liberdade segundo Mises
“O governo é o garantidor da liberdade e é compatível com a liberdade somente se seu alcance for adequadamente restrito à preservação do que é chamado de liberdade econômica.” (Mises)
Em sua obra-prima Ação Humana, o economista austríaco Ludwig von Mises define seu conceito de liberdade, assim como as funções adequadas para o governo numa sociedade livre. Mises foi um dos grandes defensores do livre mercado, argumentando sempre com base nos resultados deste modelo. A civilização conseguiu sair da barbárie e atingir razoável grau de prosperidade graças ao sistema capitalista, com base na propriedade privada e divisão de trabalho. Preservar estes pilares foi o grande objetivo de Mises.
Para ele, o conceito de liberdade faz sentido somente quando falamos de relações inter-humanas. A liberdade “natural” de um Robinson Crusoé isolado na ilha não fazia muito sentido para Mises, pois tal “liberdade” duraria apenas até ele encontrar um concorrente mais forte em seu caminho. Na fria biologia, o mais forte está com a razão. Neste sentido, Mises pensava que o homem primitivo não nasceu livre. Sua liberdade teve que ser conquistada.
O homem é livre, segundo Mises, quando ele pode escolher os fins e os meios que serão usados para atingir tais fins. Entretanto, para preservar esta própria liberdade, os indivíduos devem estar protegidos contra a tirania dos mais fortes ou espertos. Uma instituição é necessária para evitar os comportamentos antissociais de alguns elementos. A paz só seria alcançada pelo estabelecimento de um sistema no qual o poder de usar a violência fosse monopolizado por um aparato social de coerção, regulado por determinadas regras. Este aparato é normalmente chamado de governo.
Desde que o governo fique restrito ao uso da violência ou ameaça de violência para a supressão e prevenção de ações antissociais, então prevalece razoavelmente o que podemos chamar de liberdade. O poder de escolha dos indivíduos continua valendo. E mesmo sem um governo impondo as leis, o indivíduo não poderia ter ao mesmo tempo as vantagens derivadas da cooperação social e os prazeres de exercer livremente seus instintos animais de agressão. Não é possível ter e comer o bolo ao mesmo tempo. Usufruir da paz e dos incríveis benefícios da sociedade livre pressupõe abrir mão de certos prazeres. O benefício compensa, e muito!
Mas, se o governo faz mais do que proteger as pessoas contra a violência ou a fraude por parte de indivíduos antissociais, ele reduz a esfera da liberdade individual. Desta forma, Mises define a liberdade como o estado em que cada indivíduo é livre para escolher, sem a restrição da violência do governo além da margem em que a lei da praxeologia restringiria de qualquer maneira. Os indivíduos são livres quando podem praticar suas trocas voluntárias, contando com o aparato do governo somente para impedir a agressão alheia.
Mises acreditava que o alistamento obrigatório e a arrecadação de impostos não eram incompatíveis com esta visão de liberdade. Em um mundo repleto de agressores em potencial, o pacifismo integral e incondicional seria sinônimo da rendição aos opressores mais nefastos. Aqueles que desejam continuar livres devem estar dispostos a lutar pela liberdade contra os agressores.
Mas, como as tentativas isoladas de reação por parte de cada indivíduo estariam fadadas ao fracasso, a única forma viável de organizar a resistência, para Mises, seria por meio do governo. A função essencial do governo é a defesa do sistema social livre contra criminosos internos e também inimigos externos. Mises achava que os opositores desta função do governo eram ingênuos e, sem saber, estavam ajudando aqueles que desejam a escravidão de todos.
Para manter o aparato governamental, com cortes, polícia, prisões e forças armadas, Mises considerava inevitável e legítimo o uso dos impostos. Segundo ele, isso não seria incompatível com uma sociedade livre. Mas, caso o governo fosse além desta função, expandindo seu poderad libitum, então a economia de mercado seria abolida e substituída pelo totalitarismo socialista. Para prevenir este risco, torna-se necessário limitar o poder do governo. É para esta finalidade que temos as constituições, as leis, os direitos dos cidadãos. E esse é o significado de todas as lutas que os homens têm realizado pela liberdade. Vigiar o vigia é fundamental para preservar a liberdade.
Porém, nenhum desses mecanismos é realmente eficiente sem o arcabouço da opinião pública por trás. Mises depositava enorme importância no poder das idéias. E sabia que os inimigos da liberdade também, tanto que sempre buscaram reverter o sentido das palavras como tática para confundir. Reconhecendo o valor que o Ocidente dá ao conceito de liberdade, os advogados do totalitarismo deturparam seu sentido.
A liberdade de imprensa, por exemplo, passa a ser a liberdade do governo decidir o que deve ou não ser publicado, o que é o oposto da verdadeira liberdade. Já a liberdade individual seria a oportunidade de fazer as coisas “certas”, sendo que estas coisas seriam definidas, naturalmente, por aqueles autoritários que se arrogam o direito de dizer o que é certo para os outros.
Em suma, a onipotência do governo seria a liberdade para estas pessoas. E para Mises, seria inútil rebater a estas táticas com o argumento de direito “natural” de propriedade, se as outras pessoas considerarem como “natural” o direito a uma renda igualitária, por exemplo. Tais disputas, segundo Mises, não podem ser resolvidas de forma simples. Ele sempre preferiu o argumento utilitarista, mostrando quais resultados certas ações humanas implicam, sem fazer julgamento de valor. O que ele fez, com maestria, foi demonstrar que o socialismo levaria ao término do progresso da civilização, ou, melhor dizendo, dela mesma!

sábado, 2 de fevereiro de 2013

A atividade bancaria e o Estado - Thorsten Polleit (Mises Daily)

Banking and the State
by Thorsten Polleit
Mises Daily, February 1, 2013

“It had come to be accepted that the pigs, who were manifestly cleverer than the other animals, should decide all questions of farm policy, though their decisions had to be ratified by a majority vote.”
Orwell, G. (1989 [1945]), Animal Farm, S. 34.

The Starting Point: Civilization Begins

The founder of the Medici banking dynasty, Giovanni di Bicci de' Medici (1360–1429), said to his children on his death bed: “Stay out of the public eye.”[1] His words raise the question, "How much do bankers know about the truth of modern money and banking?"

To develop a meaningful answer to this question in the tradition of the Austrian School of economics, one has to start right at the beginning, and that is with the process of civilization.

Civilization denotes the development through which man substitutes the state of the division of labor and specialization (that is, peaceful and productive cooperation) for the state of subsistence (that is, a violent hand-to-mouth existence).

In his magnum opus Human Action (1949), Ludwig von Mises (1881–1973) put forward a praxeological explanation of the process of civilization, which helps us understand the course of its evolution.[2]

To Mises, two factors are at the heart of the process of civilization: (1) There must be an inequality of wants and skills among people. This is a necessary condition for people to want to seek cooperation.

(2) Man must recognize that higher productivity is possible through a division of labor. Mises thus assumes – as a necessary condition – a minimum intelligence among human beings and a willingness to use this intelligence in practical life.

Money Emerges – Carl Menger's Theory of the Origin of Money

The inequality of skills and wants, accompanied with the assumption of a minimum intelligence, leads people to engage in the division of labor and specialization. This, in turn, brings about the need for interpersonal exchange.

The primitive form of an exchange economy is barter. Barter has limitations, however. For instance, under barter, exchange opportunities depend on a double coincidence of wants.

Sooner or later, people (assuming a minimum of intelligence) will realize that using an indirect means of exchange is economically beneficial.

Using an indirect means of exchange increases the opportunities for exchange, as the double coincidence of wants is no longer a requisite for making trading possible.

The indirect means of exchange that becomes universally accepted is called "money."

In Principles of Economics (1871), Carl Menger (1840–1921) theorizes that money emerges spontaneously from market activities, and that free market money emerges out of a commodity (such as precious metals).[3]

Mises later showed with his regression theorem that this must indeed be so, for praxeological reasons: Money must have emerged out of a market; and it must have started out as a commodity.[4]

Money Warehousing

Money is an economic good like any other. As such, it will be economized, like any other good.

People will demand convenient ways of holding and exchanging their money proper.

With people differing in individual time preference, there will be savers (those who hold excess balances of money proper) and investors (those who demand money proper in excess of their actual holdings).[5]

It is against this backdrop that two kinds of money businesses would emerge in the free market: deposit banking (or money warehousing) and loan, or credit, banking.[6]

Deposit banking offers custodian, safeguarding and settlement services to holders of money proper. For instance, holders of money proper can deposit their commodity money with a deposit bank against receiving a money certificate (in the form of a banknote or a sight deposit).

Credit banks would refinance themselves by obtaining genuine savings, that is by issuing interest-bearing bonds. Savers will willingly exchange their money proper against such return-yielding bonds.

The market interest rate will be determined by the supply of and demand for money proper, and so the equilibrium market interest rate will reflect the societal time preference rate. In other words, In a free market, there will quite naturally be a profession which we may call “bankers”: some bankers will work in the money warehousing business (or deposit banking), some in credit banking.

To be sure: In a free market deposit banking and credit institutions will represent legally separate entities, and so we would have the deposit banker, and we would have the credit banker.

The Incentive for Aggression

In a free market, there are only three ways of acquiring property (that is, in a non-aggressive way): homesteading (which actually denotes the “first-user-first-owner principle”), production, and voluntary contracting.

In reality, however, things may be somewhat different.

Franz Oppenheimer pointed out that “There are two fundamentally opposed means whereby man, requiring sustenance, is impelled to obtain the necessary means for satisfying his desires. These are work and robbery, one's own labor and the forcible appropriation of the labor of others.” [7]

The logic of human action tells us that there is – in fact, there must be – for the individual an economic incentive to aggress against other peoples’ property. Two interrelated praxeological insights explain this.

First, we know for sure that an earlier satisfaction is preferred over a later satisfaction of wants; we also know for sure that a satisfaction of wants associated with low costs is preferred over a satisfaction of wants associated with high costs. In other words, individuals try to achieve their ends with as little input as possible and in the shortest period of time.

Second, the process to civilization does not extirpate man’s inclination to aggression. Individual A can be expected to aggress against B (that is against B’s property) if and when he gets away with it—that is, if the (expected) benefits for A from aggressing against B will be higher than the (expected) costs he has to bear by doing so.

It is the individual’s economic incentive to aggress against other peoples’ property that is at the heart of the emergence of what is typically called "government."

A government can be understood as a territorial monopolist of compulsion: an agency that engages in institutionalized property rights violations and the exploitation – in the form of expropriation, taxation, and regulation – of private property owners.[8]

To answer the question, "What do bankers know about the truth about money and banking?", it is necessary to take a closer look at the various forms of government.

To start with, one can make a distinction between governments with a low time preference and governments with high time preference.

At one end of the spectrum is, to borrow a criminal metaphor from Mancur L. Olson (1932–1998), the roving bandit.[9] The roving bandit represents a form of government that has a limited interest in the welfare of society and, as a result, his theft typically approaches 100 percent of society’s income.

The roving bandit does not have to share in the damage his aggression causes to society (in terms of lost income). The time preference of the roving bandit is therefore relatively high. He takes as much from his victims as possible, and there is next to no economic incentive to restrain his stealing.

At other end of the spectrum is the stationary bandit. Like the roving bandit, he also holds the monopoly of coercion over his victims.

However, the stationary bandit has an encompassing interest in society’s welfare. He wishes to keep his victims producing: the more his victims produce, the more there is to take for the stationary bandit.

Sharing in society’s losses, the stationary bandit will make sure that his thievery is limited. The higher the losses in production from thievery are, the lower will be the level of aggression at which the stationary bandit’s take is maximized. The stationary bandit’s time preference will therefore be lower than the time preference of the roving bandit.

Taking a closer look at the stationary bandit, one can make a distinction between private ownership of government (feudalism/monarchy) and public ownership of government (democratic-republicanism).[10]

The caretaker of a privately held government maximizes the present value of the total income which results from expropriating the property of the ruled.

A monarch, for instance, holds the monopoly of expropriation over his victims, and his time preference will be, due to his encompassing interest, relatively low.

In contrast, the caretaker of a publicly owned government will maximize his current income. His time preference will therefore be relatively high.

Public ownership of government means majority voting. The majority of the people decides about who will serve as the temporary caretaker of public ownership of government.

The average voter will support those politicians who are expected (rightly or wrongly) to improve the voter’s economic situation. A voter has every economic incentive to act in this way – irrespective of the fact that the income he may obtain in this way results from expropriating fellow citizens.

The caretaker of public ownership of government, in turn, has an incentive to secure the majority of the voters. He will favor policies of expropriating the (typically few) high income producers to the benefits of the (typically large group) of less productive or nonproductive people.

The important insight here is as follows: public ownership of government will lead to an ongoing erosion of the encompassing interest of the majority of the people in the market income of society, or in other words, society’s time preference will increase.

Government Brings Fraudulent Banking

The rise in society’s time preference is the central explanatory factor for explaining the emergence of fraudulent banking, which is epitomized by a pure fiat money regime.

We know that the caretakers of publicly owned government wish to expropriate resources from the public at large. This can be done most conveniently by (1) obtaining control over money production, (2) replacing commodity money with fiat money, and (3) producing money through credit expansion.

The banking industry and the bankers are therefore the natural ally for government’s planned thievery. In fact, those in government and the bankers will, and logically so, collude for establishing a pure fiat money system.

Bankers realize that they would earn additional revenue if and when they are allowed to issue new money balances through credit expansion (or ex nihilo): making loans beyond the amount of money proper available to them.

They understand that such fractional reserve banking is a fairly profitable undertaking to them, and so the deposit as well as the loan banker will be in favor of merging deposit banking with loan banking.

The temporary caretakers of publicly owned governments are very much in favor of fractional reserve banking, too. Being a first receiver of the new money, government can expropriate resources from the natural owners of things.

Having monopolized the law, it will be relatively easy for government to declare fractional reserve banking legal.

Engaging in fractional reserve banking, however, is risky for the banker. He knows that if and when his counterfeiting is detected, a bank run may ensue, and he would be forced out of business, or worse.

For government, bank failures are fairly undesirable, too. It would bring severe political and economic problems. Most important, defaulting banks endanger access to credit and money on easy terms.

Government will therefore, greatly supported by the bankers, set up a central bank, which will enable and greatly encourage all banks to inflate the quantity of money in a combined effort.

Even with a central bank in place, however, the risk of a bank run is not entirely eliminated. What is needed is for the central bank to have a monopoly over money production.

This is why sooner or later commodity money will be replaced by irredeemable paper, or fiat, money; and fiat money will be granted legal privileges (such as, for instance, legal tender status). To this end, government will make it legal for bankers to suspend the redeemability of outstanding money certificates into money proper.

Collective Corruption

One may wonder: How do government and bankers get away with this – that is fraudulently extracting resources from producers and contractors via issuing inflationary money?

Is it a lack of knowledge on the part of those who are on the losing end of the counterfeiting money regime? Or are the costs of revolting against a pure fiat money regime prohibitively high from the viewpoint of the individual?

An economically reasonable, that is praxeological, answer to this question can be found with (what I call) “collective corruption.” [11]

Once government intervenes in society’s (monetary) affairs, individuals will increasingly develop a disposition for violating other peoples’ property.

By taking advantage of governmental coercive action, an individual can reap the benefits from aggressing against the property of others, while he has to bear only a fraction of the damage his action does to society as a whole.

He has every incentive to act in this way; he would have to bear the losses of whatever opportunity for violating other’s private property he passes up.

A pure fiat money system, once it has set into motion, will lead to collective corruption on the presumably grandest scale.

As is well known, government can secure its support by letting the public at large (actually parts of it) share in the enjoyment of the receipts fraudulently extracted from natural owners of things.

For instance, government will offer reasonably-paid jobs (in particular for the intellectuals and second-hand dealer of ideas). It will also provide firms with public contracts (such as, for instance, for construction and building projects).

With growing government handouts, a growing number of people and businesses will become economically and socially dependent on the continuation (or even further expansion) of government activity.

Quite naturally, resistance against a further expansion of government and the fiat money regime – which necessarily means further violation of individuals’ property rights – will decline.

Clearly, bankers play an important role in spreading collective corruption. It may suffice here to say that a growing number of people will start investing their lifetime savings into fiat-denominated bank deposits and bonds.

Sooner or later people will develop a great interest in supporting government and upholding the fiat money regime – by whatever means deemed necessary.

It Will End in Hyperinflation

Collective corruption, once it has become sufficiently widespread, will lead to hyperinflation – meaning an accelerating increase in the quantity of money, leading to an erosion, or even a total destruction, of the purchasing power of fiat money.

Of course, those in government and bankers have a common interest in avoiding hyperinflation. They prefer a kind of inflation that goes on basically unnoticed, a form of inflation that won't spin out of control.

However, once collective corruption has become widespread and the banking and financial industry has become highly important in terms of financing government and serving as an important hoard for individuals' lifetime savings, the pendulum has already been swung toward hyperinflation.

From praxeology, we know for sure that a fiat money boom will ultimately end in depression. We also know that efforts to escape depression by increasing the quantity of fiat money even further will only postpone the day of reckoning, and that it will raise the costs of the depression in the future.

How will the majority of the people respond to an approaching depression? If and when people can expect to rank among the first receivers of the newly created money (which is actually the case once collective corruption has become sufficiently widespread), the answer appears to be obvious.

The majority of the people may expect to benefit from running the electronic printing press, and they will prefer the running of the electronic printing press over letting government and banks default. Under such an incentive structure the fiat money system would end up in hyperinflation.

In view of what has been said above we can conclude: (1) If and when public ownership of government takes hold, commodity money will be replaced by fiat money. (2) Fiat money leads to collective corruption on a grand scale. And (3), once collective corruption has become sufficiently widespread, the fiat money regime will be destroyed by hyperinflation.

From what has been said above it follows that we know that once a fiat money system has been put in place, banks and bankers have joined – some of them willingly and knowingly, some of them unknowingly – the vast criminal enterprise that is the state.

Being self-interested human beings, bankers can, and must, be expected to know a lot about money and banking. In view of a rather dismal monetary history, such a conclusion would also do much to explain Giovanni di Bicci de' Medici’s dying words to his children: “Stay out of the public eye.”

Thorsten Polleit is chief economist of the precious-metals firm Degussa Goldhandel GmbH. He is also an honorary professor at the Frankfurt School of Finance & Management. He is an adjunct scholar of the Ludwig von Mises Institute and was awarded the 2012 O.P. Alford III Prize in Libertarian Scholarship. His website is www.Thorsten-Polleit.com. Send him mail. See Thorsten Polleit's article archives.

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Copyright © 2012 by the Ludwig von Mises Institute. Permission to reprint in whole or in part is hereby granted, provided full credit is given.

Notes

* A similar version of this paper was held at the 7th annual meeting of the Property and Freedom Society on 29 September 2012 in Bodrum, Turkey.

[1] Parks, T. (2006), Medici Money, Banking, Metaphysics and Art in Fifteenth-Century Florence, Profile Books Ltd, London, p. 3.

[2] "If and as far as labor under the division of labor is more productive than isolated labor, and if and as far as man is able to realize this fact, human action itself tends toward cooperation and association; man becomes a social being not in sacrificing his own concerns for the sake of a mythical Moloch, society, but in aiming at an improvement in his own welfare. Experience teaches that this condition—higher productivity achieved under the division of labor—is present because its cause—the inborn inequality of men and the inequality in the geographical distribution of the natural factors of production—is real. Thus we are in a position to comprehend the course of social evolution.“ Mises, L. v. (1996), Human Action, 4th ed., p. 160-1.

[3] See Menger, C. (2007 [1871]), Principles of Economics, Chapter 8, pp. 257 – 285, esp. 261 – 262: “The origin of money … is, as we have seen, entirely natural and thus displays legislative influence only in the rarest instances. Money is not an invention of the state. It is not the product of a legislative act. Even the sanction of political authority is not necessary for its existence. Certain commodities came to be money quite naturally, as the result of economic relationships that were independent of the power of the state.”

[4] See Mises, L. v. (1996), Human Action, p. 408 – 410; Mises, L. v. (1953), The Theory of Money and Credit, pp. 97 – 123.

[5] On the issue of time preference see Mises, L. v. (1996), Human Action, 4th ed., pp. 483 –

490; also Hoppe, H.-H. (2006), "On Time Preference, Government, and the Process of Decivilization", in: Democracy, The God That Failed, pp. 1 – 43.

[6] In this context see, for instance, Hoppe, H.-H. (2006), "How is Fiat Money Possible? – or, The Devolution of Money and Credit", in: The Economics and Ethics of Private Property, Studies in Political Economy and Philosophy, 2nd ed., pp. 175 – 204.

[7] Oppenheimer, F. (1922), The State, p. 24.

[8] See, for instance, Hoppe, H.-H. (2006), "On Monarchy, Democracy, and the Idea of Natural Order", in : Democracy, The God That Failed, p. 45; also Rothbard, M. N. (2002 [1973]), For a New Liberty, Chapter 3, "The State", pp. 45.

[9] See Olson, M. (2000), Power and Prosperity, Outgrowing Communist and Capitalist Dictatorships, Basic Books, esp. pp. 1 – 24.

[10] In this context see Hoppe, H.-H. (2006), "On Monarchy, Democracy, and the Idea of Natural Order", in: Democracy, The Gold That Failed, pp. 45 – 76, esp. 46 – 48. On democracy see Rothbard, M. N. (2004 [1970]), Power and Markets, Government and the Economy, 4th ed., Chapter 2, 2.B., pp. 19 – 21, and pp. 233 – 245.

[11] See Polleit, T. (2011), Fiat Money and Collective Corruption, in: The Quarterly Journal of Austrian Economics, Vol. 14, No. 4, pp. 397 – 415.

domingo, 2 de maio de 2010

Um inimigo da escola austriaca: tentando responder...

Não vou dar uma aula de economia, pois seria impossível, inclusive para alguém tão motivado em denegrir a chamada Escola Austríaca de Economia. Tampouco vou defender essa "escola", por dois motivos principais: não sou economista, e não sou "austríaco", sendo apenas um amigo da boa ciência, e dos bons métodos científicos.
Assim, vou apenas desmentir os equívocos mais flagrantes do post abaixo:
Um inimigo da escola austriaca de economia (e amigo do Estado keynesiano)

1) "miseanos nostálgicos do padrão-ouro"
PRA: engano; os miseanos não são nostálgicos de nada; eles apenas gostariam que os governos não abusassem de seu monopólio emissionista (coisa de menos de dois séculos) para produzir moeda sem valor e inflação descontrolada; uma moeda que expresse a realidade dos intercâmbios econômicos seria o ideal, mas nem sempre o monopólio estatal do meio circulante garante essa condição. Como se sabe, políticos tem essa peculiaridade de "produzir riqueza do nada", emitindo mais do que o necessário, e gastando "por conta".
É apenas contra essa realidade que os miseanos se revoltam...

2) "elogio do deus Mercado – da sua providente mão invisível, clara versão pseudolaica do Espírito Santo"
PRA: não há elogio, pois seria fazer uma ode à natureza, ou aos quatro pontos cardeais. Os austríacos apenas constatam que existem mercados, em toda e qualquer circunstância, e que os mercados funcionam, por mais que os intervencionistas pretendam corrigir suas supostas "imperfeições" e seu "caráter anárquico, no que eles fazem mais mal do que bem, dado que os homens e suas regras "estáveis" falham mais do que os mercados.

3) "catarse histérica contra o Estado"
PRA: acusação infundada, dado que os austríacos apenas constatam as imperfeições introduzidas pelo Estado, na ansia dos estatistas para "domar" os mercados.

4) "defesa, pelos escolásticos austríacos, da abolição de qualquer política econômica – mesmo daquela, minimalista, levada a cabo por bancos centrais autônomos"

PRA: BCs autônomos são em número extremamente limitado, e mesmo os que são autônomos, como supostamente o americano e o BCE costumam errar além da conta, mantendo, por exemplo, juros artificialmente baixos, para "estimular" a atividade econômica e o crescimento (com criação de empregos). Eles conseguem, assim, criar bolhas e outros desequilíbrios, que persistem pelo tempo em que os mercados "percebem" esses desequilíbrios e os corrigem, implacavelmente.
O nosso anti-austríaco poderia explicar porque é preciso manter juros baixos durante tanto tempo, em completa divergência com os dados de mercado, que sempre buscam a taxa de equilíbrio, aquela que remunera o poupador acima da inflacao e do risco, e abaixo das taxas usurárias que possam ser cobradas por alguns espertos. Mercados sempre corrigem a si mesmos, quem não o faz são os governos, que insistem durante tempo demasiadamente longo em juros fora da taxa de equilíbrio "natural" (que está sempre mudando, o tempo todo).

5) "proposta do anarcocapitalista David Friedman, filho de Milton Friedman, de privatização do aparato judicial de segurança do Estado"
PRA: determinados serviços coletivos -- mais o da segurança do que o da justiça -- podem ser, sim, oferecidos em bases de mercado, bastando alguma regulação pública para que esses mercados funcionem.

6) "caso queira ver a tradução real da sua utopia, é só aportar em Mogadíscio, capital da Somália. Lá verá uma sociedade mercantil-simples sem Estado, fragmentada em feudos"
PRA: Equívoco do anti-austríaco: a Somália não uma sociedade mercantil-simples; é simplesmente uma sociedade anárquica, privada de instituições mínimas, sobretudo sem um mercado funcionando em condições normais, pois os senhores da guerra impõem sua vontade sobre as forças de mercado. O exemplo é extremo e vem apenas oferecido como contrafação de um debate racional sobre como sociedades livres, funcionando em condições normais de mercado, podem escolher entre diferentes sistemas de serviços coletivos.

7) "que M. Friedman teceu elogios rasgados ao liberista Pinochet"
PRA: Mentira, simplesmente mentira. Friedman foi convidado por liberais chilenos para dar algumas aulas de economia em Santiago, tinha horror de ditaduras e do próprio Pinochet, e foi ao Chile dizer justamente ao ditador que a situação econômica não melhoraria enquanto ele pretendesse, como bom militarista que era, dar ordens aos preços. O Chile de Pinochet que Friedman visitou estava longe de ser um Estado liberal, e ainda tinha enormes controles estatais sobre a economia que Friedman justamente combateu.

8) "urge que todo o espectro político tenha uma visão pragmática e dessacralizada seja do mercado ou do Estado."

PRA: talvez seja a única frase sensata de todo o artigo com que sou obrigado a concordar...

Um inimigo da escola austriaca de economia (e amigo do Estado keynesiano)

Para provar que não posto apenas matérias com as quais estou de acordo neste blog, segue abaixo a transcrição de um artigo no Diário do Nordeste online, criticando a recente realização de um congresso do Instituto Von Mises do Brasil sobre a escola austríaca de economia.
O autor abunda em caracterizações e é mais escasso em argumentos substantivos, mas vamos deixar postado para constatar o que pensa (ou quase) um decidido inimigo da escola liberal.
Depois, caberia fazer um exercício, ou dois: ou tentar responder às acusações do autor, ou verificar em que medida o Brasil se aproxima mais das idéias execradas por ele, ou se distancia delas, no sentido desejado por ele.
Paulo Roberto de Almeida
9Shanghai, 3 de maio de 2010)

Debates e ideias
Circo dos horrores
*Manuel Soares Bulcão Neto
Diario do Nordeste online, 2/5/2010

Em 2001 realizou-se, na cidade de Porto Alegre, a primeira edição do Fórum Social Mundial. De pronto, os ideólogos e propagandistas do turbocapitalismo denominaram o congresso de parque temático da esquerda jurássica: uma exposição de tiranossauros stalinistas, velociraptores trotsquistas, saurisquianos populistas, PTerossauros…

A bela Porto Alegre, no entanto, destaca-se por ter uma sociedade civil plural e efervescente. Logo, cedo ou tarde, o antípoda ideológico do FSM haveria de dar o troco “in loco”. Foi o que aconteceu nos dias 12 e 13 de abril do ano em curso. Na mesma arena em que a esquerda mundial realizou, por quatro anos (2001, 2002, 2003 e 2005), o seu espetáculo, a extrema-direita liberal, pelas mãos do Instituto Mises Brasil, armou o seu circo de horrores teratológicos: o I Seminário da Escola Austríaca.

Galinhas de ovos dourados (os miseanos nostálgicos do padrão-ouro), “micos” empresários (os federalistas da escola de Ayn Rand), bodes de duas cabeças (a da esquerda, anarquista; a da direita, capitalista: os asseclas “libertários” de David Friedman) e outros portadores de taras bestialógicas falaram no encontro. Quanto ao lugar-comum dos discursos, não poderia ser mais óbvio: elogio do deus Mercado – da sua providente mão invisível, clara versão pseudolaica do Espírito Santo – e catarse histérica contra o Estado, suposta fonte de todos os males.

O radicalismo e o antiestatismo “a priori” atestam o caráter profundamente religioso desse ultraliberalismo tardio. À guisa de ilustração, cito a defesa, pelos escolásticos austríacos, da abolição de qualquer política econômica – mesmo daquela, minimalista, levada a cabo por bancos centrais autônomos (afinal, o termo “política” remete a Estado, horror!).

Outro exemplo digno de nota é a proposta do anarcocapitalista David Friedman, filho de Milton Friedman, de privatização do aparato judicial de segurança do Estado, o que implicaria a substituição do ordenamento jurídico único por uma miríade de sistemas legais – os indivíduos escolheriam o que melhor lhes conviria – e a quebra do monopólio da violência. Ora, Mr. David, ao contrário do que supõem os illuminati do livre-cambismo, não são os homens suficientemente racionais em seu egoísmo; de modo que, caso queira ver a tradução real da sua utopia, é só aportar em Mogadíscio, capital da Somália. Lá verá uma sociedade mercantil-simples sem Estado, fragmentada em feudos (o federalismo randiano em sua máxima entropia), cada feudo com seu senhor da guerra, seu aparato legal – cortes islâmicas autárquicas – e masmorras privadas. Sim, parodiando Hayek, sustento que o “libertarismo” de direita é o caminho mais curto para a servidão às máfias.

Ainda sobre o antiestatismo dos ultraliberais pós-modernos, ressalvo que nada tem a ver com o de Locke e Montesquieu. Estes, grandes nomes do Iluminismo, travaram luta teórica contra o irracional Estado absolutista; aqueles, darwinistas entusiastas da selva do mercado, o que visam com sua defesa do Estado mínimo ou inexistente é minar o grande (e frágil) legado das revoluções americana e francesa: o Estado de Direito Democrático.

Saudosos do sufrágio censitário, sua implicância não é tanto com o aparato repressivo do Estado (Lembro que M. Friedman teceu elogios rasgados ao liberista Pinochet), mas, sobretudo, com os órgãos de representação popular: instrumentos, segundo eles, a serviço dos inaptos e falhados.

Vivemos uma época de mudanças climáticas catastróficas, provavelmente antropogênicas. Para enfrentar tão grave desafio, urge que todo o espectro político tenha uma visão pragmática e dessacralizada seja do mercado ou do Estado.

Não há mais, definitivamente, espaço para fanáticos superapegados a ideias e desapegados dos homens.

terça-feira, 13 de abril de 2010

2087) Escola Austriaca de Economia: seminario no Brasil e pequeno manual

REcentemente, um leitor deste blog perguntou-me sobre a escola austríaca de economia. Não sou um especialista nessa corrente, sequer um economista, mas conheço algo, por leituras dispersas.
Recentemente ocorreu um seminário sobre o tema no Brasil, como informado neste post do professor Ubiratan Iório, o grande estudioso e propagador da economia austríaca no Brasil, e acaba de ser publicado um pequeno texto síntese no site do Instituto Von Mises, um grande nome da corrente, junto com Friedrich A. Hayek.
A apresentação de Porto Alegre, do Professor Ubiratan Iorio (um arquivo em PowerPoint) encontra-se disponível em http://www.ubirataniorio.org/material.html, no item 3 (powepoints: http://www.ubirataniorio.org/MktPro_POA.ppt).
Desfrutem...
(PRA)

O PRIMEIRO SEMINÁRIO DE ECONOMIA AUSTRÍACA NO BRASIL
Ubuaratan Iorio
13/04/2010

O Instituto Mises do Brasil (IMB) realizou, nos dias 11 e 12 deste mês, em Porto Alegre, um evento auspicioso e que fez brotar um fio de esperança em todos os que prezam a boa teoria econômica e, sobretudo, as liberdades individuais.
Foi o I Seminário de Economia Austríaca – ou seja, sobre a Escola Austríaca de Economia – realizado no Brasil. O evento contou com a participação de ilustres economistas do Mises Institute dos Estados Unidos, como Lew Rockwell, Joe Salerno, Thomas Woods Jr. e Mark Thornton, bem como de David e Patri Friedman, respectivamente filho e neto de Milton Friedman e dos três acadêmicos brasileiros (isso mesmo, somos apenas três!) que se especializaram no assunto, a saber, os Professores Antony Mueller, da Universidade Federal de Sergipe, Fábio Barbieri, da USP-Ribeirão Preto e o autor destas linhas. Entre os brasileiros não acadêmicos, destacamos Helio Beltrão, presidente do IMB e Rodrigo Constantino, ambos brilhantes e vibrantes defensores da causa das liberdades individuais.
Os temas discutidos foram, entre outros, as vidas de Mises, Hayek e Rothbard, a crise mundial sob a perspectiva “austríaca”, a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos, a questão do “homeschooling”, o debate sobre o cálculo econômico no socialismo, o processo de mercado, a desconhecida depressão de 1920-21 nos Estados Unidos e a atuação do Fed na crise imobiliária.
A programação completa pode ser encontrada na página do IMB, www.mises.org.br, que disponibilizará as palestras em breve para os interessados.

Faço questão de deixar registrada a enorme satisfação profissional e pessoal que o evento me proporcionou, depois de ter escrito o primeiro livro sobre o assunto publicado no Brasil (em 1995) e de tantos anos lutando para que os argumentos dos “austríacos” sejam levados a sério diante da arrogância da “mainstream economics”. Para mim – e, certamente, para os professores Mueller e Barbieri – foi motivo de imensa satisfação ser procurado por jovens estudantes de vários estados do Brasil, muitos vindos de distantes cidades do interior e que, cansados da cantilena socialista e keynesiana que campeia em nossos meios acadêmicos, desejam ardentemente abrir os seus espíritos e intelectos a ideias para eles novas e diferentes, como a da Escola Austríaca, que valorizam o indivíduo e mostram, com lógica irrepreensível, que o Estado, na melhor das hipóteses, é um mal necessário e, na pior, um déspota pretensamente esclarecido.
Parabéns à diretoria do IMB! Que venham outros seminários como o de Porto Alegre!
Ubiratan Iorio (http://www.ubirataniorio.org/)

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Hahn's Masterpiece of Macroeconomics
by Jonathan M. Finegold Catalan
Von Mises Institute, on April 13, 2010

Henry Hazlitt's Economics in One Lesson has long been considered by Austrians as the perfect introduction to economics. Hazlitt put a great deal of effort into dispelling the mercantilist and Keynesian myths that pervade contemporary economic thought. However, despite Hazlitt's valuable insights in Economics in One Lesson, his book does not really touch upon Austrian theory.

Students of Austrian economics oftentimes find it necessary to jump from Economics in One Lesson to a much more difficult textbook, such as Mises's Human Action or Rothbard's Man, Economy, and State, without any type of intermediate preparation. Although kudos must be given to any beginning student capable of finishing either treatise, the fact remains that, given the lack of an introduction to the topics put forth in these magna opera, the student, more often than not, walks away with an incomplete understanding.

The Ludwig von Mises Institute has finally filled the gap! It has done so by reintroducing into print Lucien Albert Hahn's long-lost classic, Common Sense Economics. This book represents the climax of Hahn's intellectual journey. It is not just an introduction to sound economics, but also an excellent refutation of Keynesian theory. Through Common Sense Economics, L. Albert Hahn provides the reader with the intermediary step between the basics (Economics in One Lesson) and more advanced material (Human Action).

Lucien Albert Hahn, born in Frankfurt am Main in 1889, was not always sympathetic to liberalism. Honor Croome wrote, "While most economists of his generation were painfully or joyfully making the pilgrimage from a classical to a Keynesian position, he made it in reverse."[1] What makes Hahn's intellectual journey so stunning is that he anticipated and agreed with many of the concepts John Maynard Keynes would later be famous for, only to later recant and simultaneously anticipate a number of the arguments that would be put forth during the neoclassical counterrevolution of the 1970s and 1980s.[2]

L. Albert Hahn was influenced early on by L. Lincoln Hausmann's The Gold Craze, which anticipated Keynesian inflationary theory; in 1920, Hahn published Volkswirtschaftliche Theorie des Bankkredits (Economic Theory of Bank Credit).[3] Although this book never became as popular as John Keynes's General Theory, probably due in large part to the difference in timing — Keynes's magnum opus was published in the midst of the Great Depression — L. Albert Hahn nevertheless developed many of the theories Keynes would later claim as his own. Hahn himself compared Economic Theory of Bank Credit with The General Theory while writing The Economics of Illusion. Ironically, as detailed below, The Economics of Illusion was his dedicated critique of Keynesian theory.[4]

Like Keynes, Hahn's original economic views rested on his rejection of Jean Baptiste Say's law, on the basis that capital accumulation could interrupt the payment of wages. As a result, Hahn put too much emphasis on the importance of consumption. His rejection of capital theory led him to adopt the position that the interest rate reflected only liquidity preference, and so a bank's interest rate acted independently of the volume of savings.

This same lack of a capital theory led Hahn to support monetary inflation as a means of pushing an economy's resources toward full employment. Although Hahn and Keynes differed on specific points, Hahn adopted credit as a panacea[5] 16 years before Keynes published The General Theory.[6] In fact, there is sufficient evidence to suggest that Keynes was influenced by Hahn's early work.[7]

Hahn did not flirt with what he came to call "pre-classical mercantilist" ideals for long. Persuaded by his critics,[8] and witnessing hyperinflation in Germany,[9] by the late 1930s he completely abandoned the theories put forth in Economic Theory of Bank Credit. Hahn publicly abandoned his original thesis by renouncing it in the third edition (1930) of Economic Theory of Bank Credit,[10] and he published a full refutation of Keynes's General Theory in 1949.

This anti-Keynesian treatise, The Economics of Illusion, was written as a series of articles throughout the 1940s. It was probably during this time that Hahn was directly introduced to Austrian capital theory.[11] Hahn was a vocal critic of the Bretton Woods agreement of 1944, and so was the Austrian economist and American columnist Henry Hazlitt.[12] The two cooperated to the point that Hazlitt wrote the introduction to The Economics of Illusion.

While The Economics of Illusion proved a powerful attack on Keynesian economic theory, Hahn had yet to publish a complete and proper treatise on economics. While Economic Theory of Bank Credit was meant to be such a treatise, his ideological shift led him to write Common Sense Economics. In many ways, Common Sense Economics was the revised and most accurate version of Economic Theory of Bank Credit. It was meant as a treatise to expound Hahn's views on the market system.[13] The result was a brilliant book that provides a clear and concise introduction to sound economic theory.

Common Sense Economics begins by explaining the mechanisms of the market within a "stationary economy" — an economy free of the dynamic changes caused by entrepreneurship and shifting preferences.[14] He introduces the reader to the concept of production, exchange, consumption, and wages. Soon enough he begins to explain the role of money in exchange, and finally the concept of time preference and roundabout methods of production.

In the second chapter, Hahn applies the same concepts to a changing economy. It is here that Hahn's Austrian influence, and his full ideological reversal, is best seen. Apart from explaining the economics of labor and employment, he elucidates the role of savings, consumption and investment, and finally sets to rest the belief that a rise in investment could negatively impact "aggregate demand." Hahn also touches upon the negative effects of government distortion of capital markets through taxation.

The book follows with a chapter on inflation and deflation. Correctly arguing against inflation, Hahn attacks central banking for advocating loose credit policies. He also deeply distrusted deflation, thanks in large part to witnessing the consequences of nonsecular deflation on the German economy during the opening years of the Great Depression.[15] Criticizing the Keynesian equating of secular (noncyclical) deflation with stagnation,[16] Hahn notes that in a changing economy it is impossible for there to be a deficiency in the amount of credit as compared to the demand for credit. While he commented very little on the effects of inflation on the capital structure, he treated that issue and business-cycle theory in the next chapter.

Chapter four, "The Business Cycle" is an exposition of Austrian capital and monetary theory. While Hahn allotts a number of pages to disproving alternative business-cycle theories, including underconsumption, overconsumption, and his own liquidity-preference theory, he also spends a great deal of time explaining the effect of credit and interest rates on the capital structure. While his analysis was imperfect, and perhaps not as meticulous as that of Mises or Hayek, he nevertheless accurately pinpointed monetary inflation as the source of the inflationary booms that lead to depression, and placed the blame on the central banks' easy-money policies.

He also correctly suggested that the moment at which the boom will turn to bust is the moment at which the supply of money stops increasing at an accelerating rate, leading to the beginning of a deflationary period, otherwise known as a depression. Much to the benefit of any student looking to move on to advanced Austrian capital theory, Hahn also explained the role of easy credit in elongating the structure of production and inducing entrepreneurs to invest in unprofitable lines of production.

Hahn concluded Common Sense Economics by looking at the role of the stock market in the economy and delving into price-formation theory. He ended the chapter and the book by defending the stock market against the "animal spirits" attacks of John Maynard Keynes and his ilk, disproving the fallacious idea that sudden changes in mass opinion or in investors' psychology could lead to instability in the market.

While the content of Common Sense Economics alone makes it one of the best general introductions to economics, its importance and relevance is heightened by its author's clear writing style, which makes reading his work highly enjoyable. Common Sense Economics proves to be the best bridge between the relatively simpler concepts expounded in books like Economics in One Lesson and the much more difficult theories put forth in such works as Prices & Production, Human Action, and Man, Economy, and State.

Even students who already have a strong understanding of more advanced Austrian concepts should consider reading Hahn's Common Sense Economics, for it will strengthen their foundations in economic theory. It goes without saying that for those looking to provide an educational gift to a friend or family member with the intention of introducing them to Austrian theory, Common Sense Economics is undoubtedly the best choice.

Notes

[1] Croome, Honor, "Common Sense Economics." The Economic Journal, Volume 67, Number 268: December 1957, p. 716.

[2] Boudreaux, Donald J. and Selgin, George A., "L. Albert Hahn: a precursor of Keynesianism and the monetarist counterrevolution." History of Political Economy, Volume 22, Issue 2: 1990, p. 261.

[3] Hahn, L. Albert, The Economics of Illusion. Squier Publishing Co. Inc., New York City, New York: 1949, p. 214.

[4] Ibid., pp. 214–227.

[5] Interestingly, the connection between Keynes and Hahn was established by Hayek in his 1931 essay "Reflections on the Pure Theory of Money of Mr. J.M. Keynes":

"Like so many others who hold a purely monetary theory of the trade cycle (as, for example, Mr. R.G. Hawtrey in this country and Dr. L.A. Hahn in Germany), he seems to believe that, if the existing monetary organization did not make it impossible, the boom could be perpetuated by indefinite inflation."

Hayek, Friedrich, Prices & Production and Other Works. Ludwig von Mises Institute, Auburn, Alabama: 2008, p. 476.

[6] Boudreaux (1990), pp. 262–267.

[7] Hahn (1949), p. 226.

[8] Ibid., p. 214.

[9] Boudreaux (1990), p. 269.

[10] Leeson, Robert, "Influence (Or the Lack of It) In the Economics Profession: The Case of Lucien Albert Hahn." Business Papers and Journal Articles, University of Notre Dame, Australia: 1997, p. 1.

[11] However, Lucien Hahn was probably already well aware of the theories expounded by Ludwig von Mises and Friedrich Hayek.

[12] Henry Hazlitt wrote for the New York Times during the Great Depression and for some years after the Second World War. It was his criticism of the Bretton Woods agreement which caused him to lose his job with the New York Times in 1946; Rockwell Jr., Llewellyn H., "Henry Hazlitt (1894–1993)." Ludwig von Mises Institute. The content of Hazlitt's criticism published in the New York Times was republished by the Ludwig von Mises Institute as From Bretton Woods to World Inflation: A Study of Causes and Consequences.

[13] Hahn, L. Albert, Common Sense Economics. Ludwig von Mises Institute, Auburn, Alabama: 2010, p. viii.

[14] Ibid., pp. 33–34.

[15] Hahn (1949), p. 4.

[16] L. Albert Hahn refers to inflation and deflation as increases and decreases, respectively, in the supply of money. He does not refer to "secular deflation" in the sense of rising productivity and falling prices. George Reisman makes the same point in "The Anatomy of Deflation," Mises Daily, August 18, 2003.


Jonathan M. Finegold Catalán writes from San Diego and studies political science and economics. He blogs at economic thought.net. Send him mail. See Jonathan M. Finegold Catalan's article archives.