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quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Maiores riscos de 2023: o tirano de Moscou e o imperador em Beijing - Eurasia

 

Putin e Xi são os maiores riscos de 2023, diz Eurasia; veja lista

Entre outros riscos apontados pelo relatório, estão: armas de destruição em massa, inflação, Irã e mais

 

Quais são os maiores riscos de 2023, segundo a Eurasia

Marina Toledoda CNN

em São Paulo, 04/01/2023 

 

A Eurasia colocou a Rússia, de Vladimir Putin, e Xi Jinping, da China, como os maiores riscos de 2023, conforme relatório divulgado na terça-feira (3).

Anualmente, o grupo reúne previsões sobre os riscos políticos com maior probabilidade de ocorrer ao longo do ano. A Eurasia é a uma das maiores consultorias de risco do mundo.

Segundo o relatório, “uma Rússia humilhada deixará de ser um jogador global para se tornar o estado desonesto mais perigoso do mundo, representando uma séria ameaça à segurança da Europa, dos Estados Unidos e além”. 

A eurasia avalia que Putin tem pouco a perder com uma nova escalada contra o Ocidente e a Ucrânia, inflingindo ainda mais sofrimento ao povo ucraniano.

Outro grande risco será Xi Jinping, que o grupo aponta ter o maior controle de poder desde Mao Tsé-Tung – fundador da República Popular da China.

“Xi está praticamente sem restrições em sua capacidade de seguir sua agenda política estatista e nacionalista. Com poucos freios e contrapesos sobrando para constrangê-lo e sem vozes dissidentes para desafiar seus pontos de vista, a capacidade de Xi de cometer grandes erros também é incomparável”, diz o relatório.

A eurásia coloca o poder político na China como um desafio global e superestimado “dada a realidade sem precedentes de uma ditadura capitalista de estado tendo um papel tão desproporcional na economia global”.

 

Em terceiro lugar, o relatório coloca as armas de disrupção em massa.

Os avanços tecnológicos resultantes em inteligência artificial irão corroer a confiança social, capacitar demagogos e autoritários e interromper negócios e mercados. Este ano será um ponto de inflexão para o papel da tecnologia disruptiva na sociedade”, aponta.

Para a eurasia, esses avanços terão efeitos políticos e econômicos.

Entre outros riscos apontados pelo relatório, estão: inflaçãoIrã, boom do Tik Tok e mais. Veja a lista completa abaixo.

 

Maiores riscos globais de 2023, segundo a Eurasia

1.              Rússia

2.              Xi Jingping

3.              Armas de disrupção em massa

4.              Ondas de choque de inflação

5.              Irã

6.              Crise energética

7.              Paralisação do desenvolvimento global

8.              Divisão política nos Estados Unidos

9.              Boom do Tik Tok

10.           Escassez de água


quarta-feira, 11 de agosto de 2021

EUA continuam a pressionar o Brasil contra a China - Ian Bremer

 Apesar dos desmentidos, os EUA continuam a fazer pressão para que o Brasil vete a participação da Huawei chinesa no leilão do 5G: usam do cacete e da cenoura.

Como a política externa continua a ser o que era no tempo da submissão do trumpista Bolsonaro aos interesses dos EUA, contra a “China comunista”, é possível que ela persista em prejudicar o Brasil em seus interesses nacionais.

Paulo Roberto de Almeida 


   

We don't get it: Does the US expect its allies to choose between the US and China or not? 

Just a few months ago, US Secretary of State Tony Blinken promised that, although the two countries are in a deepening rivalry over trade, technology and values, Washington "won't force allies into an 'us-or-them' choice with China." 

But as we noted yesterday, it seems that during a recent trip to Brasilia, US National Security Adviser Jake Sullivan gave the impression that if Brazil were to ban Huawei from its national 5G auctions later this year, there could be a NATO partnership in it for Brasilia. 

The US State Department denied that there was a clear quid pro quo — naturally, we shudder to hear those three words again — but Washington certainly appears to be mounting a full-court press to enlist the support of Latin America's largest economy when it comes to facing down the US' "most serious competitor." 

For background, under presidents Donald Trump and Joe Biden, the US has been making the (not entirely crazy) case to allies that it's foolish to allow their most critical communications infrastructure to be built by a company under the influence of a government that they could, one day, be in open conflict with. (The US is, of course, hoping those allies will forget credible accusations that the US has itself spied on its allies.)

But the Brazil case is trickier than most. 

Yes, far-right former army captain Bolsonaro and his supporters have an intense ideological aversion to communist China. And if a NATO partnership were on the table, it would be great to have ties to the most powerful military alliance in history— even if, as Eurasia Group Brazil expert Silvio Cascione pointed out to us, Brazil hasn't waged a war along its borders in 120 years.

Still, the downside for Brazil of cutting Huawei out of its 5G network could be immense. For one thing, all of Brazil's major telecoms companies — which have used Huawei tech for more than two decades — bitterly oppose the move. Last year, they refused to meet with a US official who showed up to talk smack about the Chinese company. That's because Brazil's telcos already use relatively inexpensive Huawei equipment in more than half of their networks, according to a study from last year, and the costs of using comparable European or US-made stuff for new 5G networks would be immense. Brazilian Vice President Hamilton Mourão, seen as a moderating force in the presidential palace, agrees.

More broadly, China could inflict serious harm on the Brazilian economy in response. China has been Brazil's largest trade partner for more than a decade, accounting for about a third of the country's total exports. Much of that comes from Brazil's powerful agriculture sector, which doesn't want to see any ripples in the relationship (even if their friends in the manufacturing sector are furious at Chinese companies for undercutting them on prices in recent years.) 

But the tradeoffs here aren't Brazil's alone.There's also a circle that needs to be squared on the US side, and it has to do with the Biden administration's "values agenda." This White House has made a point of putting support for democracies back into US foreign policy after the rougher realism of the Trump era. But as Sullivan surely is aware, one of the most brazen assaults on democratic institutions in the world right now is happening in… Brazil.

With polls showing that Bolsonaro — who has badly mishandled the pandemic and is now facing corruption allegations — could get trounced in next year's presidential election, he's spent weeks questioning, without evidence, the integrity of Brazil's voting system. Brazil's highest court is launching a probe into his claims, while he is calling that court's top justice a "son of a whore." This is clearly preparation for a possible Trump-style election rejection next year. And as Cascione has warned, a January 6 crisis in Brazil is absolutely possible.

Huawei worries or not, is this the right leader for a NATO partnership? And what does even floating that possibility tell us about how the US ranks "promoting democracy" alongside "challenging China"?
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sábado, 28 de março de 2020

Ian Bremmer: Perto de Bolsonaro, Trump parece o Churchill, diz CEO da Eurasia (Veja)

Perto de Bolsonaro, Trump parece o Churchill, diz CEO da Eurasia

Em entrevista a VEJA, Ian Bremmer diz que o 'lockdown' é fundamental 

para salvar a economia e que o mundo sairá da crise mais desglobalizado

Por Eduardo Gonçalves - Atualizado em 27 mar 2020, 18h43 

O presidente da Eurasia, Ian Bremmer Richard Jopson/

Especialista em calcular o risco de crises no mundo, o presidente e fundador da consultoria Eurasia, Ian Bremmer, se tornou, no âmbito internacional, um dos maiores críticos à forma como o presidente Jair Bolsonaro tem lidado com a crise de coronavírus. Em suas análises diárias, ele já disse à população brasileira que pratique o “distanciamento social” de Bolsonaro e que, comparado com o brasileiro, o presidente norte-americano Donald Trump parece um estadista.
Comandada por Bremmer, a consultoria já fazia projeções de que o mundo passaria por um processo de instablidade política e desglobalização antes do surgimento da pandemia do coronavírus, o que agora só tende a se amplificar. Com escritórios ao redor do mundo, incluindo o Brasil, a instituição produz análises a clientes interessados em saber onde há mais oportunidades e menos riscos para aplicar os seus investimentos. Em entrevista a VEJA, Bremmer afirmou que Bolsonaro era a “melhor oportunidade” para a implementação de uma agenda reformista no país, mas que ele vem colocando isso a perder ao priorizar a economia na fase inicial de uma crise de saúde pública.
Como o sr. analisa os pronunciamentos de Bolsonaro e Trump nesta semana de que é mais importante preservar a economia do aplicar um isolamento total para conter o coronavírus? Os dois estão preocupados com os impactos econômicos da crise, e com a sua popularidade também. Mas Trump parece estar focado em medidas de isolamento e alívio financeiro, enquanto Bolsonaro está mais concentrado no lado econômico da equação. Só que a escolha entre a saúde pública e a economia é ainda mais desafiadora para Bolsonaro, dado que o Brasil não tem as mesmas reservas econômicas que os Estados Unidos. Globalmente falando, Bolsonaro está sozinho nesta equação e está apostando perigosamente cedo na preocupação majoritária com a economia em detrimento da saúde das pessoas que movem essa economia. O tempo dirá se eles pagarão um preço político por isso.
Por que o sr. escreveu que Bolsonaro é um “líder ineficaz”? Os governos que têm anunciado medidas mais drásticas estão sendo recompensados com amplo apoio público. Bolsonaro, por outro lado, insiste em subestimar a gravidade e detona os governadores que vêm adotando ações mais fortes. Isso pode lhe custar um preço muito alto do ponto de vista da opinião pública. O único político eleito que rivaliza com Bolsonaro em ineficácia é o presidente do México, Andrés Obrador, que continua percorrendo o país e fazendo campanha. Comparado com os dois, Donald Trump até parece Winston Churchill (o grande líder inglês na II Guerra Mundial). É importante dizer que o lockdown é fundamental para salvar a economia a longo prazo.
Em março de 2016, a Eurasia classificou o impeachment de Dilma Rousseff como “provável”, o que aconteceu meses depois. Bolsonaro também pode cair? Ainda não estamos na categoria do “provável”, mas esse erro de cálculo dele acaba pondo o afastamento no radar. O potencial de ele sofrer uma queda significativa em sua popularidade e um ambiente político desafiador pós-crise criam essa possibilidade. Agora, é claro, dependerá do que ele vai fazer nos próximos meses. Os momentos mais dramáticos ainda estão por vir. Cada vez mais, Bolsonaro demonstra não ter o caráter nem a capacidade de dar uma resposta efetiva. O único lado positivo é que ele tem um time altamente qualificado, como o ministro da Saúde e a equipe econômica.
Globalmente falando, Bolsonaro está sozinho nesta equação e está apostando perigosamente cedo na preocupação majoritária com a economia em detrimento da saúde das pessoas que movem essa economia
Logo após a eleição de 2018, a Eurasia avaliou que Bolsonaro era a “melhor oportunidade” de implementar uma agenda reformista e que as instituições brasileiras “continuavam sólidas”. Ainda concorda com isso? Sim, mas Bolsonaro está perdendo sua janela de oportunidade para fazer um bom governo. Antes dessa crise, víamos um círculo virtuoso, com um Congresso reformista e uma economia em recuperação. Esse círculo agora está quebrado com a crise. O Parlamento deve se concentrar em medidas de alívio de curto prazo, e o erro de cálculo do presidente pode levar a uma queda no seu apoio popular, o que o fará dobrar a aposta na polarização política. Algumas reformas ainda podem avançar, mas, com esses novos fatores em jogo, nossa equipe brasileira rebaixou as trajetórias de curto e de longo prazo do país. É um erro estratégico do presidente priorizar o crescimento econômico na fase inicial da crise.
Nos últimos relatórios, o sr. disse que a pandemia de coronavírus pode paralisar a globalização no mundo e até promover o fenômeno chamado de ‘desglobalização’? Pode explicar melhor. A trajetória da globalização já estava mudando, diante da guerra fria tecnológica entre os Estados Unidos e a China, bem como a importância reduzida do trabalho dos setores da indústria e serviços (também em grande parte por causa da crescimento tecnológico). Agora, com o coronavírus, teremos uma intensificação dramática desse processo. O mundo provavelmente se afastará mais das cadeias de suprimentos “just in time” para as de “just in case”. Também haverá uma escalada na tensão entre EUA e China.
O que o sr. acha do posicionamento de alguns setores da direita americana e brasileira de que as medidas de reação ao coronavírus podem causar mais danos do que a própria doença? Certamente, este é um dilema crítico. Permitir que a economia reinicie dá chances ao surgimento de novos surtos. A ausência de coordenação nacional e global torna esse problema ainda pior.
O erro de cálculo do presidente Jair Bolsonaro pode levar a uma queda no seu apoio popular, o que o fará dobrar a aposta na polarização política
É possível medir o impacto econômico que a pandemia terá no mundo? E no Brasil? Depois da crise, o mundo emergirá muito mais instável politicamente, o que será uma consequência muito diferente da que vivemos no estouro da bolha imobiliária de 2008 e depois do atentado de 11 de setembro de 2001. Nessas duas épocas, nós tivemos uma crise financeira global, mas a arquitetura geral da ordem geopolítica não mudou. O que nós vemos agora é o crescimento da desigualdade, da fragilização das democracias como o sistema de governança mais atraente, e da dificuldade do mundo em responder coletivamente aos desafios globais futuros, como a inteligência artificial e os problemas ambientais. No Brasil, há uma pobreza maior do que em países do hemisfério norte. Portanto, se o surto de coronavírus tiver a mesma dimensão do que nessas nações, a escala de sofrimento humano será muito maior.