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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sábado, 6 de maio de 2023

Existe alguma estratégia na presente política externa brasileira? - Paulo Roberto de Almeida

 Existe alguma estratégia na presente política externa brasileira?

Durante a velha Guerra Fria geopolítica (1947-1991), a estratégia europeia era mais ou menos a seguinte:
"Keep Russia down, the United States in, and authoritarian China out." O Brasil seguia mais ou menos atrás dos ocidentais.
Parece que na atual Guerra Fria econômica (2010? - ????), a França está se opondo a uma variação similar da estratégia anterior, ao manter a esperança de algum tipo de diálogo com a Rússia e não descartar inteiramente uma relação com a China.
É um problema que os europeus precisam resolver entre eles.
Mas, do ponto de vista brasileiro, existe alguma estratégia definida para a postura que deve manter o Brasil nesse triângulo pouco amoroso?
No que dependesse da corporação profissional do Itamaraty, a estratégia mais adequada seria a tentativa de continuar mantendo uma completa e tradicional autonomia entre os três gigantes e meio da equação geopolítica atual.
Mas, no que depende da visão do atual chefe de Estado e do seu partido, parece haver uma inclinação por uma nova ordem mundial, o que significa tender ligeiramente para o lado de Rússia e China, pois que o atual hegemon americano e seu aliado europeu seriam os representantes do velho imperialismo ocidental, antigo colonialismo europeu, supostamente inimigos do desenvolvimento autônomo do Brasil e de um alegado Sul Global.
Esse vai ser o caminho a ser seguido pela política externa e pela diplomacia brasileira nos próximos 4 anos?
Brasília, 6 de maio de 2023