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sábado, 11 de outubro de 2014

A Utopia pouco Concreta dos orfaos do socialismo - Jean-Francois Revel (book)


Abri, nesta sexta-feira este livro de Jean-François Revel, Last Exit to Utopia: The Survival of Socialism in a Post-Soviet Era (New York: Encounter Books, 2009), que havia encomendado uma semana antes no site da Abebooks: me custou 20 dólares menos do que o preço marcado na orelha do livro, para venda de exemplar novo em livraria: US$ 23.95 (mais o frete, exatamente igual ao preço do livro, ou seja, um total de menos de 8 dólares; ele custa 75 reais no site da Livraria Cultura).
Eu tinha conhecimento da edição francesa do livro, La Grande Parade. Essai sur la survie de l'utopie socialiste (Paris: Plon, 2000), mas não o encontrei nas livrarias quando morei em Paris em 2012. Devia ter comprado outros, pois, pois agora, os preços em euros e de frete da Abebooks.fr são bem menos competitivos do que a rede americana.
O título em inglês traduz exatamente o significado da obra, já que o título original não se adaptaria bem a uma tradução literal, dados os significados múltiplos de parade, e o tradutor americano, Diarmid Cammell, -- que já tinha traduzido L'Obsession Anti-américaine, que eu li em Português --, realizou uma obra admirável, deixando vários conceitos em francês mas explicando ao leitor americano o seu significado em footnotes.

Mas, o que interessa aqui, depois dos lamentáveis debates eleitorais do primeiro turno, seria recuperar o conceito de utopia, já que uma candidata -- que precisa estudar muito muito antes de se candidatar a qualquer outra coisa, começando por síndica do seu condomínio; vejam esta brincadeira séria que fizeram de sua ignorância enciclopédica alunos inteligentes da UnB: http://www.brasilpost.com.br/2014/09/22/luciana-genro-entrevista_n_5865358.html -- se referiu várias vezes a suas crenças (sim, crenças) como sendo uma "utopia concreta".

Ora, este livro do conhecido polemista francês -- cujos primeiros livros eu tinha conhecido muito cedo, quando eu ainda era um estudante esquerdista ao recém chegar na Europa e me deparar com o seu Ni Marx, Ni Jesus -- se dedica justamente a desmantelar as utopias socialistas que conseguiram sobreviver ao desmantelamento do muro de Berlim, do império soviético e da própria experiência histórica do socialismo real. O que sobrou, ele reconhece, foram ideias, e ideias são bem mais resistentes do que as construções humanas, como já tinha reconhecido paralelamente François Furet, um grande historiador liberal, tocquevilleano, mas que tinha vindo, como muitos, do marxismo, e até do PCF, que ele abandonou logo depois do massacre de Budapeste e do XX congresso do PCUS. Eu fiz uma grande resenha do seu livro Le Passé d'une Illusion, que pode ser lida neste post.

O socialismo deu dois suspiros e depois morreu, a despeito de remanescentes ridículos aqui e ali -- pequenas ilhas de miséria, uma vez que a China é um imenso experimento de capitalismo autocrático, o que pode parecer uma contradição anti-Friedmaniana, de Capitalism and Freedom -- mas ainda sobraram, justamente no terreno das (más) ideias, esses órfãos do socialismo, todos eles burgueses ou pequenos burgueses vivendo confortavelmente no capitalismo, e que insistem em continuar propagando utopias, na verdade muito pouco concretas.

Esse pessoal se reagrupou na última fortaleza inexpugnável do socialismo, o terreno da utopia. O socialismo em si, como explica Revel, não é imune a críticas. Mas a utopia está além e acima de qualquer recriminação. Ela é simplesmente inatacável, já que não se reporta a nenhum sistema existente, mas a uma vaga aspiração a um porvir melhor.
O socialismo sempre pode ser criticado, pelas falhas dos seus promotores -- eles "não fizeram direito o serviço", houve defeitos aqui e ali, se não fosse o capitalismo, mas o "ideal sempre foi válido" -- mas a utopia está fora do alcance de críticas concretas.

Pois bem, mas quando a candidata desmiolada e ignorante -- mas que ainda assim amealhou um bocado de votos, e não se sabe se os seus eleitores eram igualmente desmiolados e ignorantes, mas ela certamente era -- se referiu à sua "utopia concreta", não me lembro de alguém ter-lhe perguntado o que, exatamente, ela pretendia dizer com isso. Acho que ninguém, e nem mesmo ela saberia explicar, pois a verdade é que ela não sabe, não tem a menor ideia e nem pretende ter, pois não tem tempo de estudar, como lhe recomendaram os estudantes (que eles, sim, estudaram o socialismo e viram que não dá certo, o que Ludwig von Mises já tinha comprovado desde 1919).

Não sei se este livro de Revel já foi traduzido para o Português (qualquer um) e publicado no Brasil ou em Portugal, mas deveria: eu poderia oferecer um exemplar a essa candidata ignorante, se ela se comprometesse a lê-lo, o que eu duvido que faria, pois poderia abalar as suas convicções.

Mas, pelo que vejo pelos debates online nas redes de comunicação social acho isso impossivel. O pessoal que é true believer, ou seja, os criacionistas políticos, que são os órfãos do socialismo, são totalmente infensos a qualquer raciocínio lógico que venha a negar as suas crenças mais arraigadas, exatamente como os criacionistas, que acham que o mundo só tem um pouco mais de 4 mil anos e que os dinossauros (que conviveram obviamente com os homens, pois que também foram criados por deus em algum momento de distração) só não sobreviveram porque não couberam na arca de Noé.

Esse pessoal está além, acima, fora do escopo de qualquer argumento histórico, lógico, filosófico, experimental, simplesmente behaviorista (que elas chamariam de positivista, como se soubessem do que se trata), e estão completamente perdidos em sua nave da utopia.

São esses que sustentam a candidata desmiolada -- a verdadeira, não a utópica -- a despeito de reconhecerem que ela não é exatamente o ideal com quem sonhavam, e são esses que  inventam todas as mentiras que depois vão servir aos menos informados (que estão em todas as regiões do país) como prova de que estão fazendo o melhor possível neste governo possível.
Eles são impossíveis.

Mas, se você não é um true believer, se você não é um criacionista político, você vai gostar de Jean-François Revel, de qualquer livro dele, embora este seja um dos mais adaptatados à nossa época e aos nossos problemas. Ele vai curá-lo de um monte de bobagens que você vai ouvir (ou já ouviu) de seu professor em classe, como também de candidatos que precisariam voltar para as salas de aula, como aquela candidata da utopia concreta que não teve vergonha de afirmar verdadeiras barbaridades nas suas aparições de TV. E o pior é que ela acreditava estar dizendo coisas geniais. Mais pior ainda, como diria o chefe da quadrilha, é que um monte de "babacas" se deixaram levar pelas suas palavras e ainda votaram no estupor.
Se eles tivessem lido este livro, não correriam esse risco.
Acho que se comprarem na Abebooks, mesmo pagando 11 ou 15 dólares de frete, ainda sai mais barato do que comprar na Cultura. Recomendo.
Boa noite, sem utopias...

Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 11 de outubro de 2014.

PS: Recomendo uma visita ao site dedicada a ele e sua obra, que tem, inclusive, algumas referências em Português:

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Book Review: Capital in the Twenty-first Century - Lewis Hunter (Mises Daily)

O Capital no Século XXI, do economista francês Thomas Piketty, vem fazendo sucesso em diversos meios, especialmente naqueles jamais convencidos de que o sistema capitalista, com todas as suas desigualdades e injustiças de que ele é (involuntariamente) capaz, é, de longe, o melhor sistema para criar E DISTRIBUIR riquezas, ao contrário de todos os demais inventados pelos homens e sociedades, que nada mais são do que receitas mal concebidas para a ineficiência e a baixa produtividade.
Nesta resenha crítica, Hunter Lewis (do Mises Daily) demonstra como os dados improváveis do livro destroem as teses principais de Piketty, e que elas na verdade contradizem seus principais argumentos.
Ou seja, mesmo aqueles que achavam que os dados eram fiáveis, ainda que as prescrições de correção das "desigualdades" fossem totalmente políticas, e não econômicas, podem ter agora certeza de que o livro não merece todos os elogios que tem recebido.
Ele é, mal comparando, o refúgio mais recente de todos aqueles que pretendem ainda descobrir uma fórmula mágica para escapar das duras realidades da vida cotidiana, e que ficam buscando algum embasamento empírico para contradizer os supostos benefícios do capitalismo, que podem não ser do agrado dos órfãos do socialismo, mas são os que existem de mais concreto em nossa civilização, acima, além e em descrédito dos sonhos e utopias.
Certamente haverá mais resenhas do livro, mas o que se necessita, na verdade, é a análise dos dados, como se faz com todos os experimentos científicos de qualidade.
As pessoas elogiam Piketty porque se impressionam com a quantidade de dados e não se aventuram na busca de seu embasamento empírico, segundo o alinhamento preferido pelo autor, e se intimidam com gráficos e tabelas.
Economistas sérios devem desmentir suas teses principais, e sobretudo a inconsistência de suas prescrições políticas, ou morais, que tem pouco a ver com a realidade.
Paulo Roberto de Almeida



by Hunter Lewis on May 2, 2014


Keynes’s keynote book, The General Theory, is loaded with economic theory. There are only two pages of data in that book, and Keynes dismisses the scant data he cites as “improbable.” By contrast, Piketty’s new book, Capital in the Twenty-first Century, is stuffed with data. Indeed Piketty considers himself a successor to the economist whose data Keynes dismissed, Simon Kuznets. Almost everyone admits that Piketty’s theoretical case is weak — but, his supporters say, look at all this data. You can’t argue with this mass of historical evidence!
Piketty’s primary argument is that wealth (which tends to be concentrated in few hands) grows faster than the economy, so that those with a lot of wealth keep getting richer relative to everyone else. This is supposed to be an inescapable feature of capitalism. (If this sounds familiar, it should be. It echoes both Marx and Keynes, although we should remember that Keynes mocked most of what Marx said as “hocus-pocus.”)
So what then is the evidence that wealth has grown faster than the economy?
Let’s look at the chart below, adapted from Piketty’s book. The top line is return on capital and the bottom line is the economic growth rate. The top line is supposed to be how the rich are faring and the bottom line how the average person is faring. Note that the lines on the far right are just a projection of Piketty’s, and not actual history.
This chart is astonishing for many reasons. First of all, it suggests that capital earned a 4.5 percent or higher return for the years 0-1800 C.E. This is a crazy number. If the human race had started out with only $10 in year 1 and compounded it at 4.5 percent a year for any series of 1,800 years, by now we would have much, much more than a trillion times the entire world’s wealth today, which is estimated at $241 trillion by Credit Suisse.
The 4.5 percent or higher number is also crazy because Piketty is right that there was negligible economic growth prior to the industrial revolution, and such high returns for the rich are just not consistent with so little growth. The truth is that rich people for most of those years were interested in spending or hiding their wealth, not in investing it, because wealth out in the open was likely to be stolen, if not by bandits, then by government.
If you look closely at the more modern part of the chart and ignore the projection into an unknown future, you will see that the lines do not support Piketty’s thesis. His idea that the rich will always necessarily get richer relative to everyone else under capitalism is not supported by the data he presents.
The next chart shows the share of wealth of the 10 percent richest in Europe over time (dark-blue, top line), the share of wealth of the 10 percent richest Americans (the light-green, second line from top), the share of wealth of the top 1 percent Europeans (the light-blue, third line from top), and the share of wealth of the top 1 percent Americans (the dark-green, fourth line from top). This chart doesn’t support Piketty’s thesis either. Yes the share of the rich has grown since 1970, but only after falling previously.
The next chart is one that I have commented on in an earlier article. It shows the income of the top 10 percent in the US over time as a percent of all income. Income in this case includes capital gains which arguably are not true income, but rather the exchange of one asset for another, and excludes government transfer payments which make a considerable difference to the results. Even so, once again we do not see an inexorable rise in the income of higher earners over time, far from it.
What we actually see is two peaks for high earners, right before the crash of 1929 and again before the crash of 2008. These are the two great bubble eras in which government printed too much new money, which led to a false and unsustainable prosperity. These were also crony capitalist eras, as rich people with government connections used the new money to become even richer or benefited from other government favors.
Unfortunately world central banks have blown up yet another bubble in capital markets following the crash of 2008, which has again brought the high earners share back to 50 percent in 2012, based on data that became available after the book’s publication. This newest bubble too will eventually burst and bring the share back toward the 40 percent level of 1910, the start of the chart.
Perhaps the most astonishing claim in Piketty’s book is that government bureaucracies need to be reformed so that they can make most efficient use of all the new income and wealth taxes that are recommended. The assumption is that almost complete government control of the economy would be best, but that     the machinery needs some fine tuning.
Economist Ludwig von Mises demonstrated almost 100 years ago that a state managed economy will simply not work, because among other problems it cannot set workable prices. Only a consumer run economy can do that. Socialists have been trying to disprove Mises’s thesis ever since, but have never succeeded. Piketty should at least read Mises.
Note: The views expressed in Daily Articles on Mises.org are not necessarily those of the Mises Institute.
Comment on this article. When commenting, please post a concise, civil, and informative comment. Comment Policy.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Ludwig Von Mises: nascido em 29 de Setembro - homenagem de Rodrigo Constantino

29/09/2013
 às 17:56 \ Filosofia política

A liberdade segundo Mises

Dia 29 de setembro de 1881 nascia Ludwig von Mises, um dos maiores expoentes da Escola Austríaca e defensores do liberalismo. Em sua homenagem, segue um texto que tenta resumir um pouco seus pensamentos políticos:
A liberdade segundo Mises
“O governo é o garantidor da liberdade e é compatível com a liberdade somente se seu alcance for adequadamente restrito à preservação do que é chamado de liberdade econômica.” (Mises)
Em sua obra-prima Ação Humana, o economista austríaco Ludwig von Mises define seu conceito de liberdade, assim como as funções adequadas para o governo numa sociedade livre. Mises foi um dos grandes defensores do livre mercado, argumentando sempre com base nos resultados deste modelo. A civilização conseguiu sair da barbárie e atingir razoável grau de prosperidade graças ao sistema capitalista, com base na propriedade privada e divisão de trabalho. Preservar estes pilares foi o grande objetivo de Mises.
Para ele, o conceito de liberdade faz sentido somente quando falamos de relações inter-humanas. A liberdade “natural” de um Robinson Crusoé isolado na ilha não fazia muito sentido para Mises, pois tal “liberdade” duraria apenas até ele encontrar um concorrente mais forte em seu caminho. Na fria biologia, o mais forte está com a razão. Neste sentido, Mises pensava que o homem primitivo não nasceu livre. Sua liberdade teve que ser conquistada.
O homem é livre, segundo Mises, quando ele pode escolher os fins e os meios que serão usados para atingir tais fins. Entretanto, para preservar esta própria liberdade, os indivíduos devem estar protegidos contra a tirania dos mais fortes ou espertos. Uma instituição é necessária para evitar os comportamentos antissociais de alguns elementos. A paz só seria alcançada pelo estabelecimento de um sistema no qual o poder de usar a violência fosse monopolizado por um aparato social de coerção, regulado por determinadas regras. Este aparato é normalmente chamado de governo.
Desde que o governo fique restrito ao uso da violência ou ameaça de violência para a supressão e prevenção de ações antissociais, então prevalece razoavelmente o que podemos chamar de liberdade. O poder de escolha dos indivíduos continua valendo. E mesmo sem um governo impondo as leis, o indivíduo não poderia ter ao mesmo tempo as vantagens derivadas da cooperação social e os prazeres de exercer livremente seus instintos animais de agressão. Não é possível ter e comer o bolo ao mesmo tempo. Usufruir da paz e dos incríveis benefícios da sociedade livre pressupõe abrir mão de certos prazeres. O benefício compensa, e muito!
Mas, se o governo faz mais do que proteger as pessoas contra a violência ou a fraude por parte de indivíduos antissociais, ele reduz a esfera da liberdade individual. Desta forma, Mises define a liberdade como o estado em que cada indivíduo é livre para escolher, sem a restrição da violência do governo além da margem em que a lei da praxeologia restringiria de qualquer maneira. Os indivíduos são livres quando podem praticar suas trocas voluntárias, contando com o aparato do governo somente para impedir a agressão alheia.
Mises acreditava que o alistamento obrigatório e a arrecadação de impostos não eram incompatíveis com esta visão de liberdade. Em um mundo repleto de agressores em potencial, o pacifismo integral e incondicional seria sinônimo da rendição aos opressores mais nefastos. Aqueles que desejam continuar livres devem estar dispostos a lutar pela liberdade contra os agressores.
Mas, como as tentativas isoladas de reação por parte de cada indivíduo estariam fadadas ao fracasso, a única forma viável de organizar a resistência, para Mises, seria por meio do governo. A função essencial do governo é a defesa do sistema social livre contra criminosos internos e também inimigos externos. Mises achava que os opositores desta função do governo eram ingênuos e, sem saber, estavam ajudando aqueles que desejam a escravidão de todos.
Para manter o aparato governamental, com cortes, polícia, prisões e forças armadas, Mises considerava inevitável e legítimo o uso dos impostos. Segundo ele, isso não seria incompatível com uma sociedade livre. Mas, caso o governo fosse além desta função, expandindo seu poderad libitum, então a economia de mercado seria abolida e substituída pelo totalitarismo socialista. Para prevenir este risco, torna-se necessário limitar o poder do governo. É para esta finalidade que temos as constituições, as leis, os direitos dos cidadãos. E esse é o significado de todas as lutas que os homens têm realizado pela liberdade. Vigiar o vigia é fundamental para preservar a liberdade.
Porém, nenhum desses mecanismos é realmente eficiente sem o arcabouço da opinião pública por trás. Mises depositava enorme importância no poder das idéias. E sabia que os inimigos da liberdade também, tanto que sempre buscaram reverter o sentido das palavras como tática para confundir. Reconhecendo o valor que o Ocidente dá ao conceito de liberdade, os advogados do totalitarismo deturparam seu sentido.
A liberdade de imprensa, por exemplo, passa a ser a liberdade do governo decidir o que deve ou não ser publicado, o que é o oposto da verdadeira liberdade. Já a liberdade individual seria a oportunidade de fazer as coisas “certas”, sendo que estas coisas seriam definidas, naturalmente, por aqueles autoritários que se arrogam o direito de dizer o que é certo para os outros.
Em suma, a onipotência do governo seria a liberdade para estas pessoas. E para Mises, seria inútil rebater a estas táticas com o argumento de direito “natural” de propriedade, se as outras pessoas considerarem como “natural” o direito a uma renda igualitária, por exemplo. Tais disputas, segundo Mises, não podem ser resolvidas de forma simples. Ele sempre preferiu o argumento utilitarista, mostrando quais resultados certas ações humanas implicam, sem fazer julgamento de valor. O que ele fez, com maestria, foi demonstrar que o socialismo levaria ao término do progresso da civilização, ou, melhor dizendo, dela mesma!

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Lei de Say e sua "inversao" por Keynes - Ludwig von Mises

Lord Keynes e a Lei de Say

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I
A principal contribuição de Lord Keynes não esteve no desenvolvimento de novas ideias, mas, sim, “em fugir das antigas”, como ele mesmo declarou no fim do prefácio de sua Teoria geral. Os keynesianos dizem-nos que seu feito imortal consiste na refutação cabal do que veio a ser conhecido como Lei dos Mercados ou Lei de Say. A negação dessa lei, afirmam, é a essência de todas as lições de Keynes; todas as outras proposições de sua doutrina derivam, por necessidade lógica, desse insight fundamental e têm de ruir se o fracasso desse ataque na Lei de Say puder ser demonstrado. [1]
É importante compreender agora que aquilo que é chamado de Lei de Say foi, num primeiro momento, proposto como refutação de doutrinas popularmente aceitas nos tempos anteriores ao desenvolvimento da economia como um ramo do conhecimento humano. Ela não era uma parte integrante da nova ciência econômica conforme ensinada pelos economistas clássicos; era, antes, um preâmbulo — a revelação e a eliminação de ideias deturpadas e insustentáveis que turvavam a mente das pessoas e eram um sério obstáculo à analise racional das circunstâncias.
Sempre que os negócios iam mal, os comerciantes comuns tinham duas explicações à mão: o mal era causado por uma escassez de moeda e por uma superprodução geral. Adam Smith, em uma famosa passagem de A riqueza das nações, implodiu o primeiro desses mitos. Say dedicou-se predominantemente a uma refutação meticulosa do segundo mito.
Contanto que algo determinado seja um bem econômico e não um “bem gratuito”, sua demanda obviamente não é absolutamente abundante. Ainda há necessidades não satisfeitas que uma oferta maior do bem considerado poderia satisfazer. Ainda há pessoas que gostariam de obter mais desse bem que estão de fato obtendo. Em relação aos bens econômicos, nunca pode haver superprodução absoluta. (E a economia lida apenas com bens econômicos, não com bens gratuitos como o ar, que não são objeto de ações humanas que obedeçam a finalidades, e, portanto, não são produzidos, e em relação aos quais o emprego de termos como subprodução e superprodução simplesmente não faz sentido.)
Em relação aos bens econômicos, pode haver apenas superprodução relativa. Enquanto os consumidores estão demandando quantidades determinadas de camisas e de sapatos, os produtores fabricam, digamos, uma quantidade maior de sapatos e uma quantidade menor de camisas. Isso não é uma superprodução geral de todos os bens. À superprodução de sapatos corresponde uma subprodução de camisas. Consequentemente, o resultado não será uma depressão geral de todos os ramos produtivos, mas, sim, uma mudança nos termos de troca entre sapatos e camisas. Se, por exemplo, anteriormente um par de sapatos poderia comprar quatro camisas, agora ele compra apenas três camisas. Enquanto os negócios vão mal para os fabricantes de sapatos, eles vão bem para os fabricantes de camisas. As tentativas de explicar a depressão geral do comércio referindo-se a uma suposta superprodução geral são, portanto, falaciosas.
Bens, diz Say, são pagos, em última análise, não com dinheiro, mas com outros bens. O dinheiro é simplesmente o meio de troca mais comumente utilizado; ele desempenha apenas um papel intermediário. O que o vendedor quer receber em troca pelos bens vendidos são, em última análise, outros bens. Cada bem produzido é, por conseguinte, um preço, digamos assim, por outro bem produzido. Qualquer aumento na produção de um bem melhora a situação do produtor de qualquer outro bem. O que pode prejudicar os interesses do produtor de um bem determinado é não antecipar corretamente o estado do mercado. Ele superestimou a demanda dos consumidores por seu bem e subestimou sua demanda por outros bens. Os consumidores não veem utilidade nesse empreendedor atrapalhado; eles compram seus produtos apenas a preços que o fazem acumular prejuízos, e eles o forçam, caso ele não corrija seus erros a tempo, a deixar o mercado. Por outro lado, aqueles empreendedores que foram bem-sucedidos na antecipação da demanda do público colhem lucros e têm condições de expandir suas atividades produtivas. Essa, diz Say, é a verdade por trás das afirmações confusas dos homens de negócios de que a principal dificuldade não está na produção, mas na venda. Seria mais apropriado declarar que o primeiro e principal problema dos negócios é produzir da melhor e mais barata maneira aqueles bens que satisfarão as mais urgentes necessidades ainda insatisfeitas do público.
Assim, Smith e Say demoliram a explicação mais antiga e ingênua do ciclo de negócios, estabelecida pelas expansões populares de negociantes ineficientes. É verdade que seu feito foi meramente negativo. Eles implodiram a crença em que a recorrência de períodos de maus negócios era provocada por uma escassez de moeda e por uma superprodução geral. Mas eles não nos deram uma teoria elaborada do ciclo de negócios. A primeira explicação desse fenômeno foi proporcionada muito mais tarde, pela British Currency School.
As importantes contribuições de Smith e de Say não foram inteiramente novas e originais. A história do pensamento econômico pode registrar alguns pontos essenciais de seu pensamento em autores mais antigos. Isso de maneira alguma deprecia os méritos de Smith e de Say. Eles foram os primeiros a lidar com o assunto de modo sistemático e a aplicar suas conclusões ao problema das depressões econômicas. Eles foram também, portanto, os primeiros contra os quais os defensores de doutrinas populares espúrias dirigiram seus violentos ataques. Sismondi e Malthus escolheram Say como o alvo de uma saraivada de críticas quando tentaram — em vão — salvar os preconceitos populares desacreditados.
II
Say emergiu vitoriosamente de suas discussões com Malthus e Sismondi. Ele provou sua tese, ao passo que seus adversários não conseguiam provar a deles. Assim sendo, durante todo o resto do século XIX, o reconhecimento da verdade contida na Lei de Say era a marca distintiva de um economista. Aqueles autores e políticos que tornavam a suposta escassez de moeda responsável por todos os males e advogavam a inflação como uma panacéia não eram mais considerados economistas, mas “monetaristas ranzinzas”.
Os embates entre os defensores da moeda estável e os inflacionistas perpetuaram-se por muitas décadas. Mas não eram mais considerados uma controvérsia entre várias escolas econômicas. Eram vistos como um conflito entre economistas e anti-economistas, entre homens racionais e fanáticos ignorantes. Quando todos os países civilizados haviam adotado o padrão ouro ou o padrão de trocas em ouro, a causa da inflação parecia ter perdido para sempre.
A economia não se contentou com o que Smith e Say haviam ensinado sobre os problemas envolvidos. Ela desenvolveu um sistema integrado de teoremas que demonstrava convincentemente o absurdo dos sofismas inflacionistas. Ela retratou em detalhe as consequências inevitáveis de um aumento na quantidade de moeda em circulação e de uma expansão de crédito. Ela elaborou a teoria monetária ou de circulação do crédito do ciclo de negócios que demonstrava claramente como a recorrência de depressões comerciais é provocada pelas tentativas repetidas de “estimular” os negócios por meio de expansão de crédito. Assim, ela provou conclusivamente que a depressão, cujo surgimento os inflacionistas atribuíam a uma insuficiência da oferta de moeda, é, pelo contrário, a consequência necessária de tentativas de remover essa suposta escassez de moeda por meio de expansão do crédito.
Os economistas não contestaram o fato de que uma expansão de crédito em seu estágio inicial promove o crescimento dos negócios. Mas eles salientaram que esse crescimento artificial necessariamente ruirá após um tempo e produzirá uma depressão geral. Essa demonstração
poderia seduzir estadistas preocupados com a promoção do bem-estar duradouro de seu país. Ela não poderia influenciar demagogos que não se importam com nada exceto com o sucesso nas próximas eleições e que não se preocupam minimamente com o que acontecerá depois de amanhã. Mas são exatamente essas pessoas que se tornaram soberanas nesse tempo de guerras e de revoluções. A despeito de todos os ensinamentos dos economistas, a inflação e a expansão de crédito foram erguidas ao posto de primeiro princípio de política econômica. Quase todos os governos estão agora comprometidos com gastos irresponsáveis e financiam seus déficits emitindo quantidades adicionais de papel-moeda não-resgatáveis e com expansões creditícias ilimitadas.
Os grandes economistas foram arautos de novas ideias. As políticas econômicas que eles recomendavam discrepavam das políticas praticadas por governos contemporâneos e por partidos políticos. Por via de regra, muitos anos, até mesmo décadas, passavam antes que a opinião pública aceitasse as novas ideias transmitidas pelos economistas e antes que as necessárias mudanças correspondentes nas políticas fossem efetuadas.
Tudo foi diferente com a “nova economia” de Lord Keynes. As políticas que ele defendia eram exatamente aquelas que quase todos os governos, inclusive o inglês, já haviam adotado muitos anos antes de sua Teoria geral ser publicada. Keynes não foi um inovador e defensor de novos métodos de gerir assuntos econômicos. Sua contribuição consistiu, na verdade, em oferecer uma justificação visível às políticas que eram populares entre aqueles no poder apesar do fato de todos os economistas verem-nas como desastrosas. Seu feito foi racionalizar as políticas já praticadas. Ele não foi um “revolucionário”, como alguns de seus adeptos chamavam-no. A “revolução keynesiana” ocorreu antes de Keynes aprová-la e fabricar uma justificação pseudo-científica para ela. O que ele de fato fez foi escrever uma defesa das políticas prevalentes dos governos.
Isso explica o rápido sucesso do seu livro. Ele foi recebido entusiasticamente pelos governos e pelos partidos políticos dominantes. Um novo tipo de intelectuais foi particularmente arrebatado: os “economistas do governo”. Eles haviam sentido um peso na consciência. Eles estavam cientes do fato de que estavam executando políticas que todos os economistas condenavam como indesejáveis e desastrosas. Agora eles se sentiam aliviados. A “nova economia” restabeleceu seu equilíbrio moral. Hoje eles não se envergonham mais de ser o faz-tudo de políticas ruins. Eles se glorificam. Eles são os profetas do novo credo.
III
Os epítetos exuberantes que esses admiradores conferiram à sua obra não obscurecem o fato de que Keynes não refutou a Lei de Say. Ele a rejeitou emocionalmente, mas não apresentou um único argumento sustentável para invalidar seu fundamento lógico.
Keynes tampouco tentou refutar por meio de raciocínios discursivos as lições da economia moderna. Ele optou por ignorá-las, e isso foi tudo. Ele nunca enunciou qualquer palavra de crítica séria contra o teorema de que aumentar a quantidade de moeda não pode produzir nada exceto, por um lado, favorecer alguns grupos em detrimento de outros grupos, e, por outro lado, promover investimentos ruins e dissipação de capital. Ele se perdia completamente quando se tratava de apresentar qualquer argumento sólido para demolir a teoria monetária do ciclo de negócios. Tudo que ele fez foi reviver os dogmas auto-contraditórios das várias seitas do inflacionismo. Ele não acrescentou nada às suposições de seus predecessores, da antiga Birmingham School of Little Shilling Men à Silvio Gesell. Ele simplesmente traduziu seus sofismas — refutados uma centena de vezes — para a linguagem questionável da economia matemática. Ele ignorou todas as objeções que homens como Jevons, Walras e Wicksell — para citar apenas alguns — opunham às expansões dos inflacionistas.
O mesmo ocorre com seus discípulos. Eles pensam que chamar “aqueles que não conseguem comover-se admirados com o gênio de Keynes” de coisas como “idiotas” ou “fanáticos bitolados” [2] substitui o raciocínio econômico sólido. Eles acreditam que provaram sua tese repudiando seus adversários como “ortodoxos” ou “neoclássicos”. Eles revelam a mais extrema ignorância ao pensar que sua doutrina está correta porque é nova.
Na verdade, o inflacionismo á a mais antiga de todas as falácias. Era muito popular muito antes dos dias de Smith, Say e Ricardo, contra cujos ensinamentos os keynesianos não apresentam qualquer objeção exceto a de que são antigos.
IV
O sucesso sem precedentes do keynesianismo deve-se ao fato de que ele oferece uma justificação visível às políticas de “gastos deficitários” dos governos contemporâneos. É a pseudo-filosofia daqueles que não conseguem pensar em nada mais do que dissipar o capital acumulado pelas gerações anteriores.
Contudo, nenhuma expansão de autores, não importa quão brilhante e sofisticada, pode alterar as perenes leis econômicas. Elas são e funcionam e cuidam-se sozinhas. Não obstante todas as fulminações apaixonadas dos porta-vozes dos governos, as consequências inevitáveis do inflacionismo e do expansionismo, como retratadas pelos economistas “ortodoxos”, estão passando a ocorrer. E então, muitíssimo tarde, mesmo as pessoas simples descobrirão que Keynes não nos ensinou como operar o “milagre (…) de transformar a pedra em pão” [3], mas, sim, o procedimento nada milagroso de comer o milho para semear. [4]
Originalmente publicado na The Freeman, no dia 30 de outubro de 1950. Republicado com a permissão da Foundation for Economic Education.
Notas
[1] P. M. Sweezy em The New Economics, ed. por S. E. Harris, New York, 1947, p. 105.
[2] Professor G. Haberle, “The General Theory” em The New Economics, ibid., p. 161.
[3] Keynes, “Proposals for an International Clearing Union, em The New Economics, ibid, p. 332.
[4] Cf. Henry Hazlitt, The Failure of the New Economics, cap. 3 sobre “Keynes vs. Say’s Law”, pp. 32-43. Arlinton House, New Rochelle, New York, 1959.

SOBRE O AUTOR

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Ludwig von Mises foi o principal pensador da escola austríaca de economia.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Intervencionismo governamental: artigo PRAlmeida

Meu mais recente artigo publicado: 


 Revista Brasileira de Planejamento e Orçamento 
(Brasília: Assecor; vol. 2. N. 2, 2012, p. 211-222; ISSN: 2237-3985; 
Relação de Originais n. 2423.

PIB: tirar o G da equacao melhora o calculo - Mises Daily

Governos, como se sabe, não produzem um centavo de riqueza. Podem até ajudar a criar, se forem bem comportados (o que não é o caso do nosso), mas costumam cobrar um preço pesado por isso.
Está na hora de tirar o G da equação do PIB, onde nunca deveria ter entrado.
Paulo Roberto de Almeida


NationalAccounts

by Robert Higgs
Mises Daily,December 20, 2012

In the 1930s and 1940s, when the modern system of national income and product accounts (NIPA) was being developed, the scope of national product was a hotly debated issue. No issue stirred more debate than the question, Should government product be included in gross product? Simon Kuznets (Nobel laureate in economic sciences, 1971), the most important American contributor to the development of the accounts, had major reservations about including all government purchases in national product. Over the years, others have elaborated on these reasons and adduced others.
Why should government product be excluded? First, the government’s activities may be viewed as giving rise to intermediate, rather than final products, even if the government provides such valuable services as enforcement of private property rights and settlement of disputes. Second, because most government services are not sold in markets, they have no market-determined prices to be used in calculating their total value to those who benefit from them. Third, because many government services arise from political, rather than economic motives and institutions, some of them may have little or no value. Indeed, some commentators—including the present writer—ultimately went so far as to assert that some government services have negative value: given a choice, the people victimized by these “services” would be willing to pay to be rid of them.
When the government attained massive proportions during World War II, this debate was set aside for the duration of the war, and the accounts were put into a form that best accommodated the government’s attempt to plan and control the economy for the primary purpose of winning the war. This situation of course dictated that the government’s spending, which grew to constitute almost half of the official GDP during the peak years of the war, be included in GDP, and the War Production Board, the Commerce Department, and other government agencies involved in calculating the NIPA recruited a large corps of clerks, accountants, economists, and others to carry out the work.
After the war, the Commerce Department, which carried forward the national accounting to which it had contributed during the war (since 1972 within its Bureau of Economic Analysis [BEA]), naturally preferred to continue the use of its favored system, which treats all government spending for final goods and services as part of GDP. Economists such as Kuznets, who did not favor this treatment, attempted for a while to continue their work along their own, different lines, but none of them could compete with the enormous, well-funded statistical organization the government possessed, and eventually almost all of them gave up and accepted the official NIPA.[1]
Thus did government spending become lodged in the definition and measurement of GDP in a way that ensuing generations of economists, journalists, policy makers, and others considered appropriate and took for granted. Nonetheless, the issues that had been disputed at length in the 1930s and 1940s did not disappear. They were simply disregarded as if they had been resolved, even though they had not been resolved intellectually, but simply swept under the Commerce Department’s expansive (and expensive) rug. In particular, the inclusion of government spending in GDP remained extremely problematic.
Generations of elementary economics students since World War II have come away from Economics 101 having learned, if anything, that gross domestic product is defined as
GDP = C + I + G + (X - M).
That is, GDP for a given period, usually a year, is the sum of spending for final goods and services by domestic private consumers, domestic private investors, and governments at all levels, plus foreign purchases of U.S. exports minus American purchases of U.S. imports.
This sort of accounting supplies the basic framework for the Keynesian models that swept the economics profession in the 1940s and 1950s, from which a key policy conclusion was derived—that the government can vary its spending to offset shortfalls or excesses of private spending and thereby stabilize the economy’s growth while maintaining “full employment.” From the beginning, the most emphasized part of this conclusion was that increases in government spending can offset declines in private spending and thereby prevent or moderate macroeconomic contractions.
Much of the increase in government spending in recent decades has taken the form of increased transfer payments—payments for which the government receives no current good or service in return—such as Social Security pensions, disability benefits, and payments via Medicare or Medicaid to subsidize program beneficiaries’ health-care services. In 2000, such payments amounted to 56 percent of all federal spending; in 2011, they were more than 61 percent. Transfer payments do not enter the computation of national income and product; only purchases of final goods and services do so. Keynesian economists argue, however, that government may use increases in transfer payments to cushion business slumps in the same way that it may use increases in its purchases of final goods and services because increases in transfer payments augment personal income and stimulate greater consumption spending, hence greater investment spending, and therefore, from both sources, an increase in GDP.
The foregoing issues have taken on special cogency during the past five years, as the federal government has greatly increased its total spending. Real total federal outlays increased by 32 percent, from $2,729 billion to $3,603 billion (in chained 2005 dollars), between fiscal years 2007 and 2011. Although much of this increase has taken the form of increases in transfer payments, the part that is included in GDP has also risen substantially—at the federal level, it increased by 15.6 percent (in real dollars) between 2007 and 2011. Some of this increase was offset by a decrease in state and local government purchases of final goods and services, which fell by 3 percent during this period. (Data come from BEA, Table 1.1.6, Real Gross Domestic Product, Chained Dollars.)
As the basic Keynesian model implies, the recent increases in government spending appear to have prevented an even greater decline in real GDP during the recession that began in the winter of 2007-2008. But however that may be, because so much of this spending may have had little or no value—or even negative value—in itself, the question remains as to whether, despite what the official GDP figures show, the population’s true economic well-being might have suffered a greater contraction than mainstream economists, journalists, policy makers, and others for the most part believe.
To resolve this question, I have computed what I call gross domestic private product (GDPP), which is simply the standard real GDP minus the government purchases part of it. (Data come from BEA, Table 1.1.6, Real Gross Domestic Product, Chained Dollars.) The figure shows the movement of this variable from 2000 to 2011, the most recently completed year.
Real Gross Domestic Private Product (billions of chained 2005 dollars)
If real GDPP had grown at its long-run average rate of about 3 percent per year during the period from 2000 to 2011, it would have increased by about 38 percent. In reality, however, GDPP increased during this period by only 18 percent, or by about 1.5 percent per year on average. (Real GDP, by comparison, increased by about 1.6 percent per year on average, producing a small increase in the government share of GDP.) So, during this period of more than a decade, private product grew at only about half of its historical average rate. Between 2002 and 2007, while the housing bubble was giving rise to seemingly buoyant growth even beyond the housing sector, the good times appeared to have returned, but the inevitable bust from 2007 to 2009 and the slow recovery since 2009 pulled the intermediate-run growth rate for 2000-2011 back to an anemic level. The recovery of the period 2009-2011 brought the GDPP back only to its 2007 level, signifying four years in which no net gain had been made and much suffering had occurred between the beginning and the end of the period.
Perhaps the most positive statement we can make about the private economy’s performance during this twelve-year period is that it has been somewhat better than complete stagnation. But private product has lost ground relative to total official GDP. Moreover, many of the measures taken to deal with the contraction—the government’s huge run-up in its spending and debt; the Fed’s great expansion of bank reserves, its allocation of credit directly to failing companies and struggling sectors, and its accommodation of the federal government’s gigantic deficits; and the government’s enactment of extremely unsettling regulatory statutes, especially Obamacare and the Dodd-Frank Act—have served to discourage the private investment needed to hasten the recovery and lay the foundation for more rapid economic growth in the long run. To find a similar perfect storm of counter-productive government fiscal, monetary, and regulatory policies, we must go back to the 1930s, when the measures taken under Herbert Hoover and Franklin D. Roosevelt turned what probably would have been an ordinary, short-lived recession into the Great Depression.[2] If the government and the Fed persist in the kind of destructive policies they have undertaken since 2007, the potential for another great depression will remain. Even without such a catastrophe, the U.S. economy presents at best the prospect of weak performance for many years to come.
Notes:
[1] Robert Higgs, Depression, War, and Cold War: Studies in Political Economy (New York: Oxford University Press, 2006), pp. 64-68; and Ellen O’Brien, “How the ‘G’ Got into the GNP,” in Perspectives on the History of Economic Thought, vol. 10, Method, Competition, Conflict and Measurement in the Twentieth Century, ed. Karen I. Vaughn. (Aldershot, England: Edward Elgar, 1994), p. 242.
[2] Robert Higgs, Crisis and Leviathan: Critical Episodes in the Growth of American Government (New York: Oxford University Press, 1987), pp. 159-95; Higgs, Depression, War, and Cold War, pp. 3-29.


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Mises Institute: The First 30 Years - Lew Rockwell

The First 30 Years of the Mises Institute
by Llewellyn H. Rockwell Jr. on November 5, 2012
[This talk was delivered at the 30th Anniversary Supporters Summit of the Ludwig von Mises Institute, Callaway Gardens, Georgia, on October 26, 2012.]

What a thrill to speak to you on this happy occasion of the Mises Institute's 30th anniversary. I am delighted that Ron Paul and Andrew Napolitano have been able to join us for this wonderful celebration, along with our great Mises Institute faculty from universities all over the country, some of our excellent students, and some of the generous supporters who have made it all possible. My sincerest thanks to all of you.
Three decades ago, when I was contemplating the creation of a Ludwig von Mises Institute, the Austrian School of economics, and its Misesian branch in particular, were very much in decline. The number of Misesian economists was so small that all of them knew each other personally, and could probably have fit in Mises's small living room. This is a world that young people today, who find Austrian economics all over the place, can hardly imagine.
I wanted to do what I could to promote the Austrian School in general and the life and work of Mises in particular. Mises was a hero both as a scholar and as a man, and it was a shame that neither aspect of his life was being properly acknowledged.
I first approached Mises's widow, Margit, who was what Murray Rothbard called a "one-woman Mises industry." After her husband's death, she made sure his works stayed in print and continued to be translated into other languages. She agreed to be involved and to share her counsel as long as I pledged to dedicate the rest of my life to the Institute. I have kept that pledge. Margit von Mises became our first chairman. How lucky we were to have as her successor the great libertarian businessman Burt Blumert, who was also a wise advisor from the beginning.
When I told Murray Rothbard about the proposed institute, he literally clapped his hands with glee. He said he would do whatever was necessary to support it. He became our academic vice president and inspiration.
Ron Paul agreed to become our distinguished counselor, and was also a huge help in assembling our early funding, as well as an inspiration.
Murray would later say, "Without the founding of the Mises Institute, I am convinced the whole Misesian program would have collapsed." Of course, we can't know how things would have turned out had we made different choices. I simply wanted to do what I could, with the help of dear friends like Murray and Burt, to support the Austrian School during some very dark times, and I was prepared to let the chips fall where they may.
When I look back on all we've accomplished over the past 30 years, I can hardly believe it. Naturally we've promoted and kept in print works of Mises, the Nobel Prize–winning works of F.A. Hayek, and the indispensable catalogue of Murray Rothbard. Beyond that, we've made available to the world, free of charge, an enormous library of the most brilliant and important works ever written on Austrian economics and libertarian theory.
On our campus, the library and archives — based on the massive collections of Rothbard and Bob LeFevre's Freedom School — are incomparable. We have lecture halls, classrooms, student and faculty offices, student housing, a student center, a bookstore, and much more, all thanks to our magnificent donors.
Then there's the entire run of the Quarterly Journal of Austrian Economics (which the Institute publishes), Murray Rothbard's Journal of Libertarian Studies, and the publications that he edited during the especially dark days of the 1960s and 1970s. Add to that many thousands of articles on every subject under the sun and thousands of hours of free audio and video from our seminars and other events, and you have a program of self-education that at one time would have required access to university libraries and a huge investment of time and money.
"Without the founding of the Mises Institute, I am convinced the whole Misesian program would have collapsed."
Murray N. Rothbard
The world now has access to all of this for free, thanks to you.
At Mises.org you can even hear recordings of Murray Rothbard teaching economics to engineering students at the former Brooklyn Polytechnic Institute. But instead of reaching a room of 30 people, Murray's audience is now worldwide. Justice has been done.
In fact, thanks to all these resources, the Mises Institute has become the intellectual foundation of the Ron Paul movement. When Ron inspired all those young kids to look into Austrian economics, they flocked to the Mises Institute. Here they found the knowledge that Ron had given them a thirst for: the pure, undiluted message of the Austrian School.
Of all the things we do, I'd like to make special note of three in particular.
Our Austrian Economics Research Conference brings together scholars working in the Austrian tradition from all over the world for what always turns out to be one of the intellectual events of the year.
Our Mises University summer program has trained thousands of students in the Austrian School — including scholars who will address you this weekend.
Finally, our summer-fellows program gives rising Austrian scholars the opportunity to do original research under the supervision of Institute faculty, and to give them a leg up in the job market.
And I can tell you this: the graduate students coming out of the Institute's programs today would have thrilled Murray Rothbard. These are some of the sharpest young scholars I have ever seen. You don't have to take my word for it. You'll be hearing about them in the coming months and years, as they make their inevitable impact on the world of ideas.
Mises was confident that the ideas he championed would triumph someday (if only because reality could not be postponed forever), but like Rothbard and so many other geniuses, he did not live to see his own vindication. Of course, that makes his courage all the more admirable. Spurned by the establishment and ignored by his peers, Mises made no effort to cater to them, nor to corrupt his message to advance his career.
And neither did Murray. The conservative movement spurned Rothbard for the same official reason it spurned Ron Paul. We love him on economics, they protested, but we can't stand his foreign policy.
As early as 1956, Murray was coming to believe that war was the critical and defining issue — "the key to the whole libertarian business," as he put it. His essay "War, Peace, and the State" provided a theoretical grounding for the libertarian position of nonintervention abroad.
But Murray went beyond theory and became a full-fledged revisionist historian of war. This, of course, was what doomed him in the modern conservative movement. Murray even rejected the US government's military interventions during the Cold War, which so many conservatives claimed was an exceptional case that required a massive global military presence. Bill Buckley even hailed a "totalitarian bureaucracy" in DC. This would all be scaled back when the communist menace was defeated, conservatives assured us. Sure it would, Murray said.
And in fact, with the Soviet archives now opened, Murray has been vindicated: the preposterous claims of Soviet capabilities and intentions find no support in the records, which show a Joseph Stalin who — far from looking for a fight — was still licking his wounds after losing 27 million lives in World War II, and presiding over a desperately poor economy.
Standing up against US foreign policy was just about the most unfashionable thing Murray could have done. He was a great economist, and if only he had shut his mouth on sensitive issues like these, he could have been the well-known and celebrated figure he deserved to be.
Instead, he followed his principles and his conscience, reached whatever audience cared to listen, and never felt sorry for himself. To the contrary, Murray was about the most cheerful ambassador the libertarian movement has ever had.
Henry Hazlitt once told me that the greatest thing I'd ever done was to give Rothbard the platform he deserved, by creating the Mises Institute. Now Murray could reach an audience that vastly exceeded anything he had been able to garner in the past. And thanks to our fellowship programs, he could even, at long last, advise graduate students.
So many of us wish Murray could have lived to see both the Internet revolution as well as the victories of the past few years in particular.
We can only dream of what the ongoing Austrian rebirth would have meant in practical terms for Murray. Students today are reading him to a far greater extent than ever before. A genius who once edited newsletters that reached a handful of people would today be addressing packed lecture halls all over the country and the world, and starring on the Internet.
And I feel sure the excitement of instantaneous commentary on current events would finally have pushed Murray, who used only a typewriter to write his books, into the world of computers and technology. Everyone in the libertarian world — friend and foe alike — would have read his commentary every day, and non-libertarians would have been drawn to him as well.
It was not to be. But these extraordinary men paved the way for the intellectual triumphs of which the experiences of the past few years are only a taste.
Mises Institutes have been formed — spontaneously, without any direction from us — in countries all over the world, including Brazil, Poland, Canada, Switzerland, Germany, Japan, Russia, Italy, Estonia, Ecuador, Finland, Israel, Portugal, Ukraine, Romania, Sweden, Belgium, Colombia, South Africa, the Czech Republic, Latvia, and Slovakia.
We have accomplished all these things without a billionaire and without an obsessive eye to mainstream respectability. We have achieved them thanks to you, and thanks to a faculty and staff dedicated to the cause of truth.



The works of Rothbard and Mises, and the contributions of the other greats of the Austrian School, are the patrimony we have been fortunate to inherit. But that patrimony carries with it a tremendous moral responsibility.
We have flourished for these 30 years thanks to your help. But this is truly a critical moment in the history of the Austrian School. Thanks to Ron Paul, more young people than ever are interested in this venerable tradition of thought. More of them than ever are skeptical of what their professors are teaching them. And more of them than ever want to absorb everything they can of the Austrian School, even to the point of becoming teachers and professors themselves.
Will we be able to help this huge cohort of budding Austrians? Will the renewed interest in Austrian economics continue and strengthen, or diminish and fizzle out?
These are questions we have to answer together.
A tremendous opportunity, greater than anything I have seen in my lifetime, lies in our hands. Many of the brightest young kids are committed to the world that Mises and Rothbard worked so courageously and without fanfare to bring about.
We have already witnessed so many early victories. Help us build on them, and make the dream of these men a reality.
Llewellyn H. Rockwell Jr. is chairman and CEO of the Ludwig von Mises Institute in Auburn, Alabama, editor of LewRockwell.com, and author of The Left, the Right, and the State. Send him mail. See Llewellyn H. Rockwell Jr.'s article archives.