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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sexta-feira, 20 de março de 2015

Sauvas freireanas a caminho da extincao? Hummm, nao sei, mas vamos tentar...

Nos anos 1920, Monteiro Lobato, que lutava contra a "natureza" -- ah, essa madrasta... -- na sua fazenda de Taubaté, e que até abandonou a agricultura para se tornar definitivamente urbano e jornalista, dizia o seguinte:
"Ou o Brasil acaba com as saúvas, ou a saúva acaba com o Brasil".
Claro, nessa época, o Brasil era essencialmente agrícola, e tinha uma agricultura super-hiper atrasada, ainda com aquele Jeca Tatu capinando a roça, com a sua enxada, e tentando se livrar da saúva e do bicho do pé.
Pois bem, o Brasil se livrou das saúvas. Êpa; não o Brasil, só a agricultura.
As saúvas estão belas, ricas, fortes, mais pujantes do que nunca.
Elas se mudaram todas para o MEC e para as faculdades de Pedagogia, e sobrevivem e se disseminam, com esse estupor da desinteligência nacional que é o método Paulo Freire, que não é um método, apenas um panfleto rastaquera, vagabundo e idiota, que está acabando com a educação brasileira.
Pois eu digo: ou o Brasil acaba com as saúvas freireanas, ou vai acabar. A educação já está perdida, e vai demorar décadas para melhorar.
Abaixo, alguém me lembrou uma antiga postagem que vale a pensa relembrar...
Paulo Roberto de Almeida

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Paulo Freire e a miseria educacional brasileira: subsidios para um debate

Como o assunto foi aqui levantado, por um interlocutor curioso, e como eu sou curioso o suficiente para pesquisar, e também para indagar, recebi duas contribuições a respeito, que coloco à disposição dos interessados.
Paulo Roberto de Almeida
Vale a pena ler o que é o método Paulo Freire
Blog Tomatadas, maio 2014
Embora muito se fale sobre o dito "Método Paulo Freire" de ensino, a opinião pública sabe bem pouco sobre no que isso consiste. Em grande parte, tal situação se dá pelo fato de que Paulo Freire e os propagandistas desse método não se preocuparam muito em explicá-lo, restringindo-se quase o tempo todo à denúncia da dita "educação bancária" e à repetição do mantra "educar é um ato político". 
Nesse contexto, não deixa de ser proveitoso ler o livrinho O que é método Paulo Freire, de Carlos Rodrigues Brandão. O autor é um discípulo de Freire que participou das primeiras experiências de aplicação desse método, em 1961, no interior do Nordeste. A proposta do livro é explicar tais experiências passo a passo, tendo em vista que "[...] em alguns livros de Paulo Freire e de outros educadores, são poucas as páginas sobre o método e, não raro, elas estão escondidas em algum 'anexo'" (Brandão, 1984, p. 14). Na seção final do livro, o autor explicita que, em realidade, as reflexões metodológicas ocupam um lugar pequeno na obra freiriana: "quem voltar aos livros que Paulo Freire escreveu vai notar que, de propósito, falei muito do que ele fala pouco e pouco do que ele fala muito" (Idem, p. 111).
Ora, essas citações já evidenciam que, como dizem os críticos de Freire, esse autor e seus seguidores não se preocupam muito com a educação em si mesma, e sim em fazer da educação um instrumento de luta política contra o capitalismo. E o livro de Brandão, precisamente por se concentrar na descrição do método, acaba por fornecer elementos que corroboram as críticas lançadas contra as propostas freirianas. Neste texto, vou destacar apenas a crítica relativa à falta de originalidade do tal método.
Como era e como ficou 
O historiador David Vieira sugere, com base numa boa revisão bibliográfica, que os procedimentos que compõem o dito "Método Paulo Freire" eram empregados na alfabetização de adultos, já em 1915, pelo missionário Frank Charles Laubach (1884-1970). Ao ser enviado numa missão religiosa para as Filipinas, Laubach precisava elaborar uma escrita para a língua maranao e, ao mesmo tempo, alfabetizar as pessoas nessa língua para que pudessem estudar a bíblia. Assim, ele "[...] adaptou um antigo método de ensino norte-americano, de reconhecimento das palavras escritas por meio de retratos de objetos familiares do dia-a-dia da vida do aluno, para ensinar a leitura da nova língua escrita. A letra inicial do nome do objeto recebia uma ênfase especial, de modo que o aluno passava a reconhecê-la em outras situações, passando então a juntar as letras e a formar palavras".
Ora, o trabalho de alfabetização realizado por Freire e seus seguidores consistia basicamente nos seguintes passos - embora Brandão repita várias vezes que o método era modificado a cada vez que o empregavam:
    eles faziam uma pesquisa sobre o cotidiano dos alunos para selecionar os "temas geradores" e as "palavras geradoras"
    usavam desenhos e fotos para estimular discussões em grupo sobre esses temas (por exemplo, os problemas de habitação, alimentação e outros na favela onde os alunos moravam)
    apresentavam uma palavra geradora, como "favela", "tijolo" ou "salário", por meio de um slide
    em seguida, eram apresentados slides com as "famílias fonêmicas" de cada sílaba (no caso de "favela", começava-se mostrando "fa - fe - fi - fo - fu", depois "va - ve - vi - vo - vu", etc.)
    posteriormente, os alunos eram estimulados a criar palavras combinando todas as sílabas dispostas numa "Ficha de Descoberta", isto é, num quadro com todas as famílias fonêmicas relacionadas à palavra geradora (Brandão, 1984, p. 70-72).
Qual é a originalidade disso em relação ao que Laubach e outros já faziam desde muitas décadas? Brandão não se detém em discutir o que haveria de original no trabalho realizado com Freire, mas, ao tratar dos critérios empregados para a seleção das palavras geradoras, explica o seguinte:
Ora, no Método Paulo Freire entra um critério que, se não é novo, apareceu repensado. [...] aqui, as palavras não são só um instrumento de leitura da língua; são também instrumentos de releitura coletiva da realidade social onde a língua existe, e existem os homens que a falam e as relações entre os homens. Portanto, as palavras precisam servir para as duas leituras e os seus critérios de escolha são três, dois deles usuais em outros métodos, o outro, novo e renovador:
1º) a riqueza fonêmica da palavra geradora;
2º) as dificuldades fonéticas da língua;
3º) a densidade pragmática do sentido (Idem, p. 30-31).
A novidade do tal método estaria na forma de aplicar o terceiro critério, portanto, já que os dois primeiros, referentes à sintaxe e à semântica, foram importados de outros métodos e aplicados basicamente do mesmo modo. E no que consiste a inovadora maneira freiriana de aplicar o critério pragmático? Brandão esclarece que este diz respeito ao "[...] maior ou menor teor de conscientização que a palavra traz em potencial, ou conjunto de reações socioculturais que a palavra gera na pessoa ou grupo que a utiliza" (Idem, p. 31).
Nesse sentido, Brandão acaba reconhecendo que os elementos propriamente técnicos do tal "Método Paulo Freire" foram herdados de outros que já existiam, e que a grande novidade estava em selecionar as palavras que fossem mais úteis para direcionar as discussões em grupo de modo tal a "conscientizar" os alunos, sendo que "conscientização" deve ser entendida como sinônimo de "compreensão de mundo" (Idem, p. 39 – itálicos no original).
Falando com franqueza, não parece lícito atribuir a Paulo Freire a invenção de um método de ensino que leva seu nome se ele se serviu de métodos já existentes e apenas mudou a forma de aplicar um dos critérios de seleção de palavras geradoras de maneira a combinar o trabalho de alfabetização de adultos com doutrinação ideológica de esquerda! E isso considerando especialmente que o critério pragmático, ao contrário dos dois primeiros (que são totalmente importados), não tem nenhuma relação direta com as operações cognitivas que constituem o ato de ler. Não admira que Freire falasse tão pouco de método em seus livros...
Diálogo enviesado
É claro que alguém poderia objetar que, embora Brandão admita que as palavras geradoras são selecionadas propositalmente pelo seu potencial de uso como instrumentos de "conscientização", não há como predeterminar o resultado das discussões feitas com os alunos, o que invalidaria ou ao menos relativizaria a crítica de que se estaria fazendo doutrinação ideológica disfarçada de diálogo. Contudo, eu expliquei no texto Paulo Freire e a "educação bancária" ideologizada como funcionam de fato essas discussões em grupo: o professor freiriano apresenta uma única via para explicar as situações relatadas pelos alunos, que é a ideologia em que ele acredita. Assim, o aluno é deixado na ignorância sobre a existência de pesquisas que explicam as situações de pobreza, desigualdade, problemas urbanos e ambientais, entre outros, fora do universo teórico e ideológico do professor!
Em suma, é muito forçado dizer que existe um "Método Paulo Freire" de ensino, pois o que esse autor fez foi apenas transformar métodos de alfabetização bastante antigos num processo de doutrinação ideológica que se dá por meio de diálogos nos quais o aluno, deixado na ignorância de explicações alternativas e mais sofisticadas, não tem poder nem espaço para contestar os "novos saberes" que lhe são apresentados.
Paulo Freire: pobreza intelectual, dogmatismo e amor assassino 
Quando o jornalista José Maria e Silva publicou uma crítica contundente ao mal chamado "Método Paulo Freire", na Gazeta do Povo, esse jornal publicou também textos de freirianos para apresentar o famoso "outro lado da questão" - muito embora os freirianos não proponham apresentar visões de mundo diferentes aos seus alunos, conforme se vê pela leitura de Pedagogia do oprimido (Freire, 1987). 
Mas o que chama a atenção nessas respostas é que os seguidores de Freire, na verdade, não respondem! Primeiro, eles usam o argumento de autoridade, dizendo que Freire é o patrono da educação brasileira e que trabalhou nesta e naquela instituição de prestígio. Depois, repetem a velha cantilena de que o método de ensino que leva o nome dele teria tido resultados impressionantes, ignorando o fato de os críticos desse método, como Silva, alegarem que os resultados efetivos ficaram muito aquém da propaganda. Por fim, citam uma ou duas passagens da obra de Freire sobre a educação ser um "ato político" e sobre a importância de tornar o estudante "sujeito de si mesmo". E param por aí! Em nenhum momento eles procuram formular uma resposta específica para as críticas elaboradas contra o, vá lá, "pensamento" de Paulo Freire. Repetem a velha fórmula de propaganda do tal método como se esta já contivesse resposta para qualquer crítica, e está feito. 
  
Por que fogem do debate? Em parte, é claro, para tirar proveito do fato de que a imagem de Paulo Freire como grande educador e suposto inventor de um revolucionário método de alfabetização de adultos já está fortemente entranhada entre os professores e na opinião pública. Mas a razão oculta está no fato de que qualquer tentativa séria de defender as ideias freirianas implica ter de admitir que estas não têm nenhuma base científica e nem mesmo racional!
Em vez de ciência, fé ideológica
A melhor maneira de constatar isso é ler a obra freiriana, como os livros Pedagogia do oprimido e Pedagogia da autonomia, ambos já citados neste blog, que se caracterizam por um simplismo de ideias constrangedor. Mas quem quiser ganhar tempo e ir direto a um trabalho freiriano que deixa essa falta de fundamentação bem explícita pode recorrer ao livrinho O que é método Paulo Freire, comentado no post anterior. Após descrever os procedimentos que compõem o método de alfabetização de adultos aplicado por Freire e seus seguidores já em 1961, o autor, Carlos Rodrigues Brandão, escreve o seguinte:  
Às vezes é muito difícil falar sobre as ideias que deram origem ao Método Paulo Freire, porque elas são muito simples e algumas pessoas precisam complicá-las.
Na verdade Paulo Freire não tem sequer uma teoria pedagógica definitiva. Ele tem um afeto e a sua prática. Por isso fica difícil teorizar a seu respeito, sem viver a prática que é o sentido desse afeto. Por isso é fácil compreender o que ele tem falado e escrito, quando se parte da vivência da prática do compromisso que tem sido, mais do que sua teoria, a sua crença (Brandão, 1984, p. 102).
O que se vê nessa passagem da conclusão do livrinho é o reconhecimento de que Paulo Freire e seus seguidores não têm como justificar a suposta eficácia do tal método, já que os seus escritos consistem apenas em ideias simples embaladas por palavras atraentes, como "afeto". Nesse sentido, Brandão fornece a melhor comprovação da pertinência das críticas lançadas contra a pobreza intelectual de Paulo Freire. 
De fato, José Maria e Silva, no artigo citado, afirma que Pedagogia do oprimido não passa de um panfleto político e de um "manual de autoajuda marxista" exatamente por causa da pobreza das ideias ali expostas. De modo similar, Sol Stern afirma que essa obra nem ao menos pode ser considerada um trabalho sobre educação, já que ignora todos os temas importantes nessa área do conhecimento ao longo do século XX, tais como avaliações, padrão de ensino, currículo escolar, o papel dos pais na educação, entre outros, e se perde em "platitudes marxistas". E Brandão, ao reconhecer que não há mesmo nenhuma teoria ou argumento racional que fundamente esse ou qualquer outro trabalho de Freire, vê-se forçado a desqualificar críticas como essas da seguinte forma:
Como discutir com os termos complicados da ciência um educador cuja ideia-chave é o amor? 
Procure, leitor, folhear de alma limpa os escritos dele. Aos olhos ferozes dos tecnocratas do poder e da educação, pode ser que tudo aquilo não passe de uma espécie de poesia pedagógica, tão edificante quanto inviável. E aos seus olhos? (Brandão, 1984, p. 103).
Trata-se aí de uma óbvia desqualificação intelectual daqueles que acusam o simplismo dos escritos freirianos mediante a estratégia de associar os críticos ao rótulo odioso de "tecnocratas do poder e da educação". E, pior ainda, Brandão procura manipular as emoções de seus leitores ao enfeitar sua exposição com palavras bonitas, como "amor", e pedir-lhes que folheiem a obra de Freire com "alma limpa", pois assim dá a entender que uma obra edificada sobre o "amor" só pode ser compreendida por quem deixar a razão de lado e se entregar a uma apreciação igualmente emocional do que está lendo! 
As ideias de Paulo Freire são simplistas e dogmáticas, já que não têm justificativa racional, e só podem ser admiradas por quem não leu seus escritos ou por aqueles que leram esse material imbuídos das mesmas ideologias superficiais do autor e do seu mesmo ideal de fazer da educação um instrumento de doutrinação a serviço do socialismo. A quem duvidar disso, proponho que aprecie, de "alma limpa", a seguinte passagem de Pedagogia do oprimido, também citada por Silva, na qual o amoroso Paulo Freire elogia os fuzilamentos praticados pela revolução cubana.
A revolução é biófila, é criadora de vida, ainda que, para criá-la, seja obrigada a deter vidas que proíbem a vida (Freire, 1987, localização 99).
Postagens relacionadas
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BRANDÃO, C. R. O que é método Paulo Freire. 7. ed., São Paulo: Brasiliense (Coleção Primeiros Passos, v. 38), 1984.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed., Rio de Janeiro: Paz & Terra, (Coleção O Mundo, Hoje, v. 21), 198

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Paulo Freire e a miseria educacional brasileira: subsidios para um debate

Como o assunto foi aqui levantado, por um interlocutor curioso, e como eu sou curioso o suficiente para pesquisar, e também para indagar, recebi duas contribuições a respeito, que coloco à disposição dos interessados.
Paulo Roberto de Almeida

Vale a pena ler o que é o método Paulo Freire
Blog Tomatadas, maio 2014

Embora muito se fale sobre o dito "Método Paulo Freire" de ensino, a opinião pública sabe bem pouco sobre no que isso consiste. Em grande parte, tal situação se dá pelo fato de que Paulo Freire e os propagandistas desse método não se preocuparam muito em explicá-lo, restringindo-se quase o tempo todo à denúncia da dita "educação bancária" e à repetição do mantra "educar é um ato político". 

Nesse contexto, não deixa de ser proveitoso ler o livrinho O que é método Paulo Freire, de Carlos Rodrigues Brandão. O autor é um discípulo de Freire que participou das primeiras experiências de aplicação desse método, em 1961, no interior do Nordeste. A proposta do livro é explicar tais experiências passo a passo, tendo em vista que "[...] em alguns livros de Paulo Freire e de outros educadores, são poucas as páginas sobre o método e, não raro, elas estão escondidas em algum 'anexo'" (Brandão, 1984, p. 14). Na seção final do livro, o autor explicita que, em realidade, as reflexões metodológicas ocupam um lugar pequeno na obra freiriana: "quem voltar aos livros que Paulo Freire escreveu vai notar que, de propósito, falei muito do que ele fala pouco e pouco do que ele fala muito" (Idem, p. 111).

Ora, essas citações já evidenciam que, como dizem os críticos de Freire, esse autor e seus seguidores não se preocupam muito com a educação em si mesma, e sim em fazer da educação um instrumento de luta política contra o capitalismo. E o livro de Brandão, precisamente por se concentrar na descrição do método, acaba por fornecer elementos que corroboram as críticas lançadas contra as propostas freirianas. Neste texto, vou destacar apenas a crítica relativa à falta de originalidade do tal método.

Como era e como ficou 
O historiador David Vieira sugere, com base numa boa revisão bibliográfica, que os procedimentos que compõem o dito "Método Paulo Freire" eram empregados na alfabetização de adultos, já em 1915, pelo missionário Frank Charles Laubach (1884-1970). Ao ser enviado numa missão religiosa para as Filipinas, Laubach precisava elaborar uma escrita para a língua maranao e, ao mesmo tempo, alfabetizar as pessoas nessa língua para que pudessem estudar a bíblia. Assim, ele "[...] adaptou um antigo método de ensino norte-americano, de reconhecimento das palavras escritas por meio de retratos de objetos familiares do dia-a-dia da vida do aluno, para ensinar a leitura da nova língua escrita. A letra inicial do nome do objeto recebia uma ênfase especial, de modo que o aluno passava a reconhecê-la em outras situações, passando então a juntar as letras e a formar palavras".

Ora, o trabalho de alfabetização realizado por Freire e seus seguidores consistia basicamente nos seguintes passos - embora Brandão repita várias vezes que o método era modificado a cada vez que o empregavam:
    eles faziam uma pesquisa sobre o cotidiano dos alunos para selecionar os "temas geradores" e as "palavras geradoras"
    usavam desenhos e fotos para estimular discussões em grupo sobre esses temas (por exemplo, os problemas de habitação, alimentação e outros na favela onde os alunos moravam)
    apresentavam uma palavra geradora, como "favela", "tijolo" ou "salário", por meio de um slide
    em seguida, eram apresentados slides com as "famílias fonêmicas" de cada sílaba (no caso de "favela", começava-se mostrando "fa - fe - fi - fo - fu", depois "va - ve - vi - vo - vu", etc.)
    posteriormente, os alunos eram estimulados a criar palavras combinando todas as sílabas dispostas numa "Ficha de Descoberta", isto é, num quadro com todas as famílias fonêmicas relacionadas à palavra geradora (Brandão, 1984, p. 70-72).
Qual é a originalidade disso em relação ao que Laubach e outros já faziam desde muitas décadas? Brandão não se detém em discutir o que haveria de original no trabalho realizado com Freire, mas, ao tratar dos critérios empregados para a seleção das palavras geradoras, explica o seguinte:
Ora, no Método Paulo Freire entra um critério que, se não é novo, apareceu repensado. [...] aqui, as palavras não são só um instrumento de leitura da língua; são também instrumentos de releitura coletiva da realidade social onde a língua existe, e existem os homens que a falam e as relações entre os homens. Portanto, as palavras precisam servir para as duas leituras e os seus critérios de escolha são três, dois deles usuais em outros métodos, o outro, novo e renovador:
1º) a riqueza fonêmica da palavra geradora;
2º) as dificuldades fonéticas da língua;
3º) a densidade pragmática do sentido (Idem, p. 30-31).
A novidade do tal método estaria na forma de aplicar o terceiro critério, portanto, já que os dois primeiros, referentes à sintaxe e à semântica, foram importados de outros métodos e aplicados basicamente do mesmo modo. E no que consiste a inovadora maneira freiriana de aplicar o critério pragmático? Brandão esclarece que este diz respeito ao "[...] maior ou menor teor de conscientização que a palavra traz em potencial, ou conjunto de reações socioculturais que a palavra gera na pessoa ou grupo que a utiliza" (Idem, p. 31).

Nesse sentido, Brandão acaba reconhecendo que os elementos propriamente técnicos do tal "Método Paulo Freire" foram herdados de outros que já existiam, e que a grande novidade estava em selecionar as palavras que fossem mais úteis para direcionar as discussões em grupo de modo tal a "conscientizar" os alunos, sendo que "conscientização" deve ser entendida como sinônimo de "compreensão de mundo" (Idem, p. 39 – itálicos no original).

Falando com franqueza, não parece lícito atribuir a Paulo Freire a invenção de um método de ensino que leva seu nome se ele se serviu de métodos já existentes e apenas mudou a forma de aplicar um dos critérios de seleção de palavras geradoras de maneira a combinar o trabalho de alfabetização de adultos com doutrinação ideológica de esquerda! E isso considerando especialmente que o critério pragmático, ao contrário dos dois primeiros (que são totalmente importados), não tem nenhuma relação direta com as operações cognitivas que constituem o ato de ler. Não admira que Freire falasse tão pouco de método em seus livros...

Diálogo enviesado
É claro que alguém poderia objetar que, embora Brandão admita que as palavras geradoras são selecionadas propositalmente pelo seu potencial de uso como instrumentos de "conscientização", não há como predeterminar o resultado das discussões feitas com os alunos, o que invalidaria ou ao menos relativizaria a crítica de que se estaria fazendo doutrinação ideológica disfarçada de diálogo. Contudo, eu expliquei no texto Paulo Freire e a "educação bancária" ideologizada como funcionam de fato essas discussões em grupo: o professor freiriano apresenta uma única via para explicar as situações relatadas pelos alunos, que é a ideologia em que ele acredita. Assim, o aluno é deixado na ignorância sobre a existência de pesquisas que explicam as situações de pobreza, desigualdade, problemas urbanos e ambientais, entre outros, fora do universo teórico e ideológico do professor!

Em suma, é muito forçado dizer que existe um "Método Paulo Freire" de ensino, pois o que esse autor fez foi apenas transformar métodos de alfabetização bastante antigos num processo de doutrinação ideológica que se dá por meio de diálogos nos quais o aluno, deixado na ignorância de explicações alternativas e mais sofisticadas, não tem poder nem espaço para contestar os "novos saberes" que lhe são apresentados.

Paulo Freire: pobreza intelectual, dogmatismo e amor assassino 
Quando o jornalista José Maria e Silva publicou uma crítica contundente ao mal chamado "Método Paulo Freire", na Gazeta do Povo, esse jornal publicou também textos de freirianos para apresentar o famoso "outro lado da questão" - muito embora os freirianos não proponham apresentar visões de mundo diferentes aos seus alunos, conforme se vê pela leitura de Pedagogia do oprimido (Freire, 1987). 

Mas o que chama a atenção nessas respostas é que os seguidores de Freire, na verdade, não respondem! Primeiro, eles usam o argumento de autoridade, dizendo que Freire é o patrono da educação brasileira e que trabalhou nesta e naquela instituição de prestígio. Depois, repetem a velha cantilena de que o método de ensino que leva o nome dele teria tido resultados impressionantes, ignorando o fato de os críticos desse método, como Silva, alegarem que os resultados efetivos ficaram muito aquém da propaganda. Por fim, citam uma ou duas passagens da obra de Freire sobre a educação ser um "ato político" e sobre a importância de tornar o estudante "sujeito de si mesmo". E param por aí! Em nenhum momento eles procuram formular uma resposta específica para as críticas elaboradas contra o, vá lá, "pensamento" de Paulo Freire. Repetem a velha fórmula de propaganda do tal método como se esta já contivesse resposta para qualquer crítica, e está feito. 
  
Por que fogem do debate? Em parte, é claro, para tirar proveito do fato de que a imagem de Paulo Freire como grande educador e suposto inventor de um revolucionário método de alfabetização de adultos já está fortemente entranhada entre os professores e na opinião pública. Mas a razão oculta está no fato de que qualquer tentativa séria de defender as ideias freirianas implica ter de admitir que estas não têm nenhuma base científica e nem mesmo racional!

Em vez de ciência, fé ideológica
A melhor maneira de constatar isso é ler a obra freiriana, como os livros Pedagogia do oprimido e Pedagogia da autonomia, ambos já citados neste blog, que se caracterizam por um simplismo de ideias constrangedor. Mas quem quiser ganhar tempo e ir direto a um trabalho freiriano que deixa essa falta de fundamentação bem explícita pode recorrer ao livrinho O que é método Paulo Freire, comentado no post anterior. Após descrever os procedimentos que compõem o método de alfabetização de adultos aplicado por Freire e seus seguidores já em 1961, o autor, Carlos Rodrigues Brandão, escreve o seguinte:  

Às vezes é muito difícil falar sobre as ideias que deram origem ao Método Paulo Freire, porque elas são muito simples e algumas pessoas precisam complicá-las.
Na verdade Paulo Freire não tem sequer uma teoria pedagógica definitiva. Ele tem um afeto e a sua prática. Por isso fica difícil teorizar a seu respeito, sem viver a prática que é o sentido desse afeto. Por isso é fácil compreender o que ele tem falado e escrito, quando se parte da vivência da prática do compromisso que tem sido, mais do que sua teoria, a sua crença (Brandão, 1984, p. 102).

O que se vê nessa passagem da conclusão do livrinho é o reconhecimento de que Paulo Freire e seus seguidores não têm como justificar a suposta eficácia do tal método, já que os seus escritos consistem apenas em ideias simples embaladas por palavras atraentes, como "afeto". Nesse sentido, Brandão fornece a melhor comprovação da pertinência das críticas lançadas contra a pobreza intelectual de Paulo Freire. 

De fato, José Maria e Silva, no artigo citado, afirma que Pedagogia do oprimido não passa de um panfleto político e de um "manual de autoajuda marxista" exatamente por causa da pobreza das ideias ali expostas. De modo similar, Sol Stern afirma que essa obra nem ao menos pode ser considerada um trabalho sobre educação, já que ignora todos os temas importantes nessa área do conhecimento ao longo do século XX, tais como avaliações, padrão de ensino, currículo escolar, o papel dos pais na educação, entre outros, e se perde em "platitudes marxistas". E Brandão, ao reconhecer que não há mesmo nenhuma teoria ou argumento racional que fundamente esse ou qualquer outro trabalho de Freire, vê-se forçado a desqualificar críticas como essas da seguinte forma:

Como discutir com os termos complicados da ciência um educador cuja ideia-chave é o amor? 

Procure, leitor, folhear de alma limpa os escritos dele. Aos olhos ferozes dos tecnocratas do poder e da educação, pode ser que tudo aquilo não passe de uma espécie de poesia pedagógica, tão edificante quanto inviável. E aos seus olhos? (Brandão, 1984, p. 103).

Trata-se aí de uma óbvia desqualificação intelectual daqueles que acusam o simplismo dos escritos freirianos mediante a estratégia de associar os críticos ao rótulo odioso de "tecnocratas do poder e da educação". E, pior ainda, Brandão procura manipular as emoções de seus leitores ao enfeitar sua exposição com palavras bonitas, como "amor", e pedir-lhes que folheiem a obra de Freire com "alma limpa", pois assim dá a entender que uma obra edificada sobre o "amor" só pode ser compreendida por quem deixar a razão de lado e se entregar a uma apreciação igualmente emocional do que está lendo! 

As ideias de Paulo Freire são simplistas e dogmáticas, já que não têm justificativa racional, e só podem ser admiradas por quem não leu seus escritos ou por aqueles que leram esse material imbuídos das mesmas ideologias superficiais do autor e do seu mesmo ideal de fazer da educação um instrumento de doutrinação a serviço do socialismo. A quem duvidar disso, proponho que aprecie, de "alma limpa", a seguinte passagem de Pedagogia do oprimido, também citada por Silva, na qual o amoroso Paulo Freire elogia os fuzilamentos praticados pela revolução cubana.
A revolução é biófila, é criadora de vida, ainda que, para criá-la, seja obrigada a deter vidas que proíbem a vida (Freire, 1987, localização 99).

Postagens relacionadas

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BRANDÃO, C. R. O que é método Paulo Freire. 7. ed., São Paulo: Brasiliense (Coleção Primeiros Passos, v. 38), 1984.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed., Rio de Janeiro: Paz & Terra, (Coleção O Mundo, Hoje, v. 21), 1987.

Paulo Freire: a bomba atomica educacional brasileira?; um exchange preliminar

Um leitor deste blog -- e eu tenho leitores de todos os tipos: amigos, meio-amigos, falsos amigos, inimigos declarados, secretos, e várias outras categorias -- escreveu-me curioso a respeito desse curioso personagem da miséria educacional e pedagógica brasileira, que responde pelo nome de Paulo Freire, aliás "patrono da educação brasileira", e isso não é pouca coisa...
Eu, como todos sabem, e nunca escondi isso, não sou um apreciador do personagem, ao contrário: eu o considero a coisa mais nefasta a jamais ter ocorrido na educação brasileira.
Mas, apenas escrevi tangencialmente a respeito do deseducador em questão.
Não sou um especialista nele ou em temas pedagógicos, mas como escrevi abaixo, sei reconhecer uma fraude quando vejo uma.
Acho que está mais do que na hora de começar a desmontar esse mito, essa fraude, essa empulhação, que é responsável, em grande medida, pelo estado lamentável da educação brasileira.
Mas não poderei fazer isto sozinho, por falta de tempo, mais do que outra coisa.
Tenho muita coisa dispersa em meus blogs e working files do computador. Vai me dar um trabalho danado juntar tudo.
Por isso peço aos leitores interessados no tema que me escrevam, dando bibliografia -- a favor e contra, não sou preconceituoso, e leio de tudo -- e depois os próprios materiais.
Existe um formulário de contato no meu site, mas os mais espertos saberão como me encontrar. Só espero que um freireano fanático não queira me eliminar...
Abaixo, a mensagem recebida de um leitor que não conheço -- e do qual caberia confirmar sua boa-fé -- seguida de minha resposta interlocutória.
Mais um trabalho, mais uma pesquisa, mais uma análise.
Sempre para melhorar o Brasil.
Paulo Roberto de Almeida


José Mário Ribeiro Silva

17 horas atrás  -  Compartilhada publicamente
Caríssimo, fugindo MUITO do assunto, poderia me auxiliar? Estou fazendo um artigo científico de como Paulo Freire destruiu a educação e como o PPP é baseado nesse lunático socialista, mas só encontro referências de como o cara é o Deus na terra. Vc tem algum olimpo para indicar onde rezar, digo, procurar?

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José Mario Ribeiro Silva,
Se vc está escrevendo um artigo científico, deve já ter juntado documentação a respeito, e pelo menos ter lido as obras do dito cujo. De fato, você vai ter 99% de elogios ditirâmbicos e menos de 1% de análises críticas. Eu tenho muito material disperso a respeito, pois, diferente de você, não sou especialista em Paulo Freire ou sequer em educação. Mas eu sei reconhecer uma fraude quando a vejo, e ele é uma das maiores, talvez até pior, em suas consequências, do que os erros de política econômica que estão sendo cometidos pelos companheiros nesses anos todos, inclusive os crimes econômicos perpetrados ao longo dos últimos 12 anos.
Eu lhe proponho o seguinte: vou tentar recolher o material que eu tenho, disperso em meus blogs, pastas de working files, documentos e matérias de imprensa coletados ao longo dos anos.
De sua parte peço que me envie seu artigo em preparação, pois poderei ter uma ideia de como vc está abordando o assunto. E também os materiais que voce coletou.
(...)
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida

sábado, 28 de setembro de 2013

A "pedagogia" de Paulo Freire como fraude no ensino

Apenas registrando para desenvolver:

Todo o ensino brasileiro baseado em Paulo Freire é uma fraude e uma mediocridade. 
Ensinar com base na experiência vivida é de um senso comum beócio. 
Ensinar que o mundo se caracteriza pela luta de classes e que os pobres são melhores que os ricos é um fraude completa. 
O Brasil tem uma tragédia educacional, aliás duas: uma se chama Paulo Freire. 
Outra é a ditadura pedagógica exercida sobre o ensino por essa fraude, ambas patrocinadas pelo partido neobolchevique no poder. 
Infelizmente para o Brasil e os brasileiros. 
Paulo Roberto de Almeida

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Paulo Freire inspirando educacao basica? Nao vai dar certo...

O seminário pode ter sido uma boa ideia. Mas prestem atenção nesta frase:
"...o seminário foi inspirado nos pensamentos de Paulo Freire (Educação na cidade, p. 83) que escreveu "O que proponho é um trabalho pedagógico que, a partir do conhecimento que o aluno traz que é uma expressão de sua classe social. O que se propõe é que o conhecimento com o qual se trabalha na escola seja relevante e significativo para a formação do educando".

Se pretendem reformar a educação básica com base no pensamento classista, sumamente idiota, de Paulo Freire, não pode dar certo. Vamos continuar no brejo...
Paulo Roberto de Almeida

Seminário Internacional - Educação Básica: Conhecimento e Currículo
Jornal Ciência Hoje, 11/07/2013

Resultados das discussões servirão de base para modificações curriculares que deverão ser definidas pelo Conselho Nacional de Educação

Propostas debatidas em seminário servirão de base para as modificações curriculares que deverão ser definidas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Esse foi o resultado das discussões realizadas nos dias 4 e 5 de julho, durante o Seminário Internacional - Educação Básica: Conhecimento e Currículo, promovido pelo CNE. Realizado em Brasília, o evento contou com a participação de cerca de 400 pessoas com a presença de um grande número de conselheiros do CNE, gestores e professores de diferentes estados da federação.

O professor Isaac Roitman, coordenador do Núcleo do Futuro (n-Futuros/CEAM/UnB) da Universidade de Brasília foi um dos representantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no evento. De acordo com ele, o seminário, que foi organizado pela Câmara de Educação Básica, procurou estimular os debates sobre as linguagens estéticas e as ciências na modernização dos currículos do ensino básico indispensáveis para a renovação e inovação na educação brasileira.

Para Roitman, que participou da mesa redonda "Um currículo para avançar no conhecimento", o destaque foi a apresentação do físico Moysés Nussensweig, da UFRJ. "Ele falou sobre a implantação do projeto "Aventuras da Ciência" que reabilita o vitorioso programa idealizado por Isaias Raw com a coleção Cientistas na década de 1960", relatou. Ainda de acordo com ele, o projeto apoiado pela CAPES e FINEP produz kits que estão sendo utilizados no ensino de biologia, química e física do ensino médio.

Outras três mesas redondas também foram realizadas: Um currículo motivador do conhecimento; um currículo para a democratização do conhecimento e Conhecimento e currículo. Entre outros participaram das mesas: Luiz Carlos Menezes (USP), Elvira Sousa Lima (CEPAOS), Miguel Arroyo (UFMG), Petronilha Beatriz Gonzalves (UFSCar), Anderson Gomes (UFPE), Roberto Franklin de Leão (CNTE), Anastácio Peralta (Aldeia Panambizinho), Maria Helena Guimarães Castro (SEADE) e Rui Trindade (Universidade do Porto).


De acordo com ele, o seminário foi inspirado nos pensamentos de Paulo Freire (Educação na cidade, p. 83) que escreveu "O que proponho é um trabalho pedagógico que, a partir do conhecimento que o aluno traz que é uma expressão de sua classe social. O que se propõe é que o conhecimento com o qual se trabalha na escola seja relevante e significativo para a formação do educando". Além do professor Roitman, também participou do evento, como conferencista, o professor Ennio Candotti, vice-presidente da SBPC.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Paulo Freire: a contribuicao brasileira para tornar o mundo pior do que e'...

Opinião 2

Autoajuda marxista

José Maria e Silva
Gazeta do Povo, 04/12/2012

“Paulo Freire: Rousseau do século 20.” Quem faz essa afirmação, em um alentado livro de 324 páginas publicado em 2011 na Holanda e que leva justamente esse título, é o indiano Asoke Bhattacharya, professor da Universidade de Calcutá. De fato, Paulo Freire é a versão atual do autor de Emílio, ou Da Educação (1762), que muita influência teve na pedagogia. Mas, como ironiza Émile Durkheim, quem confiaria a educação de uma criança ao desnaturado Rousseau, que abandonou a própria prole?
Essa pergunta cabe em relação a Paulo Freire, que prega a liberdade, mas cultua totalitarismos. Pedagogia do Oprimido, uma espécie de manual de autoajuda marxista, idolatra a “linguagem quase evangélica” do “humilde e amoroso” Che Guevara, enaltece sua “comunhão com o povo” e, valendo-se de um jogo vazio de palavras, justifica as execuções sumárias que ele perpetrava sem piedade: “A revolução é biófila, é criadora de vida, ainda que, para criá-la, seja obrigada a deter vidas que proíbem a vida”.
Essa frase assassina inspira Moacir Gadotti, discípulo predileto do mestre, que, em Pensamento Pedagógico Brasileiro, despreza o grande pedagogo escola-novista Lourenço Filho, mas se rende a Lenin e Mao Tsé-tung. Ambos são tratados por Gadotti como “grandes pedagogos da humanidade”.
Pedagogia do Oprimido, que deu fama mundial a Freire, é menos um tratado que um panfleto. Até seus discípulos são obrigados a reconhecê-lo. Ao observar que Paulo Freire “foi saudado como um dos fundadores da pedagogia crítica”, Bhattacharya observa que isso “não é errado, mas também não é muito preciso”, pois vários filósofos educacionais antes dele foram críticos em relação à pedagogia tradicional. “Portanto, não é a atitude crítica de Freire, mas seu ativismo político que o diferencia de alguns (mas não de todos) os filósofos canônicos educacionais”, diz o professor indiano.
O “Método Paulo Freire”, com mais propaganda que resultados, foi uma ferramenta populista de João Goulart financiada com dinheiro norte-americano do acordo MEC-Usaid. E nem era inédito: o uso de palavras geradoras na alfabetização já estava presente em outras propostas pedagógicas, como o “Método Laubach”, muito disseminado no Brasil. O que Paulo Freire fez foi carregar as palavras de ideologia revolucionária, a pretexto de falar da realidade do aluno. É como se o pedreiro tivesse de se restringir ao tijolo; o lavrador, à enxada; o carpinteiro, ao serrote. O que seria da cultura brasileira se Machado de Assis fosse obrigado, em sua alfabetização, a tartamudear sobre o morro em que nasceu?
O reducionismo pedagógico é o grande legado de Paulo Freire. Juntando-se ao “construtivismo pós-piagetiano”, ele inspirou o “preconceito linguístico”, que vilipendia a norma culta do idioma; a “geografia crítica”, que mistura bairrismo com economia marxista; a história em ação, que eterniza o presente; a matemática étnica, que cria analfabetos em tabuada. Paulo Freire relativizou o conhecimento, anulou a autoridade do professor e, sobretudo, assassinou o mérito – inviabilizando a possibilidade de educação. O ranking global divulgado no fim de novembro que o diga.
José Maria e Silva, jornalista, é mestre em Sociologia.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O supremo idiota da educacao brasileira: Paulo Freire

Muitos leitores deste blog, embora eu não possa precisar quantos exatamente, devem ficar chocados quando eu me refiro a certas pessoas como idiotas. Seria um insulto, um exagero meu, um despeito contra quem supostamente ficou famoso, e contra quem eu teria sérias restrições, representando, portanto, alguma inveja minha ou crítica indevida.
Várias vezes referi-me a Paulo Freire, como o supremo idiota da educação brasileira (pior, acho que falei em calamidade educacional que exportamos para o resto do mundo), e tive comentários discordantes, alguns até raivosos. Enfim, todo mundo tem o direito de discordar dos meus posts e, desde que as críticas sejam fundamentadas, não tenho nenhuma objeção a publicar aqui.
E eu tenho o direito de chamar idiotas de idiotas, mas reconheço que também preciso fundamentar minhas "acusações" de idiotice. O problema, eterno, terrível, é que leio muito, mas nem sempre tenho tempo de resumir, sintetizar, explicar tudo o que leio, justificando, portanto, meus julgamentos, geralmente sérios, mas embasados em leituras não reveladas. Concordo, também, em que chamar alguém de idiota, simplesmente, não é muito eficiente, em termos práticos, pois muita gente acha o idiota em questão um grande intelectual, e o interlocutor pode ficar chocado pela minha expressão de desprezo pelo "intelequitual".
Enfim, existem muitos idiotas, no Brasil e no mundo, que mereceriam ser desmascarados, mas eles são muitos, efetivamente, e como o mundo também tem muitos idiotas, sempre tem público para certas idiotices.
O Brasil, como sempre digo, não é tão atrasado materialmente -- já que o progresso é uma fatalidade, como já disse alguém -- como ele é atrasado mentalmente, e nos últimos tempos, os responsáveis políticos e econômicos -- e sobretudo os "educacionais" e pedagógicos -- têm se esforçado para atrasá-lo ainda mais, retrocedendo o Brasil meio século para trás. Talvez até mais, mas isso veremos mais adiante...
Por isso que a atribuição a Paulo Freire do título de patrono da educação brasileira combina com esse atraso. Só atrasados mentais seriam capazes desse crime contra a educação brasileira. Mas existem várias outras idiotices sendo cometidas em outros setores.
Paulo Freire permanece, no entanto, um caso exemplar, e para mim dramático. Ele já influenciou 5o anos de formação de professores e pedagogos, e vai continuar influenciando pelo menos uma geração mais (estou sendo otimista, claro) nos anos à frente. Por isso mesmo sou, como já disse, absolutamente e relativamente pessimista quanto ao futuro da educação brasileira: acho que vamos continuar recuando, mentalmente, do pré-primário à pós-graduação, sem possibilidade de recuperação.
Agradeço à Juliana por esta matéria que retiro de seu blog sobre Paulo Freire, de um "filósofo" que classificam como conservador, e que eu chamaria apenas de polêmico.
Ele tem razão na maior parte do que afirma, só errando quanto à produção científica brasileira que vem sendo citada: ela tem aumentado, não sei se em qualidade, mas pelo menos em quantidade. E conviria também distinguir entre a boa qualidade dos papers que são publicados nas áreas de biológicas, e hard sciences em geral, do lixo que caracteriza, provavelmente, mais da metade do que sai nas chamadas humanidades.
Com essa ressalva, fica o texto de Olavo de Carvalho, que remete a outros autores que poderiam ser pesquisados pelos interessados.
Paulo Roberto de Almeida 
De Olavo de Carvalho:

Viva Paulo Freire!

Vocês conhecem alguém que tenha sido alfabetizado pelo método Paulo Freire? Alguma dessas raras criaturas, se é que existem, chegou a demonstrar competência em qualquer área de atividade técnica, científica, artística ou humanística? Nem precisam responder. Todo mundo já sabe que, pelo critério de “pelos frutos os conhecereis”, o célebre Paulo Freire é um ilustre desconhecido. As técnicas que ele inventou foram aplicadas no Brasil, no Chile, na Guiné-Bissau, em Porto Rico e outros lugares. Não produziram nenhuma redução das taxas de analfabetismo em parte alguma. Produziram, no entanto, um florescimento espetacular de louvores em todos os partidos e movimentos comunistas do mundo. O homem foi celebrado como gênio, santo e profeta. Isso foi no começo. A passagem das décadas trouxe, a despeito de todos os amortecedores publicitários, corporativos e partidários, o choque de realidade. 

Eis algumas das conclusões a que chegaram, por experiência, os colaboradores e admiradores do sr. Freire: “Não há originalidade no que ele diz, é a mesma conversa de sempre. Sua alternativa à perspectiva global é retórica bolorenta. Ele é um teórico político e ideológico, não um educador.” (John Egerton, “Searching for Freire”, Saturday Review of Education, Abril de 1973.) “Ele deixa questões básicas sem resposta. Não poderia a ‘conscientização’ ser um outro modo de anestesiar e manipular as massas? Que novos controles sociais, fora os simples verbalismos, serão usados para implementar sua política social? Como Freire concilia a sua ideologia humanista e libertadora com a conclusão lógica da sua pedagogia, a violência da mudança revolucionária?” (David M. Fetterman, “Review of The Politics of Education”, American Anthropologist, Março 1986.) 

“[No livro de Freire] não chegamos nem perto dos tais oprimidos. Quem são eles? A definição de Freire parece ser ‘qualquer um que não seja um opressor’. Vagueza, redundâncias, tautologias, repetições sem fim provocam o tédio, não a ação.” (Rozanne Knudson, Resenha da Pedagogy of the Oppressed; Library Journal, Abril, 1971.) “A ‘conscientização’ é um projeto de indivíduos de classe alta dirigido à população de classe baixa. Somada a essa arrogância vem a irritação recorrente com ‘aquelas pessoas’ que teimosamente recusam a salvação tão benevolentemente oferecida: ‘Como podem ser tão cegas?’” (Peter L. Berger, Pyramids of Sacrifice, Basic Books, 1974.) “Alguns vêem a ‘conscientização’ quase como uma nova religião e Paulo Freire como o seu sumo sacerdote. Outros a vêem como puro vazio e Paulo Freire como o principal saco de vento.” (David Millwood, “Conscientization and What It's All About”, New Internationalist, Junho de 1974.) “A Pedagogia do Oprimido não ajuda a entender nem as revoluções nem a educação em geral.” (Wayne J. Urban, “Comments on Paulo Freire”, comunicação apresentada à American Educational Studies Associationem Chicago, 23 de Fevereiro de 1972.) “Sua aparente inabilidade de dar um passo atrás e deixar o estudante vivenciar a intuição crítica nos seus próprios termos reduziu Freire ao papel de um guru ideológico flutuando acima da prática.” (Rolland G. Paulston, “Ways of Seeing Education and Social Change in Latin America”, Latin American Research Review. Vol. 27, No. 3, 1992.) 

“Algumas pessoas que trabalharam com Freire estão começando a compreender que os métodos dele tornam possível ser crítico a respeito de tudo, menos desses métodos mesmos.” (Bruce O. Boston, “Paulo Freire”, em Stanley Grabowski, ed., Paulo Freire, Syracuse University Publications in Continuing Education, 1972.) Outros julgamentos do mesmo teor encontram-se na página de John Ohliger, um dos muitos devotos desiludidos (http://www.bmartin.cc/dissent/documents/Facundo/Ohliger1.html#I). Não há ali uma única crítica assinada por direitista ou por pessoa alheia às práticas de Freire. Só julgamentos de quem concedeu anos de vida a seguir os ensinamentos da criatura, e viu com seus própios olhos que a pedagogia do oprimido não passava, no fim das contas, de uma opressão da pedagogia. Não digo isso para criticar a nomeação póstuma desse personagem como “Patrono da Educação Nacional”. 

Ao contrário: aprovo e aplaudo calorosamente a medida. Ninguém melhor que Paulo Freire pode representar o espírito da educação petista, que deu aos nossos estudantes os últimos lugares nos testes internacionais, tirou nossas universidades da lista das melhores do mundo e reduziu para um tiquinho de nada o número de citações de trabalhos acadêmicos brasileiros em revistas científicas internacionais. Quem poderia ser contra uma decisão tão coerente com as tradições pedagógicas do partido que nos governa? Sugiro até que a cerimônia de homenagem seja presidida pelo ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, aquele que escrevia “cabeçário” em vez de “cabeçalho”, e tenha como mestre de cerimônias o principal teórico do Partido dos Trabalhadores, dr. Emir Sader, que escreve “Getúlio” com LH. A não ser que prefiram chamar logo, para alguma dessas funções, a própria presidenta Dilma Roussef, aquela que não conseguia lembrar o título do livro que tanto a havia impressionado na semana anterior, ou o ex-presidente Lula, que não lia livros porque lhe davam dor de cabeça.

domingo, 22 de abril de 2012

Mais um pouco de Paulo Freire, por Olavo de Carvalho

Transcrevo apenas. Não compartilho todas as opiniões do autor, mas creio que as transcrições, que ele deve ter retirado seletivamente de instrumento de busca aplicado aos comentários feitos nos EUA são suficientes para se fazer uma vacuidade de ideias do "pedagogo" em questão.
Aliás, vacuidade de ideias é o que combina mesmo com o ambiente atual.



Viva Paulo Freire!
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 19 de abril de 2012 


Vocês conhecem alguém que tenha sido alfabetizado pelo método Paulo Freire? Alguma dessas raras criaturas, se é que existem, chegou a demonstrar competência em qualquer área de atividade técnica, científica, artística ou humanística? Nem precisam responder. Todo mundo já sabe que, pelo critério de “pelos frutos os conhecereis”, o célebre Paulo Freire é um ilustre desconhecido.
As técnicas que ele inventou foram aplicadas no Brasil, no Chile, na Guiné-Bissau, em Porto Rico e outros lugares. Não produziram nenhumaredução das taxas de analfabetismo em parte alguma.
Produziram, no entanto, um florescimento espetacular de louvores em todos os partidos e movimentos comunistas do mundo. O homem foi celebrado como gênio, santo e profeta.
Isso foi no começo. A passagem das décadas trouxe, a despeito de todos os amortecedores publicitários, corporativos e partidários, o choque de realidade. Eis algumas das conclusões a que chegaram, por experiência, os colaboradores e admiradores do sr. Freire:
“Não há originalidade no que ele diz, é a mesma conversa de sempre. Sua alternativa à perspectiva global é retórica bolorenta. Ele é um teórico político e ideológico, não um educador.” (John Egerton, “Searching for Freire”, Saturday Review of Education, Abril de 1973.)
“Ele deixa questões básicas sem resposta. Não poderia a ‘conscientização’ ser um outro modo de anestesiar e manipular as massas? Que novos controles sociais, fora os simples verbalismos, serão usados para implementar sua política social? Como Freire concilia a sua ideologia humanista e libertadora com a conclusão lógica da sua pedagogia, a violência da mudança revolucionária?” (David M. Fetterman, “Review of The Politics of Education”, American Anthropologist, Março 1986.)
“[No livro de Freire] não chegamos nem perto dos tais oprimidos. Quem são eles? A definição de Freire parece ser ‘qualquer um que não seja um opressor’. Vagueza, redundâncias, tautologias, repetições sem fim provocam o tédio, não a ação.” (Rozanne Knudson, Resenha daPedagogy of the Oppressed; Library Journal, Abril, 1971.)
“A ‘conscientização’ é um projeto de indivíduos de classe alta dirigido à população de classe baixa. Somada a essa arrogância vem a irritação recorrente com ‘aquelas pessoas’ que teimosamente recusam a salvação tão benevolentemente oferecida: ‘Como podem ser tão cegas?’” (Peter L. Berger, Pyramids of Sacrifice, Basic Books, 1974.)
“Alguns vêem a ‘conscientização’ quase como uma nova religião e Paulo Freire como o seu sumo sacerdote. Outros a vêem como puro vazio e Paulo Freire como o principal saco de vento.” (David Millwood, “Conscientization and What It's All About”, New Internationalist, Junho de 1974.)
“A Pedagogia do Oprimido não ajuda a entender nem as revoluções nem a educação em geral.” (Wayne J. Urban, “Comments on Paulo Freire”, comunicação apresentada à American Educational Studies Associationem Chicago, 23 de Fevereiro de 1972.)
“Sua aparente inabilidade de dar um passo atrás e deixar o estudante vivenciar a intuição crítica nos seus próprios termos reduziu Freire ao papel de um guru ideológico flutuando acima da prática.” (Rolland G. Paulston, “Ways of Seeing Education and Social Change in Latin America”, Latin American Research Review. Vol. 27, No. 3, 1992.)
“Algumas pessoas que trabalharam com Freire estão começando a compreender que os métodos dele tornam possível ser crítico a respeito de tudo, menos desses métodos mesmos.” (Bruce O. Boston, “Paulo Freire”, em Stanley Grabowski, ed., Paulo Freire, Syracuse University Publications in Continuing Education, 1972.)
Outros julgamentos do mesmo teor encontram-se na página de John Ohliger, um dos muitos devotos desiludidos (http://www.bmartin.cc/dissent/documents/Facundo/Ohliger1.html#I).
Não há ali uma única crítica assinada por direitista ou por pessoa alheia às práticas de Freire. Só julgamentos de quem concedeu anos de vida a seguir os ensinamentos da criatura, e viu com seus própios olhos que a pedagogia do oprimido não passava, no fim das contas, de uma opressão da pedagogia.
Não digo isso para criticar a nomeação póstuma desse personagem como “Patrono da Educação Nacional”. Ao contrário: aprovo e aplaudo calorosamente a medida. Ninguém melhor que Paulo Freire pode representar o espírito da educação petista, que deu aos nossos estudantes os últimos lugares nos testes internacionais, tirou nossas universidades da lista das melhores do mundo e reduziu para um tiquinho de nada o número de citações de trabalhos acadêmicos brasileiros em revistas científicas internacionais. Quem poderia ser contra uma decisão tão coerente com as tradições pedagógicas do partido que nos governa? Sugiro até que a cerimônia de homenagem seja presidida pelo ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, aquele que escrevia “cabeçário” em vez de “cabeçalho”, e tenha como mestre de cerimônias o principal teórico do Partido dos Trabalhadores, dr. Emir Sader, que escreve “Getúlio” com LH. A não ser que prefiram chamar logo, para alguma dessas funções, a própria presidenta Dilma Roussef, aquela que não conseguia lembrar o título do livro que tanto a havia impressionado na semana anterior, ou o ex-presidente Lula, que não lia livros porque lhe davam dor de cabeça.

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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Sobre a "pedagogia" de Paulo Freire (3): vai demorar mais um pouco...

Eu acreditava que o quadro lamentável, que vigora atualmente nas faculdades de educação no Brasil, nas quais a "subpedagogia" de Paulo Freire reina suprema, num país que acaba de proclamar que esse "intelequitual" é o patrono da (des)educação no país, demoraria para ser revertido, e situava isso em pelo menos três gerações, ou seja, algo como 75 anos.
Sinto muito ter sido otimista.
Por um comentário que acabo de receber, constatei que vai demorar um pouco mais.
Infelizmente, o número de true believers nesse supremo mistificador ainda é mais elevado do que pensei, já que eles frequentam também este espaço.
Não sei como pessoas que são absolutamente contrárias ao que escrevo, ainda praticam o masoquismo de frequentar estas páginas. Deve ser algum tipo de compulsão doentia.
Em todo caso, isso me confirma que idiotas estão por todas as partes, ou então eu tenho inimigos particularmente persistentes, que não se inibem de correr o risco de serem ridicularizados, ao ter eu de postar seus comentários absolutamente idiotas...
Paulo Roberto de Almeida

Sobre a "pedagogia" de Paulo Freire (2): versão em Portugues de artigo já transcrito aqui

Eu tinha transcrito o original deste artigo. Como alguns frequentadores podem não ter familiaridade com o inglês, coloco agora a versão em Português, que me foi indicada pelo amigo Kleber Pires, a quem agradeço.


Outra razão pela qual as escolas de educação dos Estados Unidos são tão ruins: a influência em curso do marxista brasileiro Paulo Freire
Assim como o mais famoso Teach for America, o programa New York Teaching Fellows fornece um caminho alternativo à certificação Estadual para aproximadamente 1.700 professores novos por ano. Quando me encontrei com um grupo de pessoas que assistiam a uma aula obrigatória em uma escola de instrução no verão passado, começamos a discutir a reforma da educação, mas a conversa tomou logo um novo rumo, com muitos descrevendo histórias de horror uma após a outra de seu difícil primeiro ano: salas de aula caóticas, administradores indiferentes, professores veteranos que raramente ofereciam ajuda. Pode-se esperar que as leituras exigidas para professores iniciantes contenham dicas práticas para a vivência na sala de aula, por exemplo, ou bons conselhos que ajudem a leitura de alunos desfavorecidos. Ao invés, o único livro que todos tinham que ler "de cabo a rabo" era Pedagogia dos Oprimidos, do educador brasileiro Paulo Freire.
Para qualquer um que conheça as escolas de instrução americanas, a escolha não parecia surpresa. Desde a publicação da edição em inglês em 1970, Pedagogia dos Oprimidos alcançou um status elevado em programas de formação de docentes na América. Em 2003, David Steiner e Susan Rozen publicaram um estudo que examinava os currículos de 16 escolas de instrução - 14 delas classificadas entre as melhores instituições no país, de acordo com a U.S. News and World Report - e concluíram que Pedagogia do Oprimido era um dos livros mais usados em seus cursos de filosofia da educação. Essa é sem dúvida parte da razão pela qual, de acordo com o editor, aproximadamente 1 milhão de cópias tenham sido vendidas, um número marcante em se tratando de um livro voltado para a Educação.
O estranho é que a obra de Paulo Freire não versa sobre educação - certamente não a educação de crianças. Pedagogia dos Oprimidos não menciona nenhum dos assuntos que ocuparam a cabeça dos reformistas da educação durante o século XX: provas, padrões de ensino, currículo escolar, o papel dos pais na educação, como organizar as escolas, que matérias devem ser estudadas em cada série, qual a melhor maneira de treinar professores, o modo mais efetivo de educar crianças desfavorecidas em todos os níveis. Esse best-seller sobre educação é, ao contrário, um tratado político utópico que clama pelo fim da hegemonia do capitalismo e a criação de uma sociedade sem classes. Professores que adotam essas idéias perniciosas arriscam prejudicar seus alunos - e ironicamente, seus alunos mais desfavorecidos sofrerão em maior escala.
Para se ter uma idéia das prioridades do livro, basta dar uma olhada em suas notas de rodapé. Freire não está interessado nos tradicionais pensadores e educadores do Ocidente - não em Rousseau, Piaget, John Dewey, Horace Mann, ou Maria Montessori. Ele cita um leque bem diferente de figuras: Marx, Lenin, Che Guevara, e Fidel Castro, assim como os intelectuais orgânicos radicais Frantz Fanon, Régis Debray, Herbert Marcuse, Jean-Paul Sartre, Louis Althusser, e George Lukács. E não há porque ser diferente, uma vez que sua idéia central é que a principal contradição em toda sociedade é entre "opressores" e "oprimidos" e que a revolução resolverá esse conflito. Os "oprimidos" estão destinados a desenvolver uma "pedagogia" que os leve à sua liberdade. Aqui, numa passagem chave, está como Freire vê seu projeto de emancipação:
A pedagogia do oprimido [é] uma pedagogia que deve ser feita com, e não para, o oprimido (tanto indivíduos ou grupos) numa incessante batalha para recuperar sua humanidade. Essa pedagogia faz da opressão e suas causas objetos de reflexão pelo oprimido, e dessa reflexão virá o engajamento necessário na luta pela sua liberdade. E na luta essa pedagogia se fará constante.
Como essa passagem deixa claro, Freire nunca teve a mais leve intenção de que pedagogia seja algo que se refira ao did-a-dia na sala de aula, como análise e pesquisa ou qualquer coisa que se leve a uma melhor produção acadêmica dos alunos. Ele almeja algo maior. Sua idiossincrática teoria sobre escolas remete apenas a uma auto consciência dos trabalhadores e camponeses explorados que estariam "percebendo a opressão no mundo". Uma vez que eles cheguem à noção de que estão sendo explorados, mirabile dictu, "essa pedagogia não mais pertence aos oprimidos e passa a ser uma pedagogia de todos no processo de liberação permanente".
Freire raramente fundamenta sua descrição de luta entre opressores e oprimidos em uma sociedade ou um período histórico em particular, então se torna difícil ao leitor julgar se o que ele está dizendo faz sentido ou não. Não sabemos se os opressores a que ele se refere são os banqueiros norte americanos, os barões latino americanos ou, ainda, autoritários burocratas da educação. Sua linguagem á tão metafísica e vaga que ele pode simplesmente estar se referindo a uma jogo de tabuleiro com dois lados oponentes, os opressores e os oprimidos. Ao fazer análises gerais sobre a luta entre esses dois lados, ele se apóia na formulação padrão de Marx segundo a qual "a luta de classes necessariamente leva a uma ditadura do proletariado [e] essa ditadura significa a transição para a abolição de todas as classes e a uma sociedade sem classes".
Em uma nota de rodapé, entretanto, Freire menciona uma sociedade que de fato atingiu a "permanente liberação" que ele propõe: esse "parece ser o fundamental aspecto da revolução Cultural de Mao". Os milhões de chineses de todas as classes que sofreram e morreram sob o tacão da revolução brutal provavelmente discordam. Freire também oferece conselhos a líderes revolucionários, que "precisam entender a revolução, por causa de sua natureza criativa e liberal, como um ato de amor." O exemplo usado por Freire de seu amor revolucionário é ninguém menos que o símbolo da revolução armada de 1960, Che Guevara, que afirmou que "o revolucionário é guiado por forte sentimento de amor". Freire deixa de mencionar, no entanto que Che foi um dos mais brutais personagens da revolução cubana, responsável pela execução de centenas de oponentes políticos.
Afinal, escuridão e tristeza parecem ser o menor dos problemas do livro, mas assim mesmo é válido citar um trecho da abertura do livro.
Enquanto o problema da humanização sempre foi, do ponto de vista axiológico, o problema central da espécie humana, ele agora toma um caráter de preocupação inevitável. Preocupação pela humanização remete ao reconhecimento da desumanização, não apenas como uma possibilidade ontológica, mas como uma realidade histórica. E à medida que um indivíduo percebe a extensão da desumanização, ele ou ela deve se perguntar se humanização é uma possibilidade viável. Na história, em contextos objetivos e concretos, tanto a humanização quanto a desumanização são possibilidades para uma pessoa enquanto um ser incompleto consciente de sê-lo.
Precariamente traduzindo: humanização é bom e desumanização é ruim. Ah, como nos dias em que os panfletos revolucionários acertaram, como em: "Um fantasma está assombrando a Europa".
Como esse livro sobre opressão, luta de classes, a destruição do capitalismo e a necessidade de uma revolução pode ter sido confundido com um tratado sobre educação que pode resolver os problemas das escolas do século XXI nas cidades de interior americanas? A resposta para essa questão começa em Pernambuco, um estado do nordeste brasileiro. Nas décadas de 50 e 60, Freire era um professor universitário e um radical ativista político na capital, Recife, onde ajudou a organizar campanhas em prol da alfabetização de camponeses. Freire percebeu que aulas de alfabetização e civilidade eram um bom caminho para fazer com que os camponeses pobres votassem em candidatos radicais. Sua "pedagogia" começou, então, com campanhas para mobilização de um grande número de eleitores, rendendo-lhe poder político.
Em 1964, o governo militar assumiu o poder no Brasil. Freire passou um tempo na cadeia e depois ficou exilado no Chile, onde - inspirado por seu trabalho com camponeses - trabalhou em Pedagogia dos Oprimidos. Daí a insistência do livro de que educação escolar não é um processo neutro, mas que sempre carrega um propósito político. Consequentemente também, um dos poucos pontos verdadeiramente pedagógicos do livro: sua oposição em submeter os estudantes a qualquer conteúdo acadêmico, que ele se refere como "conhecimento oficial" que serve para racionalizar a desigualdade inerente na sociedade capitalista. Uma das metáforas de Freire mais citadas repudia a educação em uma via professor-aluno e a compara com o "conceito bancário", onde "a atuação do aluno é apenas a de receber e guardar os créditos". Freire propõe, ao invés da dicotomia entre professores e alunos, uma nova relação entre estudantes e professores a partir do diálogo e da busca de soluções em conjunto, até que o papel de aluno e professor se fundisse em "professor-estudante" e "estudante-professor".
Após a publicação da edição em inglês do livro em 1970, Freire recebeu foi convidado para dar uma palestra na Harvard Graduate School of Education, e no decorrer da década seguinte encontrou audiências entusiasmadas em universidades Americanas. Pedagogia do Oprimido encontrou eco entre educadores progressistas, que já estavam comprometidos com uma visão da sala de aula baseada no aluno ao invés de guiada pelo professor. A rejeição de Freire a aulas a partir do conteúdo e do conhecimento do professor encontrou suporte no que já era a teoria mais popular de ensino, que argumenta que os alunos deveriam trabalhar colaborativamente na construção de seu próprio conhecimento e que o professor deveria ser uma espécie de "guia de ajuda", e não um "sábio no púlpito".
Em Pedagogia do Oprimido, Freire listou dez características chaves do que chamou de método "bancário" de ensino que mostravam como esse sistema era contrário a estudantes desfavorecidos. Por exemplo, "o professor fala e o aluno escuta - humildemente"; "o professor faz as escolhas e as impõe aos alunos que somente aceitam"; "o professor disciplina e o aluno é disciplinado"; "o professor escolhe o conteúdo do programa e o aluno (que não foi consultado) se adapta a ele". A crítica de Freire reforçava outros mitos da educação progressista nos Estados Unidos - de que as lições tradicionais baseadas no professor deixavam os alunos passivos e desinteressados, lavando a uma maior taxa de desistência escolar por parte de alunos pobres e minorias. Essa descrição era mais que uma mera caricatura, era puramente fabricada. Durante as duas últimas décadas, as E.D. Hirsch's Core Schools provou que um rico conteúdo baseado no professor aumentava o rendimento escolar de crianças pobres e que esses alunos permaneciam curiosos, intelectualmente estimulados e atentos - ainda que as escolas formadoras de professores continuassem a ignorar esses casos de sucesso.
Certamente, a popularidade da Pedagogia do Oprimido não se deveu somente a teoria educacional. Durante a década de setenta, veteranos das fileiras de protesto estudantis e contra a guerra no Vietnam colocaram de lado seus cartazes e começaram sua "longa marcha para dentro das instituições de ensino", adquirindo Ph.D.s e fazendo parte dos departamentos de ciências humanas. Uma vez dentro das universidades, os esquerdistas incorporaram suas agendas radicais (não importa se Marxistas, feministas ou racistas) em seus ensinamentos. Ao celebrar Freire como um grande pensador as portas se abriram para esses radicais. Sua declaração em Pedagogia do Oprimido de que "não existia uma educação neutra" se tornou um mantra para professores de esquerda que passaram a usá-lo como justificativa para incitar o ódio anti-americano nas salas de aula de universidades.
Por toda parte alguns professores de esquerda reconheceram os perigos para o discurso acadêmico da eliminação do ideal de neutralidade no ensino. Em Radical Teacher, o notável crítico literário,Gerald Graff - um ex-presidente do ultra politicamente correto Modern Language Assossiation - argumentou que "não importa o quanto Freire insista em 'solução de problemas' em oposição à educação 'bancária', o objetivo do ensino para Freire é mover o estudante na direção do que ele chama de 'uma percepção crítica do mundo', e não há dúvida de que para Freire apenas o Marxismo ou alguma versão do radicalismo esquerdista conta com uma genuína 'percepção crítica' ". Em outro escrito, Graff foi ainda mais longe em rejeitar o modelo Freireano de ensino:
Que direito temos de nos auto proclamar a consciência política de nossos alunos? Dada a desigualdade em poder e em experiência entre alunos e professores (até mesmo professores de comunidades humildes) os alunos têm sempre e com razão medo de desafiar nossas visões políticas mesmo se nós insistirmos para que o façam... Fazer com que os alunos "abram suas cabeças para o esquerdismo, feminismo, anti-racismo e idéias estranhas" seja o principal objetivo do ensino e estimula-los (belo eufemismo) "a trabalharem pela mudança igualitária" foi o erro fatal do movimento de pedagogia libertária de Freire nos anos 60 e ainda o é hoje.
Mas ninguém no meio acadêmico deu ouvidos ao aviso de Graff. E não apenas a doutrinação em nome da liberação infestou as faculdades americanas, onde os alunos poderiam pelo menos escolher seus cursos; de um quadro de professores radicais, a agenda Freiriana veio parar também nas salas de aula de escolas, na forma de um movimento de "ensino para a justiça social".
Como um caso de estudo, consideremos a carreira de Robert PetersonPeterson começou nos anos 80 como um professor primário em Milwaukee. Ele descreveu como se engajou no sistema de ensino de Freire através da Pedagogia do Oprimido, procurando uma maneira de usar as lições do radical educador com seus alunos bilíngües de quarta e quinta séries. Peterson chegou à conclusão de que teria que se separar do "método bancário" de educação, no qual "o professor e os gabaritos tinham as 'respostas certas' e os alunos são requisitados a regurgitar periodicamente." Ao invés, ele usou o método Freireano, que "se baseia na experiência do aluno... Isso significa desafiar os alunos a refletirem a natureza social do conhecimento e do currículo." Peterson quer nos fazer acreditar que seus alunos de quarta e quinta séries se tornaram críticos teóricos, questionando a "natureza do conhecimento" como calouros estudantes da Escola de Frankfurt.
O que de fato aconteceu foi que Peterson usou a racionalidade Freireana para se tornar "a consciência política" de seus alunos. Após uma intervenção do exército americano na América Latina, Peterson decidiu levar seus alunos para demonstrações de protesto contra a ajuda americana aos Contras em oposição aos Sandinistas Marxistas na Nicarágua. As crianças ficavam após as aulas fazendo cartazes:
Deixem-nos governar sua terra! Ajudem a América Central! Não os matem! Dê liberdade aos nicaragüenses!
Peterson era orgulhoso de um aluno da quarta série em particular que descreveu uma passeata na revista da turma. "Numa terça-feira chuvosa de abril alguns alunos da nossa turma foram fazer protesto contra os Contras," escreveu o aluno. "O povo da América Central é pobre e são bombardeados. Quando fomos protestar estava chovendo e parecia que os Contras estavam nos bombardeando."
Hoje em dia, Peterson é o editor da Rethinking Schoolswww.rethinkingschools.org/ a líder nacional em publicações para educadores com base na justiça-social. Ele também é o editor de um livro chamado Rethinking Mathematics: Teaching Social Justice by the Numbers, que oferece lições de matemática para a doutrinação de jovens crianças sobre o demônio racista e imperialista americano. Em parte graças aos esforços de Peterson, o movimento de justiça-social em matemática, assim como em outras matérias acadêmicas, chegou com força total (veja "The Ed Schools' Latest-and Worst-Humbug," Summer 2006). A justiça social tem um pé na maioria das escolas de instrução do país e goza do apoio de alguns dos maiores nomes em educação da matemática, incluindo muitos dos recém presidentes da American Education Research Association  www.aera.net/ e seus 25.000 membros, a organização de onde saem a maioria dos professores nos EUA. Seus vários livros pseudo-escolares, jornais e conferências exaltam os supostos benefícios para as crianças desfavorecidas do método de ensino que Peterson um dia infligiu em seus alunos de quarta série de Milwaukee.
Para rebater as críticas de que o objetivo do movimento é a doutrinação política, educadores adeptos da justiça social desenvolveram um aparato escolar para retratar a educação com fins de justiça social apenas como mais um sistema educacional válido, baseado em "pesquisa". Assim, um recente número da Teachers College Record www.tcrecord.org/ da Universidade de Columbia (que designa-se a si mesma o título de "a voz da pesquisa em educação") publicou um artigo escrito pelo professor de matemática da Universidade de Illinois, Eric Guttstein descrevendo o resultado de "uma pesquisa de dois anos sobre o ensino voltado para a justiça social". A "pesquisa" consiste numa observação de suas próprias aulas durante dois anos numa escola pública de Chicago e conclui que foi um grande sucesso. Parte da evidência foi a declaração de um de seus alunos: "Eu pensava que matemática era apenas uma matéria que eles nos ensinavam porque entendiam bem, mas agora eu percebi que você pode usar a matemática para defender seus direitos e também perceber as injustiças ao seu redor". Guttstein conclui que "os jovens nas salas de aula são mais do que apenas alunos - eles são, na verdade, atores na luta pela justiça social".
Não existem evidências de que a pedagogia Freireana tenha tido muito sucesso no Terceiro Mundo. Nem que os regimes revolucionários favoritos de Freire como China e Cuba, tenham reformado seus próprios sistemas "bancários" de ensino, no qual os alunos mais brilhantes são controlados, disciplinados, e têm seus conteúdos educacionais rígidos para atenderem as demandas nacionais - e a produção de mais administradores industriais, engenheiros e cientistas. O quão perverso é, então, que apenas nas cidades do interior americanas os educadores Freireanos são levados a "libertar" crianças pobres de uma "opressão" imaginária e os recrutem para uma revolução que nunca virá?
As idéias de Freire são perigosas não somente para os alunos, mas também para os professores comprometidos com esse tipo de educação. Um consenso mais amplo está emergindo entre reformadores da educação de que a melhor opção para enriquecer as conquista acadêmicas das crianças nas cidades de interior americanas é melhorar dramaticamente o nível dos professores que nelas ensinarão. Melhorar a qualidade dos professores numa tentativa de reduzir a diferença entre a educação de crianças pobres e as demais é o maior foco na agenda educacional de Obama. Mas se a qualidade dos professores é agora o principal foco, isso desafia a racionalidade de que aPedagogia do Oprimido ainda ocupe um lugar de destaque em cursos de treinamento para professores, que certamente nada aprenderão sobre tornarem-se melhores instrutores com seus desacreditados chavões Marxistas.
Na era Obama, finalmente, parece ser inaceitável encorajar professores a levar a agenda política de Freire a sério. Se existe alguma mensagem política que os professores tenham que trazer para seus alunos, é aquela do nosso maior escritor afro-americano, Ralph Ellison, que afirmou ter procurado em seus escritos "ver a América com a consciência de sua diversidade e sua quase mágica fluidez e liberdade... confrontando as desigualdades e brutalidades de nossa sociedade diretamente, ainda que impelindo suas imagens de esperança, fraternidade humana, e realização individual.".
* Sol Stern é editor e articulista do City Journal, integrante senior do Manhattan Institute,www.manhattan-institute.org/ e autor de Breaking Free: Public School Lessons and the Imperative of School Choice.