Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
Petralhas mentirosos (redundancia): salario minimo e preco da gasolina- Roberto Ellery
terça-feira, 21 de outubro de 2014
A pedidos: comparando o Brasil e a Alemanha - Roberto Ellery e Paulo Roberto de Almeida
Indiferente ao absurdo da pretensão -- que só poderia passar na cabeça de quem não entende nada de economia, e muito menos sabe história econômica, ou que jamais consultou estatísticas na vida -- cabe reconhecer que qualquer comparação entre países é válida, mesmo entre os Estados Unidos e a Somália, por exemplo.
Claro, alguém poderia mostrar, numa perspectiva de longo curso, que o diferencial de renda per capita entre os Estados Unidos recém independentes, digamos em 1790, e a então Somália, ou o que estivesse no seu lugar, fosse, chutando, de vinte vezes "apenas". Dois séculos depois, essa diferença deve ser superior a 100 vezes, se não for mais. Tudo bem, vocês podem argumentar, sempre se pode comparar, e descobrir que os EUA avançaram e a Somália estagnou, ou afundou. Coisas da vida.
Mas vamos comparar nosso paísinho que parece grande, com os mesmos EUA, grandões de verdade. Cem anos atrás, nós tinhamos uma renda per capita que não ultrapassava 11% da renda dos americanos, já então o povo mais rico do planeta. Avançamos, aos saltos e tropeços, no decorrer do século XX, mas o máximo que conseguimos fazer foi 25% ou 28% do PIB per capita americano, isso no auge do regime militar, quando tivemos taxas de crescimento chinesas, no início dos anos 1970 (bem, os chineses é que exibem agora as taxas "brasileiras" de quase meio século atrás). Atualmente, devemos nos situar abaixo de 20% da renda americana, o que significa que recuamos, ou então, o que é mais provável, eles avançaram mais do que nós (não tiveram hiperinflações, por exemplo).
Mas, esse tipo de comparação não é a mais significativa: dados brutos, em si, nunca são um indicador satisfatório para o desenvolvimento de um país. Eles podem refletir situações e conjunturas de crescimento -- ou de estagnação, com ou sem inflação, etc. -- mas o desenvolvimento implica em transformações estruturais, com prosperidade social, ou seja, crescimento da renda per capita, certo?
A esse título, a comparação do Brasil com a Alemanha nos deixa muito mal no retrato, a despeito do que pretende a presidente.
Mas, ela também recusou a comparação com o Chile, a pretexto de que o Chile é um pequeno país, com uma economia menor do que a do Rio Grande do Sul, disse ela. Outra bobagem, pois a esse título, a Alemanha também é um "pequeno" país em população e território, comparada com o Brasil, mas faz um PIB, total e per capita, várias vezes superior ao do Brasil, certo?
Mas, por que uma comparação com um "pequeno país" não serviria para esses exercícios de comparação? Só pelo tamanho? Mas isso é uma bobagem monumental. O mundo abriga países grandes, pequenos, médios, gigantes e minúsculos, sem que isso apresente qualquer problema para a prosperidade, ou a miséria, de seu povo. Temos grandes países miseráveis -- a Índia, por exemplo, ou de certo modo ainda a China rural -- e pequenos países riquíssimos, Suíça ou Luxemburgo.
O que importa, na verdade, é a qualidade das políticas econômicas de um país, de qualquer país, que o habilite a alcançar a prosperidade do seu povo, ou estagnar na decadência durante certo tempo, ou muito tempo. Desse ponto de vista, o Chile também dá de 7 a 1 no Brasil, como constata Roberto Ellery em relação à Alemanha, no trabalho que eu transcrevo aqui abaixo. Saindo de uma posição modesta em PIB per capita, o Chile cresceu muito no decorrer dos últimos 25 anos, ultrapassando o Brasil e sendo admitido como membro da OCDE, uma espécie de clube de países ricos, como se diz frequentemente.O Chile, nos anos 1990, foi um tigre asiático numa América Latina estagnada.
Isso porque as políticas econômicas do Chile foram muito mais consistentes do que as nossas durante largo tempo. Política fiscal sólida, inflação baixa, câmbio realista, abertura ao comércio e aos investimentos estrangeiros, poucos subsídios a indústrias. É isso que faz a diferença, e é isso que deve ser comparado.
Se continuarmos com as políticas econômicas da presidente, estaremos condenando o Brasil a ser, não uma Somália, mas talvez uma Índia ou uma China, durante os dois ou três séculos em que esses gigantes estagnaram na competição pelo desenvolvimento econômico e social. O que o Brasil prefere?
E então, vamos comparar desempenhos de países?
Com vocês o texto do Roberto Ellery.
Paulo Roberto de Almeida
Brasil e Alemanha: A presidente mandou e eu comparei.
Blog do Roberto Ellery, 20/10/2014
domingo, 17 de agosto de 2014
Cade o tripe economico que estava aqui? O gato (companheiro) comeu... - Roberto Ellery
Concordo plenamente.
Posto aqui seu pequeno artigo, e depois acrescento meus comentários que coloquei no blog dele.
Paulo Roberto de Almeida
Elegia para um Tripé
Meus comentários:
O texto está perfeito como explicação, embora o Português necessite algum polimento para poder ter ampla distribuição e até ser publicado como artigo de jornal.
Comentando substantivamente, eu diria o seguinte. O governo não fez tudo errado porque tinha vontade de errar, ser perverso, chutar o pau da barraca e causar o maior mal ao maior número de pessoas. Não, eles, os keynesianos de botequim, acreditavam piamente que estavam fazendo a coisa correta, ou seja, domando o mercado, e ensinando aos agentes como é que se cuida da economia.
Ou seja, uma mistura de ignorância com arrogância, o que provavelmente é o resultado da incultura econômica e da prepotência pessoal.
Nem o ministro da Fazendo, nem a sua chefe, podem ser efetivamente chamados de economistas. Eles aprenderam algumas lições de economia de orelha, pois nunca devem ter se debruçado sobre aqueles pesados manuais, ou text-books americanos (tipo Samuelson, Obersfeldt, etc) ou mesmo o manual dos professores da USP. No máximo deram uma folheada no último, alguma edição antiga, quando até os uspianos eram mais keynesianos do que mainstream neoclássico.
Depois, ficaram ouvindo aquelas bobagens que a Conceição dizia, ou melhor, as suas diatribes contra os garotos do Banco Central, as gozações do Beluzzo e do Coutinho contra os garotos da PUC-Rio, e de forma geral todos reclamando da tal de financeirização da economia, que parece um inferno, assim dito...
Ou seja, o pensamento desse pessoal, se o termo se aplica, é o mais tosco e primitivo possível. Além de não entenderem nada de economia, eles têm essa prevenção contra o setor financeiro (que seriam sanguessugas aproveitadores) e contra os lucros excessivos dos capitalistas industriais.
No fundo, não adianta, pois eles só vão mudar debaixo do cacete, ou seja, quando a crise já estiver instalada, como parece que já está.
No fundo, no fundo, o Brasil perdeu 12 anos de não reformas e de insistência nos erros.
Isso quanto aos companheiros.
Mas, há que reconhecer também que nossa Constituição é esquizofrênica, e os congressistas e todos os mandarins da República são mais esquizofrênicos ainda, todo dia criam novas despesas sem fontes de receita.
Acho que voce poderia explicar isso ao povo de uma forma mais ordenada.
terça-feira, 12 de agosto de 2014
Educacao: gastos no Brasil e na Coreia - Roberto Ellery
Paulo Roberto de Almeida
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
Lições da Coreia para Educação: "Mais Dinheiro" ou "Melhor Gestão"?
quarta-feira, 23 de julho de 2014
Reformas economicas no Brasil dos anos 1990 - Roberto Ellery (UnB, 24/07)
REFORMAS ECONÔMICAS DOS ANOS 90 NO BRASIL
PROF. DR. ROBERTO ELLERY.
GRUPO DE ESTUDOS LIBERAIS LOBOS DA CAPITAL convida a todos para exposição e discussão a respeito das reformas econômicas da década de1990(em especial as privatizações e o Plano Real) com o Prof. Roberto Ellery, Doutor em Economia pela Universidade de Brasília - UnB, Mestre em Economia pela University of Pennsylvania - UPENN e Mestre em Economia pela Fundação Getúlio Vargas - FGV.
O Professor também escreve em seu excelente blog (http://
Como usual, além dos estudos, teremos também deliciosas coxinhas.
Esperamos todos lá!
sexta-feira, 18 de julho de 2014
Banco dos Brics: duas opinioes negativas - Roberto Ellery e Adolfo Sachsida
Uma Ideia Ruim Sempre Pode ser Piorada: O Banco dos BRICS
https://www.youtube.com/watch?v=xXwo5_-KDH8&list=UUdivG5uywW1-UHNG5NGpExQAgora leiam o artigo do Roberto Ellery em seu blog, sobre o qual o Sachsida justamente me chamou a atenção.
Paulo Roberto de Almeida
Banco dos BRICS: Desnecessário e Perigoso
Emprego em queda: deve ser alguma maldicao companheira, deu tudo errado no mes da Copa
Mas justamente logo quando o governo esperava um emprego explodindo no mês da Copa, as vendas caem, o emprego some, a seleção deu chabu, a satisfação com a soberana volta a descer a rampa do Planalto.
Não é possível. Deve ser algum vodoo da oposição, esse pessoalzinho malvado, que aproveitou a presença de um bocado de haitianos (também importados por obra e graça dos companheiros), para fazer feitiçaria contra um governo tão bonzinho, tão preocupado com a questão social, tão sem outros recursos...
Paulo Roberto de Almeida
Criação de emprego no mês da Copa cai 79,5%, mostra Caged. Número de vagas é o pior desde 1992.
Políbio Braga, 17 Jul 2014 01:11 PM PDT
Foram criadas 25.363 vagas em junho — o pior resultado para o mês dos últimos 16 anos O país registrou abertura de apenas 25.363 vagas formais em junho, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta quinta-feira. O número é 79,5% inferior ao registrado no mesmo mês de 2013 . Em maio, foram criados 58.836 postos com carteira...
Addendum:
Aliás, esses efeitos negativos da Copa já tinham sido antecipados ANTES da Copa, por Roberto Ellery, como ele revela em seu blog, em post de 19 de junho.
Participação no Globonews Alexandre Garcia
O presidente do COFECON acredita que o setor de turismo pode ser beneficiado no longo prazo. Eu não compartilho desta idéia, várias pesquisas relativas a mudanças setoriais em países que foram sede da Copa do Mundo mostram que o efeito sobre a composição setorial do emprego é pequena ou nula, ou seja, não há um crescimento significativo do setor de turismo em relação a outros setores. No caso do Brasil as inúmeras dificuldades que temos para o turismo continuarão fazendo com que o país inteiro receba mais ou menos a mesma quantidade de turista recebidos pela Torre Eiffel a cada ano. Para os que se interessarem o link para o vídeo está aqui.
sábado, 10 de maio de 2014
Monsieur Piketty e o Brasil: analise de Roberto Ellery
Monsieur Piketty e o Brasil
Blog do Roberto Ellery
1/05/2014
O livro Capital in the Twenty-First Century é certamente o livro do momento entre economistas e demais interessados em temas como distribuição de renda, crescimento econômico e economia política no sentido tradicional do termo. Não vou repetir o que outros já fizeram com mais competência e comentar o livro. Para os interessados basta uma busca na internet para encontrar tantas resenhas quantas queiram. Da resenha favorável feita por Paul Krugman (link aqui) até os comentários mais críticos feitos por Gregory Mankiw (link aqui) e passando por ninguém menos que Robert Solow (link aqui) é possível encontrar comentários sobre o livro que atendam a todos os gostos, recomendo que leiam todos e, se puderem, leiam o livro. Para os que preferem ler em português a Folha de São Paulo publicou um texto do Paul Krugman sobre o livro (link aqui) e tem as resenhas e os comentários de autores nacionais como Rodrigo Constantino (link aqui) e Carlos Góes (link aqui).
Como podem perceber estou atrasado para fazer minha própria resenha. Porém farei uma pequena provocação ao livro sobre um ponto que imagino tenha chamado atenção de economistas que dedicam seu tempo para entender ou pelo menos acompanhar a economia brasileira. Como ainda não vi ninguém trazer este ponto, eu quero crer que desta vez não estou atrasado. Um dos resultados que mais chamam atenção no livro é que o autor encontra uma condição que caracteriza um processo de concentração de renda. A condição é que a taxa de juros seja maior que a taxa de crescimento da economia. A lógica parte da suposição que a taxa de juros representa de forma aproximada a taxa de crescimento do capital. Se o capital cresce mais rápido do que a renda como um todo então a renda dos capitalistas acaba ficando maior em relação à renda dos trabalhadores. O resultado do processo é um aumento da concentração de renda. Piketty argumenta que isto ocorreu no período anterior às Guerras Mundiais e que está acontecendo novamente. Esta explicação para o processo de concentração de renda foi criticada por Mankiw que, de forma bastante apropriada, lembrou que a condição da taxa de juros ser maior que a taxa de crescimento, seguindo Piketty passarei a chamar essa condição de r > g, nada mais é que a condição para eficiência dinâmica.
Mas não estou escrevendo para repetir a crítica do Mankiw. Estou escrevendo para lembrar que existe pelo menos um caso onde a condição r > g foi observada por um período longo e ocorreu redução da desigualdade. O caso somos nós, isto mesmo, o Brasil. A taxa de juros ficou acima da taxa de crescimento da economia em todos os anos desde 2003 (na realidade também era antes de 2003, escolhi o período posterior a 2003 por ser o período que a queda na desigualdade foi mais festejada e comentada), porém em todos os anos o índice de Gini, que mede a concentração de renda, caiu em relação ao ano anterior. A figura ilustra este fenômeno.
As barras azuis mostram a diferença entre a taxa de juros e a taxa de crescimento, r – g, e a linha vermelha mostra o índice de Gini. A menor diferença entre r e g aconteceu em 2010. Durante três anos a diferença ficou acima de 10% e na maior parte dos anos ficou acima de 8%. Mesmo assim a desigualdade caiu. Alguém podia dizer que a queda da desigualdade decorreu de políticas de transferência de renda patrocinadas pelo governo, seria como se o governo estivesse contrapondo a tendência de concentração imposta pela condição r > g. O problema é que o pessoal que estuda desigualdade e pobreza já nos mostrou que a maior parte da redução da desigualdade ocorrida neste período foi devida a salário, também é fato documentado que a participação da renda do trabalho aumentou no período.
Como fica a teoria de Piketty à luz dos dados brasileiros? A teoria não se aplica ao Brasil? Alguma especificidade de nossa economia impediu o resultado previsto de ocorrer? Existem outros países que seguem o mesmo padrão que o Brasil? A teoria de Pikkety está errada? Dúvidas...
ADENDO
André Bueno Castro me cobrou no FB o uso da Selic e não de uma taxa real, ele está certo. Calcular juros reais é tarefa delicada, dentre as opções acessíveis para um post em um blog a mais razoável seria pegar a Selic no início de cada ano e descontar a inflação esperada para o ano, peguei um caminho mais simples e mais sujeito a críticas. Usei a Selic do final do ano, são os valores que estão na figura original, e descontei a inflação. Feito o ajuste o único ano com r- g <0 é 2010. A figura abaixo repete a figura do blog ajustada pela inflação.
A escolha do período não foi descuido nem preguiça, optei por evitar polêmica e peguei só o período pós-2003. Estritamente falando a queda do Gini começou em 1997, no período 1997 a 2003 a taxa de juros ficou bem acima da taxa de crescimento, na realidade os valores de r - g para 1997 e 1998 são tão altos que distorcem o gráfico. De toda forma para os que ficaram curiosos segue o gráfico para o período 1998 a 2012.
*Como os dados do Ipeada não apresentam o Gini para 2000, o valor do Gini deste ano é uma média entre o de 1999 e 2001.
ADENDO
André Bueno Castro me cobrou no FB o uso da Selic e não de uma taxa real, ele está certo. Calcular juros reais é tarefa delicada, dentre as opções acessíveis para um post em um blog a mais razoável seria pegar a Selic no início de cada ano e descontar a inflação esperada para o ano, peguei um caminho mais simples e mais sujeito a críticas. Usei a Selic do final do ano, são os valores que estão na figura original, e descontei a inflação. Feito o ajuste o único ano com r- g <0 é 2010. A figura abaixo repete a figura do blog ajustada pela inflação.
A escolha do período não foi descuido nem preguiça, optei por evitar polêmica e peguei só o período pós-2003. Estritamente falando a queda do Gini começou em 1997, no período 1997 a 2003 a taxa de juros ficou bem acima da taxa de crescimento, na realidade os valores de r - g para 1997 e 1998 são tão altos que distorcem o gráfico. De toda forma para os que ficaram curiosos segue o gráfico para o período 1998 a 2012.
*Como os dados do Ipeada não apresentam o Gini para 2000, o valor do Gini deste ano é uma média entre o de 1999 e 2001.
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