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domingo, 13 de novembro de 2011

A Aliança pela Liberdade e os estudantes da UnB - Paulo Roberto de Almeida


A Aliança pela Liberdade e os estudantes da UnB

Paulo Roberto de Almeida

A UnB possui, ao que parece com status de ciência, um curso de Astrologia. Aliás, mais do que isso: trata-se de um Núcleo inteiro de estudos, o de Fenômenos Paranormais, que promove, ao que se informa, pesquisas e cursos em quatro áreas: astrologia, ufologia, conscienciologia e terapias integrativas.
Bem, eu aposto que nenhum dos especialistas trabalhando nessas áreas, ou mesmo qualquer outro ser pensante, operando com “chutes” a partir de dados empíricos da realidade, poderia prever que, num campus universitário tão bizarro quanto esse que responde pelo nome de UnB, o corpo discente acabaria colocando na direção do Diretório Central do Estudantes, a chapa vencedora que responde pelo singelo nome de “Aliança pela Liberdade”. Aposto, justamente, que colocando as eleições para o DCE no quadro de apostas daqueles bookmakers ingleses (que são capazes de apostar até qual é o número exato de gays da família real britânica), a vitória da chapa chamada de “conservadora” pelos sete outras concorrentes não faria mais do que 25 por 1, quem sabe até mais do que isso. Confesso que eu também, conhecendo a UnB, seus fantásticos alunos e seus professores maravilhosos, não apostaria muito dinheiro no sucesso dessa chapa.
Mas, por incrível que isso possa parecer, neste glorioso mês de outubro de 2011, venceu a sensatez, a racionalidade, o desejável, o simples bom senso. Em face de um vasto leque de chapas concorrentes (oito no total), todas com alguma coisa agressiva no nome – tipo “Ação Direta”, “Mobiliza”, ou mesmo aquela poeticamente intitulada “Canto Maior” –, de todas essas que prometiam, menos uma, continuar a luta de classes por outros meios, ganhou a única que declarava sua intenção de ocupar-se prioritariamente dos assuntos estudantis, da melhoria das condições de estudo, numa UnB passavelmente caótica e entregue a grupelhos políticos e seitas ideológicas que remetem não ao século XXI da globalização, mas ao século XIX dos movimentos anticapitalistas.
A esquerda delirante, subitamente acometida de alguns laivos de razão, atribui sua derrota à tradicional divisão entre essas tribos exóticas, que, de outro modo, teriam vencido pelo total de votos (4.004 votos, contra os 1.280 da chapa vencedora, ou 22% do total). As chapas de esquerda lutavam por coisas estranhas como: “Fortalecer o trote solidário”, “Combater o Plano Nacional de Educação” (e a UNE, por extensão), “Realização do Congresso Estatuinte”, ou ainda aumentar a assistência estudantil e as prestações de muitas coisas, sem quaisquer contrapartidas. A chapa vencedora, por sua vez, prometia objetivos compreensivelmente pragmáticos, do tipo: “Implantar parlamento de estudantes, onde cada Centro Acadêmico terá uma cadeira; Apoiar as fundações como forma de financiamento; Criação de Parque Tecnológico e término das obras da UnB-Ceilândia; Fortalecer as empresas juniores e o intercâmbio com instituições estrangeiras; Reivindicar por novas concessões de lanchonetes, reprografias, livrarias e restaurantes nos campi.”
Parece que, por uma vez, os estudantes da UnB resolveram deixar de lado a luta de classes e assumir a luta pela melhoria das condições de ensino e de estudo no campus.  Ainda assim, cabe registrar, como o fez o presidente da chapa eleita, que 25 mil alunos não votaram nas eleições, seja por cansaço natural, isto é, descrença nas possibilidades de ações pragmáticas, seja por desinteresse puro e simples pelo ativismo político. O fato é que o “caos natural” que afeta a UnB não é diferente dos problemas de muitas outras universidades públicas, federais ou estaduais, nas quais o corporativismo de professores e funcionários se mistura ao militantismo de correntes minoritárias para criar um ambiente de baixa produtividade, a ineficiência geral dos serviços de apoio e uma tolerância mediocrizante com os baixos padrões educacionais exibidos pela maior parte delas.
Eu encerro meu comentário, extremamente rápido, sobre as eleições na UnB com estas simples palavras, que pretendo reveladoras do meu pensamento e dos temores que mantenho – como provavelmente dezenas ou centenas de outros estudantes que simplesmente desejam estudar – em relação a um processo de degradação dos padrões educacionais no Brasil atual (e na vida pública em geral).

Considero que o Brasil enveredou, desde muito tempo – ou seja, todo esse cenário de corrupção agravada e de mediocrização crescente da vida pública vem de muito antes que energúmenos tenham conquistado o poder no Brasil – por uma via que só pode levá-lo à decadência gradual e constante. Trata-se de um processo já conhecido em outras experiências internacionais de retrocessos sociais, econômicos e políticos, como podemos constatar pela Argentina atual (que ainda não parou de decair), pela Grã-Bretanha pré-Tatcher (quero dizer, nos primeiros oitenta anos do século XX) e pela China pré-anos 1990 (mas que ainda não se enquadrou em padrões civilizatórios mais elevados no plano da estrutura política), ou seja, todo o processo de decadência chinesa, que leva de meados da dinastia Qing (talvez desde o século XVII), até a superação do maoísmo delirante, já sob o comando de novos mandarins esclarecidos (mas igualmente despóticos).
Esse retrocesso, no caso do Brasil, se traduz em sindicalismo mafioso (muito parecido com o processo argentino), em introversão econômica (e aqui temos muitos países que seguem a receita do avestruz), e em aumento da corrupção generalizada (pela chegada de amorais e de imorais no comando do Estado). Mais importante, porém, do que todos os atrasos e retrocessos materiais que possam ocorrer em decorrência dos fenômenos e processos apontados acima, o que é mais revelador do retrocesso brasileiro é o atraso mental em que vivem dezenas, centenas, milhares de pessoas detentoras de algum poder em escala social – militantes de partidos, dirigentes políticos, empresários e simples cidadãos – e que partilham das mesmas ideias imbecilizantes que as manifestadas em quase todas as chapas derrotadas nas eleições do DCE-UnB.
Os estudantes-militantes que defendem aquelas posições são perfeitamente representativos do que existe de pior na sociedade brasileira atualmente, e esse pior está perfeitamente instalado no poder. Sou, sim, pessimista quanto ao futuro do Brasil, ao vê-lo dominado pelas mesmas ideias – ou seus equivalentes funcionais – que levaram outros países à decadência e à irrelevância. De vez em quando, muito acidentalmente, pessoas sensatas resolvem dar uma virada, como ocorreu agora na UnB, mas na maior parte das vezes o quadro é desolador.
Espero que o exemplo da UnB frutifique e se multiplique, embora eu tenha muitas dúvidas sobre se, quanto, e quando isso vai acontecer em outros lugares e instituições. Espero estar errado em meu pessimismo pessimista – desculpem, mas a redundância me pareceu necessária – mas o que vejo pelo Brasil afora me deixa muito preocupado. Acredito que vamos empreender uma longa travessia do deserto, por paragens perfeitamente medíocres, com educação em retrocesso, com instituições dilapidadas pelos novos bárbaros que estão ai assaltando e dominando o Estado.
Espero estar errado, mas é o que penso atualmente.

Paulo Roberto de Almeida 
(Brasília, novembro de 2011)

Addendum em 17/11/2011:

Este texto foi postado num blog de alunos da UnB que se intitula
Como eles se definem?
Sinteticamente por estas palavras: 

Brasília, Brazil
Somos jovens universitários nadando contra a maré vermelha dentro da UnB. Temos valores. Temos princípios. Sim, somos conservadores. ;)

Fiz o seguinte comentário ao post, mais dirigido ao princípio do que ao post: 



Agradeço a transcrição desse post do meu blog Diplomatizzando neste blog de estudantes da UnB. Eu apenas o fiz porque se tratava realmente de algo excepcional, ou seja, de reação de estudantes a um quadro de deterioração visível das condições "mentais" de trabalho e estudo na UnB, ainda que as condições materiais possam melhorar gradativamente (o progresso é uma fatalidade, como diria Mário de Andrade).
Apenas uma observação, quanto ao fundo, e ela toca na própria designação do blog e do grupo de estudantes que o sustenta e agita.
"Conservador" é, por definição, o indivíduo que pretende conservar o que existe. Mas, e se o que existe é manifestamente mau, perverso, inadequado, anacrônico?
Sei que vocês querem conservar os bons valores, os princípios corretos e as diretrizes mais adequadas ao progresso da UnB e do Brasil, tal como espelhadas e representadas pelos personagens que vocês colocaram em destaque, todos intelectuais de destaque, e eu até diria progressistas, no contexto de suas respectivas épocas.
Se existe uma coisa de que o Brasil, e a UnB mais ainda, necessita são de reformas, reformas em todas as áreas e setores.
Então, eu diria que o que deveria distingui-los e guia-los nessa luta contra os novos bárbaros seria o sentido de REFORMA, não de conservação.
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida 

sábado, 5 de novembro de 2011

A esquerda e o desenvolvimento da América Latina: extraordinarios progressos

Eu às vezes me pergunto como anda o desenvolvimento intelectual nas universidades latino-americanas, e me ponho a imaginar que ele anda bem, e que um dia, quem sabe?, essas universidades poderão juntar-se ao pelotão das melhores universidades do mundo, na produção de ciência de boa qualidade, aplicando as metodologias mais adequadas para tal desenvolvimento intelectual e produzindo "soluções" para o que é, notoriamente, um continente ainda notoriamente "subdesenvolvido" para os padrões normais que se espera de um país funcional em termos de produção de riqueza, de distribuição de renda, de avanços educacionais, etc.
Eu me pergunto, e imagino que a "coisa" possa avançar.
Mas, aí, por acaso, me deparo com esse tipo de seminário, como o anunciado abaixo, e perco as esperanças.
Pois é, como vocês devem imaginar, a esquerda latino-americana é uma de mais sucesso no mundo e é por isso mesmo que o continente é essa pujança de desenvolvimento e de Prêmios Nobel, de avanços fantásticos nos progressos materiais e nas realizações intelectuais.
Como não concordar em que Marx, Trotski, Mariategui, que os judeus comunistas, e que toda a esquerda em geral fora, são e serão importantíssimo para o nosso desenvolvimento, como não reconhecer que as contribuições deles todos e dos fantásticos professores que estudam suas valiosas e geniais contribuições para os nossos progressos materiais e espirituais serão extremamente importantes para os avanços que já registramos e que vamos ainda observar?
Como não achar que tudo isso é maravilhoso, e que os demais continentes e regiões do mundo estão perdendo um tempo enorme estudando a sério políticas comerciais, aplicação da ciência à indústria, ou então simplesmente formando professores que ensinem matemáticas, ciências e língua pátria aos seus estudantes dos ciclos pré-universitários?
Por isso mesmo, as universidades latino-americanas e a UnB em particular estão na vanguarda do pensamento progressista em ciências humanas e assim devem continuar pelo futuro previsível.
Ufa! Estou aliviado...
Paulo Roberto de Almeida 

O Instituto de Ciência Política (IPOL) está promovendo o seminário América Latina: Perspectivas Políticas da Esquerda no Brasil e Argentina nos dias 10 e 11 de novembro, 9 horas, no prédio da FA da Universidade de Brasília, com participação de professores dos dois países. Maiores informações sobre o programa no site do IPOL (www.ipol.unb.br) ou pelo telefone (61) 31070778.

SEMINÁRIO INTERNACIONAL
NÚCLEO DE ESTUDOS BRASIL-ARGENTINA (NEBA)
UnB/UNSAM
AMÉRICA LATINA: PERSPECTIVAS POLÍTICAS DA ESQUERDA NO BRASIL E ARGENTINA
Local: Universidade de Brasília
Data: 10 e 11 de Novembro de 2011
-> PROGRAMA
DIAS 10/11 de NOVEMBRO
09h00: ABERTURA. (Local: Joaquim Nabuco)
Boas vindas e Inauguração do Núcleo de Estudos Brasil-Argentina.
Professores: Marilde Loiola e Paulo César Nascimento (UnB/IPOL)
Prof. Marcelo Cavarozzi (UNSAM): A POLÍTICA NA AMÉRICA LATINA NA MUDANÇA DO SÉCULO
Prof. Francisco Doratioto (Hist/UnB): BRASIL-ARGENTINA NO SÉCULO XX: RIVALIDADE E ESFORÇOS DE COOPERAÇÃO
14:30: (Local: Sala de Mestrado A1-04)
Prof. Cristhian Teófilo da Silva (CEPPAC/UnB): MARIÁTEGUI ENTRE DOIS MUNDOS. VISÕES DO COMUNITARISMO INDÍGENA
Profa. Nerina Visakovsky (UNSAM): JUDEUS COMUNISTAS: ARGENTINOS-BRASILEIROS E A SAGRADA RELIGIÃO SOVIÉTICA(1921-1967)
Profa. Dina Lida Kinoshita (USP): ATIVIDADES DA INTERNACIONAL COMUNISTA NO SUL DA AMÉRICA LATINA
DIA 11/11
09h00: (Local: Joaquim Nabuco)
Prof. Alberto Aggio (UNESP-FRANCA): PENSAR O BRASIL COM GRAMSCI
Prof. Carlos Eduardo Rebello (UERJ): TROTSKI E A AMÉRICA LATINA
Prof. Paulo Nascimento (UnB/IPOL) : MARXISMO E IDENTIDADE NACIONAL
14:30: (Local: sala de mestrado A1-04)
Prof. Marco Mondaini (UFPE): OS ECOS DEMOCRÁTICOS DO EUROCOMUNISMO NAS ESQUERDAS BRASILEIRAS
Prof. Rodrigo Dantas (FIL/UnB): A REORGANIZAÇÃO HISTÓRICA DA ESQUERDA BRASILEIRA NO GOVERNO LULA



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Aqui também tem o que se comemorar: 



A "antifilosofia" de São Paulo: uma leitura comunista.
Prof.Dr. Rodrigo Dantas
Nesta segunda-feira, dia 07/11/2001, às 20 hs, na sala de mestrado do FIl (Departamento de Filosofia da UnB).
Departamento de Filosofia
Universidade de Brasília - UnB
Tel.: (61)3107-6623

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

UnB em marcha (para tras): queriam chapa esquerdista representando alunos...

Parece que, por uma vez, estudantes votaram em quem gosta de estudar, não fazer politicagem barata.


Reinaldo Azevedo, 
28/10/2011 06:25:50

A chapa não-esquerdista Aliança Pela Liberdade venceu a disputa pelo DCE da Universidade de Brasília. Como demonstrei ontem, a Secretaria de Comunicação (Secom) da própria universidade resolveu escrever um texto lamentando o resultado, recorrendo a “fontes” anônimas. Recebo do professor José Carneiro da Cunha de Oliveira Neto a seguinte mensagem:
*
Parabéns aos vencedores! O processo eleitoral foi justo e democrático. Os alunos mandaram seu recado: querem uma Universidade séria. O texto da Secom, veiculado no site da UnB, é vergonhoso! Especialista na academia se identifica para que suas ditas qualificações sejam devidamente avaliadas. Como a matéria não faz jornalismo investigativo ou denúncia, só posso crer que esse especialista é uma invenção, uma mentira!, e isso é inaceitável! Amanhã, vou cobrar explicações formais dos responsáveis por esse abuso absurdo!
José Carneiro da Cunha Oliveira Neto, Conselheiro Administrativo da UnB.  Representante da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade.


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E um comentário de uma estudante sobre o mesmo assunto:


Reinaldo Azevedo, 28/10/2011

Uma aluna da Universidade de Brasília comenta a vitória da chapa “Aliança Pela Liberdade”, na Universidade de Brasília:

Reinaldo, não sou da Aliança, mas tenho muito orgulho de dizer que sou próxima à chapa. Ela surgiu dentro da FA, prédio onde ficam o Direito, Ciência Política e Relações Internacionais. A chapa sofre preconceito de todos os lados, a ponto de professores falarem em sala de aula para não votarem nela. Fico feliz de o senhor ter tocado no assunto, pois sempre retrata a UnB como um reduto de comunistas panfletários, o que é uma minoria. Nós, da UnB, somos jovens, estudantes estudiosos e muito orgulhosos da universidade que temos. Por isso lutamos para que ela seja cada dia melhor. E que isso ecoe pelo país.

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Em contraste, na UFSC, onde vicejam ares bolivarianos...:

Reinaldo Azevedo, 28/10/2011

A Universidade Federal de Santa Catarina é uma das instituições em que o delírio da extrema esquerda chegou longe. Há lá até uma facção bolivariana, acreditem! Comentando a patrulha exercida pela extrema esquerda na UnB e na USP, escreve um aluno da UFSC:

Sou estudante da UFSC, e aqui impera o mesmo: os esquerdistas são os santos, são os democratas de verdade! Alunos no Centro Acadêmico da Faculdade de Direito fumam maconha e depois fazem debates pela segurança no campus. Um professor veio dar uma palestra e afirmou que a Venezuela é a melhor democracia da América. Juro! Isso é verdade! Vagabundos do DCE  ocupam a reitoria por qualquer motivo, sem contar as milhares de palestras de esquerdistas… Triste, muito triste, pois estes “senhores” comunas são arrogantes e contam com apoio da militância esquerdista dos professores!
Mas calma! O quadro pode mudar: nesta semana, houve um seminário sobre direito e neoliberalismo, promovido pelas esquerdas, e o evento foi esvaziado pelos estudantes. Foi magnífica a cena da professora que é filiada ao PT e que chama a “VEJA” e “Folha” de “mídia golpista” babando de raiva e chamando todos de alienados. É provável que a chapa de esquerda seja massacrada na próxima eleição do Centro Acadêmico de Direito.
Que logo, logo, o DCE possa eleger verdadeiros representantes da universidade, e não de ideologias malditas.
Um abraço
.


terça-feira, 25 de outubro de 2011

UnB em marcha: com os indios capitalistas...

Alguns índios espertos descobriram que podem fazer especulação imobiliária, com a ajuda de antropólogos e outros ingênuos...


Rede de apoiadores do Santuário dos Pajés realizam atividades no BEIJÓDROMO 

Nos próximos dias 24 e 25 de outubro, a rede de apoiadores do Santuário dos Pajés vai realizar atividades com o objetivo de estimular reflexões e iniciativas  que ajudem a solucionar as questões realacionadas à polêmica que existe entre a comunidade indígena, que luta pela permanencia do Santuário na Área de Preservação Ambiental, e o Governo do Distrito Federal/Terracap, que quer construir o "nobre" Setor Noroeste na área do santuário. Na segunda-feira (24/10), será realizada a exibição do filme premiado no 44º Festival de Brasília: Sagrada Terra Especulada, que vai dar um contexto histórico da luta dos índios.  Após a sessão, haverá debate com os apoiadores. Na terça-feira (25/10), a programação será encerrada com o debate sobre as questões relacionadas à permanencia do Santuário do Pajé.  As atividades terão início sempre às 19h, no auditório do Memorial Darcy Ribeiro – o Beijódromo, localizado ao lado da Reitoria da UnB, na Asa Norte.


SERVIÇO

Atividades Rede de apoiadores do Santuário dos Pajés

24 e 25 de outubro, às 19h

No auditório do Memorial Darcy Ribeiro – o Beijódromo, localizado ao lado da Reitoria da UnB, na Asa Norte.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Surrealismo brasileiro: a inacreditavel UnB e o Kafka do cerrado

Bem, quando eu li esta mensagem da UnB, sinceramente eu não sabia se ria, se lamentava a "desnutrição" dos estudantes, ou se me encantava com o estupendo burocratismo dos serviços responsáveis da UnB.
Vejam vocês: 


Informamos à comunidade universitária que o serviço de alimentação especial, oferecido pelo Restaurante Universitário de Brasília/DAC, está temporariamente suspenso devido a falta de nutricionistas para o programa.
Esclarecemos que as necessidades de pessoal já foram encaminhadas ao DGP e tão logo a equipe esteja restabelecida, o serviço retornará a normalidade.
Atenciosamente,
Coordenação de produção do RU

Sinceramente, se Franz Kafka, em lugar de ter nascido (e morrido) em Praga, andasse pelo cerrado central do Brasil, mais especificamente no quadrilátero que responde pelo nome de campus Darcy Ribeiro, ele teria farto, fartíssimo, IMENSO material para mais alguns derivativos do seu mal costurado Processo.
O Brasil é maior (não confundir com algum programa do governo), melhor, muito mais rico do que qualquer romance kafkiano...
Pronto, já terminei minha noite com algum motivo de reflexão (e mais insumo para algum minitratado sobre o surrealismo brasiliense).
Paulo Roberto de Almeida 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O Estado brasileiro: seminario na UnB (7/10/11)


Semirio Internacional
UnB/IREL e Bildner Center
O ESTADO BRASILEIRO
Debate e Agenda

Lançamento do livro The Brazilian State: debate and agenda, editado por Mau­ricio Font e Laura Randall com a assistência de Janaína Saad, contendo capítu­los de professores da UnB e de outras universidades brasileiras e norte-americanas.

Local: FA – sala A1-04 (1º andar)
Data: 07 de Outubro de 2011
Horário: 08h30 – 12h30

O Estado Brasileiro desde Vargas
João Paulo M. Peixoto, UnB

Além das Crises: respostas e perspectivas
Eiiti Sato, Diretor do IREL

O Estado Brasileiro: debate e agenda
Maurício Font, Diretor do Bildner Center – CUNY
Ricardo Caldas, Diretor do CEAM/UnB

Estado e Trajetória no Desenvolvimento Capitalista Brasileiro
Renato Boschi, IESP/UERJ/IUPERJ

Feminismo, o Estado, e Igualdade de Gênero
Lia Zanotta, UnB

Reforma Política: uma história sem fim
David Fleischer, UnB

Financeirização, Estado e Crise: uma nova “mania” no Brasil?
Elaine da Silveira Leite, Ufscar

Reforma da Previdência no Brasil: Construindo um Pacto Social
José Roberto Ferreira Savoia, USP

O Sistema Financeiro
Fernando Sotelino, Columbia University

Comentários finais
Paulo Kramer, Senado Federal
OUTROS
Para maiores informações, favor contactar o Instituto de Relações Internacionais da UnB tel: 3107-0761

domingo, 25 de setembro de 2011

O ESTADO BRASILEIRO: debate e agenda (UnB, 7/10/2011)


SEMINÁRIO INTERNACIONAL
UnB/IREL E CUNY/BILDNER CENTER

O ESTADO BRASILEIRO: debate e agenda

com o lançamento do livro The Brazilian State: debate and agenda
Editado por Mauricio Font e Laura Randall com a assistência de Janaína Saad, contendo capítulos de professores da UnB e de outras universidades brasileiras e norte-americanas

Local: FA – sala A1-04 (1º andar)
Data: 07 de outubro de 2011
Horário: 08h30 – 12h30

PROGRAMA
08h30 às 09h00: Inscrições

09h00: Abertura Eiiti Sato – Diretor do IREL e Maurício Font – Diretor do Bildner Center – CUNY e Ricardo Caldas – Diretor do CEAM/UnB

09h15 às 10h15 – Painel 1 – Coordenador Eiiti Sato
Maurício Font – O Estado Brasileiro: debate e agenda – CUNY/BILDNER CENTER
João Paulo M. Peixoto – O Estado Brasileiro desde Vargas - UnB
Renato Boschi – Estado e Trajetória no Desenvolvimento Capitalista Brasileiro - IESP/UERJ/IUPERJ

Debatedor: Antonio Brussi – IPOL

10h15 às 11h15 – Painel 2 – Coordenadora Leone Campos de Sousa
Eiiti Sato – Além das Crises: respostas e perspectivas – IREL
Lia Zanotta – Feminismo, o Estado, e Igualdade de Gênero - UnB
David Fleischer – Reforma Política: uma história sem fim - UnB

Debatedor: Benício Schmidt - UnB

11h00 às 11h45 Painel 3 – Paulo Calmon-UnB
Elaine da Silveira Leite -  "Financeirização, Estado e Crise: uma nova “mania” no Brasil?”  - UFSCar
José Roberto Ferreira Savoia -  Reforma da Previdência no Brasil: Construindo um Pacto Social – USP
Fernando Sotelino – O Sistema Financeiro - Columbia University

Debatedor: Ricardo Gomes – UnB

Comentários finais: Paulo Kramer – IPOL/Senado Federal


12h00 às 12h30: Lançamento do livro “The Brazilian State: debate and agenda”.

sábado, 24 de setembro de 2011

UnB militante: se fosse a "vanguarda do atraso" ja seria um avanco...

Pois é, certas áreas das "humanidades" (!!!???) na UnB não se corrigem, e continuam a exibir uma mostra de retardamento mental com anacronismo histórico.
Por isso escrevi que se ela fosse a chamada (e abusada) "vanguarda do atraso", ainda representaria certo avanço em relação à mentalidade embolorada, e canhestra, que costuma presidir certas iniciativas.
Num momento em que a dívida externa de países latino-americanos -- com as exceções de praxe -- já não representa o problema que representava no passado, e em que são países desenvolvidos que passaram a ostentar níveis de endividamento público excessivamente altos, os "vanguardeiros do atraso" da UnB ainda insistem com o tal de "Comitê pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo" (sic três vezes) e com uma tal de "Auditoria da Dívida", e o Congresso se presta a esse tipo de baboseira.
Vejam que estupendo: "O Seminário (...) irá discutir as verdadeiras causas da crise financeira, ambiental, alimentar e social que aflige todos os continentes e que tem a especulação financeira e o modelo de acumulação capitalista como pano de fundo." Uau!
Em função disso, ele pretendem "a integração Latino-americana [que] se coloca como urgente e necessária, tanto para proteger o bloco contra a transferência da crise especulativa como para a articulação de ações concretas que podem ser consideradas a vanguarda de uma Nova Arquitetura Financeira mundial". Duplo Uau!!
Será que eu terei tempo para coletar mais algumas pérolas para meu caderno de besteirol econômico? Será que eu aguentaria sorrindo ouvir tudo aquilo que se espera?
Tchan, tchan, tchan... suspense...
(Acho que vou pedir transcrição aos economistas voluntários.)
Paulo Roberto de Almeida 


III Seminário Internacional Latino-Americano-Alternativas de Enfrentamento à Crise

O Decanato de Extensão (DEX) transmite à comunidade da UnB convite da Auditoria Cidadã da Dívida e do Comitê pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo (CADTM) para o III Seminário Internacional Latino-Americano – Alternativas de Enfrentamento à Crise, a realizar-se de 5 a 7 de outubro de 2011.  Inscrições, Informações gerais e detalhamento da programação no site http://www.divida-auditoriacidada.org.br/

PROGRAMA

Dia 05/10 – 9h às 18h
III Seminário Internacional Latino-Americano – Alternativas de Enfrentamento à Crise
Local : Auditório da OAB Nacional (pede-se chegar às 8 horas para o credenciamento e distribuição de equipamento de tradução simultânea) Endereço: SAS Quadra 5 - Lote 1 - Bloco M – Brasília-DF .  As Inscrições são gratuitas e estão abertas no portalhttp://www.divida-auditoriacidada.org.br/

Dia 06/10- -  9h às 12h
Audiência Pública no Congresso Nacional
Local: Anexo 2 da Câmara dos Deputados, Corredor das Comissões, Plenário 4

Dia 07/10 -8h às 18h
Minicurso Dívida pública: processos, crise e participação popular (integra a  Semana Universitária UnB 2011).
Local: Auditório do Instituto de Ciências Humanas – IH- ICC Norte (Minhocão) – subsolo. Inscrições na páginahttp://www.semanauniversitaria.unb.br -Mais informações nos telefones (61) 3107-0332 ou 3107-0329.

O Seminário, em sua programação plenária (consulte programação completa no site do evento) irá discutir as verdadeiras causas da crise financeira, ambiental, alimentar e social que aflige todos os continentes e que tem a especulação financeira e o modelo de acumulação capitalista como pano de fundo. Contará com a presença  de representantes de diversos países da América Latina, especialmente do Dr. Pedro Paez (presidente da Comissão Técnica Presidencial Equatoriana para o Desenho da Nova Arquitetura Financeira Regional e Banco do Sul); e da Europa: Sofia Sakorafa, deputada do parlamento grego; Eric Toussaint, presidente do CADTM, Bélgica; e Kjetil Abildsnes, da Noruega.

Informações – Maria Lucia Fattorelli – Coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida (61) 81871477 e Rodrigo Ávila – Economista voluntário da Auditoria Cidadã da Dívida (61) 81471196 – Escritório 0 (61) 21939731 – Ana Regina, seminarioauditoriacidada@yahoo.com.br

SAIBA MAIS  
Sobre o Seminário – O momento atual exige a mobilização da sociedade para discutir as verdadeiras causas da crise financeira, ambiental, alimentar e social que aflige todos os continentes e que tem a especulação financeira e o modelo de acumulação capitalista como pano de fundo.  Mais do que nunca, a integração Latino-americana se coloca como urgente e necessária, tanto para proteger o bloco contra a transferência da crise especulativa como para a articulação de ações concretas que podem ser consideradas a vanguarda de uma Nova Arquitetura Financeira mundial. A exigência de transparência e acesso a informações acerca do endividamento público é a tônica do clamor social pela Auditoria da Dívida, principalmente devido à destinação da maior parte dos recursos públicos para o pagamento de juros de uma dívida que nunca foi auditada. No Brasil, em 2010 o Orçamento Geral da União destinou 44,93% para o pagamento de juros e amortizações da ívida pública e apenas 2,89% para educação;!
 3,91% para saúde; 0,04% para saneamento básico.

Sobre a Auditoria Cidadã:  É resultante do  Plebiscito da Dívida Externa, realizado no Brasil em setembro de 2000 pela Campanha Jubileu Sul, no qual 6.030.329 cidadãos, de 3.444 municípios do País, se manifestaram, sendo que mais de 95% votaram NÃO à manutenção do Acordo com o FMI, NÃO à continuidade do pagamento da dívida externa sem a realização da auditoria prevista na Constituição Federal e NÃO à destinação de grande parte dos recursos orçamentários aos especuladores. Enquanto o Congresso Nacional não convoca a auditoria oficial, como determina a Constituição Federal, um grupo de entidades vem se organizando para promover uma auditoria que se denomina cidadã, exatamente pelo fato de estar sendo realizada por cidadãos e para os cidadãos. O objetivo da auditoria da dívida é dissecar o processo de endividamento do País, revelar a verdadeira natureza da Dívida e, a partir daí, promover ações no sentido de reduzir o montante das Dívidas Interna e Externa. A Auditoria Cidadã possui um Conselho Político de dezenas de pessoas e entidades que está aberto à adesão de novas entidades.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Maravilhas da UnB: estimulando atividades fisicas...

Meu Brasil brasileiro
Carlos Brickmann, 19/082011

Um assíduo leitor desta coluna, feliz porque a filha se formou na Universidade de Brasília, conta essa história magnífica: para receber o diploma, ela precisa pedir uma declaração da biblioteca da Universidade de que devolveu todos os livros, e entregar a declaração na Secretaria da Universidade.
Já que a Secretaria e a Biblioteca pertencem à mesma UnB, por que não se comunicam diretamente sem obrigar o aluno a peregrinar? Por que facilitar se é possível dificultar?

terça-feira, 12 de julho de 2011

UnB: palestra antiga, agora recuperada (Paulo Roberto de Almeida)

Em março de 2010, pouco antes de partir para o exterior, dei uma última (por enquanto foi a última mesmo, ou talvez a mais recente) aula na UnB, informal e dirigida apenas aos estudantes interessados.
Descubro agora (12/07/2011) que essa aula foi filmada e postada por alunos de uma "Aliança pela Liberdade" (belo nome), cujo blog é este aqui: http://liberdadeunb.blogspot.com/
(Mais abaixo transcrevo os princípios do grupo).

Minha palestra foi anunciada aqui: http://liberdadeunb.blogspot.com/2010/03/aula-debate-com-paulo-roberto-de.html

QUINTA-FEIRA, 25 DE MARÇO DE 2010
Aula-debate com Paulo Roberto de Almeida
(imagem)
O Professor e Diplomata Paulo Roberto de Almeida respondendo perguntas dos estudantes.

"É um fato que o Brasil melhorou bastante nos últimos anos, mas menos do que se pensa, ou se apregoa, e menos do que o necessário;
É minha opinião que o Brasil continua a padecer de graves disfunções estruturais e sistêmicas , em especial no terreno educacional, no âmbito institucional e até no plano psicológico (ou mental), o que o impede de reconhecer essas deficiências e de estabelecer um consenso em favor de um penoso, mas necessário processo de reformas estruturais e institucionais;
"

Mais, aqui.

O tema da Aula-debate é: O Direito, a Política e a Economia das Relações Internacionais do Brasil: Uma abordagem não-convencional.

O debate será baseado neste artigo do Professor. Para quem quiser mais pode visitar o blog do Professor aqui.
Este evento é uma iniciativa da Aliança pela Liberdade, e conta com o apoio dos Centros Acadêmicos de Ciência Política, Relações Internacionais, Economia e Direito.

NOSSOS PRINCÍPIOS

Somos estudantes como VOCÊ, cansados do marasmo do movimento estudantil atual - dominado por velhos bordões ideológicos que nada dizem. Somos estudantes de dentro da sala de aula, que não se vêem representados por grupos ligados a partidos políticos e que esquecem até mesmo que Muro de Berlim caiu - continuam a gritar: Fora FMI!, Fora pelegos!, Fora Todos!

Somos estudantes que se preocupam com o dia-a-dia daqueles estudantes que querem fazer seu papel: estudar, refletir, debater, contestar, criticar as ideias pré-formatadas. Somos estudantes que se focam na resolução de problemas cotidianos e na melhoria da vida de cada um.

Somos estudantes que acreditam na supremacia de direitos e liberdades individuais, na defesa das minorias, no respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, no Estado de Direito, na igualdade de todos perante à lei e no direito inalienável que cada indivíduo tem de escolher seu próprio destino.

Somos estudantes que dão valor à LIBERDADE!

UnB: ideologia em lugar de aulas...

Um site dirigido aos alunos da UnB, colocou esta questão aos alunos, na semana passada:

A REVISTA VEJA DESTA SEMANA (06/07/2011) DIZ QUE NA UNB "A DOUTRINAÇÃO SUBSTITUIU AS ATIVIDADES ACADÊMICAS ESSENCIAIS". VOCÊ CONCORDA?

Respostas:
SIM: 77%
NÃO: 22%

(Bem, não sei dizer onde foi parar o 1% restante; talvez estejam na Reitoria...)
Paulo Roberto de Almeida

Bem, abaixo o relato de um estudante um pouco frustrado...

SEGUNDA-FEIRA, 4 DE JULHO DE 2011
UnB: A Natalie Lamour das universidades brasileiras, até quando?
*Por Mateus Lôbo

Semana passada fez quatro anos que eu entrei nesta Universidade; poderia ter entrado há seis meses e, certamente, teria a mesma impressão que tive em 2007. Qual seja: meu esforço pessoal e familiar de longos anos dera certo e agora eu estava numa das melhores instituições de ensino superior do meu país.

Todavia, semestre após semestre percebi que esse sonho chamado Universidade de Brasília poderia, muita vezes, ser um pesadelo, mas assim é a vida. Ora calma, ora turva. Entretanto, quando a turvação é permanentemente superior a calmaria, algo está errado.

E assim atualmente a UnB é, muito mais escuridão que clareza, muitas perdas e poucas glórias, um ambiente continuamente nublado. Quais as raízes disso?

Elas não estão, por certo, na queda do ex-Magnífico Reitor Timothy Mulholland. Até porque os timotistas de outrora, são os geraldistas de agora. E assim que deve ser, afinal a Universidade não é um palanque e o que basta a ela são administradores eficientes, com compromisso ético e acadêmico.

Então, novamente, quais raízes de nossa permanente perturbação? Sinceramente, não sei. Contudo, sei, muito pouco tem sido feito para acalmá - la. E assim de uma Universidade destacada caminhamos à insignificância. É-nos honroso estar fora do ranking das dez melhores Universidades do país? Qual o orçamento da Universidade Federal de Itajubá e qual é o nosso?

Hoje somos a Natalie Lamour, personagem ex-bbb da novela das 9, das universidades brasileiras: muito escândalo e pouco conteúdo. Embora a nossa atual Administração Superior tenha grande responsabilidade nisso, o restante da comunidade acadêmica também tem. Não chegamos por acaso à mediocridade; nós a elegemos.

Mobilizamos-nos contra cortes salariais, mas por que não há união, com a mesma intensidade, pela universidade? Talvez seja por medo ou pelo silêncio desdenhoso.

E assim em algum instante permitimos que colegas de departamento fossem juízes de outros colegas, que de professores respeitados foram a racistas indecorosos. Em algum momento nos furtamos a chamar o certo de certo e o errado de errado. Eximimo-nos de dizer que o universitário não tem uma moral superior e nem tudo lhe é concedido.

Em algum instante fizemos um elogio ao proselitismo e, assim, esquecemos que não há revolução sem estudo, não há revolução sem preparo de aula, não há revolução com picaretagem. Por várias vezes chamamos as sucessivas usurpações de espaços da Universidade de ocupações. Espaços da Universidade são privatizados, invadidos e tudo ainda parece se passar como num sonho, senhores?

Os conceitos forem invertidos e com eles o espírito da Universidade também. Atualmente o que somos? A Universidade dos pelados? A Universidade das invasões? Uma boca de fumo? Uma Universidade Achada na Rua?

As respostas para essas perguntas talvez tenham passado, se por conseguinte a inundação de Abril sobre a UnB apenas foi o grand finale de um belo navio há muito à deriva. Não chegamos ao high, mas chegamos ao fundo do oceano e ainda saimos na revista Veja. Bye, bye, Natalie Lamour!


O conteúdo deste texto é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião da Aliança pela Liberdade.

*Mateus Lôbo é estudante do 8º semestre de Ciência Política e representante discente no Conselho Superior Universitário (Consuni) da Universidade de Brasília

sexta-feira, 8 de julho de 2011

UnB: retirando o sofa da sala... ou fechando porta arrombada...

A UnB caminha para uma completa desmoralização.
Abaixo uma circular do "magnifíco" (entre aspas e minusculíssimas) que tenta reparar o ambiente deletério que já se instalou na UnB.
Isso depois de uma recente festa, que se chamava "a x...ta louca"!!!! Isso mesmo!

Bem, deixo vocês com esta demonstração de impotência e falta de autoridade:

ATO DA REITORIA N. 0856 /2011

Recomenda a suspensão da autorização de eventos festivos em espaços físicos dos campi da Universidade de Brasília e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO E REITOR DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, no uso de suas atribuições estatutárias e considerando os seguintes aspectos envolvendo a realização de eventos festivos nas dependências da Universidade de Brasília:
I a realização de eventos não autorizados pela Universidade;
II o crescente número de participantes em eventos autorizados, inclusive de pessoas estranhas à comunidade universitária;
III os eventos realizados com inadequada organização, controle e segurança;
IV os danos ao patrimônio da Universidade;
V os meios tecnológicos usados para a divulgação de festas, como as redes sociais, que impedem a estimativa adequada de participantes nesses eventos;
VI o debate em curso nos conselhos superiores acerca das Diretrizes de Convivência da Comunidade Universitária;
VII os termos das Resoluções do Conselho de Administração n. 5/1995 e n. 2/2003; e
VIII os termos do art. 4º da Resolução do Conselho de Administração n. 2/2003;

R E S O L V E:

Art. 1º Recomendar aos Decanos e Diretores das Unidades Acadêmicas e Administrativas que não concedam novas autorizações para realização de festas nas instalações acadêmicas dos campi da Universidade de Brasília, inclusive na circulação interna dos edifícios, até que a proposta de Diretrizes de Convivência da Comunidade Universitária seja apreciada pelo CONSUNI.
Art. 2º Reiterar, nos termos do art. 1º da Resolução n. 2/2003, que as festas que envolvam propaganda, venda de ingressos e de bebidas alcoólicas são restritas ao Centro Comunitário Athos Bulcão, em conformidade com as normas de utilização deste, sob supervisão do Decanato de Assuntos Comunitários (DAC).
Art. 3º Orientar a Prefeitura do Campus (PRC) para que, por meio da Coordenadoria de Proteção ao Patrimônio (CoPP), impeça a realização de eventos não autorizados.
Art. 4º A realização de eventos não autorizados deverá ser apurada imediatamente por Comissão de Processo Disciplinar para determinação de responsabilidades individuais.
Parágrafo Único: A identificação, por parte da Prefeitura do Campus, de atuação de Centro Acadêmico na realização de eventos não autorizados implicará a suspensão da concessão dos auxílios previstos na Resolução n. 8/2008 até que os trabalhos da Comissão de Processo Disciplinar sejam concluídos.
Ar. 5º Os interessados na realização de eventos não previstos na regulamentação contida na Resolução n. 2/2003 deverão encaminhar solicitação, com antecedência mínima de 30 dias da data prevista do evento, ao Decanato de Assuntos Comunitários, a quem caberá deliberar acerca da autorização do evento.
Art. 6º Determinar que os casos omissos sejam encaminhados ao Decanato de Assuntos Comunitários, a quem fica delegada a competência para analisá-los e deliberar a respeito, ouvida a Prefeitura do Campus.
Art. 7º Este Ato entra em vigor a partir desta data.

Brasília, 8 de julho de 2011.
José Geraldo de Sousa Junior
Reitor

terça-feira, 5 de julho de 2011

A UnB em decadencia: carta do Reitor aos professores e alunos...

Seria ele Magnifíco?

CARTA DO REITOR
Aos professores, funcionários e estudantes da Universidade de Brasília,

Esta não é uma carta de resposta. O que inspira estas linhas é uma pergunta, a mesma pergunta registrada nas centenas de mensagens de solidariedade que recebi nas últimas horas: por que a revista Veja atacou a Universidade de Brasília na reportagem Madraçal no Planalto?

A matéria do final de semana diz que “um dos símbolos da luta pela democracia durante o regime militar, a UnB tornou-se reduto da intolerância esquerdista”. São cinco páginas de acusações mentirosas, erros grosseiros e ataques covardes à universidade e ao seu órgão colegiado superior, o Conselho Universitário.

Como presidente do Consuni, tenho o dever de resguardá-lo e de chamar para mim toda a responsabilidade pela defesa da instituição onde estou desde 1978. Ao contrário do que diz a reportagem, não sou um tiranete intolerante surgido de um golpe nas urnas.

Fui escolhido pela comunidade acadêmica em processo eleitoral com regras definidas pelos integrantes do Conselho Universitário, instância que, ao contrário do que insinua a publicação, não funciona sob o regime da paridade. Hoje são 89 integrantes, 62 deles professores, 16 estudantes e 10 técnicos-administrativos.

Infelizmente, a equipe de Veja não visitou nenhuma sessão do Consuni para testemunhar a riqueza dos nossos encontros. Só entre 2009 e 2010 foram 50 reuniões e dezenas de votações. Em muitas, a posição da administração não prevaleceu. Em todas, a universidade ganhou com a multiplicidade de opiniões.

A Universidade de Brasília, portanto, não é uma madraçal onde se decoram e se repetem lições de arbitrariedade. Vivemos numa ágora. Não prezamos os atalhos fáceis dos ataques anônimos nem o uso da mídia para interesses vis. Respeitamos a liberdade de imprensa e também a de informar com seriedade.

Prezamos o debate na esfera pública, a racionalidade dos argumentos e fortalecemos os espaços institucionais de críticas, recursos e denúncias. Temos uma Ouvidoria e um Conselho de Ética atuantes, mas infelizmente as fontes de Veja não recorreram aos canais formais de reclamação.

Observadores atentos de nosso trabalho diário sabem que a UnB jamais foi tão aberta. Os órgãos colegiados, acadêmicos e administrativos, trabalham como nunca para estabelecer um marco regulatório da universidade calçado no mérito científico e na troca de ideias entre os pares.

A vida universitária, no entanto, não tem se resumido à rotina administrativa. Quem lê jornais e vê televisão sabe que a reitoria não está encastelada no campus e que periodicamente grupos de estudantes, professores e funcionários sobem a rampa para fazer toda sorte de protestos democráticos.

A Universidade de Brasília conhece na carne do cotidiano os males da falta da democracia. Durante as três décadas de ditadura militar, a UnB enfrentou a truculência de Estado. Usamos nossa melhor arma, a inteligência. Essa, aliás, é uma das poucas verdades escritas na reportagem.

O que a publicação não conta é que, dos seis críticos à atual reitoria, nenhum estava combatendo o medo nas salas de aula e nos corredores do campus durante os anos de exceção. Eu estava e me orgulho dessa militância pela justiça e pela paz.

A revista me trata de forma panfletária, diz que meu único mérito acadêmico evidente é a militância partidária. Nunca atuei em partido político nem sou dado a auto-elogios, mas meu lattes, de fato, difere do de algumas fontes citadas. Sou autor de quatro livros, organizei 24 publicações, escrevi 56 artigos em periódicos e 43 capítulos de livros.

A atual administração da UnB valoriza a produção acadêmica, criamos um Portal de Ciência e uma revista de divulgação científica, onde aliás, duas das fontes citadas por Veja como perseguidas mostram seus trabalhos nas últimas edições. Há ainda muito por fazer nos campi.

Queremos estar entre as cinco melhores universidades do país. Hoje produzimos quase 700 teses e dissertações por ano, nosso percentual de professores doutores ultrapassa os 90% e nossa política de fomento se ampara na publicação contínua de editais, como forma de garantir o acesso meritocrático aos recursos.

A reportagem relaciona seis exemplos de suposta perseguição política da administração sem mostrar uma única prova. O caso mais sério relatado é o da procuradora Roberta Kaufmann, advogada do partido DEM em ação contra a política de cotas da universidade, definida muito antes do meu reitorado.

Ex-aluna do mestrado da Faculdade de Direito, onde ingressou com minha aprovação em sua banca, Roberta veio à UnB participar de um debate sobre as cotas. Aqui, foi injustamente vaiada e agredida. Não há, no entanto, um único integrante da administração superior que tenha participado das agressões. A reitoria, porém, sabe que a vaia é comum no campus. Recentemente, o presidente Lula foi vaiado aqui. Semana passada, também fui.

Veja oferece a opinião de seis dos 2.200 professores da Universidade de Brasília. Não ouve nenhum estudante. Nenhum funcionário. No Portal da UnB, no link sobre tolerância, o leitor conhecerá dezenas de depoimentos de cientistas, professores, autoridades das mais diversas áreas e das mais diferentes correntes de pensamento. Todos solidários com a Universidade em sua mais profunda verdade: o da produção de um conhecimento que emancipa porque humaniza e que educa porque respeita a pluralidade de ideias.

Tomo a liberdade de encerrar esta carta com as três linhas que as cinco páginas de reportagem reservam para a única pessoa que defende a universidade no texto: o reitor. “É preciso analisar se não são os professores que, por falta de competência, perderam a visibilidade”. Refiro-me, claro, aos seis professores que foram se queixar à revista e me pergunto se fizeram isso de intolerantes que são ou se intolerante é a Veja, que os acolheu sem ouvir o outro lado?

José Geraldo de Sousa Junior

(circulada em 5/07/2011)

A UnB em decadencia: comentario Reinaldo Azevedo...

AOS ESTUDANTES E PROFESSORES LIVRES DA UnB: REAJAM CONTRA OS MARCOLAS E FERNANDINHOS BEIRA-MAR DA IDEOLOGIA! DIGAM “NÃO” À OPRESSÃO E À VIOLÊNCIA! LUTEM EM DEFESA DE UM PATRIMÔNIO QUE É DO POVO BRASILEIRO, NÃO DE FACÇÕES OU DE UM PARTIDO
Reinaldo Azevedo, 5/07/2011

NA CONTRAMÃO - Salas de aula são utilizadas para festas e consumo de drogas. Professora discorda da liberalidade - e é punida

A Universidade de Brasília, a quase lendária UnB, que já chegou a figurar entre as mais importantes do país, está nas últimas. Trata-se de um verdadeiro monumento ao modo petista de fazer educação. Aos poucos, foi deixando de ser um centro de excelência para se transformar num emblema até folclórico da baixa qualidade do ensino, do atraso ideológico, da vigarice acadêmica, de tudo o que de pior pode produzir o esquerdismo mais rombudo, mais estúpido, mais atrasado. Se fumar maconha, por exemplo, fosse exercício de liberdade de expressão, a UnB já teria fundando o novo Iluminismo, com o Voltaire da bagana, o Diderot do baseado, o Rousseau da marijuana, o Montesquieu do beck. Antes de Celso de Mello tirar o Artigo 287 do Código Penal, alguns estudantes da UnB já tinham tirado a roupa porque é uma gente sem receio de recorrer a argumentos fortes, elaborados, frutos da mais severa disciplina. Mas tirar a roupa para calar a divergência - e é claro que estamos falando de uma MINORIA QUE FAZ A MAIORIA REFÉM - não é, evidentemente, o que os extremistas fazem de pior. Leiam o trecho que segue em azul. Volto depois.

A procuradora de Justiça Roberta Kaufmann conta que viveu a maior humilhação de sua vida em um auditório da UnB, instituição em que concluiu seu mestrado. Convidada para participar de um debate sobre a adoção de cotas raciais pelas universidades públicas, ela - que é contrária ao projeto - não conseguiu falar. Quando lhe foi dada a palavra, um grupo liderado por professores promoveu um alarido ensurdecedor. Ela foi chamada de racista, ouviu ofensas impublicáveis e só pôde deixar a universidade horas depois, acuada, com medo de que algo pior acontecesse. Seu carro foi vandalizado. Nas portas, foi pichada a frase “Loira filha da p…”. Desde então, Roberta nunca mais voltou à UnB sem companhia. Não se trata de um caso isolado. “A UnB se tornou palco das piores cenas de intolerância. Não há espaço para o diálogo. Ou você compartilha do pensamento dominante ou será perseguido e humilhado”, diz a procuradora.

Reportagem
O que vai acima é trecho de uma reportagem da VEJA desta semana - acho que vocês perceberam que se trata de uma edição especialmente importante, não? - intitulada Madraçal do Planalato, de Gustavo Ribeiro. Ela relata o clima de horror e terror que tomou conta a UnB, especialmente depois que José Geraldo Sousa Junior foi eleito reitor. Ele assumiu o poder à esteira da deposição de Timothy Mulholland, acusado, em 2008, de malversação de recursos da universidade. Até onde sei, conseguiu provar a sua inocência. De todo modo, o que vai ficando caracterizado é que Mulholland caiu por suas eventuais qualidades, não por seus defeitos. Ele resistia a entregar o poder total aos extremistas, embora tenha feito muitas concessões. Mas eles queriam o poder total. E Fernando Haddad, este notável incompetente enfatuado, ministro da Educação, lhes concedeu o que pediam.

A UnB vive um verdadeiro clima de caça - e cassa - às bruxas, com perseguição ideológica escancarada no âmbito discente e docente. Leiam mais um trecho (em azul) da reportagem de VEJA. Volto depois com algo ainda mais estarrecedor.

O jurista Ibsen Noronha, ex-professor voluntário do departamento de direito e um dos maiores especialistas em história do direito brasileiro, deixou a UnB no fim do ano passado. Motivo: sua disciplina desapareceu do currículo. Para ele, no entanto, foi retaliação diante de sua posição extremamente crítica em relação ao polêmico regime de cotas, uma das bandeiras que tem na atual gestão da UnB seus maiores defensores: “É a primeira vez em trinta anos que a disciplina, um diferencial do currículo da universidade, não foi oferecida. Eu fui aluno da UnB e tive essa aula. A justificativa que a faculdade apresentou é risível: disseram que a matéria foi suprimida por ser optativa. Mas não me foi apresentada nenhuma outra opção no lugar dela. É lamentável testemunhar a transformação da universidade em um instrumento de domínio ideológico”, afirma Noronha, que se tornou, em fevereiro, o primeiro brasileiro a lecionar na respeitada Universidade de Coimbra, em Portugal. O embate é tal que mesmo críticas sem conotação ideológica ou política podem servir como estopim para retaliações. A professora Tânia Montoro, da Faculdade de Comunicação, conta que foi punida por ter criticado as extravagantes concessões que a atual reitoria faz aos alunos, como a permissão de festas nos prédios onde as aulas são ministradas - que transformaram as salas em território livre para consumo de drogas. No ano passado, a professora e duas de suas alunas foram escolhidas como palestrantes em um seminário realizado em Bogotá. A UnB autorizouo pagamento da viagem das alunas, mas não da professora. Depois de duas negativas, Tânia reclamou, mas seu pedido só foi deferido quando não havia mais tempo para o embarque. “Eu tenho uma história de trinta anos nesta universidade, e sou uma pesquisadora produtiva. Não merecia passar por essa vergonha”, diz a professora.

Voltei
Tão logo a edição de VEJA em que está a reportagem acima chegou às bancas, Dilma Rousseff decidiu demitir a cúpula do Ministério dos Transportes. Como sabem, outra reportagem da revista denunciava toda a sorte de desmandos na pasta. Na UnB, a “Dilma” atende pelo nome de José Geraldo, o reitor. O que vocês acham que fez o “Magnífico”? Preocupou-se em averiguar se existem mesmo os desmandos? Tentou dar algumas explicações? Esforçou-se para demonstrar que as coisas não são bem como parecem? Nada disso! Ele preferiu mobilizar os seus sequazes, a sua tropa, para entupir a VEJA de mensagens - e também as chamadas redes sociais - com protestos contra a reportagem. Enviou a seus aliados o seguinte e-mail, que reproduzo com a mesma pontuação porca com que foi redigido. Prestem atenção a cada detalhe - porque é nele que o demônio se esmera.

Prezadxs,
Re-envio a matéria de Veja que ataca a UnB e especialmente, a mim, projetando, com base em fontes ressentidas, uma idéia de intolerância esquerdista. Peço que avaliem a matéria, mas que, sobretudo, enviem cartas com seus posicionamentos para a revista e também para a SECOM da UnB - pode ser cópia - aos cuidados de anabiamagno@uol.com.br . Peço que ativem também seus contatos com as redes sociais com o mesmo objetivo. Lembrem-se que se Veja ataca deste modo e com tanta força é porque estamos caminhando numa boa direção.
Um abraço.
José Geraldo

Comento
A matéria não ataca a UnB, é claro! Ela defende a universidade do ataque sistemático das várias faces do crime organizado. SAIBAM QUE HÁ HOJE ÁREAS NA UNIVERSIDADE SÓ FREQÜENTADAS POR CLIENTES DO NARCOTRÁFICO, EM QUE GENTE COMUM NÃO CIRCULA. Como a polícia está proibida de entrar no campus, a bandidagem faz as suas próprias leis. Nos cursos, a droga que se vende é outra: é esquerdopatia. Os traficantes de pó e fumo mandam fora dos departamentos, e os traficantes de ideologia mandam dentro. São aliados objetivos.

Vejam lá como o aiatolá José Geraldo se dirige a seus comandados: “Peço que avaliem a matéria, mas que, sobretudo, enviem cartas com seus posicionamentos para a revista (…)”. A avaliação que se dane; até porque ele próprio já avaliou: prioritário é enviar as cartas para a revista e mobilizar as redes sociais. Escrevo este texto, principalmente, para denunciar esse método. Já volto a este ponto. Quero antes apontar um outro aspecto do e-mail do reitor.

Leiam lá: ” (…) se Veja ataca deste modo e com tanta força é porque estamos caminhando numa boa direção.” A mesma edição que traz a reportagem sobre a UnB, reitero, traz a denúncia contra a sem-vergonhice vigente no Ministério dos Transportes. Não por acaso, o mensaleiro Valdemar da Costa Neto, processado pelo Supremo por formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, anunciou que vai processar a revista. José Geraldo não gosta da VEJA, e Valdemar também não! Eu diria ser este um sinal de que “estamos caminhando na boa direção”.

Há 15 dias, VEJA informou que, segundo o petista Expedito Veloso, o agora ministros Aloizio Mercadante participou da armação criminosa que ficou conhecida por “Dossiê dos Aloprados”; há pouco mais de uma semana, reportagem da revista demonstrou que Ideli Salvatti também atuou ativamente no imbróglio. No ano passado, a revista flagrou a então ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, numa urdidura muito pouco republicana… Eu não tenho a menor dúvida de que há muito tempo VEJA segue numa direção, e José Geraldo segue na outra; eu não tenho a menor dúvida de que os valores da revista são uns, e os de José Geraldo são o contrário; eu não tenho a menor dúvida de que VEJA e José Geraldo pertencem a civilizações distintas. Eu não tenho a menor dúvida de que VEJA, há muito tempo, escolheu a sua companhia - a democracia, a Constituição e as leis -, e José Geraldo também. Vocês ainda verão quais.

Método
O que me chama especialmente atenção no e-mail deste senhor é o método. Esses extremistas - de qualquer natureza: de esquerda, das drogas, do racialismo… - estão organizados para tentar fazer com que sua loucura minoritária passe como expressão da maioria. Estão organizados para patrulhar as seções de cartas e e-mails das revistas, jornais, portais, sites, blogs. Em outubro de 2007, a Folha me convidoou para escrever um artigo contestando um bobajol esquerdopata que tentava explicar “socialmente” um assalto de que o apresentador Luciano Huck fora vítima. A tese era a seguinte: sempre que se assalta um rico como Luciano, faz-se justiça social. Dei uma porrada nos vagabundos que afirmavam essa sandice. Pois é… O Painel do Leitor da Folha publicou 12 manifestações de “leitores” me atacando. Eu me perguntei: “Seriam militantes de esquerda?” Oito deles - 66% - eram “profissionais” egajados, militantes das seções de cartas e, bem, da “causa”… O texto em que relato essa história está aqui aqui. É por isso que petralha não se cria no meu blog.

José Geraldo está apelando a essa turma. Milhões de pessoas lerão a reportagem sobe a UnB. A grande maioria, estou certo, há de ficar escandalizada - como se escandaliza, não duvido, a maioria dos estudantes e professores da universidade. Mas essa maioria costuma ser silenciosa, e a minoria extremista é barulhenta, aparece.

Quem é o reitor?
José Geraldo Souza Júnior é um velho conhecido deste blog. Entre os destinatários de seu e-mail, a turma que está sendo convidada a entupir a revista com cartas e a fazer pressão nas “redes sociais”, estão os seguintes endereços direito_achado_na_rua@yahoogrupos.com.br, lyra_filho@yahoogrupos.com.br e dialogoslyrianos@googlegroups.com… Ai, ai, ai…

“Direito Achado na Rua”? Sim, meus caros, José Geraldo, o reitor da Universidade de Brasília, é o grande chefe desta, digamos assim, “corrente”. Num longo texto de 31 de maio de 2007, eu expus os fundamentos desse delírio. O texto está aqui? aqui. O que querem esses valentes? Eu explico.

Trata-se de uma formulação inspirada num troço chamado NAIR, pomposamente traduzido por “Nova Escola Jurídica Brasileira”, de que o grande “mestre” foi o esquerdista gramsciano Roberto Lyra Filho (1926-1986). De tal maneira se encantou com a sua obra que ficou conhecido no meio como “o homem da NAIR”, até que virasse simplesmente “o Nair”. O Direito Achado na Rua, conforme é definido por seus adeptos, busca combater o que consideram o “legalismo”. Entenda-se por isso o conjunto das leis que aí estão, que estes bravos avaliam ser vincado pelas desigualdades de classe. Daí que se ocupem, na prática, de combater esse formalismo, digamos, classista em benefício de um “verdadeiro direito”, que seria aquele formulado pelas lutas sociais.

Meu primeiro texto combatendo esses desvairados foi publicado neste blog, olhem como vai longe!, no dia 22 de maio de 2007. Eu contestava então um rapaz chamado José Eduardo Elias Romão, que chefiava o Dejus (Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação), do Ministério da Justiça, na gestão Tarso Genro. Em nome do “povo”, Romão queria nada menos do que a instituição de uma forma de censura prévia no país, o que é explicitamente vedado pela Constituição. Romão era e é da turma de José Geraldo. E José Geraldo, como um dos mestres do Direito Achado na Rua, considera que esse conversa de leis é puro “legalismo”. A verdade está com os “movimentos sociais”; é ali que se encontra o verdadeiro direito. O homem está no meu radar que identifica pessoas com pouco apreço pela democracia desde 22 de junho de 2007. Ele estava ainda longe da reitoria. Mas meu faro é bom para certo tipo de gente.

Encerrando este texto, mas não o caso
Temos, pois, no comando da UnB um teórico do desrespeito às leis; alguém que acredita que elas nos afastam da verdadeira justiça; alguém para quem o direito está com os militantes - aqueles mesmos que, no fim das contas, o elegeram reitor. Ele não ocupa o cargo preocupado com a excelência acadêmica. Dedica-se, noite e dia, a manter um esquema de poder. Eu ainda vou lhes explicar como Fernado Haddad, o perverso, está na raiz desse descalabro. Mas não nesse texto, que já foi longe.

Aos estudantes e professores da UnB que não se sentem representados por esses Marcolas e Fernandinhos Beira-Mar da ideologia (esses dois também não reconhecem o arcabouço jurídico brasileiro, embora, no momento, vivam sob seu mando, o que não é o caso dos outros), resta uma exortação: organizem-se contra seus opressores; reajam à violência institucional e moral que tomou conta da universidade; digam não à opressão. Essa casa já lutou contra uma ditadura uma vez. Está na hora de lutar contra a outra.