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quarta-feira, 14 de março de 2012

O fascismo em construcao no Brasil (7): direito de resposta

Políticos pretendem cercear o direito dos veículos de comunicação -- jornais, rádios e TVs -- de fazerem acusações a suas malversações, impondo-lhes um custo econômico, e provavelmente um custo moral, sem qualquer critério objetivo, a não ser o próprio fato de terem sido citados em alguma matéria que lhes seja desfavorável. Trata-se, obviamente, de uma chantagem inaceitável, e que não pode ser aceita pela sociedade, sob risco de que homens públicos deixem de ser públicos -- ou seja, de terem de assumir a responsabilidade pelo fato de terem escolhido ser políticos -- para se refugiar num direito à privacidade que só compete ao cidadão enquanto cidadão, não enquanto representante político.
Eles têm de arcar com o ônus de serem políticos, e portanto terem suas atividades seguidas, monitoradas e até cobradas pela imprensa, como por toda a cidadania.
Este é mais um aspecto do fascismo em construção no Brasil.
Paulo Roberto de Almeida 


Senado aprova projeto para cercear imprensa

Gabriel Castro
VEJA Online, 14/03/2012

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, em caráter terminativo, um projeto criado para constranger os veículos de comunicação: a proposta altera a tramitação dos pedidos de direito de resposta a órgãos de imprensa e atropela o trâmite natural dos processos. O projeto do senador Roberto Requião (PMDB-PR) estabelece que as pessoas que se sentirem prejudicadas por uma reportagem poderão procurar diretamente o veículo responsável pela matéria e exigir um espaço para apresentar sua versão dos fatos. Jornais, revistas, sites noticiosos, rádios e emissoras de televisão terão de publicar o direito de resposta até sete dias depois de comunicados da queixa. Caso contrário, a suposta vítima poderá acionar a Justiça. Os maiores beneficiários da proposta são justamente os políticos, alvo frequente de denúncias da imprensa fiscalizadora.
O trâmite judicial também será modificado pela nova lei. As ações do tipo transcorrerão em rito especial, o que significa uma celeridade muito maior na apreciação dos processos. Depois de ser acionado, o juiz responsável terá 24 horas para comunicar o órgão de imprensa. Por sua vez, o veículo deverá apresentar sua contestação em até três dias. Depois disso, se o magistrado optar pelo provimento do pedido, o direito de resposta deverá ser publicado em até dez dias. ”Não se trata de cercear o direito fundamentel à informação. Não se trata de censurar a imprensa, porque a imprensa deve ser livre”, disse o relator da proposta, Pedro Taques (PDT-MT). Não é bem assim. Ao criar prazo exíguos, a medida permite que os meios de comunicação sejam pressionados por enxurradas de ações judiciais de forma orquestrada. A depender da forma como a lei for aplicada, o excesso de direitos de resposta poderá atravancar o trabalho da imprensa, que tem entre suas atribuições inalienáveis o exercício da crítica e da denúncia.
E poderia ser pior: o relator amenizou trechos insólitos da proposta original de Roberto Requião. O peemedebista queria, por exemplo, que as emissoras de rádio fossem obrigadas a dar, além do tempo proporcional do direito de resposta, dez minutos adicionais para o pronunciamento da pessoa atingida pela reportagem. No caso das emissoras de TV, seriam três minutos extras. O senador, inimigo declarado dos meios de comunicação, também previa que os veículos de imprensa simplesmente não pudessem ter direito ao efeito suspensivo em eventuais decisões da Justiça sobre direito de resposta. Pedro Taques alterou o dispositivo: o efeito suspensivo poderá ser concedido, desde que por uma decisão colegiada de magistrados.
A proposta foi aprovada por unanimidade na comissão. Se nenhum senador recorrer, o texto seguirá para a Câmara sem necessidade de aprovação em plenário.
Histórico
O senador Roberto Requião tem um longo histórico de ataques a imprensa. Quando governador do Paraná, ele usava a TV pública para veicular ataques quase diários a veículos que apontavam os problemas de sua gestão. O uso indevido da emissora levantou questionamentos do Ministério Público Estadual. No ano passado, o peemedebista deu mostras daquilo que entende por liberdade de imprensa: simplesmente arrancou um gravador das mãos de um repórter da Rádio Bandeirantes. O motivo: o parlamentar se irritara com uma pergunta a respeito da confortável aposentadoria que recebe como ex-governador. O senador também ameaçou agredir o jornalista. E só devolveu o gravador - sem o áudio da entrevista - horas depois.

terça-feira, 13 de março de 2012

O fascismo em construcao no mundo: web controlada por governos

Sim, o fascismo não está em construção apenas no Brasil, mas um pouco em todas as partes do mundo onde governos pensam que podem, que devem cercear o acesso à informação por parte dos simples cidadãos, que precisam controlar jornalistas e seu acesso a dados que eles, governos autoritários, consideram sensíveis, ou eventualmente prejudiciais aos políticos que ocupam -- temporariamente, se espera -- o poder.
A vocação totalitária se esconde nas mais diversas situações, por vezes até em Estados formalmente democráticos que possuem partidos com vocação totalitária.
A Repórteres Sem Fronteiras deveria se interessar mais ao caso do Brasil, e seu fascismo em construção, sobretudo nas comunicações, onde reinam espíritos autoritários e vocações totalitárias...
Paulo Roberto de Almeida

2011, année noire pour la liberté d'expression en ligne

LEMONDE.FR avec AFP | 12.03.12 | 11h26   •  Mis à jour le 12.03.12 | 12h06
La carte pour 2011 des pays "ennemis d'Internet" et des pays "sous surveillance" de Reporters sans frontières.
La carte pour 2011 des pays "ennemis d'Internet" et des pays "sous surveillance" de Reporters sans frontières.RSF

L'année 2011 "restera comme une année d'une violence sans précédent" contre les citoyens actifs sur la Toile, avec la mort de cinq d'entre eux et plus de 200 arrestations, soit une hausse de 30 % par rapport à 2010, estime Reporters sans frontières (RSF), dans son rapport 2012 (pdf) sur les ennemis d'Internet mis en ligne lundi. "Les 'net-citoyens' ont été, en 2011, au cœur des changements politiques qui ont affecté le monde arabe. Ils ont tenté, aux côtés de journalistes, detenir la censure en échec mais en ont, en contrepartie, payé le prix fort", déclare RSF dans un communiqué.

Le rapport, qui contient chaque année une liste des pays considérés comme"ennemis d'Internet" et de pays "sous surveillance", salue les progrès réalisés par deux pays : la Libye, tout d'abord, à la suite de la chute du colonel Kadhafi, et le Venezuela, où "l'adoption, en 2011, de législations potentiellement liberticides pour le Net n'a pour le moment pas été suivie d'effet particulièrement néfaste". Les deux pays quittent la liste des pays sous surveillance, même si l'organisation de défense de la liberté d'expression se dit "vigilante".
FILTRAGE ACCRU
En revanche, deux nouveaux pays ont fait leur entrée dans la catégorie des pays sous surveillance : le Kazakhstan et l'Inde. Pour ce dernier, RSF note que depuis les attentats de Bombay en 2008 "les autorités indiennes ont renforcé leur surveillance du Web et la pression sur les intermédiaires techniques, tout en rejetant publiquement les accusations de censure".
Deux pays sont également passés du statut "sous surveillance" à celui d'"ennemi d'Internet". Le Bahreïn et la Biélorussie, où la censure et la surveillance des opposants politiques se sont nettement renforcées en 2011. En réponse au printemps arabe, le Bahreïn a notamment renforcé la liste des sites et services bloqués dans le pays, et procédé à une vague d'arrestations d'opposants et de net-citoyens. En Biélorussie, outre un filtrage accru, RSF note le développement des"conversations préventives", durant lesquelles la police "incite" les personnes à ne pas manifester ou exprimer leurs opinions. Le Bahreïn et la Biélorussie rejoignent ainsi l'Arabie saoudite, la Birmanie, la Chine, la Corée du Nord, Cuba, l'Iran, l'Ouzbékistan, la Syrie, le Turkménistan et le Vietnam dans la liste des "ennemis d'Internet".
LA FRANCE TOUJOURS "SOUS SURVEILLANCE"
Entrée dans la liste des pays sous surveillance l'an dernier, la France figure toujours dans cette catégorie pour l'édition 2012 du rapport. Pour RSF, deux éléments justifient ce classement : d'une part, la multiplication des procédures judiciaires contre les journalistes, et d'autre part, la mise en place de nouveaux mécanismes de filtrage du Web.
"Le gouvernement a pris le contre-pied de décisions judiciaires ou de recommandations internationales condamnant le filtrage ou la suspension de l'accès à Internet, et ce dans un contexte de pressions sur les sources des journalistes. La France ne doit pas sacrifier la liberté d'expression en ligne et la neutralité du Net à la tentation sécuritaire ou à la protection du droit d'auteur", dénonce RSF, citant pêle-mêle les lois Hadopi, Loppsi 2, sur les jeux en ligne, ou encore le blocage du site Copwatch.
Plus généralement, l'organisation s'inquiète de la tendance des grandes démocraties "à céder aux tentations sécuritaires ou à prendre des mesures disproportionnées pour protéger le droit d'auteur", et des pressions de plus en plus fortes exercées sur les fournisseurs d'accès à Internet et autres fournisseurs de services pour qu'ils participent à la surveillance d'internautes ou au blocage de sites. Des pays comme la Turquie ou la Corée du Sud ont ainsi renforcé leurs systèmes de filtrage d'Internet.
RSF note toutefois un point positif dans ce tableau globalement sombre : la mobilisation de plus en plus importante des citoyens pour préserver leur droit d'accès à l'information et leur liberté d'expression, dans le cadre du mouvement de protestation contre le traité ACTA par exemple. "Les internautes des pays dits 'libres' ont appris à se mobiliser pour conserver leurs acquis", se félicite RSF.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Parabens ao presidente Correa, do Equador...

Parabens, de fato, pois conseguiu tornar claras certas coisas que ainda eram obscuras.
Companheiros devem se inspirar nesse caso, pois sempre se pode condenar legalmente grandes órgãos de imprensa que se manifestam de modo insultuoso contra presidentes legitimamente eleitos.
A imprensa não pode prevalecer contra a justiça, ora essa...
Parabéns ao presidente Correa por sua vitória.
Agora as coisas ficaram mais claras...
Paulo Roberto de Almeida



17/02/2012 00:50:31

Reinaldo Azevedo
O chanceler do Equador, Ricardo Patiño, defendeu nesta quinta-feira a controversa condenação de três executivos e um jornalista do “El Universo”, maior jornal do país, como legítima e sem caráter político. O ministro criticou ainda o Panamá por ter concedido asilo a Carlos Pérez, diretor do diário e um dos quatro condenados. “Então todos os delinquentes neste país que sejam sentenciados que vão pedir asilo ao Panamá”, disse Patiño em rápidas declarações a jornalistas.

Simpatizantes de Correa queimam exemplares do jornal "El Universo" (AFP)
No Globo Online, com agências:
A sentença da Corte Nacional de Justiça do Equador condenou por injúria o diretor, o vice-diretor e o gerente de Novas Mídias, os irmãos Carlos, César e Nicolas Pérez, respectivamente, e o colunista Emilio Palacio a três anos de prisão e a uma multa de US$ 40 milhões. O controverso caso começou há cerca de um ano, quando o presidente Rafael Correa entrou na Justiça por causa da publicação de um artigo no “El Universo” que criticava suas ações durante a revolta policial de 30 de setembro de 2010. Em sua coluna, Palacio, que busca exílio político nos EUA, chamou Correa de ditador e o acusou de ter ordenado que um hospital cheio de civis fosse atacado.
A sentença gerou condenações de várias organizações de impresa internacional. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol), o Repórteres Sem Fronteiras e o Comitê de Proteção para Jornalistas (CPJ) disseram estar preocupados com a liberdade de expressão no país e na América do Sul. O advogado de Defesa do “El Universo” disse que vai recorrer à Corte Interamericana e lamentou o que chamou de “submissão” do Judiciário equatoriano. “Um editor está em busca de asilo político, três executivos podem ir para prisão, e um dos principais jornais do país pode ir à falência só porque o presidente Correa não gostou de um artigo de opinião”, protestou Carlos Lauría, coordenador do programa do Comitê de Proteção para Jornalistas (CPJ) para as Américas.
Para Ricardo Trotti, da SIP, a sentença foi uma “represália à liberdade de imprensa”. A Justiça equatoriana negou na madrugada desta quinta-feira um pedido de revisão do processo no julgamento por difamação movido pelo presidente Rafael Correa contra o “El Universo”. Após 15 horas de audiência, o tribunal ratificou a sentença de prisão, além da multa que poderá levar o jornal à falência.
“A Corte Nacional de Justiça acaba de ratificar um verdadeiro estímulo à censura que poderia afetar amanhã outros meios de comunicação (…) É um desastre”, escreveu o Repórteres Sem Fronteiras num comunicado.
Já Correa, que participou da audiência e havia mobilizado pelo Twitter seus simpatizantes para uma vigília diante da corte, comemorou o veredicto junto com seus ministros e funcionários de governo. “O país está mudando. Agora vão entender que a liberdade de expressão já é de todos”, disse o presidente equatoriano, após a leitura da sentença.
Depois que a Justiça divulgou sua decisão, nesta quinta-feira, Correa disse que as afirmações de Palacio afetaram sua honra e que a sentença serviu para mostrar que “o ‘El Universo’ mentiu e que os cidadãos podem reagir diante dos abusos da imprensa”. Ele ainda sinalizou que tem o poder de reverter a condenação. “Vou consultar gente de confiança e anunciaremos ao país as decisões correspondentes”, disse Correa a jornalistas estrangeiros.
O advogado do jornal, Joffre Campaña, criticou a Justiça equatoriana, alegando que a sentença é mais um exemplo da “submissão” ao presidente Correa, e disse que vai apelar para Corte Interamericana de Direitos Humanos, pois não acredita na decisão do Tribunal Constitucional do Equador. “Retrocedemos às piores épocas de uma concentração de poder absoluta, de ausência total de independência judicial, e isso para o desenvolvimento de uma sociedade democrática é nefasto”, disse Campaña.
Poucos antes de ser anunciado o veredicto, César e Nicolás Pérez afirmaram à Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), em Miami, que temem por sua segurança física. Segundo jornais equatorianos Carlos Pérez, o único acusado que ainda permanecia no Equador, teria deixado o país durante a madrugada. Mais tarde, o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, anunciou que deu asilo político a Carlos.
Confusão do lado de fora do tribunal
Desde a manhã de quarta-feira, centenas simpatizantes de Correa se reuniam do lado de fora do tribunal, em Quito. Vestidos com camiseta de apoio ao presidente e com bandeiras em mãos, a multidão gritou frases contra “imprensa corrupta” e chegou a insultar e até agredir os defensores do “El Universo” e jornalistas que cobriam o julgamento. A situação só foi se acalmar por volta do meio-dia. Alguns partidários de Correa chegaram a queimar exemplares do jornal. “Aplaudam, aplaudam, não deixem de aplaudir. A imprensa corrupta tem que morrer”, gritavam os aliados do presidente.
(…)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Nossos aliados nos Brics: liberais libertarios, para o poder, liberticidas para a imprensa...

Pois é, quem diria?: tu quoque África do Sul?
A gente sabia que China e Rússia eram, assim digamos, um pouco liberticidas em matéria de imprensa, sobrando a defesa das liberdades democráticas para Brasil e Índia, pelo menos no plano formal...
Agora vem essa, e a gente começa a pensar se os Brics não são uma má ideia para a liberdade de imprensa...
Paulo Roberto de Almeida 



Abrindo o jogo
Carlos Brickmann, 30/11/2011

Parece incrível, mas um país que voltou há tão pouco tempo à democracia, cicatrizando com rara habilidade as feridas do passado, com amplo apoio internacional, está querendo retornar aos tempos da sombra. A África do Sul acaba de aprovar penas de prisão (de até 25 anos) a jornalistas que divulguem informações que o Estado considerar sigilosas. O nome da censura, lá, é "Lei de Proteção da Informação"; e seu objetivo é, segundo o deputado Molopo Mothapo, do partido governista Congresso Nacional Africano, CNA, "garantir a segurança nacional".

E quem ameaça a segurança nacional sul-africana? Isso o pessoal favorável à censura não conta. Molopo Mothapo diz também que a censura sul-africana "está totalmente de acordo com a prática internacional". De certa forma, tem razão: China, Arábia Saudita, Cuba, Irã, Sudão, Coréia do Norte e outras nações usam esta maneira, entre outras, de "garantir a segurança nacional". E até no Brasil há gente que gostaria muito de, sob a mesma bandeira, evitar que jornalistas descubram e divulguem coisas que os governos não querem ver descobertas e divulgadas.