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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Debate: Política energética no Brasil e no mundo - livro organizado por Alexandre Hage, 19/10. 14hs.

 Convidamos o público interessado para o lançamento de livro:


Política Energética no Brasil: sua participação no desenvolvimento econômico e no relacionamento internacional. (Editora Appris, 2020)

O livro foi organizado pelo professor José Alexandre Altahyde Hage da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Teremos como expositores deste debate alguns autores de capítulos:

Alexandre Hage (UNIFESP)
Paulo Roberto de Almeida (MRE)
Alencar Chaves (Petrobrás)
Vanessa Matijascic (USP)

O evento acontecerá virtualmente: 19/10/2020, segunda-feira, 14h.


A partir dos e-mails informados, enviaremos as informações de acesso a sala para o evento.

Atenciosamente,

Vanessa Matijascic
Professora Colaboradora e Pós-doutoranda do Departamento de Ciência Política da USP
Pesquisadora do NUPRI

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Por que e para que o 5G no Brasil? - Debate no IEA-USP, 3/09/2020

Por que e para que o 5G no Brasil?

Evento com transmissão em: http://www.iea.usp.br/aovivo

Em continuidade às ações pioneiras da USP em pesquisa e aplicação das redes avançadas de comunicações, como a 4G, a Escola Politécnica, o Instituto de Estudos Avançados e o Instituto de Relações Internacionais organizam o ciclo A Implantação de 5G no Brasil com o objetivo de oferecer à sociedade brasileira subsídios para a implementação desta nova tecnologia. Esta iniciativa integra o Think Tank em Implantação de 5G no Brasil, um fórum permanente de discussão sobre a implantação da tecnologia de comunicações de quinta geração – 5G envolvendo a sociedade civil, o governo e a academia.
No primeiro encontro do ciclo serão discutidos por que e para que a implantação do 5G é interessante ou não para o país, considerando as aplicações verticais como Agronegócio, Cidades Inteligentes, Indústria e Saúde.
Debatedores
Moderador
Moacyr Martucci Junior (EP e IRI - USP)
Relatora
Jamile Sabatini Marques (ABES - Associação Brasileira das Empresas de Software  e Programa USP Cidades Globais do IEA)

Transmissão

Acompanhe a transmissão do evento em iea.usp.br/aovivo

Inscrições

Evento público e gratuito | Sem inscrição prévia

Organização

Escola Politécnica da USP
Instituto de Estudos Avançados da USP
Instituto de Relações Internacionais da USP
Evento com transmissão em: http://www.iea.usp.br/aovivo

Detalhes do evento

Quando

de 03/09/2020 - 09:00
03/09/2020 - 11:00

Onde

On-line

Nome do Contato

Adicionar evento ao calendário

segunda-feira, 25 de maio de 2020

O mundo pós-pandemia: debate no Livres - Ricupero, Paulo R. Almeida e Sandra Rios


Participei, neste começo de noite de segunda-feira, 25/05/2020, 19hs, de um debate com o embaixador Rubens Ricupero e a economista Sandra Rios, organizado e animado pelo jornalista Mano Ferreira, coordenador de imprensa do LIVRES, em torno desse tema. 

O debate completo, no YouTube, figura aqui: 
https://www.youtube.com/watch?v=wLGFUPWDAoY

Vejam aqui alguns destaques: “Eu desejaria um sistema para detectar pandemias como se detecta um incêndio numa floresta”, diz Rubens Ricupero em live do Livres
       E aqui: “Somos o homem doente da América Latina”, diz Paulo Roberto de Almeida
       

Eu havia preparado, como já tinha informado neste mesmo espaço, um texto de apoio a meus principais argumentos, tal como registrei abaixo: 

3670. “O mundo pós-pandemia: contextos políticos e tendências internacionais”, Brasília, 15 maio 2020, 13 p. Ensaio sobre os desenvolvimentos econômicos e políticos do mundo atual, para apoiar participação em debate online para o Livres, na companhia do embaixador Rubens Ricupero e da economista Sandra Rios, no dia 25/05, às 19hs. Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/43123473/O_mundo_pos-pandemia_contextos_politicos_e_tendencias_internacionais_2020_); anunciado no blog Diplomatizzando (2/05/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/o-mundo-pos-pandemia-contextos.html); Apresentação inserida na plataforma do Livres (link: https://www.eusoulivres.org/publicacoes/mundo-pos-pandemia-contexto-politico-e-tendencias-internacionais/).

Depois eu elaborei um pequeno resumo desse paper, mas também acrescentei novos elementos para o debate, entre eles, referências à famosa reunião ministerial de 22/04/2020, e ao debate na Brazil Conference (28/04/2020), com a participação de ex-chanceleres, como registrei abaixo: 

3680. “O mundo pós-pandemia: resumo para o programa do Livres”, Brasília, 25 maio 2020, 6 p. Nota de resumo do trabalho n. 3670 (“O mundo pós-pandemia: contextos políticos e tendências internacionais”), para apresentação no programa. Disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/43153874/O_mundo_pos-pandemia_resumo_para_o_programa_do_Livres_2020_); anunciado no blog Diplomatizzando (2/05/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/o-mundo-pos-pandemia-resumo-para-o.html).

Esses novos documentos podem ser recuperados aqui: 

Reunião ministerial dos palavrões: 

Parte de política externa nesse documento:

Artigo sobre a Reconstrução da Política Externa, por ex-ministros:




Um dos temas mais debatidos foi o do multilateralismo, em vista do que permito-me indicar este artigo em torno do assunto, já antigo: 

O Brasil e a construção da ordem econômica internacional contemporânea
Brazil and the making of the modern global economic order

Contexto Internacional,  vol.26 no.1 Rio de Janeiro Jan./June 2004

http://dx.doi.org/10.1590/S0102-85292004000100001 


https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-85292004000100001&script=sci_arttext

O mundo pós-pandemia | Rubens Ricúpero, Paulo Roberto de Almeida e Sandra Rios


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INSCRITO
Qual o impacto da pandemia nas relações internacionais? Como a crise do Coronavírus vai afetar a relação entre Estados Unidos e China? Como as democracias liberais devem se relacionar com as autocracias? Os valores de liberdade individual estão em risco? A globalização e o livre mercado serão substituídos por isolacionismo e protecionismo? E o Brasil em meio a isso tudo? Vamos debater tudo isso neste #LivresAoVivo desta segunda-feira, com os ilustres convidados Rubens Ricupero, Paulo Roberto de Almeida e Sandra Rios. Quem são os convidados? Rubens Ricupero é um jurista, historiador e diplomata brasileiro com proeminente atividade de economista. Ricupero é presidente honorário do think tank Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial. Foi ministro da Fazenda de 30 de março a 6 de setembro de 1994, durante o período de implantação do Plano Real. Paulo Roberto de Almeida é Doutor em Ciências Sociais, Mestre em Planejamento Econômico e diplomata de carreira. Foi professor de Sociologia Política no Instituto Rio Branco e na Universidade de Brasília. Foi Diretor do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IPRI), afiliado à Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), do Ministério das Relações Exteriores. Sandra Rios é economista, diretora do CINDES e sócia da Ecostrat Consultores. Especialista em temas relacionados a negociações comerciais internacionais e a política de comércio exterior. Foi coordenadora da Unidade de Integração Internacional da Confederação Nacional da Indústria e pesquisadora do IPEA.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

O mundo pós-pandemia: contextos políticos e tendências internacionais - debate Livres - Paulo Roberto de Almeida

Um dos textos que sempre preparo, e não leio, para os eventos em que sou convidado; texto de apoio para mais um debate organizado pelo jornalista Mano Ferreira, do Livres, na companhia do embaixador Rubens Ricupero e da economista Sandra Polonio Rios, em torno do tema-título: 

3670. “O mundo pós-pandemia: contextos políticos e tendências internacionais”, Brasília, 15 maio 2020, 13 p. 
Ensaio sobre os desenvolvimentos econômicos e políticos do mundo atual, para apoiar participação em debate online para o Livres, na companhia do embaixador Rubens Ricupero e da economista Sandra Rios, previsto para o dia 25/05, às 19hs. 
Disponível na plataforma Academia.edu; link:

O mundo pós-pandemia: contextos políticos e tendências internacionais
  
Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: notas para programa do Livres online; finalidade: divulgação pública]
  

Sumário: 
Adivinhos, oráculos e previsões
Mudanças e continuidades, com pandemias que vão e que voltam
Contextos nacionais e forças transnacionais
Globalização micro e macro: qual avança, qual recua?
Da Guerra Fria geopolítica a Guerra Fria econômica: quem perde, quem ganha?
Como será, então, o mundo pós-pandemia: muito diferente do atual?

Adivinhos, oráculos e previsões
A primeira observação que poderia ser feita em relação ao mundo pós-pandemia é, talvez, a de que, todos nós, palestrantes e audiência destes programas online, estaremos todos fartos destes programas online, e com razão. O que estamos assistindo, e participando, desde o início da quarentena, é a uma verdadeira inflação de programas como este, um grande dilúvio, de dimensões bíblicas, do qual talvez poucos poderão sobreviver como náufragos. Ou estaremos enfastiados, enjoados, com síndrome de rejeição destes programas online, ou então, ao contrário, teremos nos acostumado de tal forma, que dispensaremos, doravante, encontros presenciais, passagens, diárias, honorários, para fazer aqueles seminários de um dia, que na verdade nos tomavam três dias, entre a viagem de ida, a de volta e a necessária preparação para encontrar o que falar de minimamente inteligente nesses encontros físicos.
A segunda observação que eu gostaria de fazer, em toda sinceridade também, é a de que nós não sabemos, de verdade, como será o mundo pós-pandemia. Não somos como aqueles astrólogos que, todo início de ano, anunciam o seu lote de catástrofes, de mortes de pessoas famosas, terminando finalmente por dizer que, independentemente dessas pequenas ou grandes misérias, o ano que se inicia será certamente melhor do que aquele que acaba de se encerrar. (...)

Ler a íntegra neste link: 

sábado, 15 de fevereiro de 2020

Hiroshima, 75 anos: reflexões sobre o papel da arma atômica - G. John Ikenberry (Princeton)

Um debate sobre o significado do primeiro, e quase único – ocorreu outro, pouco depois, sobre Nagasaki – bombardeio atômico no contexto do cenário internacional, da época e depois.

https://www.wilsoncenter.org/event/age-hiroshima-nuclear-revolution-75th-anniversary-atomic-bombings?emci=1dfdf53c-494f-ea11-a94c-00155d039e74&emdi=2490c82a-514f-ea11-a94c-00155d039e74&ceid=36813

The Age of Hiroshima: The Nuclear Revolution on the 75th Anniversary of the Atomic Bombings 


Video & key quotes

“There is a diffuse effort to blend the history and Hiroshima’s legacy into social movements, and to leverage, and remind, and have all of that feed into our politics and diplomacy,” observes G. John Ikenberry, Albert G. Milbank Professor of Politics and International Affairs at Princeton University.

On August 6, 1945, in the waning days of World War II, the United States dropped an atomic bomb on the Japanese city of Hiroshima. The city’s destruction stands as a powerful symbol of nuclear annihilation, but it has also shaped how we think about war and peace, the past and the present, and science and ethics. The Age of Hiroshima, published by Princeton University Press in January 2020, traces these complex legacies, exploring how the meanings of Hiroshima have reverberated across the decades and around the world.
Age of Hiroshima editors Michael Gordin and John G. Ikenberry, as well as contributor Alex Wellerstein, will discuss how the bombing of Hiroshima gave rise to new conceptions of our world and its precarious interconnectedness, and how we continue to live in its dangerous shadow today. Toshihiro Higuchi and Jessica Mathews, in commenting on the volume, will offer their own perspectives on Hiroshima as an historical event and a cultural phenomenon.

Selected Quotes

Michael Gordin, Wilson Center Fellow and Rosengarten Professor of Modern and Contemporary History, Princeton University
“The biggest absence…is we still have no really good idea why we haven’t had nuclear war since. We have a lot of theories about why that’s the case, but we have an n of 2 in terms of use of nuclear weapons in war to kill people. They have been used in other ways; testing, placement for deployment, there’s all sorts of ways you can use a nuclear bomb without setting it off.”
“So once you have the sense that there’s a threshold, I think it actually restructures how you think about the conventional, and makes the conventional permissible – as long as you’re not going above that.”
G. John Ikenberry, Albert G. Milbank Professor of Politics and International Affairs, Princeton University
“We try to use Hiroshima as a site for turning its history into a kind of platform for debate, for education, for activism, for bringing people together each year, with reports that people who are elsewhere during the year. Thinking about how to control nuclear weapons, how to bring back the momentum that has kind of all gone away for arms control and disarmament.”
“There is a diffuse effort to blend the history and Hiroshima’s legacy into social movements, and to leverage, and remind, and have all of that feed into our politics and diplomacy.”
“I learned of the exquisitely complex way in which Japan thinks about Hiroshima, and the broader role of the war as both aggressor and victim.”
“Hiroshima had this kind of lightning affect – illuminating a landscape of international politics”
“The social milieu, the political milieu in which governments operate is so important. And that’s why in some sense, it’s so frightening today. Because remember the 80s? Remember when Reagan was deploying new missiles of intermediate missiles in Europe? There were millions of people in the streets in Europe and the United States.”
Alex Wellerstein, Stevens Institute of Technology
“The historians I know, the practicing people who work on this actively today, most of them think the revisionist narrative is wrong…. And they also think the orthodox narrative is wrong. And the reality is some very much more complicated thing.”
“Deterrence is in people’s minds. And it’s not a lot of people’s minds. For most of the world today, you’re talking about a dozen minds in the world, who are in charge of making…. Because we’ve centralized nuclear weapons unlike a lot of things our government does, nuclear arms are centralized. Basically, one person in the American system. It’s three people in the Russian system … You’re talking about a very small number of people, and if they have the idea that using the weapon is a terrible idea, then it’s enacted in the world. And if they don’t have the idea than we are in a dangerous, dangerous place. “
 “I will say I think that there’s a lot of factors. And instead of saying, ‘we can’t know,’ I would say it seems incredibly contingent. Which is really just a very intellectual way of saying, ‘well, it depends on what happens that day.’ And that’s not reassuring.”
Toshihiro Higuchi, Assistant Professor, Edmund A. Walsh School of Foreign Service, Georgetown University
“I think of how fruitful it is to really bring together many different scholars… We have, you know, Japanese historians, literary scholars, and then political scientists, and the history of science, and the sociologists of science.”
“I think it’s about, really, if we can think about ourselves as an independent thinking citizen, as opposed to identifying ourselves completely with the state or nation.”
“I think it’s important to make them curious, so that they start asking questions, and they start exploring themselves.”

SPEAKERS


segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Um debate sobre o BRICS em 2011 - Alexander Zhebit, Paulo R. Almeida

Alguém me fez retomar um trabalho hoje esquecido, mas ainda pertinente. Só preciso repostar agora o artigo de Mundorama.
Um leitor de meu blog “desenterrou” um debate que eu mantive em 2011, ou seja, oito anos atrás, com um acadêmico do RJ sobre o BRICS. A despeito da passagem do tempo, continuo pensando a mesma coisa, e não é porque a diplomacia brasileira mudou (mas continua a entreter essa maluquice do BRICS), mas os Brics (reparem na distinção) mudaram e bastante).
Convido os interessados, sobretudo Oliver Stuenkel, um dos “promotores” do BRICS, a continuar o debate.
Paulo Roberto de Almeida 
Brasilia, 5/08/2019


sábado, 22 de outubro de 2011

Brics: pequeno debate sobre seu papel mundial - Paulo R. Almeida e Alexander Zhebit
Registro aqui, em primeiro lugar, o comentário de Alexander Zhebit a meu artigo sobre o papel dos Brics na atual conjuntura mundial de crise -- neste artigo de Mundorama --, fazendo-o seguir de meus próprios comentários-resposta.
Quem desejar se associar ao debate, sinta-se livre para enviar-me comentários neste post, aos quais darei o devido destaque, em função de argumentos substantivos.
Grato ao Alexander pela atenção demonstrada, mas como se verifica pela minha resposta, ainda não sou capaz de aderir à essência de sua posição.
Paulo Roberto de Almeida

Uma resposta to “Os Brics na nova conjuntura de crise econômica mundial, por Paulo Roberto de Almeida”

Parabenizando o autor pelo ensaio conceitual e profundo e concordando com muitas teses dele, gostaria de ressaltar que a plataforma ideacional da aproximação dos BRICS não é econômica, embora a ideia da correlação entre os BRICS se origine do estudo econômico da Goldman Sachs, mas é axiológica. BRICS, uma rede transgovernamental de governança ad hoc, persegue principalmente o objetivo alternativo da reconstrução da ordem internacional que entrou em obsolência. O fato de acolher no seu grupo a África do Sul, incompatível com os outros BRIC em termos econômicos e populacionais, mas muito útil no sentido de representatidade de alter mundo, demonstra esta sua ânsia de alteratividade em nível mundial. É indiscutível que a proposta de prestar assistência financeira à Europa, descartada logo em seguida, teve uma intenção propagandística, o que em si não desmente a capacidade acrescida de auxílios financeiros pelos BRICS, devido à elevação da cota de participação e do peso de votação dos BRICS no FMI.

Comentário-resposta de Paulo Roberto de Almeida:

Agradeço ao Alexander Zhebit pelo seu comentário e como é de meu estilo -- sem qualquer floreio verbal ou hipocrisias relacionais -- vou direto ao assunto central, que se prende não às concordâncias entre ambos, mas ao ponto que nos separa.
Alexander pretende que a "plataforma ideacional dos BRICS não é econômica (...), mas é axiológica". Esta plataforma, segundo ele, "persegue principalmente o objetivo alternativo da reconstrução da ordem internacional que entrou em obsolência" (sic). Os Brics, nessa concepção, demonstram "ânsia de alteratividade em nível mundial" (sic, novamente, mas por razões substantivas).
Enfim, deixo de lado essa questão de ajudar ou não os caloteiros de fato (Grécia) e de intenção (Portugal e talvez outros) de uma Europa arrastada pela crise que ela própria criou -- e que para mim tem pouco a ver com a crise original americana -- pois esse ponto é absolutamente irrelevante para o ponto central que pretendo discutir, o que faço a partir de agora.

A questão relevante, expressa tanto na criação dos Brics e nos argumentos de certos acadêmicos, como talvez seja o caso de Zhebit, é o fato de os Brics representarem, supostamente, um modelo alternativo, uma contestação da ordem global, uma proposta de um mundo diferente, do que o existente atualmente, feito pelas potências que emergiram economicamente no meio século que decorreu desde a Segunda Guerra (algumas ascendentes, outras declinantes). 
Seria essa tal de "alteratividade em nível mundial", para construir uma "nova ordem", substituindo a velha, que teria entrado em obsolescência. Isso corresponde, em termos um pouco mais elegantes e refinados, ao que vêem fazendo os tais alternativos, o pessoal do "outro mundo possível", com sua recusa da globalização capitalista e suas demandas por um mundo menos desigual e imperfeito, mais solidário, não assimétrico, justo e humano.
Bem, se não for isso que Alexander Zhebit pretende, desde já me desculpo pela má interpretação de suas palavras, mas o fundo da questão é que ele pretende que os Brics representem uma proposta nova, supostamente melhor do que a que está aí (que aliás não foi proposta por nenhum comitê acadêmico, nem por algum diretório do poder mundial, mas que simplesmente surgiu, em decorrência de movimentos reais, nos campos militar, econômico, tecnológico, financeiro, etc.).

Meu problema com os sonhadores acadêmicos -- e desde já me desculpo pela designação, mas ela corresponde ao que imagino ser verdade, ou seja, acadêmicos passam seus conceitos e vontades acima e além da realidade dos fatos -- e também com os proponentes e sustentadores dos Brics é essa capacidade que eles têm de enganar a si próprios e de pretender, no mesmo movimento, enganar aos outros.
Como sou um realista-idealista -- depois explico o que seria isso -- fico na modesta racionalidade dos fatos, nos elementos materiais e nas expressões de poder real, de capacidade material e de determinação dos movimentos efetivos do mundo real, que constato visualmente e por leituras do que ocorre no mundo, e deixo essas elaborações mentais de lado, por mais elegantes e mais atrativas que elas possam ser.

Pois bem, qual é o meu problema com os Brics, com o conceito e com a realidade?
Eu começaria por dizer que os Brics não existem, embora isso possa parecer exagerado, e correndo o risco de que me tomem por maluco. Mas corro o risco e reincido no argumento.
Os Brics não existem, por mais reuniões de alto nível e de coordenação ministerial que tenham feito e por mais esforços que façam para afirmar sua realidade.
Em primeiro lugar se trata de uma construção artificial, feita por um analista de banco de investimentos, para justificar direcionamento de capitais e oportunidades de ganhos, com base em algumas constatações simplórias: tamanho, crescimento, influência crescente em determinados mercados, etc.
Pois foi com base nesse tipo de argumento instrumental, que responsáveis políticos de dois dos Brics -- Rússia e Brasil -- decidiram, por motivos os mais diversos, mas por vezes coincidentes, e certamente oportunistas do ponto de vista político-diplomático, decidiram transformar essa construção mental em realidade diplomática. Que seja: os homens, mormente os políticos, têm todo o direito de transformar sonhos e vontades em realidades, e de proclamar objetivos conjuntos na busca de realização de seus objetivos reais.
E quais são esses objetivos reais? Obviamente aumentar o seu poder, relativo e absoluto, tanto interna, quanto externamente. Ponto, parágrafo.
Os Brics, individualmente ou coletivamente, só pretendem isso, só sonham com isso, são dominados por essa ideia obsessiva: aumentar seu poder, ponto.
E o que se opõe a esse objetivo?
Nada, a não ser sua própria falta de capacidade.
O que fazer então?
Bem, o caminho mais lógico é crescer, inovar, aumentar seu poder financeiro, fazer investimentos em outros países, propor respostas a problemas comuns, oferecer soluções a determinados dramas planetários, enfim, se fazer forte, grande e belo, e como tal admirado por todos, suscetível de despertar invejas, ter a pretensão de ver outros imitando-o e desejando se aproximar de si, para aproveitar um pouco de todas essas bondades e felicidades.
Afinal de contas, ninguém quer ser um fracasso, objeto de desprezo, negligenciado, não é mesmo?
Como qualquer ser humano narcisista, os Brics querem ser admirados, mas também querem ter o poder de influenciar os outros.

Essa é a minha versão -- realista crua -- dessa tal de "alteridade" proclamada por alguns analistas. O que fazer com ela? Nada, pois versões de acadêmicos têm menos importância, para mim, do que a verdade dos fatos.
A verdade dos fatos é que os Brics gostariam de diminuir o poder dos atuais poderosos para aumentar o seu próprio. Tem sentido isso? Pode ter, sobretudo se não significar uma ação puramente negativa, de diminuição compulsória do poder de outrem, e sim positiva, de aumentar o seu próprio poder, em conjunção com a prosperidade conjunta, numa perfeita interdependência econômica global. Esse seria o mundo ideal.
Mas nem sempre funciona assim, pois os poderosos do momento detêm certas regras normativas e bloqueiam um processo de redistribuição do poder mundial.
Certo, mas a solução, então, é crescer e oferecer suas propostas, que precisariam ser melhores do que as existentes, para vê-las então serem aceitas pelo conjunto de participantes da ordem mundial. 

E o que têm os Brics a oferecer de melhor para a ordem mundial?
Um mundo mais feliz, e gentil, mais pacífico, mais próspero, mais respeitador dos valores democráticos, dos direitos humanos, com maior aceleração da criação de riqueza e mecanismos consensuais para sua distribuição, um mundo mais educado, mais limpo, menos poluído, mais seguro, sem bandidos, sem proliferadores, ou violadores dos direitos humanos, enfim um mundo mais perfeito do que o atualmente existente?

Se os acadêmicos, e os patrocinadores dos Brics me provarem que é isso que ambos pretendem, que essa "nova ordem", essa alteridade prometida, esse "outro mundo possível" que ele prometem ou anunciam é melhor do que o atualmente existente, então eu estou de acordo com a tal de proposta axiomática, e passarei a achar que os Brics, essa última novidade no supermercado da História, é uma maravilha, um emplastro glorioso que merece ser promovido, propagandeado e sustentado -- academicamente e politicamente -- e vou então dar a mão à palmatória e só escreverei coisas boas a respeito dos Brics.

A julgar, porém, por certas votações e propostas de resoluções no Conselho de Segurança da ONU, eu só posso chegar à conclusão de que o mundo dos Brics não é tão perfeito assim, que em face de certos problemas reais eles preferem a recusa, a inação, a omissão, em lugar de assumir certas responsabilidades, que eles são por um mundo de perfeita aceitação da soberania absoluta das nações (ou melhor, dos Estados), em oposição aos direitos dos indivíduos, dos cidadãos, dos simples direitos humanos.
Enfim, o mundo é cruel e arbitrário, todos sabemos, embora algumas situações sejam mais cruéis e arbitrárias do que outras: massacres de civis, por exemplo.
Meu critério é o do indivíduo, não do Estado, e é isso, acho, que me separa da maior parte desses analistas de Brics, que acham que a proposta deles é melhor do que a atualmente existente.
Sinto muito discordar, mas ainda não acho que o mundo dos Brics é melhor do que o atualmente existente.
Sempre quando os analistas e proponentes me PROVAREM que o mundo dos Brics é capaz de garantir tudo aquilo de bondades, que eu descrevi cinco parágrafos acima, estou pronto a revisar minhas concepções e apoiar as propostas dos Brics. Até lá, fico com a modesta racionalidade de meus argumentos.
Grato a todos pela atenção,
Paulo Roberto de Almeida 

Brasília, 22/102011