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quinta-feira, 14 de abril de 2016

Pilula contra o "cancer: a irresponsabilidade e a demagogia imperam no governo

FOSFOETANOLAMINA

Dilma sanciona lei que libera uso da ‘pílula anticâncer’

A decisão foi publicada nesta quinta-feira, 14, no Diário Oficial da União

Dilma sanciona lei que libera uso da ‘pílula anticâncer’
A fosfoetanolamina não tem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Fonte: Reprodução/Agência Brasil)
A lei que autoriza a comercialização e o uso da fosfoetanolamina sintética, substância que ficou conhecida como “pílula anticâncer”, foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff. A decisão foi publicada nesta quinta-feira, 14, no Diário Oficial da União.
Leia também: Quem tem medo da ‘pílula anticâncer’?
A fosfoetanolamina não tem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e, portanto, não pode ser considerada um medicamento.
Os pacientes diagnosticados com câncer que optarem, por livre escolha, usar a substância terão que assinar um termo de consentimento e responsabilidade.
A Casa Civil recomendou à presidente Dilma na última terça-feira, 12, a liberação do uso da “pílula anticâncer” antes do registro da Anvisa para evitar desgastes às vésperas da votação do processo de impeachment no plenário da Câmara.
Pareceres elaborados pela Anvisa, pela AGU e pelos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio; Saúde; Ciência, Tecnologia e Inovação sugeriram, no entanto, o veto integral do projeto de lei que libera o uso da fosfoetanolamina.
O argumento é de que faltam estudos para confirmar se a chamada “pílula anticâncer” não é uma ameaça a saúde dos pacientes. Teme-se também que a aprovação abale a imagem do controle sanitário no Brasil.
O projeto foi aprovado na Câmara no dia 8 de março e duas semanas depois foi aprovado também no Senado. O texto, que foi redigido por deputados, não esclarece como e quando se dará a produção da fosfoetanolamina, tampouco como será feita a sua distribuição.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Eleicoes 2014: o curral eleitoral do Bolsa Famila vale bem uma missa...

Aliás, não se trata de missa, mas de simples conta aritmética, como pode ser verificado abaixo:

Em 2014, o governo concedeu os seguintes reajustes:

Reajuste para Aposentados = 5,7%
Reajuste para Trabalhador ainda na ativa = 7,5%
Reajuste para o Programa Bolsa Família= 10%


Se não é um curral eleitoral, é demagogia pura e simples, ou provavelmente os dois...
Assinado:
Paulo Roberto de Almeida

sábado, 17 de maio de 2014

Pobreza da aritmética: miseria das politicas sociais do governo - Cristovam Buarque

A demagogia do governo é tão descarada que mesmo o ex-governador de Brasília pelo PT, e ex-introdutor do Bolsa Escola durante sua gestão no GDF, reconhece que o governo está exagerando no populismo rastaquera, e fazendo propaganda enganosa.
Parece que o governo vai deixar de merecer a confiança até daqueles que são supostos beneficiários de suas esmolas oficiais. O curral eleitoral pode não funcionar como deveria nas eleições de outubro.
Paulo Roberto de Almeida 

Pobreza da aritmética

por 

O Brasil passou a acreditar que 22 milhões de brasileiros teriam saído da pobreza extrema. Este discurso se baseava na ideia de que estas famílias passaram a receber complemento de renda suficiente para ultrapassar a linha de R$ 70 por pessoa por mês. Esta visão aritmética não resiste a uma análise social que efetivamente cuide da pobreza.
Nada indica que uma família sem adequada provisão de escola, saúde, cultura, segurança, moradia, água e esgoto saia da pobreza apenas porque pode comprar aproximadamente oito pães por pessoa a cada dia.
A linha da pobreza não deve ser horizontal, separando quem tem mais de R$ 2,33 por dia e quem não tem, mas uma linha vertical, separando quem tem e quem não tem acesso aos bens e serviços essenciais.
É como se, na época da escravidão, o povo fosse convencido de que o país era menos escravocrata apenas porque o proprietário gastava mais dinheiro na alimentação de seus escravos. A separação entre o escravo e o trabalhador livre não era uma linha horizontal definida aritmeticamente pela quantidade de comida que recebia, mas uma linha vertical separando quem tinha e quem não tinha liberdade.
Hoje, a linha da pobreza efetiva deve ser determinada por quem tem e por quem não tem acesso aos bens e serviços essenciais. E neste sentido, o Brasil não está avançando na educação, na saúde, no transporte e na segurança.
Mesmo dentro de sua lógica, o argumento aritmético fica frágil quando se observa como a renda dos pobres avança e regride dependendo da inflação. Entre março de 2011 e abril deste ano, a inflação medida pelo INPC foi de aproximadamente 19,6%, fazendo com que cerca de três milhões de brasileiros tenham regredido abaixo da linha aritmética da pobreza extrema. Mesmo com o aumento de 10%, anunciado dia 1º de maio, 1,5 milhão de pessoas regrediram abaixo dessa linha.
Outra forma de ver a fragilidade do argumento aritmético está na dependência em relação ao valor do câmbio. Pela paridade do poder de compra, em março de 2011, o benefício básico do Bolsa Família era equivalente a US$ 1,25 por pessoa, por dia, valor adotado pela ONU como abaixo da linha da qual se caracteriza a pobreza extrema.
Com a desvalorização cambial, houve uma perda de poder aquisitivo de aproximadamente 20%. Portanto, cerca de quatro milhões de brasileiros estão de volta à pobreza (mesmo considerando o aumento de 10%).
Pelo conceito social, não aritmético, de pobreza, considerando acesso à saúde, à educação e ao transporte de qualidade, o Brasil tem hoje pelo menos 22 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza extrema, número que não diminuiu nestes últimos anos.
Cento e trinta e seis anos atrás, o Brasil não aumentou a quantidade de comida nos pratos dos escravos, fez a Lei Áurea que os libertou. A Lei Áurea não foi um argumento aritmético, mas social. Por isso, ela se fez permanente, e nós a comemoramos nesta semana sem recaídas ocasionadas pela inflação ou pelo câmbio, sem a pobreza aritmética.

Cristovam Buarque é senador (PDT-DF)

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Republica Assistencialista do Brasil: ate onde querem chegar os demagogos?

Provavelmente à igualdade absoluta, ao igualitarismo: metade do país trabalha, a outra metade recebe.
Perfeito, não?
Em tempo: o BF tem 13 milhões de famílias, não de pessoas. São 45 milhões de pessoas vivendo no cartão magnético, uma Argentina inteira.
Perfeito, não?
Vamos chegar à metade da população com todos demagogos que pululam nas eleições.
Cáspite!
Paulo Roberto de Almeida 

Bolsa Família: mais 10 milhões, por Ilimar Franco

Ilimar Franco, O Globo
O candidato de oposição Eduardo Campos (PSB) vai propor a ampliação, em cerca de 10 milhões, do número de pessoas beneficiárias do Bolsa Família. Sua equipe de programa de governo estima que esse é o número dos que também atendem ao critério de baixa renda mensal. Na gestão da presidente Dilma, já recebem a bolsa 13,8 milhões de brasileiros. Seu custo em 2013 foi de R$ 437,2 milhões.




sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Ainda a deterioracao do cenario economico - Roberto Macedo

2013 ruim e a culpa não foi do 13

02 de janeiro de 2014 | 2h 07

Roberto Macedo* - O Estado de S.Paulo

O ano passado mostrará mais uma taxinha anual de crescimento do produto interno bruto (PIB). Há previsões entre 2,1% e 2,5%. Em 2011 e 2012, as taxas foram 2,7% e 1%, respectivamente. Supondo 2,3% em 2013, a média anual do triênio teria o valor medíocre de 2%.
Para quem acredita em azar, o 13 que marcou a contagem do ano passado seria o culpado. E há muitos crentes, inclusive num país desenvolvido, os EUA, onde esse número é evitado até na numeração de andares de prédios. Mas não há como culpá-lo pelas taxinhas. A política econômica do governo federal é a principal responsável.
Focarei na taxinha de 2013. No detalhe, só o agronegócio se salvou, pois cresceu 8,1% de janeiro a setembro de 2013 relativamente a igual período de 2012. E em boa medida impulsionado por decisões de um partido político que realmente ajuda o Brasil, o Comunista da China.
Começarei por parafrasear o que disse o filósofo Ortega y Gasset sobre a interação do ser humano e das circunstâncias com que se depara, às quais se atribuem azares e sortes da vida. No caso, o ser é o governo federal com sua política econômica. As circunstâncias foram várias, como duas apontadas recentemente pelo ministro Guido Mantega, da Fazenda.
Esta foi sua inconvincente versão do baixo crescimento do PIB: "De um lado, financiamento (ao consumo) escasso e, de outro, a crise internacional, que rouba parte da capacidade de crescimento. (...) Isso significa que a economia brasileira está crescendo com duas pernas mancas". Ou seja, a culpa seria de circunstâncias azarentas e o governo não tem nada que ver com a taxinha.
Essas duas pernas hoje mancas favoreceram muito o crescimento mais rápido da economia de 2003 a 2008 e em 2010. Mas hoje seu papel é menor. Para expandir substancialmente o crédito ao consumidor seria necessário combinar com bancos reticentes em fazê-lo. E com milhões de brasileiros para que se endividassem ainda mais. Muitos, contudo, têm orçamentos já comprometidos por débitos contraídos no passado.
No crédito às famílias, a prioridade deve ser o financiamento imobiliário, pois seu pagamento é uma forma de poupança, tem a garantia do imóvel e alivia uma das maiores fragilidades da economia brasileira, se não a maior, a escassez de investimentos. E, ao final da dívida, fica o imóvel, e não eletroeletrônicos por renovar e automóveis que perderam valor, cujo destino final é o sucateamento.
A economia internacional reduziu o ímpeto com que importava do Brasil, cujo déficit externo em transações correntes passou a crescer, estimulando a economia de outros países, como os EUA, onde tanto gastam os nossos turistas. A cobertura desse buraco com investimentos estrangeiros diretos já não consegue fechá-lo. E o risco de uma crise cambial mais à frente, que vem com o alto e crescente déficit, também afasta parte desses investimentos.
O déficit é sintoma de um real valorizado, contra o qual o governo precisaria atuar além das intervenções episódicas que vem fazendo no mercado cambial. Quanto a isso, é lamentável que tenha abdicado de um dos poucos bons aspectos de sua política econômica, a busca de menores taxas de juros. A elevada estatura delas atrai capitais externos de curto prazo, que ao aumentar a oferta de dólares pressionam para baixo a taxa cambial em reais por dólar. Mas para reduzir juros seria indispensável que a política fiscal colaborasse, deixando de ser gastadora como hoje, o que, além de ampliar a dívida pública, estimula a inflação e leva o Banco Central a aumentos recorrentes da taxa básica de juros.
Assim, a política fiscal é que é efetivamente capenga, mas, em lugar de corrigi-la, o ministro da Fazenda parece sonhar com a recuperação das tais "pernas mancas". Num ajuste fiscal caberia aumentar a poupança pública. E, noutras iniciativas, incentivar a poupança privada, inclusive das famílias, para que o País reduzisse sua dependência de recursos externos e colocasse essas poupanças a financiar investimentos de que tanto carece. Hoje o governo se endivida até para pagar juros do que deve, embora o endividamento público só se justifique para realizar investimentos. Como em infraestrutura, que beneficiam também futuras gerações, às quais cabe parte do ônus da dívida correspondente.
E há a má gestão dos investimentos públicos. Sem dinheiro e capacidade de realizá-los por si mesmo em montante significativo, o governo petista pragmaticamente abandonou um dogma de seu partido. Agora recorre a privatizações, na forma de concessão de serviços públicos e respectivas obras. Mas, como sempre, tudo com muito atraso, como os quase dez anos em que relutou em optar por privatizações, prejudicando o crescimento do País. Entretanto, permanece um ranço estatizante, como no caso das concessões de aeroportos, em que mantém um papel para a Infraero. E no do petróleo do pré-sal, em que impôs a Petrobrás como operadora de todos os projetos de exploração, mas limitando seus recursos mediante o controle de seus preços.
Com o déficit externo crescente, extravagâncias fiscais, dificuldades de gestão, medidas e pronunciamentos desconexos, a política econômica perdeu outro elemento indispensável para seu sucesso, a confiança dos analistas, dos empresários e dos investidores. Ela compõe um cenário que não favorece o investimento público nem estimula investimentos privados. E é campo fértil para taxinhas de crescimento do PIB.
Em 2014 deve vir mais uma. Como a prioridade é atrair eleitores para ganhar a eleição presidencial, não há espaço para atacar com vigor o problema central, a má gestão fiscal. Ela pode até agravar-se com benesses eleitoreiras aqui e acolá. Entre outras, prevejo uma expansão dos gastos com o programa Bolsa Família. A cooptação eleitoreira em dinheiro funciona a todo o vapor, como nunca antes neste país.
*Roberto Macedo é economista (UFMG, USP e Harvard) e consultor econômico e de ensino superior.