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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quinta-feira, 16 de maio de 2024

Os Mercadores do Caos (os bolsonaristas) - Editorial Estadão

 _Opinião do Estadão, 16/05/2024

 Os  Mercadores  do  Caos

Bolsonaristas andam espalhando desinformação em meio à tragédia no RS porque, inimigos da democracia que são, a eles interessa minar a capacidade dos cidadãos de confiar uns nos outros.

_https://www.estadao.com.br/opiniao/os-mercadores-do-caos/_

O bolsonarismo não é uma força política normal. É uma força destrutiva, que só é capaz de prosperar num ambiente de conflagração permanente, desconfiança entre os cidadãos – e entre estes e as instituições – e negação da política como meio de concertação civilizada entre interesses sociais divergentes. Ter esse diagnóstico claro de antemão é fundamental para compreender como e por que bolsonaristas de quatro costados têm agido como mercadores do caos espalhando desinformação em meio à tragédia climática que arrasou o Rio Grande do Sul. Há uma agenda em jogo. E ela não poderia estar mais distante dos interesses nacionais, que dirá dos imperativos morais e humanitários que devem orientar a ação de governos e da sociedade neste momento de amparo aos gaúchos.

A difusão de mentiras e/ou distorções da realidade de forma coordenada entre os bolsonaristas, tal como ocorreu durante a pandemia, não provoca danos na escala dos causados pelas chuvas torrenciais no Estado, mas gera um efeito igualmente devastador: mina o esforço nacional para fazer chegar ajuda vital aos nossos concidadãos gaúchos. “A desinformação é o que mais tem prejudicado o nosso trabalho”, disse ao Estadão o comandante do Exército, general Tomás Paiva. “Ela impede a sinergia entre órgãos governamentais, que é fundamental para ações que são imprescindíveis nesse momento”, lamentou o militar, com toda razão.

A fim de enfraquecer a democracia que tanto desprezam – é disso que se trata –, figuras como os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Gustavo Gayer (PL-GO), Paulo Bilynskyj (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG), Gilvan da Federal (PL-ES), General Girão (PL-RN) e Caroline de Toni (PL-SC), entre outros congressistas – além do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL) –, agem de forma livre e consciente para destruir os laços de solidariedade entre os brasileiros. As mentiras que disseminam da tribuna da Câmara e por meio das redes sociais, a pretexto de criticar supostas omissões do governo federal no enfrentamento da crise, não têm outro objetivo senão o de abalar a capacidade das pessoas de confiarem umas nas outras.

Esse imoral ataque à “verdade dos fatos”, na expressão consagrada por Hannah Arendt, tem como finalidade a instalação de um clima de confusão generalizada no País que seja tóxico o bastante a ponto de, no limite, fazer a democracia soçobrar diante da falta de seu insumo básico: a confiança entre as pessoas, sem a qual não é possível estabelecer consensos mínimos, principalmente o reconhecimento de que adversários políticos, ora vejam, também possuem uma dimensão humana e têm legitimidade para tomar parte no debate público. Sob esse consenso devem permanecer todas as eventuais divergências político-ideológicas que possa haver entre os cidadãos.

Ironicamente, foi esse pacto civilizatório que levou quase toda a chamada classe política a interromper a campanha eleitoral de 2018 a partir do dia 6 de setembro daquele ano, quando o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro sofreu um atentado a faca. Ali ficou claro que a política não é um vale-tudo. Mas, ao que parece, os bolsonaristas ignoraram a lição, pois agora não emitem o mais tênue sinal de constrangimento ao explorar o terrível drama dos gaúchos para auferir, eles mesmos, ganhos político-eleitorais.

Os bolsonaristas têm o direito de criticar o governo federal. Como oposição, estranho seria se não o fizessem. Os bolsonaristas têm até o direito de serem injustos com o presidente Lula da Silva, afirmando que o petista nada tem feito para aliviar o sofrimento dos gaúchos – o que não é verdade. Mas não é de críticas que se está tratando. É de uma desumanização que extrapola as lides políticas entre “direita” e “esquerda”, “conservadores” e “progressistas”. E esse processo há de ser interrompido, a bem do País, não só do Rio Grande do Sul, com mais informações de qualidade e, principalmente, com os genuínos democratas se unindo em defesa da boa política como a expressão mais iluminada da democracia.

https://www.estadao.com.br/opiniao/os-mercadores-do-caos/

domingo, 26 de junho de 2022

Brasil caiu no Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa - Redes Cordiais

 Em 2021, o Brasil caiu quatro posições no Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa, passando a integrar o grupo de nações em que o exercício do jornalismo é considerando difícil. Esta thread tenta entender a quem tanto interessa descredibilizar a imprensa.

Com a popularização da internet em todo o mundo, a sociedade passou a ter em poucos cliques acesso barato ou mesmo gratuito a uma gama de serviços que costumavam sair caro aos interessados. E isto é, claro, algo a se celebrar.

Mas alguns destes serviços ajudavam a manter a imprensa em plena atividade. Como bem apontou Eli Pariser em "O filtro invisível", com o site Craigslist oferecendo um serviço gratuito de classificados, a imprensa dos Estados Unidos perdeu 18 bilhões de dólares em rendimentos.


"Em paralelo, o valor pago por um anúncio na web é bem inferior ao pago na mídia tradicional, onde um número menor de canais divide verba publicitária maior.

Ou seja, o modelo de negócio sofreu um duro golpe, restando à imprensa se reinventar." abi.org.br/2016-ano-tragi…

E, por isso, alguns veículos têm mirado um modelo de negócios em que assinantes mantêm o negócio em funcionamento, com o conteúdo acessível por intermédio de um paywall — diferentemente das "fake news", que seguem gratuitas, com financiamento obscuro...

Contudo, apesar de toda a dificuldade, a imprensa não abriu mão de um histórico papel fiscalizador. E segue apurando denúncias graves contra os grupos mais poderosos do país.

Para citar um exemplo recente, mesmo em situação delicada, seis dos maiores veículos nacionais se uniram em consórcio para garantir que a população teria acesso a informações confiáveis sobre a Covid-19 no Brasil, algo que o governo federal dificultava.

Sim, a imprensa também erra. Mas o bom jornalismo reconhece e aprende com os próprios erros, buscando melhorar a forma de atuação independentemente do obstáculo que possa criar aos mais poderosos. O compromisso é com a sociedade.

Em "Como as democracias morrem", Steven Levitsky e Daniel Ziblatt citam a restrição à liberdade de imprensa, por meio de ameaças e punições às vozes mais críticas, como parte da receita que tem levado nações de todo o mundo a serem menos democráticas.


Atacar a credibilidade da imprensa, portanto, enfraquece as defesas da própria democracia. Ou seja, fragiliza o sistema que busca ouvir os anseios de toda a população.

O descrédito da imprensa interessa, portanto, a quem pretende se eternizar no poder sem críticos que apresentem realidades incômodas à opinião pública, a quem vê na participação popular um problema das democracias, e não a solução.

E há algo que passa despercebido por muitos. Quando você ataca um jornalista de quem não gosta, você está passando a mensagem de que jornalistas devem ser atacados quando desagradam, o que autoriza outros a fazerem o mesmo com os que você admira, e eles, não.

Este foi o quinto de uma série de fios preparadas pelo @redescordiais sobre a importância da liberdade de imprensa e do jornalismo de qualidade. A anterior falou sobre boas práticas de cidadania digital. Confira aqui:

twitter.com/redescordiais/…

Por mais que sirva para a sociedade se informar da melhor forma possível, a liberdade de imprensa sofre todo tipo de ataque. Este 🧶 irá não só abordar um dos mais comuns nas redes sociais, como apresentará dicas para produtores de conteúdo se protegerem dele.


O termo "troll" originalmente fazia referência a seres horrendos da mitologia nórdica. Na web, contudo, passou a referenciar indivíduos que tumultuam o debate público não só com humor, mas também com muita grosseria e desinformação.

E infelizmente quem trabalha com comunicação costuma figurar entre os alvos preferenciais. Um levantamento da @abertbr identificou que há 7 ataques por minuto contra profissionais da área no 🇧🇷.


Os alvos podem sofrer com perda de credibilidade e principalmente danos psicológicos. Esta publicação do @redescordiais e do @itsrio busca levar a jornalistas conhecimentos básicos sobre cuidados com a saúde mental.  itsrio.org/wp-content/upl…

Uma cartilha preparada pelas @redescordiais em parceria com a @internetlabbr apresenta dicas para que os danos de um ataque online sejam minimizados.

https://t.co/SuUlE6vp8k

A imprensa, por exemplo, atua com 'silêncio estratégico', evitando ecoar informação danosa ao leitor. Mas, na era das 'fake news', o jornalismo atua ainda com 'amplificação estratégica', promovendo conteúdos éticos que neutralizem o dano da desinformação.

Como "trolls" orquestram ataques para ludibriar o público, o produtor de conteúdo precisa estimar o impacto negativo da amplificação do ataque. Se oriundo de uma autoridade, vale redobrar cuidados com alegações falsas, ausência de contexto ou 'outro lado''.

Aos alvos do ataque, cabe primeiramente reportar às plataformas das redes sociais o conteúdo abusivo. Se há desinformação disseminada, comunicar o caso a agências de fact checking pode ajudar a reverter o estrago.

https://www.aosfatos.org/noticias/como-denunciar-publicacoes-enganosas-nas-redes-sociais/

Não é recomendado publicar qualquer resposta aos trolls. Mas vale a publicação de conteúdo éticos sobre o assunto em debate, assim como guardar provas do assédio e consultar profissionais para eventuais ações na Justiça.

https://t.co/qy91ciquqw 

A @abraji também mantém no ar uma cartilha para que jornalistas aprendam a lidar com assédio nas redes. Dentre outras dicas, é sugerido separar a vida pessoal da profissional, preservando a privacidade da família dos alvos em potencial.

https://t.co/xQAzUkqVZB 

Uma vez no centro de um ataque, é importante manter a calma e evitar discussões públicas. Buscar apoio psicológico é sempre bem-vindo, assim como comunicar o caso a superiores ou entidades jornalísticas.

Esta é a quarta de uma série de 🧶 preparadas pelas @redescordiais sobre a importância da liberdade de imprensa e do jornalismo de qualidade. Na anterior, foi explicado como funciona a cobertura jornalística. Confira:

twitter.com/redescordiais/…


Qual é a importância da verdade no jornalismo? Como o profissional pode separar sua visão ideológica da realidade?

Eu sou formada jornalista na Cásper Líbero…

Myrian Dauer: We Remember


quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Identificado o "gabinete da raiva" do Palacio do Planalto: STF vai investigar

STF vai investigar assessor de Bolsonaro por declaração sobre vídeo das hienas

Filipe Martins será alvo de inquérito que apura fake news e ameaças contra ministros

O STF (Supremo Tribunal Federal) vai abrir uma investigação contra Filipe Martins, assessor internacional da Presidência da República, no inquérito criado para apurar fake news e ameaças contra integrantes da corte. O motivo é uma publicação em que ele defende a mensagem de um vídeo que comparou o tribunal a hienas.
Jair Bolsonaro compartilhou na segunda-feira (28) um material em que partidos políticos, a imprensa e o STF são retratados como animais atacam um leão, retratado como o próprio presidente. Ele apagou a publicação e pediu desculpas no dia seguinte, mas Martins reforçou seu conteúdo.
"O establishment não gosta de se ver retratado, mas ele é o que ele é: um punhado de hienas que ataca qualquer um que ameace o esquema de poder que lhe garante benefícios e privilégios às custas do povo brasileiro. Isso só mudará quando o Brasil se tornar uma nação de leões", escreveu o assessor no Twitter na terça (29).
O Supremo discutiu o envio de um pedido de explicações para Bolsonaro com base no episódio, mas desistiu depois que o presidente se desculpou. Como Martins não fez o mesmo, ele será investigado.
"Me desculpo publicamente ao STF, a quem porventura ficou ofendido. Foi uma injustiça, sim, corrigimos e vamos publicar uma matéria que leva para esse lado das desculpas. Erramos e haverá retratação", disse Bolsonaro ao jornal O Estado de S. Paulo na terça (29).
O chamado inquérito das fake news é alvo de críticas pesadas de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais. O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, escreveu em março que medidas tomadas na investigação se assemelhavam às de uma ditadura.
O caso também produziu controvérsia por ter sido aberto no STF sem consulta e participação do Ministério Público. A então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, buscou arquivar a investigação em diversas ocasiões.
O novo procurador-geral, entretanto, adotou comportamento diferente. Augusto Aras, indicado ao cargo em setembro por Bolsonaro, disse que não há inconstitucionalidade no inquérito.
A AGU (Advocacia-Geral da União), que representa o governo, também tem dado pareceres favoráveis à continuidade do inquérito, cuja constitucionalidade é questionada em ações no próprio Supremo e na Justiça Federal de primeiro grau em Brasília.
Martins também foi convocado para prestar esclarecimentos na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das fake news em funcionamento no Congresso.
Além de Martins, também foram chamados o chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), Fabio Wajngarten, e assessores que compõem um grupo batizado no Planalto de "gabinete da raiva" —Tercio Arnaud Tomaz, José Matheus Salles Gomes e Mateus Matos Diniz.