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sábado, 17 de setembro de 2011

A "nova" política automotiva, tim-tim por tim-tim - Mario Machado


Novo Regime Automotivo, velho protecionismo

[O texto ficou longo, mas vale à pena, coragem]
Mario Machado
Blog Coisas Internacionais, 16/09/2011

Ontem o governo federal anunciou o “Novo regime Automotivo” que elevou em 30 pontos percentuais a alíquota do IPI pago para os automóveis comercializados em território nacional, contudo as montadoras que provarem entre outras coisas um mínimo 65% de conteúdo nacional ou regional – MERCOSUL - em 80% dos veículos produzidos no Brasil, e investimentos da ordem de 0,5% da receita bruta descontada dos impostos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) receberão isenção dessa nova alíquota.
Oficialmente a medida tem como objetivo: Proteger empregos do setor, incentivar a pesquisa e desenvolvimento e evitar a desarticulação dessa cadeia produtiva. Contudo, é claro o objetivo de manter a reserva de mercado brasileiro para as empresas que aqui produzem e assim evita concorrência externa sem ter que alterar a estrutura do setor. E adivinhem quem será chamado a pagar a conta? Claro, todos nós consumidores. Por que não adianta o governo dizer que irá vigiar o preço das montadoras beneficiadas. O fato é que elas estavam perdendo mercado, por ofereciam produtos piores e mais caros.
Esse aumento do IPI tem então um endereço certo as montadoras coreanas e chinesas que não possuem fábricas no Brasil e conforme informa o Estadão:
“Mercadante afirmou que o aumento do IPI também é uma importante sinalização para o mercado de automóveis no mundo. Quem quiser se aproveitar do patrimônio do mercado consumidor brasileiro, terá que vir para o Brasil com tecnologia. "Mesmo porque, lá fora não tem muitas opções", ressaltou Mercadante. Ele disse que a medida é criativa nesse cenário atual internacional adverso. O ministro informou que a ação já contempla um "pequeno compromisso" das empresas em pesquisa e desenvolvimento.”
Notaram o forte viés nacionalista que quer salvar o pobre consumidor brasileiro do aventureiro estrangeiro que ousa ofertar um produto barato. Pois bem, isso tem implicações internacionais.
O Brasil é signatário de vários acordos comerciais, inclusive do GATT 1994 que é o texto base da Organização Mundial do Comércio e compõem os documentos resultantes da famosa rodada de negociações Rodada Uruguai, entre os vários instrumentos presente nesse acordo há um especial para regular as Medidas de Investimento Relacionadas ao Comércio, acordo conhecido no meio das relações internacionais por sua sigla, em inglês, TRIMS.
O artigo 2º do TRIM diz:
“Artigo 2 – Tratamento Nacional e Restrições Quantitativas
1. Sem prejuízo de outros direitos e obrigações sob o GATT 1994, nenhum Membro aplicará qualquer TRIM incompatível com as disposições do Artigo III ou do Artigo XI do GATT 1994.
2. Uma lista ilustrativa de TRIMs incompatíveis com a obrigação e tratamento nacional prevista no parágrafo 4 do Artigo III do GATT 1994 e com a obrigação de eliminação geral de restrições quantitativas prevista no parágrafo 1 do Artigo XI do GATT 1994 se encontra no Anexo ao presente Acordo.”
Interessante nesse caso consulta a lista ilustrativa referida no parágrafo 2, do Artigo 2º do TRIMS, onde se lê:
ANEXO – Lista Ilustrativa
1. As TRIMS incompatíveis com a obrigação de tratamento nacional prevista no parágrafo 4 do Artigo III do GATT 1994 incluem as mandatórias ou aquelas aplicáveis sob a lei nacional ou decisões administrativas, ou cujo cumprimento é necessário para se obter uma vantagem e que determinam:
a) que uma empresa adquira ou utilize produtos de origem nacional ou de qualquer fonte nacional especificadas em termos de produtos individuais, em termos de volume ou valor de produtos, ou em termos de uma proporção do volume ou valor de sua produção local;
b) que a aquisição ou utilização de produtos importados por uma empresa limite-se a um montante relacionado ao volume ou valor de sua produção local.
E para que não digam que omiti vamos ao que diz o Artigo III do GATT 1994. (Para que o texto não se alongue muito vou transcrever parágrafos selecionados ao final dou a fonte de todas essas citações.)
GATT 1994
ARTIGO III – TRATAMENTO NACIONAL NO TOCANTE A TRIBUTAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO INTERNAS.
1. As Partes Contratantes reconhecem que os impostos e outros tributos internos, assim como leis, regulamentos e exigências relacionadas com a venda, oferta para venda, compra, transporte, distribuição ou utilização de produtos no mercado interno e as regulamentações sobre medidas quantitativas internas que exijam a mistura, a transformação ou utilização de produtos, em quantidade e proporções especificadas, não devem ser aplicados a produtos importados ou nacionais, de modo a proteger a produção nacional
[...]
4. Os produtos de território de uma Parte Contratante que entrem no território de outra Parte Contratante não usufruirão tratamento menos favorável que o concedido a produtos similares de origem nacional, no que diz respeito às leis, regulamento e exigências relacionadas com a venda, oferta para venda, compra, transporte, distribuição e utilização no mercado interno. Os dispositivos deste parágrafo não impedirão a aplicação de tarifas de transporte internas diferenciais, desde que se baseiem exclusivamente na operação econômica dos meios de transporte e não na nacionalidade do produto.
Resta claro que não obstante justificativas oficiais e manobras argumentativas que se trata de uma medida contrária ao espírito e a letra da lei do comércio internacional e, portanto, protecionista.
Mas, por que o governo investe tanto esforço e publicidade numa política que cedo ou tarde será alvo de um contencioso na OMC, que mais arrisca a liderança negocial brasileira nas rodadas comerciais e que colocam mais um prego no caixão da Rodada Doha?
A resposta é simples, a meu ver, de uma só canetada o governo contempla grandes empresas multinacionais e sindicatos, ou seja, doadores de campanha e mão-de-obra eleitoral. Isso sem ter que encarar um doloroso processo de reforma tributária e sem correr o risco de animar ainda mais a brasa da inflação com uma repetição do rebaixamento do IPI que vimos no auge da “marolinha” de 2008. Além do mais o viés nacionalista agrada aos observadores mais alheios que tendem a acreditar fielmente na tese da cobiça estrangeira. Aliás, por sinal, escrevi nesse sentido, em 24 de agosto de 2010:
O nacionalismo é usado pelos grupos que advogam o protecionismo para que não tenham que dizer que as medidas visam proteger lucros de empresários que por vários motivos são ineficientes ante os competidores externos. Durante anos os empresários apontaram o “custo Brasil” como vilão da economia brasileira e de fato continua a ser o vilão, contudo é mais fácil amealhar o apoio da população e dos políticos gritando “China, China” como o menino gritava Lobo em nome do aumento de barreiras externas. E muito mais fácil acusar o protecionismo dos “loiros de olhos azuis” quando clamando por aumento de financiamento público, via BNDES. Nesse sentido o artigo de professor de economia da PUC-RIO, Dr. Marcelo de Paiva Abreu, no “O Estado de São Paulo” dia 23 de agosto é uma importante peça para analisar essa tendência.
É fácil imaginar quem será chamado a pagar a conta desse nacionalismo econômico, quem arcará com o custo do Brasil grande, do recém achado amor ao verde e amarelo. Sim, isso mesmo todos nós, seja em nosso papel de contribuinte (arcando com o BNDES) seja em nosso papel de consumidor (privado de comprar mais barato em nome da Soberania).
É meus caros o Regime Automotivo é novo, mas o protecionismo, bem esse é o velho de sempre. Agora me digam faz sentido espoliar o consumidor brasileiro com produtos inferiores por preços elevados para que montadoras possam enviar lucros as suas matrizes em nome do nacionalismo?

A "Nova" Política Industrial: Nova?; Política?; Industrial??!!!

O governo juntou três ou quatro ministros para anunciar uma "nova política industrial", que segundo os três, ou quatro, vai proteger a indústria nacional, preservar empregos, reservar o mercado nacional para os brasileiros e ainda por cima promover a modernização tecnológica da indústria automobilística brasileira (brasileira?!!; perdão; instalada no Brasil).
Eu já escrevi suficientemente aqui, para que meus leitores saibam o que eu penso, ou deixo de pensar, dessa coisa recém anunciada. Não é nova, não é política, e não é industrial.
É apenas o velho protecionismo, é rentismo e não política, e não é sequer industrial, sendo apenas uma medida comercial para aumentar o lucro dos sindicatos de ladrões do setor automobilístico, com alguns tostões deixados para a máfia sindical dos metalúrgicos (aliás, vocês sabem quem era o patrão mafioso desse outro sindicato de ladrões da economia popular).
Não tenho necessidade de escrever mais a respeito, inclusive porque iria me repetir.
Mas não custa nada postar uma ou outra contribuição intelectual para a compreensão dessa nova e formidável contribuição das autoridades para a inteligência nacional...
Eu sempre disse -- venho dizendo há mais de duas décadas -- que o Brasil caminha para a decadência. É lenta, eu sei, e por isso pouco percebida, mas existe. Ela é antes de tudo mental, pois materialmente a gente vai até avançando um pouquinho.
E gosto de repetir Mario de Andrade, em "O Poeta Come Amendoim" (1924):
"Progredir, progredimos um tiquinho, que o progresso também é uma fatalidade...".
Paulo Roberto de Almeida 



Reinaldo Azevedo, 15/09/2011 22:50:48

Imaginem um cruzamento ideal entre a vaca e o jumento: o híbrido seria exímio para puxar carroça e ainda daria litros de leite. Mas e se acontecesse o contrário: nem dar leite nem servir para a tração? Seria só um jumento com chifres!  É o que costuma acontecer quando uma economia aberta (ou quase) adota medidas para proteger um determinado setor, sob o pretexto de proteger empregos nacionais ou sei lá o quê.
O governo anunciou nesta quinta que vai elevar em 30 pontos percentuais o IPI de carros e caminhões que não cumprirem as novas exigências estabelecidas pelo governo: as montadoras vão ter de utilizar ao menos 65% de conteúdo nacional ou do Mercosul nos veículos, investir em pesquisa etc. — há 11 requisitos; para que não haja o aumento, será necessário cumprir pelo menos 6.
“É uma medida que garante a expansão dos investimentos no Brasil, o desenvolvimento tecnológico e a expansão da capacidade produtiva no Brasil”, afirmou Guido Mantega. É mesmo? Era o que se dizia no tempo de um clássico do protecionismo, que fez milionários e deixou o Brasil nas cavernas: a chamada Lei da Informática, de triste memória. Pode acontecer o contrário do que diz Mantega: novas empresas desistem de investir no Brasil; as que já estão aqui aproveitam para aumentar o preço e não se vêem obrigadas a concorrer; o lucro é garantido, e o brasileiro passa a pagar caro por carro meio vagabundo… É o jumento de chifres.
É evidente que o governo decidiu escolher mais um setor para “proteger”. Por que não os outros? A rotina para responder ao desequilíbrio macroeconômico será, então, essa, revestindo a concessão de privilégios de interesse estratégico? O presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotoras (Abeiva), José Luiz Gandini, fornece uma informação importante. Ele não tem motivos para gostar da medida, é evidente, mas dado é dado: em 2010, foram comercializados 120 mil carros estrangeiros num mercado de 2,5 milhões de automóveis — 4,8% do total apenas.
Mantega e o ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) alegaram que isso vai proteger os empregos brasileiros etc e tal. É um argumento clássico do protecionismo, não é? O fato é que o que está exportando empregos é o câmbio. Mercadante, grandiloqüente como sempre, afirmou que quem quiser se aproveitar do mercado brasileiro vai ter de investir aqui: “Mesmo porque, lá fora, não tem muitas opções”.
Vamos ver. De imediato, uma coisa é certa: o consumidor vai pagar o pato. E também vai se dar mal aquele setor da economia que investiu no mercado de carros importados segundo as regras então vigentes. Se os empregos vão ser mesmo protegidos, o tempo dirá. Medidas semelhantes, em outros momentos, só geraram atrasos e alimentaram pançudos. Nem leite nem tração. Só jumento de chifres.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Bobagens sem fim: por que pagamos para votar projetos idiotas?

Toda instituição pública, em especial todo órgão de representação popular, deveria conter, na soleira da porta, e em toda e qualquer peça de trabalho, com um aviso bem grande, em letras garrafais, vermelho berrante, vários pontos de exclamação, sublinhado, bold, sombreado, quadro fosforecente, lampadas mil, enfim, tudo o que vocês quiserem, apenas para lembrar o seguinte:

PROIBIDO TERMINANTEMENTE APROVAR PROJETOS IDIOTAS E INÚTEIS. PONTO! (e não tentem...)

Acho que não vai adiantar nada, mas pelo menos pode constranger alguns idiotas...
Paulo Roberto de Almeida

Câmara de SP aprova Dia do Orgulho Hétero
Roney Domingos
Do G1, 02/08/2011

Projeto de lei foi aprovado nesta terça-feira (2) em segunda discussão.
Prefeito Gilberto Kassab vai decidir se mantém ou se veta proposta.

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta terça-feira (2) o projeto de lei 294/2005, do vereador Carlos Apolinário (DEM), que institui, no município, o Dia do Orgulho Heterossexual. O projeto depende apenas de sanção do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, para virar lei.
Parte dos 39 vereadores presentes se manifestou contra o projeto, mas como não houve pedido de votação nominal a posição não foi considerada.

No semestre passado, o impasse em torno desse projeto impediu os vereadores de votar outros projetos individuais. Para superar o impasse, houve acordo pela aprovação nesta terça-feira.
saiba mais
Câmara de SP discute aprovação do Dia do Orgulho Heterossexual
O texto propõe que a data deverá ser comemorada todo terceiro domingo do mês de dezembro. O projeto estabelece que a data passará a constar do calendário oficial do município e afirma que caberá à Prefeitura de São Paulo "conscientizar e estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes".

Autor do projeto, o vereador Carlos Apolinário afirmou que o projeto não é contra a comunidade gay. "Faço um apelo pelo respeito à figura humana dos gays", afirmou. Apolinário disse que o projeto foi apenas uma forma de se manifestar contra "excessos e privilégios" destinados à comunidade gay. Ele afirmou que um dos privilégios é a realização da Parada LGBT na Avenida Paulista enquanto a Marcha para Jesus foi deslocada para a Zona Norte da cidade.
Principal adversário do projeto, Ítalo Cardoso lamentou a decisão da Câmara, mas disse que não pediu votação nominal desta vez para não impedir a tramitação do projeto. "Se pedisse (votação nominal), o projeto não passaria. Cada vereador deve ser responsável pelo que vota", afirmou.
Antes da votação, Cardoso exibiu aos vereadores um vídeo com a reportagem sobre o pai que foi agredido em uma festa no interior de São Paulo apenas porque estava abraçado ao filho. Os agressores confundiram os dois com um casal gay.
Após a votação, ele criticou o projeto. "Não sei no que esse projeto ajuda. A Parada LGBT não é privilégio. A culpa de a Marcha ter sido transferida da Avenida Paulista não é culpa dos gays nem responsabilidade dos gays", afirmou. Segundo o vereador, gays ainda são discriminados em São Paulo em imobiliárias, feiras, dentro do ônibus e em delegacias.

Manifestaram-se contra o projeto a bancada do PT, formada por 11 vereadores, dois vereadores do PC do B e, individualmente, os vereadores Claudio Fonseca (PPS), Claudio Prado (PDT), Gilberto Natalini (sem partido), Juscelino Gadelha (sem partido), Roberto Tripoli (PV) e Eliseu Gabriel (PSB).

terça-feira, 26 de julho de 2011

Idiotices brasileiras (maiores ainda na educacao)... - E UM DEBATE SUBSEQUENTE

[Complemento ulterior ao final]

Leio num jornal de Brasília que alunos com menos de 18 anos aprovados em vestibulares de universidades públicas (e suponho que em privadas também) não estão conseguindo inscrição em algum curso universitário pois não conseguem apresentar o certificado de conclusão do curso médio.

O Conselho de Educação do Distrito Federal, que deve ser formado por cavalgaduras (e ultrapassando poderes que não lhe são conferidos pela Constituição nem por legislação federal), determinou que o aluno pode entrar na Faculdade desde que conclua o ensino médio.
Mas o certificado -- sob forma de exame supletivo, por exemplo -- só pode ser obtido se o estudante tiver mais de 18 anos ou completado 75% do ano letivo.
Ou seja, o DF não permite a existência de geniozinhos, ou superdotados. Eles têm de esperar até os 18 anos, ou quase, para obter o certificado do médio.
Nos EUA, qualquer estudante que provar que tem habilidades, pode ir para uma universidade, com 12, 14 ou 15 anos, basta ter condições intelectuais para seguir o curso.
Aqui no DF, as cavalgaduras do Conselho de Educação querem que todos sejam idiotas como eles...

Paulo Roberto de Almeida

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Elevo um comentário ao nível da postagem, depois respondo: [em 28/07/2011]

RAFA disse...
Querido Professor,
Me permito discordar do Sr., acho que pela primeira vez na vida. E isso não há de ser pouco...

A capacidade intelectual é, e deve ser, o principal parâmetro para ingresso numa Universidade e acesso a conhecimento. Mas a construção do conhecimento não é um mero processamento de informações, é o desenvolvimento de faculdades de análise e de crítica, de teste de hipóteses, de debate franco. Em um curso de graduação se faz, antes de tudo, formação. E para isso, é necessário um mínimo de MATURIDADE - algo que não se pode testar em um vestibular.

Acho um erro permitir a menores de dezoito anos o acesso à Universidade, e dou meu próprio exemplo como amostra de um problema bem maior. Fui aprovado em 4o. lugar no vestibular de Direito da UFRJ com 16 anos, com segundo grau completo, e isso foi péssimo para minha formação. Em que pese toda a orientação vocacional, eu não tinha a menor maturidade para julgar o que era melhor para mim e meu futuro, acabei entrando em um curso muito por influência da família e do que era considerado "bom-senso". Eles diziam "você é inteligente, vai tirar de letra, e como sairá novo da faculdade, terá uma vantagem importante sobre os outros". Que ilusão...

Larguei o curso no terceiro ano, para me dedicar ao que eu realmente gostava, Relações Internacionais. Hoje, sou diplomata, em primeira remoção, e por acaso, adoro Direito. Mas não era a minha.

Se ainda não é viável julgar maturidade sob parâmetros objetivos, temos a Lei, que diz que uma pessoa atinge a maioridade para a maior parte da vida civil aos 18 anos - 16 para voto, o que também acho um erro, mas é a lei. Esse deve ser nosso parâmetro. E devo isso à minha dúvida de que uma pessoa de 13 anos de idade, por mais capacidade intelectual que tenha demonstrado para ingressar em um curso universitário, esteja em um estágio de vida que ela possa realmente compreender o contexto, e o que ele fará com esse conhecimento. Considero que seria muito mais importante para a formação de um jovem que conclui cedo o Ensino Médio - ou que é aprovado mesmo sem completá-lo - uma boa viagem pelo seu país ou pelo mundo, um bom trabalho voluntário, ou mesmo um ano sabático.

Pra que ter um geniozinho de 13 anos em uma universidade? Melhor que ele saiba o que fazer com tanta capacidade antes. E, principalmente, que ele possa ser feliz com isso, em uma área que ele realmente goste, e não que sua família ou seus orientadores o digam que é a melhor.

Aproveito pra reiterar minha admiração pelo Sr. e pelo blog. Que o Sr. siga sendo um farol para todos nós, por muitos e muitos anos!

Um fraterno abraço,
Rafael Paulino

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Rafael,
Compreendo e até admito seus argumentos, mas ainda assim discordo de você.
Não estou dizendo que todo geniozinho deva ir para a Universidade aos 13 anos, e sobretudo discordo frontalmente da pressão familiar -- estilo James Stuart Mill -- para fazer uma criança aprender latim e grego aos cinco anos, ou seja, enfiar o coitadinho na Universidade aos 13 anos, apenas para satisfazer o ego paterno ou materno.
O que estou dizendo é que NINGUÉM deveria ser impedido de ingressar numa universidade apenas porque não tem 18 anos. Geralmente se trata de jovens de 16 ou 17, que por um outro motivo, tiveram os estudos acelerados no primário e secundário.
Não estou dizendo que se deve "empurrar" adolescentes para a universidade.
Estou dizendo que não se deve IMPEDIR alguns de fazerem isso.
Acho toda proibição que não é motivada por um desejo real de segurança física, BURRA, ESTÚPIDA.
Todos devem ser totalmente livres para realizarem seu potencial.
Não acredito que a tal de "falta de maturidade" para seguir um curso universitário seja a justificativa para a frustração de alguém que poderia fazê-lo e é apenas impedido por uma regulamentação estúpida, cerceadora, burocrática, castradora.
TUDO é experiência, inclusive algumas más experiências (não diferentes de outras, menos más).
Como você vê, continuo sendo um anarquista no plano das liberdades individuais.
Jovens, avançai...
Paulo Roberto de Almeida

sábado, 9 de julho de 2011

O retrocesso no Brasil é mental, e generalizado (quase): roubando terras?

Não existe NENHUM motivo -- econômico, político, social, financeiro, jurídico, produtivo, patrimonial, fiscal, cartorial, NENHUM -- para que o Brasil imponha restrições à aquisição de terras por estrangeiros, mesmo que seja para apenas especular (pois que os especuladores brasileiros também podem fazer isso), que seja para conservar (ou seja, deixar completamente parado, criar mato, minhoca, animais selvagens, contrariando a tal disposição idiota quanto ao "uso social da terra"), e menos ainda, portanto, quando for para produzir e exportar os produtos da terra (ainda que seja 100% de exportação, sem qualquer atendimento ao mercado interno).

Volto a repetir, NÃO EXISTE NENHUM MOTIVO para tal tipo de restrição, a não ser, claro, idiotice consumada, irracionalidade econômica, complexo psicológico, ignorância política e paranoia no mais alto grau.
Os motivos do atraso brasileiro são sobretudo mentais e nisso eu incluo desinformação pura e simples, incompreensão dos fenômenos econômicos e complexo de inferioridade (aliás incompreensível, já que o Brasil é um gigante agrícola).
Eu sempre me pergunto como é que pessoas normais, algumas até alfabetizadas, outras contando inclusive com títulos universitários, podem exibir esse tipo de preconceito idiota e ultrapassado.
Acho que vamos continuar atrasados, um pouco menos materialmente, mas terrivelmente no plano mental e do funcionamento do Estado.
Paulo Roberto de Almeida

Nacionalismo fora de hora
Senadora Kátia Abreu
Folha de S.Paulo, 9/07/2011

Numa sociedade em rápida transformação, como a nossa, a economia, a política e a cultura nunca evoluem no mesmo passo. A economia pode modernizar-se rapidamente sob a pressão dos contatos com o exterior, sem que o sistema político e as ideias na sociedade acompanhem-na no mesmo ritmo. A falta de sincronia entre essas esferas da vida social transmite a impressão de que o país vive simultaneamente em tempos históricos diferentes. A América Latina, e o Brasil com ela, perdeu a maior parte do século 20 procurando inimigos externos para justificar sua pobreza e seu atraso em relação ao mundo. Nessa busca insensata perdemos a capacidade de perceber nossos próprios problemas, nossas fraquezas e, muito pior que isso, as grandes possibilidades que tínhamos diante de nós.

Alimentamos conflitos políticos inúteis, criamos espaço para lideranças políticas ineptas e irresponsáveis e deixamos de investir na criação das condições objetivas que tornam possível o crescimento econômico. Felizmente, alguns de nossos países, e o Brasil principalmente entre eles, conseguiram romper o círculo de atraso de consciência e ingressaram numa fase de modernização econômica e social que nos está levando, pela primeira vez, para o centro relevante do mundo. No Brasil, no entanto, a modernização econômica ainda não teve tempo, ou não foi capaz, de influir no modo de funcionamento do sistema político e no conjunto das ideias com que os brasileiros interpretam sua realidade.

A política continua o mesmo modo patrimonialista de sempre e pode tornar-se um obstáculo importante à continuidade do nosso desempenho econômico. Mas o mais grave é a sobrevivência de ideias anacrônicas que ainda guiam o comportamento de setores importantes da sociedade. A pior dessas ideias é o nacionalismo. É um nacionalismo mais recatado e fino, sem os slogans patéticos dos anos 50, mas mesmo assim carregado do mesmo veneno. Os nacionalismos de todos os tipos estão na origem dos maiores desastres e dos maiores fracassos das sociedades humanas nos últimos cem anos. Trazem à tona os piores instintos humanos, como o estranhamento e o ódio ao outro, instintos duramente domados pelos processos civilizatórios, mas que vez por outra ressurgem nas ideias políticas.

Essas reflexões me vem à mente com as notícias de que a Advocacia Geral da União está preparando uma proposta de lei determinando que empresas estrangeiras ou empresas nacionais com controle estrangeiro tenham que submeter previamente a um conselho do governo federal a compra de terras acima de cinco hectares. Se esse propósito se concretizar, estaremos diante de um imenso retrocesso, que nos remete de volta ao pior nacionalismo dos anos 50 e dos anos de governo militar. A presença de cidadãos e empresas estrangeiras no desenvolvimento brasileiro deve ser saudada como algo inteiramente positivo e não ser colocada sob suspeita ou restrições.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Violencia escolar: de quem a culpa?: da "mercantilizacao", ora essa...

Eu tenha certa alergia à burrice, como todo mundo sabe.
Mas tenho mais horror ainda à estupidez voluntária e à desonestidade intelectual.
Somados à pedagogia ambiente, isso pode dar uma mistura explosiva (e imbecilizante).

Acabo de ver uma reportagem num canal de notícias (reputado sério, mas nada impede que ele tenha jornalistas idiotas, também) sobre a "violência na escola".

Um dos professores, provavelmente indelevelmente marcado pela pedagogia freireana -- do supremo idiota educacional Paulo Freire; não confundir com o mestre Gilberto Freyre -- disse que a culpa era da "mercantilização do ensino"...
Uma pedagoga, entrevistada expressamente sobre isso na mesma matéria, confirmou que havia uma tendência à "privatização do ensino", o que poderia explicar esse aumento da violência. Ou seja, os alunos são mal-educados e violentos, não porque os pais não os educam em casa, mas porque a escola pública é ruim, e cada vez a classe média recorre ao ensino pago.
Conclusão lógica: o pequeno delinquente é resultado da nossa sociedade capitalista.

Confesso que não tenho mais paciência para aguentar esse desfilar de imbecilidades, de professores, pedagogas e jornalistas.

Depois entrevistaram a cavalgadura da "professora" que escreveu um livro que considera normal falar e escrever errado, já que o povo fala assim.
Deve ser o efeito de outra cavalgadura que se orgulhava (deve se orgulhar ainda) de não ler livro nenhum. (E para quê?: ele está ganhando dinheiro a rodo dos capitalistas -- todos com cursos universitários, se entende -- para falar meia dúzia de bobagens e três piadas.)

Estou estarrecido, e quase desistindo de escrever e de publicar.
As cavalgaduras ocuparam todos os espaços públicos...

Preciso de um exílio temporário em algumaa ilha do conhecimento.
Vou para algum quilombo de resistência intelectual, para começar o trabalho de reconquista do terreno contra os idiotas que estão soltos por aí...

Paulo Roberto de Almeida

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A frase (idiota) da semana: Bresser Pereira

"O capitalismo é essencialmente um sistema corrupto e os capitalistas estão permanentemente corrompendo o setor público."

Luiz Carlos Bresser Pereira
Caderno Valor Fim de Semana, 8-9-10/04/2011

Pois é, parece que só tem corruptos no capitalismo. São eles que corrompem políticos e os coitados dos funcionários públicos, pois capitalistas só sabem viver num mundo de corrupção.
Seria tão bom viver num regime socialista, sem nenhum tipo de corrupção, desvio de recursos públicos, com toda aquela riqueza sendo distribuída igualitariamente...

Poucas vezes em minha vida eu encontrei um capitalista tão idiota como esse. Claro, existem muitos outros tão ou mais idiotas, mas nenhum que seja também professor de academia e respeitado como suposto intelectual.
Até onde chegamos...
Paulo Roberto de Almeida

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Faz bem consultar o dicionario: palavra "idiota" desta vez...

Nesta data, 1 de fevereiro de 2011, na abertura do Congresso (mas a tortura deve continuar pelos dias seguintes), imagens, matérias e reportagens foram dominadas por três ou quatro personagens bizarros que tomavam posse na Câmara dos Deputados.
Eles eram, ou são, supostamente (como os jornalistas dizem, frequentemente) famosos: um palhaço analfabeto, um jogador de futebol preguiçoso e de hábitos pelo menos suspeitos, um lutador de boxe e um outro indivíduo sobre o qual não tenho a menor informação quem seja, mas que também deve ser famoso, pois também foi assediado pela imprensa, filmado, questionado, enquadrado pela mídia, como dizem muitos...
Eu fiquei me perguntando se, pelo nível geral das respostas que eles balbuciaram frente aos microfones e câmeras, eles eram idiotas mesmo. Tudo leva a crer que sim, mas como eles vão ganhar sem trabalhar nos próximos quatro anos, ou seja, vão viver às nossas custas, de modo muito folgado, cheguei à conclusão que não são eles os idiotas.
Idiotas são todos aqueles que os elegeram, e o bando de repórteres estúpidos que os cercaram, procurando extrair algumas frases, já não digo inteligentes, mas qualquer frase deles.
Esses são os verdadeiros idiotas.
Para me certificar fui consultar o dicionário.
Encontrei isto:

idiota

n adjetivo e substantivo de dois gêneros
1 diz-se de ou pessoa que carece de inteligência, de discernimento; tolo, ignorante, estúpido
2 diz-se de ou pessoa pretensiosa, vaidosa, tola
3 (1873)Rubrica: psiquiatria.
diz-se de ou pessoa afetada por idiotia
n adjetivo
4 que denota falta de inteligência, de discernimento; parado, estúpido, imbecilizado
Ex.: no seu rosto, havia uma expressão i.
5 que não tem valor, sem interesse, sem sentido
Ex.:


Assim é se lhe parece...
Paulo Roberto de Almeida

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Reincidindo na idiotofobia (com perdao dos mais sensiveis...)

Eu sei que já tinha prometido a algumas almas sensíveis que frequentam este território -- por vezes cáustico, sempre crítico, por vezes acerbamente, jamais aborrecido -- que eu não iria mais chamar ninguém de idiota, pois o blog, como estabelecido justo acima, se ocupa essencialmente de ideias, de preferência inteligentes, não de pessoas, ou apenas de pessoas quando elas são as "transportadoras" -- por vezes de forma totalmente involuntária, ou inconsciente, o que nem mesmo elas desconfiam -- de ideias merecedoras de algum debate relevante.
Mas tem ocasiões em que não resisto à tentação de reincidir nesse péssimo costume de chamar algumas pessoas de idiotas, e de expor isso claramente neste blog dedicado às ideias inteligentes.
A razão?
Vejam o que acabo de ler, num desses tropeços involuntários na internet:

Bush está em São Paulo e fará palestra para executivos
quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush está em São Paulo. Ele foi convidado pela seguradora Fairfax para fazer uma palestra, amanhã, a um grupo restrito de executivos.
A vinda de Bush já provoca alguns congestionamentos na capital. A última vez que Bush visitou o Brasil foi em março de 2007, quando ainda era presidente dos Estados Unidos.

Leia também:
Bush fará duas palestras em São Paulo
Deslocamentos de Bush provocam congestionamentos em São Paulo


Pois bem, retorno para comentar a idiotice. Agora inclusive já passaram os congestionamentos e deve ter diminuido um pouco a raiva dos paulistanos com a passagem sempre incômoda desse idiota.
Volto pois ao objeto deste meu post.

Eu não consigo conceber como empresários ricos -- pois apenas ricos são capazes de pagar o cachê do Bushinho -- são tão idiotas ao ponto de torrarem uma grana firme para ouvir o idiota supremo, o presidente mais dumb dentre todos os presidente americanos.
Eu me pergunto: existiria algum conselho inteligente, alguma frase sequer aproveitável em tudo o que o George W. falou em SP (ou em qualquer outro lugar)?
Imagino, mas apenas imagino, que qualquer primeiranista de economia, ou qualquer graduando dessas faculdades tabajaras de jornalismo -- vejam como estou sendo cruel como nossos universitários -- seria capaz de articular uma palestra de modo mais inteligível e talvez até mais inteligente que George W. (bem menos cruel agora, não acham?).

Na verdade, imagino que os idiotas pagantes tampouco acreditam que venham a aprender -- e apreender -- algo de inteligente, ou simplesmente inteligível, com o idiota que recebe sua grana firme.
Tenho a certeza, para mim, que os idiotas pagantes são apenas idiotas a ponto de desejarem se exibir uns aos outros: "Viram como eu tenho dinheiro para pagar meu ingresso na palestra desse idiota?"

Como diria Einstein (aproximadamente), o universo e a estupidez humana são infinitos.
Eu apenas substituiria estupidez por idiotice.

Sorry pelo besteirol, folks: de vez em quando me concedo um momento lúdico...

Paulo Roberto de Almeida
(14.09.2010)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Minha campanha contra a idiotice nacional - Limitacao das propriedades rurais

Este blog já foi acusado de várias coisas, sendo que duas delas são:

1) Chamar os outros, de cujas opiniões discordo, de idiotas;
2) De desrespeitar os pontos de vista alheios, dos quais também discordo.


Já me redimi pela primeira atitude, pois de fato eu estava errando o alvo: não são as pessoas que são idiotas (embora algumas também possam sê-lo, mas isso eu não posso saber, à distância), mas as ideias que elas defendem é que podem ser idiotas. Desculpo-me pela grosseria e prometo só chamar de idiota aquele que for comprovadamente idiota; os demais são apenas equivocados, embora possam defender ideias idiotas, também, que serão devidamente denunciadas aqui, um blog que se destina precipuamente à discussão de ideias, justamente.

Quanto à segunda atitude, objeto de pelo menos dois comentários, devidamente postados em um dos muitos posts em que discuto ideias idiotas, meu contra-argumento é o seguinte: meu blog, como indicado no "en-tête", se destina precisamente, e como amplamente esclarecido, a discutir ideias. Tenho, portanto, pleno direito de não respeitar "pontos de vista" que encontro equivocados ou até nefastos, no plano das políticas ou dos comportamentos.
Um outro correspondente já sugeriu o contra-argumento, e eu o retomo de modo bem mais explícito.

Não há porque "respeitar" pontos de vista que são manifestamente nocivos do ponto de vista do bem estar social.
Imaginem se os estadistas dos países aliados, em plena Segunda Guerra Mundial, dissessem ao Fuhrer:
-- Herr Hitler, nós não concordamos com a sua política de genocídio contra a população judia, mas respeitamos inteiramente o seu ponto de vista, e portanto vamos nos abster de condenar sua política, ou de denunciá-la como um crime contra a humanidade.

Sei que o meu intelocutor que mencionou essa questão do "respeito pela opinião alheia" não estava pensando nessa situação extrema, mas mesmo nas menos extremas não se pode tolerar ideias simplesmente nefastas.
Todos tem direito a seus pontos de vista, mas se eles os expressam publicamente, é porque assumem responsabilidade pelo que pensam e dizem -- exatamente o que faço aqui -- e portanto devem se submeter à crítica alheia.
Sei perfeitamente que minhas ideias são controversas e muitos devem se sentir chocados, e outros podem até me detestar pessoalmente, provavelmente em função de minhas ideias, justamente. Todos eles são livres de expressar aqui o seu desacordo, e eu vou publicar comentários contrários, desde que dirigidos ao assunto em questão, com contra-argumentos que traduzam ideias, quaisquer que sejam elas (menos aquelas manifestamente racistas ou ofensivas a determinadas crenças).

Pois bem, essa longa introdução para dizer que acabo de receber mais uma dessas propostas que reputo perfeitamente idiotas, mas que recebem ampla aceitação na sociedade. Como também já devo ter dito, não me preocupam as unanimidades: o mesmo Hitler e seu colega Mussolini dispunham de sólidas unanimidades em suas "gestões" e nem por isso podiam deixar de ser considerados o que eram de fato: crápulas criminosos, militaristas degenerados, fascistas doentios.

O que motivou este post sobre a idiotice nacional foi mais um desses plebiscitos que se destinam a impulsionar alguma "causa nacional". Lembro-me de dois precedentes: o plebiscito sobre a dívida externa, em 2001 (que recolheu mais de 97% a favor da suspensão do seu pagamento) e o de 2002 sobre a Alca, que também recolheu "maiorias norte-coreanas" de 99% contra esse projeto americano de zona de livre comércio hemisférico.
Não vou retomar aqui o que já escrevi na época a respeito de cada um deles, apenas mencionar o caráter vicioso das perguntas, induzindo automaticamente ao resultado esperado, numa das mais estupendas demonstrações de má-fé e de desonestidade intelectual de seus promotores.

Os mesmos personagens estão agora atrás deste novo plebiscito, que transcrevo abaixo.
Pelo que verifiquei no site (aqui), ele já recolheu 77% de votos a favor (uau!; estamos longe da unanimidade...), mas promete ser amplamente aceito pela sociedade.
Nem por isso vou deixar de caracterizar a proposta como especialmente idiota, embora cumpro o prometido de não chamar mais ninguém de idiota.
Vou simplesmente transcrever a nova idiotice, sem nenhum comentário, esperando talvez que algum leitor comente o que desejar a respeito.
Se for o caso, voltarei um dia para dizer por que encontro a ideia idiota e como ela pode ser nefasta do ponto de vista das políticas públicas no Brasil.
Não tenho nenhuma dúvida de que essa ideia seria implementada, caso se consiga uma maioria no parlamento a seu favor, o que não acredito que se consiga desde já. Mas do jeito que caminha o Brasil, não se pode excluir nada...
Paulo Roberto de Almeida

Plebiscito pelo limite de terra continua até o próximo dia 12
08/09/2010 11:20

Maioria dos estados brasileiros decidiu prorrogar o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra até o próximo final de semana; divulgação do resultado será feita nos dias 18 e 19 de outubro

Diga sim! Coloque limites em quem não tem!
por Assessoria de Comunicação FNRA

A decisão foi tomada devido à grande procura da população para participar do Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra, que começou em todo Brasil na última quarta-feira, dia 1º de setembro.

Com o feriado prolongado de 7 de setembro, várias escolas e universidades que estão com comitês formados para a votação vão continuar com o plebiscito popular. Além disso, paróquias também vão realizar grandes manifestações no fim de semana para chamar suas comunidades a aderirem à Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade de Terra.

Os estados confirmados para a prorrogação são: Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Mato Grosso, Tocantins, Amazonas, Pará, Bahia, Paraíba, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraná e Rio Grande do Sul. O estado do Rio de Janeiro continua com a votação até a próxima sexta-feira, dia 10.

O abaixo-assinado, que circulou junto com a votação, continua em todo país até o final deste ano. O objetivo desta coleta de assinaturas é entrar com um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) no Congresso Nacional para que seja inserido um novo inciso no artigo 186 da Constituição Federal que se refere ao cumprimento da função social da propriedade rural.

Já o plebiscito popular, além de consultar a população sobre a necessidade de se estabelecer um limite máximo à propriedade da terra, tem a tarefa de ser, fundamentalmente, um importante processo pedagógico de formação e conscientização do povo brasileiro sobre a realidade agrária do nosso país e de debater sobre qual projeto defendemos para o povo brasileiro. Além disso, o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra veio como um instrumento para pautar a sociedade brasileira sobre a importância e a urgência de se realizar uma reforma agrária justa em nosso país.

Além das 54 entidades que compõem o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, também promovem o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra, a Assembléia Popular (AP) e o Grito dos Excluídos. O ato ainda conta com o apoio oficial das Pastorais Sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic).

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Crescimento da idiotice nacional: a revisão do estatuto da crianca

O que é que poderia impedir um país de mergulhar na estupidez, de descer ao abismo mais ridículo da burrice institucionalizada?
Não tenho a receita, mas acredito que bastaria bom senso.
O que vai abaixo é uma das coisas mais estúpidas e mais autoritárias, a que já assisti neste país, como nunca antes desde Cabral...
Paulo Roberto de Almeida

Governo modifica Estatuto da Criança e Adolescente
Thomaz Pires
Congresso em Foco, 14/07/2010 - 16h20

O governo enviou nesta quarta-feira (14) ao Congresso o projeto de lei (veja a íntegra) que pretende acabar com as punições físicas de pais e educadores contra crianças e adolescentes. O texto faz alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que completa hoje 20 anos de criação, e passa a definir como "ação de natureza disciplinar ou punitiva” o uso da força física contra criança ou adolescentes.

Pela proposta, os infratores que infringirem o ECA com uso da violência física estarão sujeitos a encaminhamento para tratamento psicológico ou psiquiátrico, ao programa oficial ou comunitário de proteção à família, e encaminhamento a cursos ou programas de orientação. Será necessário o testemunho de terceiros - vizinhos, parentes, assistentes sociais - que atestem o castigo corporal e queiram delatar o infrator para o Conselho Tutelar.

Atualmente, o estatuto proíbe maus-tratos, mas não define quais são os casos. Dessa forma, o texto enviado pelo governo alega que a legislação é genérica e precisa ser mais específica no que diz respeito aos castigos. Com isso, a palavra “palmada” foi inserida na redação. Sobre a definição, criticadas pelo ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que avalia que a mudança pode enfraquecer a Lei e monopolizar apenas esse tema, Lula usou do humor para justificar a proposta: “Beliscão dói pra cacete”, disse o presidente na cerimônia de comemoração dos 20 anos do ECA.

O presidente Lula partiu em defesa da iniciativa durante a cerimônia e ressaltou o otimismo no aprimoramento da Lei atual. “Tenho consciência de que o Congresso irá aperfeiçoar e conseguir fazer melhor do que nós mandamos. Temos consciência de que alguns conservadores irão fazer disputa conosco. Mas esse é o debate bom. E temos que mostrar que nós estaremos atentos para garantir que as crianças sejam crianças”.

A proposta ainda precisa passar pelo setor de protocolo da Câmara para ser numerada e encaminhada para a comissão permanente responsável. Ainda não há prazo para a definição de qual parlamentar deverá relatar o proposta.

Crescimento da idiotice nacional: a mafia dos jornalistas se mobiliza

Se o Supremo já declarou que a exigência de diploma é inconstitucional, o que estão fazendo todos esses "legisladores" do inconstitucional?
Perdendo tempo e o nosso dinheiro?
Sou contra regulamentações, como já escrevi no post anterior.
Mas sou contra também idiotices oficiais.
Não sei se poderia existir uma lei geral contra a burrice, que impedisse a apresentação de projetos de lei manifestamente estúpidos ou inconstitucionais (as duas hipóteses se aplicam ao dispositivo em questão).
Paulo Roberto de Almeida

Comissão aprova a volta do diploma de jornalista
Renata Camargo
Congresso em Foco, 14/07/2010 - 16h43

A comissão especial da Câmara que discute a exigência do diploma de jornalista para o exercício da profissão aprovou nesta quarta-feira (14) o substitutivo que restabelece a obrigatoriedade do diploma, derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em julho de 2009. Em reunião esvaziada e sem muito debate, os parlamentares aprovaram a PEC 386/09, proposta pelo deputado Hugo Leal (PSC-RJ).

A matéria vai agora para o plenário da Câmara, onde será votada em dois turnos, antes de seguir para o Senado. De acordo com o texto aprovado, passa a constar, de maneira explícita, na Constituição Federal que “a exigência de graduação em jornalismo e de registro do respectivo diploma nos órgãos competentes para o exercício da atividade profissional não constitui restrição às liberdades de pensamento e de informação jornalística”.

A exigência do diploma de jornalista derrubada pelo STF tem sido alvo de forte polêmica. No Congresso, as reações à decisão do Supremo levou a apresentação de diversas propostas de emenda à Constituição para retomar a exigência do curso superior na área de jornalismo. Em novembro do ano passado, a primeira PEC nesse sentido foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Aumento preocupante na idiotice nacional: saem adjetivos, entram argumentos

Um leitor constante, e comentarista regular (e implacável) deste blog reclamou, com razão, que, a propósito do título acima, num post anterior, eu perpetrei mais acusações adjetivadas do que sustentei o argumento.

Aumento preocupante na idiotice nacional

Ele considera que eu usei excessivamente o epíteto de "idiota" para classificar um dos mais constantes escribas da imprensa brasileira, o tal frei que leva o nome de exclamação enfadonha: Boff!
Bem, acho que ele tem razão, mas eu não sei como não chamar de idiota um verdadeiro idiota, e notem que eu poderia ter apresentado vários outros para lhe fazer companhia.
O que tenho lido de idiotices na imprensa diária é estarrecedor, não apenas da parte de religiosos (ex-, seria mais correto) como esse e um outro -- que além de idiota é aliado estúpido de uma das últimas ditaduras do continente -- mas também alguns acadêmicos de renome, que vou nomear devidamente em uma próxima ocasião (assim que recolher as provas de suas idiotices rabiscunhadas e publicadas).

Bem, para atender ao pedido do referido comentarista, vou aqui apresentar as provas da idiotice congenital do referido idiota (cujo artigo idiota está no post acima):

1) "Damos por já realizada a demolição crítica do sistema de consumo e de produção capitalista com a cultura materialista que o acompanha. Ou o superamos historicamente ou porá em grande risco a espécie humana."
PRA: Já começam na primeira frase os sinais evidentes de senilidade mental. O comentarista quer que eu continue ou posso parar por aqui?

2) "A solução para a crise não pode vir do próprio sistema que a provocou. Como dizia Einstein:"o pensamento que criou o problema não pode ser o mesmo que o solucionará"."
PRA: Continua o festival de banalidades no segundo parágrafo. Coitado do Einstein: nunca desconfiou que sua frase poderia ser tão mal usada...

3) "Somos obrigados a pensar diferente se quisermos ter futuro para nós e para a biosfera. Por mais que se agravem as crises, como na zona do Euro, a voracidade especulativa não arrefece."
PRA: O idiota persiste no terceiro parágrafo. "Pensar diferente"? Certamente! Eu por exemplo penso muito diferente do idiota em questão. "Se agravem as crises"?!: elas se agravam por vontade própria??? "Voracidade especulativa"???: então a Grécia praticou voracidade especulativa contra ela mesma? Sinto muito, mas se isso não é debilidade mental, eu não sei o que é.

4) "O dramático de nossa situação reside no fato de que não possuimos nenhuma alternativa suficientemente vigororosa e elaborada que venha substituir o atual sistema."
PRA: O idiota persiste imediatamente após, no quarto parágrafo, por incrível que pareça. Não sei se ele sabe, ou se o meu comentarista sabe, mas as alternativas "vigorosas" e "elaboradas" contra o sistema capitalista, ocorridas no decorrer do século 20, foram o bolchevismo e o fascismo, ou seja, o comunismo e o nacional-socialismo, ambos muito parecidos, como sistemas coletivistas, e igualmente desastrosos, pelos imensos sofrimentos humanos que causaram, e pela mortandade deliberadamente provocada ou "involuntariamente" causada (como a grande fome canibalesca, provocada pela desastrosa política de Mao do "grande salto para a frente", que resultou em pelo menos 25 milhões de mortos). Talvez o idiota banal queira experimentar mais um pouco dessas "alternativas vigorosas" (e como: elas mataram conjuntamente, algo como 60 milhões de pessoas). Não é preciso lembrar, por outro lado, que as "alternativas" ainda existentes, na Coréia do Norte e em Cuba, estão matando de fome seus respectivos habitantes. Se isso não é idiotice consumada, deve ser má-fé deliberada, que beira à esquizofrenia irrecuperável.

5) "Nem por isso, devemos desistir do sonho de um outro mundo possível e necessário. A sensação que vivenciamos foi bem expressa pelo pensador italiano Antônio Gramsci:"o velho resiste em morrer e o novo não consegue nascer"."
PRA: My God! Deixemos em paz o coitado do Gramsci, que entrou nessa como Pilatos no Credo, e fiquemos só com a primeira frase, tão idiota quanto os conclaves de antiglobalizadores idiotas que há mais de dez anos se reunem para proclamar o slogan conhecido de que um outro mundo é possível. Só idiotas se contentam com um slogan em lugar de perguntar qual é esse mundo, exatamente. Só um idiota dos grandes continua a repetir a mesma bobagem durante dez anos seguidos.

Não, chega, chega...
Vou parar por aqui, pois TODAS, absolutamente TODAS AS FRASES do idiota em questão, sem nenhuma exceção, são TOTALMENTE IDIOTAS. Elas não querem dizer absolutamente nada e só servem para tornar idiotas os que as lêem, pensando que se trata de argumento válido.

Quanto ao outro argumento de meu comentarista, de que eu também defendi o marxismo em minha juventude, não tenho nenhum problema em admitir, com esta diferença talvez essencial: eu LI Marx (e todos os outros) e sabia do que estava falando. Mas não vou me estender agora nessa questão, que já mereceu minhas reflexões em outros textos (que poderia indicar oportunamente), e que vai merecer novo comentário meu, devidamente sustentado em argumentos.
Em todo caso, poderia repetir um argumento já usado por um economista famoso, que foi cobrado por um interlocutor em relação a suas constantes mudanças de posição. Ele simplesmente respondeu o seguinte: "Quando os fatos mudam, eu costumo ajustar minhas posições. E você, o que faz?"

Paulo Roberto de Almeida

Aumento preocupante da idiotice nacional: a busca da felicidade...

Certos políticos, em lugar de procurar resolver problemas concretos da sociedade brasileira, vivem dando tratos à bola para assegurar que a Constituição, já por si um calhamaço cheio de direitos e muito poucas obrigações (if any), contemple ainda mais direitos e garantias a bens intangíveis.
O ex-governador, atual senador e supostamente pessoa bem informada Cristovam Buarque introduziu (é o verbo) uma PEC que estende um pouco mais esses direitos. Leio num despacho de imprensa:

O objetivo da PEC é incluir no artigo sexto da Constituição Federal alteração que declara como "essenciais à busca da felicidade" os direitos sociais já previstos na Carta. Se aprovada a mudança, o artigo ficará com a seguinte redação: “São direitos sociais, essenciais à busca da felicidade, a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”

Creio que o senador faria melhor em se ocupar de coisas sérias, em lugar de praticar auto-ilusão e pretender iludir colegas e os brasileiros em geral.
Ele está gastando o meu, o seu, o nosso dinheiro com a tramitação de uma perfeita inutilidade, que vai consumir horas, dias, semanas do Parlamento, para uma discussão tão bizantina quanto deve ter sido o debate sobre o sexo dos anjos no antigo império cristão do oriente. Uma pena que pessoas supostamente inteligentes pretendam gastar nosso dinheiro com bizantinices desse tipo...