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quarta-feira, 22 de maio de 2019

Itamaraty-Apex: continuam as confusoes - Ricardo Della Coletta (FSP)

Araújo assinou documento para contratar funcionário sem diploma com salário de até R$ 34 mil

Objetivo seria nomeação de ex-candidato do PSL na Apex; Itamaraty chama documento de 'propostas de alteração'

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, assinou documento em março que permitiria a contratação de pessoas sem curso superior para altos cargos da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
Com a alteração no Plano de Cargos, Carreiras e Salários da agência, quem não tem diploma universitário poderia ser empregado em postos com salários de até R$ 34 mil.
Pelas regras vigentes, as vagas para cargos de confiança —que não precisam de concurso público— só podem ser preenchidas por candidatos com "ensino superior completo, reconhecido pelo MEC (Ministério da Educação)."
Araújo estabeleceu no documento obtido pela Folha que o diploma universitário pode ser dispensado caso o indicado tenha "experiência comprovada de, no mínimo, quatro anos em atividades correlatas ao cargo". 
Não há qualquer menção sobre como essa experiência deve ser verificada. Vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, a Apex atua na promoção de produtos e serviços brasileiros no exterior. 
Para tentar mudar as regras de admissão na agência, o chanceler utilizou seus poderes como presidente do Conselho Deliberativo da agência para tomar a decisão ad referendum do colegiado. Isso significa que, caso fosse protocolado em cartório —o que não ocorreu—, o novo plano de carreiras começaria a valer imediatamente, mesmo antes da análise dos conselheiros. 
Interlocutores que acompanharam o caso na Apex afirmaram à Folha, sob condição de anonimato por temerem represálias, que as mudanças das regras foram feitas para permitir a contratação do produtor agropecuário Paulo Vilela, que se candidatou a deputado federal pelo PSL em 2018, mas não conseguiu se eleger.
Ao ser convidado para assumir a gerência de agronegócios da Apex, no começo do ano, Vilela não foi admitido por ter grau de escolaridade aquém do exigido para o posto. Segundo o sistema de candidaturas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Vilela tem ensino médio completo. 
Folha tentou contato com Vilela nesta terça-feira (21), mas ele não respondeu às ligações. No início de abril, no entanto, o produtor afirmou, ao jornal Correio Braziliense, que havia sido convidado para ocupar a gerência da Apex pela ex-diretora de negócios Letícia Catelani.
Na mesma entrevista, contou que chegou a trabalhar informalmente e em caráter "voluntário" na agência no início de 2019, despachando de um café em Brasília.
Pessoas com conhecimento do caso confirmaram à Folha que Vilela trabalhou informalmente na Apex durante quase dois meses, sem nunca ser oficialmente contratado. 
Procurado, o Itamaraty reconheceu que houve “propostas de alteração” no Plano de Cargos, Carreiras e Salários da entidade, mas ressaltou que elas não foram adotadas. 
“Não houve alteração no mecanismo de seleção e contratação de pessoal na Apex. Houve propostas de alteração, que não foram implementadas. Assim sendo, não houve qualquer consequência jurídica relativa ao documento que a reportagem menciona, por ele não ser válido”, afirmou o Itamaraty. 
A flexibilização que consta no documento assinado por Araújo afeta desde cargos menores até os de gerência. O documento também reduz os requisitos de admissão para os postos de supervisor e coordenador, além dos de assessoramento das principais estruturas da Apex.
De acordo com o Plano de Cargos, Carreiras e Salários assinado por Araújo, a remuneração inicial de um gerente da agência é de R$ 28.439, mas o valor pode chegar a R$ 34.127. 
Um assessor da presidência da Apex, por sua vez, tem salário inicial de R$ 23.095. O teto é de R$ 26.559, ainda segundo o mesmo plano de carreiras.
Folha procurou a Apex-Brasil na segunda-feira (20) para comentar o caso. Inicialmente, a agência informou que "não houve, este ano, assinatura de qualquer resolução ou ato administrativo que tenha modificado o Plano de Cargos, Carreiras e Salários."
Nesta terça-feira, informados de que o documento obtido pela reportagem da Folha contém a assinatura de Araújo, a Apex enviou nova manifestação.
"Não houve, este ano, qualquer resolução ou ato administrativo que tenha modificado o Plano de Cargos, Carreiras e Salários da Apex-Brasil. Informamos ainda que a versão vigente do plano é datada de 16 de outubro de 2018", diz a agência.
Após a publicação da reportagem, a ex-diretora de negócios da Apex Letícia Catelani defendeu as alterações no plano de cargos da agência.
De acordo com ela, o objetivo era adequar a Apex a novas normativas do governo que colocam como “critério para contratação a nível federal experiência profissional e não mais a necessidade exclusiva de nível superior”. ​
Não é a primeira vez que Ernesto Araújo utilizou sua condição de presidente do Conselho Deliberativo da Apex para tentar alterar, de forma unilateral, normas internas da entidade. 
No início de abril, o chanceler realizou uma manobra estatutária para retirar poderes do então presidente da agência, o embaixador Mario Vilalva, e transferi-los para seus indicados no órgão: Letícia Catelani e o ex-diretor de gestão corporativa, Márcio Coimbra. 
Vilalva disse à época que o ato do chanceler foi feito “na calada da noite” e acusou Araújo de falta de lealdade. Ele foi demitido da presidência da Apex um dia depois de dar as declarações. 
Quando Araújo assinou a nova versão do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, em março, a Apex ainda era presidida por Vilalva. 
Procurado, o ex-presidente da agência disse que tampouco foi informado da intenção do chanceler de flexibilizar as regras de contratação. 
Desde a saída de Vilalva, o núcleo militar do governo intensificou a pressão sobre o presidente Jair Bolsonaro para que tanto Catelani quanto Coimbra deixassem a agência do governo. 
Para estancar a crise, o presidente nomeou no início de maio o almirante Sergio Ricardo Segovia Barbosa para o comando da agência. 
Como primeiro ato, o militar destituiu os dois diretores dos seus postos —Coimbra havia pedido demissão mais de uma semana antes, mas ainda aguardava o desligamento.
A disputa interna na Apex gerou forte desgaste para o chanceler e fez com que ele perdesse poder dentro do órgão. 
Tanto que, após a indicação de Segovia para o comando da agência, Araújo foi obrigado a revogar sua decisão anterior de mudar o estatuto da Apex, restituindo os poderes da presidência.  

terça-feira, 3 de julho de 2012

Mercosul violado (ops, mas ninguem deve relaxar...)

Pelo menos não no que depender do vice-presidente uruguaio.
Ou seja, ainda teremos belos dias de polêmica pela frente.
Mas seria sumamente apreciado, entrementes, poder degustar o parecer da Advocacia Geral da União (talvez Adevogacia Particular da Desunião seja um nome mais exato) que deu sinal verde para o Brasil se associar aos intentos kirchneristas...
Deve ser um parecer e tanto. Genial, em todos os aspectos.
Quem dispuser, favor remeter para este blog.
Paulo Roberto de Almeida 
Venezuela es una "herida grave" en el Mercosur

Infobae.com, Martes, 3 Julio 2012

El vicepresidente uruguayo, Danilo Astoricuestionó el modo en que se aprobó la incorporación de Caracas. "Ya no queda ninguna norma importante que no sea violada", afirmó
Crédito foto: Reuters
Astori (foto) sumó más polémica al caso. El segundo de José Mujica no ocultó su desagrado por la forma en que los líderes del Mercosur decretaron el ingreso de Venezuela apenas después de haber suspendido a Paraguay, cuyo Congreso era la única instancia que frenaba esa acción.   

Es "quizás la herida más grave en los 21 años del Mercosur", opinó. Es "ir al corazón del Tratado de Asunción", agregó en referencia al acuerdo que dio origen al bloque sudamericano, que indica que la incorporación de un miembro pleno "debe ser aprobada" por todos los ya existentes.

El gobierno uruguayo ya había generado polémica el lunes cuando su canciller, Luis Almagro, afirmó que "nada es definitivo" y "si todo el mundo hubiera estado seguro, Venezuela hubiera entrado el viernes". Esas declaraciones, realizadas en momentos en que la oposición al Frente Amplio criticaba con dureza la postura de Montevideo al respecto, tuvieron reacciones inmediatas de la Argentina y Brasil, acusadas por Almagro de presionar a favor de Caracas.

Poco más tarde, el prosecretario de la Presidencia uruguaya, Diego Cánepa, señaló que su país terminó aceptando la medida como parte de una "negociación" con los restantes miembros del Mercosur en la que exigió que no se impusieran sanciones económicas a Paraguay.

El vicepresidente, que aparentemente señaló su discrepancia con lo acordado durante el Consejo de Ministros que se celebró en la víspera y fue encabezado por Mujica, afirmó que luego de esta "herida" institucional al Mercosur "podría pasar cualquier cosa", porque "ya no queda ninguna norma importante que no sea violada".

Consideró que esta maniobra "puede tener consecuencias importantes en el futuro, como que la institucionalidad del Mercosur ya sea tan débil que no sirva para nada". "Ojalá se pueda hacer algo para revertirlo. Si esa posibilidad existiera, yo creo que hay que explorarla", afirmó.
Fuente: EFE

terça-feira, 22 de maio de 2012

Los Hermanos: ser "bonzinho" ou ser correto?: dilemas da diplomacia brasileira

Um leitor deste blog me escreve a propósito de um post sobre nossas relações, isto é, relações diplomáticas oficiais, relações comerciais, etc, com a Argentina, pedindo para...
me esclarecer uma dúvida quanto às relações do Brasil com nossos vizinhos do sul. Sob uma perspectiva de longo prazo, não seria interessante ao Brasil garantir um entorno regional favorável e construir laços significativos com os países da América Latina? Acredito que as diversas concessões feitas aos nossos "hermanos" têm esse objetivo. Ou seria a questão primordial a impossibilidade dessa política externa lograr êxito?
Meus comentários, necessariamente rápidos, em função de tudo o que já escrevi em ensaios sobre a política externa brasileira, seriam estes.
Não creio que a colusão no descumprimento de tratados e compromissos formalmente assumidos -- que foi a política seguida desde 2003 -- seja uma receita positiva para, como se diz, "garantir um entorno regional favorável", ou sequer para "construir laços significativos com os países da América Latina".
Vou dizer brevemente por que.
O Brasil não tem por que -- e seria, acima de tudo, sumamente ridículo -- pedir perdão, se desculpar, ficar cheio de dedos ou com consciência de culpa, apenas por ser grande, deter muitos recursos naturais, uma grande indústria, e exibir um PIB (total, NÃO per capita) superior aos dos vizinhos. Essa mania de pretender ser menor do que é, ou essa "angústia" em assumir responsabilidades desproporcionais apenas em função do tamanho me parecem totalmente equivocadas e diretamente vinculadas, justamente, ao abuso das medidas arbitrárias em uso desde aquela época na região, especificamente da Argentina contra o Brasil, ao arrepio de qualquer regra, de qualquer negociação, de qualquer entendimento bilateral, apenas com base em decisões ilegais, contrárias ao espírito e à letra do Tratado de Assunção, e totalmente em contradição com os objetivos pretendidos, que seriam, supostamente, o de construir uma relação sólida e um espaço econômico ampliado na região.
Um país grande pode até ostentar uma indústria mais poderosa e, portanto, dotada de economia de escala para competir externamente. Mas, assim como o PIB é grande, o mercado é grande, supostamente aberto a todos os sócios na integração: a economia de escala passa, portanto, a valer para todos, já que supostamente não existem mais fronteiras.
Não é certo que a derrogação unilateral às normas solenemente pactadas possam construir um ambiente de confiança sobre o qual afiançar investimentos e projetos de empresários privados. Ao contrário: a violação das regras cria um ambiente impossível para o exercício dos princípios e valores de toda e qualquer economia de mercado.
Uma coisa precisa ficar clara: a leniência, a complacência, a aceitação passiva de todas as medidas arbitrárias e ilegais -- não só com relação ao Mercosul, mas ilegais também do ponto de vista do GATT -- argentinas contra o Brasil -- e suponho contra os demais sócios -- não está ajudando em nada o Mercosul; ao contrário, está desmantelando suas bases e tornando ainda mais difícil construir a integração no médio e longo prazo.


Trata-se, aliás, de uma ilegalidade formal, contra os próprios instrumentos do Mercosul, ademais de uma violação dos direitos dos empresários brasileiros que investiram nas regras e querem-nas respeitadas. A violação de regras começa, portanto, em casa, contra os interesses de brasileiros. 
Ela se prolonga na não defesa dos interesses brasileiros no plano externo, que deveria ser o primeiro dos deveres de qualquer governo soberano.

Por último, uma explicação sobre o conceito de "concessão". Seu significado é exatamente esse: algo que alguém concede a outrém, por necessidade ou favor, numa situação difícil, digamos assim. Nenhuma, sublinho NENHUMA, das medidas argentinas resultou de uma concessão brasileira, e sim de imposições unilaterais, assumidas passivamente por um governo que se pretende soberano e altivo.

Fico por aqui...
Paulo Roberto de Almeida