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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sexta-feira, 12 de novembro de 2021

O Brasil no Agro Global: apresentação e debate sobre livro - Insper, Apex, MRE (18/11, 18hs)

 Imperdível:

Lançamento do livro: O Brasil no Agro Global

A inserção brasileira nas principais regiões do planeta

Nos últimos 20 anos, o agronegócio brasileiro se consolidou como um grande e regular fornecedor global de alimentos. As exportações mais do que quintuplicaram, ultrapassando os US$ 100 bilhões em 2020 e alcançando mais de 200 países. Mas o mercado mundial vem se transformando e novas exigências vêm se estabelecendo. O Insper Agro Global busca compreender essas novas dinâmicas, ao passo que fomenta o debate relacionado às políticas públicas e ações estratégicas que priorizem a inserção internacional do país.

Resultado da interação de alunos participantes do curso de Educação Executiva do Insper, "O Brasil no Agronegócio Global" com pesquisadores do Centro de Agronegócio Global, o livro O Brasil no agronegócio global: reflexões sobre a inserção do agronegócio brasileiro nas principais macrorregiões do planeta reúne, em nove capítulos, estudos sobre macrorregiões estratégicas ao agronegócio brasileiro.

Dado o grande potencial das regiões avaliadas, o livro destaca o quanto o país ainda tem a ganhar com um processo de estreitamento de laços, estabelecimento de acordos e consolidação de parcerias comerciais. Lançado em parceria com a Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), a publicação se debruça sobre aspectos concorrenciais, tendências e propostas de ações estratégicas para a atuação do Brasil.

Para o debate de lançamento da versão digital do livro, o Insper Agro Global, a Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) e o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) reúnem Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global e do Núcleo Agro do CEBRI e um dos organizadores do livro, que apresentará a obra, Alexandre Peña Ghisleni, diretor do Departamento de Promoção do Agronegócio do Ministério das Relações Exteriores, Márcio Rodrigues, gerente de agronegócios na Apex-Brasil e José Alfredo Graça Lima, embaixador, ex chefe das negociações comerciais do Brasil e vice-presidente do conselho curador do CEBRI. Marcos Lisboa, presidente do Insper, fará a abertura e Julia Dias Leite, diretora-presidente do CEBRI, será a moderadora.

Inscreva-se e participe!

Ícone Data18/11/2021
Ícone Hora18h às 19h30

https://www.insper.edu.br/agenda-de-eventos/o-brasil-no-agro-global/

Conheça os participantes

Alexandre Peña Ghisleni 

Diretor do Departamento de Promoção do Agronegócio do MRE. Ao longo da carreira diplomática, serviu na Missão do Brasil junto às Organizações Internacionais em Genebra e nas Embaixadas do Brasil em Washington e em Havana. 

José Alfredo Graça Lima 

Vice-Presidente do Conselho Curador do CEBRI, Árbitro do Mecanismo Provisório de Apelação da OMC. Foi o principal negociador comercial do Brasil (1998-2002), representante permanente junto à UE, subsecretário-geral para Ásia e Pacífico e professor no Instituto Rio Branco (2013-2016). 

Julia Dias Leite 

Diretora-presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais. Atua há 20 anos na área de relações internacionais. Foi secretária executiva do Conselho Empresarial Brasil-China. É fellow do Inter-American Dialogue e presidente do conselho de administração da Piemonte Holding. 

Márcio Rodrigues 

Gerente de Agronegócios da Apex-Brasil. Responsável pela articulação de ações de promoção do agronegócio brasileiro no exterior. É especialista em Relações Internacionais e em Agronegócio, tema no qual atua há mais de 10 anos. Mestre e doutorando em Ciências Sociais. 

Marcos Jank 

Professor de agronegócio e coordenador do centro Insper Agro Global. Foi presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e do ICONE. Atuou como VP de assuntos corporativos da BRF para a Ásia-Pacífico, onde também representou entidades exportadoras do agronegócio. 

Marcos Lisboa 

Marcos Lisboa tem uma trajetória que abrange experiências em instituições acadêmicas, no governo e como executivo de instituições financeiras. Atual presidente do Insper, de 2013 a abril de 2015 atuou como vice-presidente. De 2006 a 2009, atuou como diretor executivo do Itaú Unibanco e, de 2009 a 2013, como vice-presidente. De 2005 a 2006, foi presidente do Instituto de Resseguros do Brasil. Atuou como secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda de 2003 a 2005. Marcos foi professor assistente de economia na Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas entre 1998 e 2002. De 1996 a 1998, atuou como professor assistente de economia no Departamento de Economia da Universidade de Stanford. Marcos é Ph.D. em economia pela Universidade da Pensilvânia. 

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Itamaraty-Apex: continuam as confusoes - Ricardo Della Coletta (FSP)

Araújo assinou documento para contratar funcionário sem diploma com salário de até R$ 34 mil

Objetivo seria nomeação de ex-candidato do PSL na Apex; Itamaraty chama documento de 'propostas de alteração'

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, assinou documento em março que permitiria a contratação de pessoas sem curso superior para altos cargos da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
Com a alteração no Plano de Cargos, Carreiras e Salários da agência, quem não tem diploma universitário poderia ser empregado em postos com salários de até R$ 34 mil.
Pelas regras vigentes, as vagas para cargos de confiança —que não precisam de concurso público— só podem ser preenchidas por candidatos com "ensino superior completo, reconhecido pelo MEC (Ministério da Educação)."
Araújo estabeleceu no documento obtido pela Folha que o diploma universitário pode ser dispensado caso o indicado tenha "experiência comprovada de, no mínimo, quatro anos em atividades correlatas ao cargo". 
Não há qualquer menção sobre como essa experiência deve ser verificada. Vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, a Apex atua na promoção de produtos e serviços brasileiros no exterior. 
Para tentar mudar as regras de admissão na agência, o chanceler utilizou seus poderes como presidente do Conselho Deliberativo da agência para tomar a decisão ad referendum do colegiado. Isso significa que, caso fosse protocolado em cartório —o que não ocorreu—, o novo plano de carreiras começaria a valer imediatamente, mesmo antes da análise dos conselheiros. 
Interlocutores que acompanharam o caso na Apex afirmaram à Folha, sob condição de anonimato por temerem represálias, que as mudanças das regras foram feitas para permitir a contratação do produtor agropecuário Paulo Vilela, que se candidatou a deputado federal pelo PSL em 2018, mas não conseguiu se eleger.
Ao ser convidado para assumir a gerência de agronegócios da Apex, no começo do ano, Vilela não foi admitido por ter grau de escolaridade aquém do exigido para o posto. Segundo o sistema de candidaturas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Vilela tem ensino médio completo. 
Folha tentou contato com Vilela nesta terça-feira (21), mas ele não respondeu às ligações. No início de abril, no entanto, o produtor afirmou, ao jornal Correio Braziliense, que havia sido convidado para ocupar a gerência da Apex pela ex-diretora de negócios Letícia Catelani.
Na mesma entrevista, contou que chegou a trabalhar informalmente e em caráter "voluntário" na agência no início de 2019, despachando de um café em Brasília.
Pessoas com conhecimento do caso confirmaram à Folha que Vilela trabalhou informalmente na Apex durante quase dois meses, sem nunca ser oficialmente contratado. 
Procurado, o Itamaraty reconheceu que houve “propostas de alteração” no Plano de Cargos, Carreiras e Salários da entidade, mas ressaltou que elas não foram adotadas. 
“Não houve alteração no mecanismo de seleção e contratação de pessoal na Apex. Houve propostas de alteração, que não foram implementadas. Assim sendo, não houve qualquer consequência jurídica relativa ao documento que a reportagem menciona, por ele não ser válido”, afirmou o Itamaraty. 
A flexibilização que consta no documento assinado por Araújo afeta desde cargos menores até os de gerência. O documento também reduz os requisitos de admissão para os postos de supervisor e coordenador, além dos de assessoramento das principais estruturas da Apex.
De acordo com o Plano de Cargos, Carreiras e Salários assinado por Araújo, a remuneração inicial de um gerente da agência é de R$ 28.439, mas o valor pode chegar a R$ 34.127. 
Um assessor da presidência da Apex, por sua vez, tem salário inicial de R$ 23.095. O teto é de R$ 26.559, ainda segundo o mesmo plano de carreiras.
Folha procurou a Apex-Brasil na segunda-feira (20) para comentar o caso. Inicialmente, a agência informou que "não houve, este ano, assinatura de qualquer resolução ou ato administrativo que tenha modificado o Plano de Cargos, Carreiras e Salários."
Nesta terça-feira, informados de que o documento obtido pela reportagem da Folha contém a assinatura de Araújo, a Apex enviou nova manifestação.
"Não houve, este ano, qualquer resolução ou ato administrativo que tenha modificado o Plano de Cargos, Carreiras e Salários da Apex-Brasil. Informamos ainda que a versão vigente do plano é datada de 16 de outubro de 2018", diz a agência.
Após a publicação da reportagem, a ex-diretora de negócios da Apex Letícia Catelani defendeu as alterações no plano de cargos da agência.
De acordo com ela, o objetivo era adequar a Apex a novas normativas do governo que colocam como “critério para contratação a nível federal experiência profissional e não mais a necessidade exclusiva de nível superior”. ​
Não é a primeira vez que Ernesto Araújo utilizou sua condição de presidente do Conselho Deliberativo da Apex para tentar alterar, de forma unilateral, normas internas da entidade. 
No início de abril, o chanceler realizou uma manobra estatutária para retirar poderes do então presidente da agência, o embaixador Mario Vilalva, e transferi-los para seus indicados no órgão: Letícia Catelani e o ex-diretor de gestão corporativa, Márcio Coimbra. 
Vilalva disse à época que o ato do chanceler foi feito “na calada da noite” e acusou Araújo de falta de lealdade. Ele foi demitido da presidência da Apex um dia depois de dar as declarações. 
Quando Araújo assinou a nova versão do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, em março, a Apex ainda era presidida por Vilalva. 
Procurado, o ex-presidente da agência disse que tampouco foi informado da intenção do chanceler de flexibilizar as regras de contratação. 
Desde a saída de Vilalva, o núcleo militar do governo intensificou a pressão sobre o presidente Jair Bolsonaro para que tanto Catelani quanto Coimbra deixassem a agência do governo. 
Para estancar a crise, o presidente nomeou no início de maio o almirante Sergio Ricardo Segovia Barbosa para o comando da agência. 
Como primeiro ato, o militar destituiu os dois diretores dos seus postos —Coimbra havia pedido demissão mais de uma semana antes, mas ainda aguardava o desligamento.
A disputa interna na Apex gerou forte desgaste para o chanceler e fez com que ele perdesse poder dentro do órgão. 
Tanto que, após a indicação de Segovia para o comando da agência, Araújo foi obrigado a revogar sua decisão anterior de mudar o estatuto da Apex, restituindo os poderes da presidência.  

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Apex: a casa dos horrores sob os bolsonetes e olavistas, com a conivencia do chanceler acidental

Revista Piauí, 10 abril 2019

Foi atender o telefone e voltou demitido

Embaixador diz que Apex era “jardim de infância” sob influência de Eduardo Bolsonaro

Consuelo Dieguez, jornalista

Mario Vilalva, embaixador demitido da Apex
Pouco antes de ser exonerado da presidência da Apex, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento, por volta das quatro da tarde dessa terça-feira, dia 9, o embaixador Mario Vilalva disse à piauí, durante uma conversa telefônica, que estava “administrando um jardim de infância”. O principal alvo de sua crítica era a empresária Letícia Catelani, ou Letícia Catel, como é conhecida nas redes sociais bolsonaristas, diretora de Negócios da agência, que o embaixador considera uma pessoa “infantil e despreparada para o cargo”.  Catel, de 30 anos, é muito próxima do deputado Eduardo Bolsonaro, filho caçula do presidente Jair Bolsonaro, e, segundo o embaixador Vilalva, é também “protegida” do chanceler Ernesto Araújo. No momento em que fazia as acusações contra Catel, Vilalva interrompeu a conversa para me dizer que precisava atender a uma ligação de urgência. Logo em seguida, sua assessoria me informou que ele deixara o prédio da Apex, pois havia sido exonerado pelo chanceler Ernesto Araújo.
São muitas as críticas de Vilalva a Catel. Ele a acusa de paralisar todos os negócios da agência e de bloquear todos os projetos, causando enorme prejuízo às empresas brasileiras. Além do despreparo para lidar com questões fundamentais da promoção de comércio exterior, ele se queixava do comportamento dela. Para Vilalva, além de não saber trabalhar em equipe, Catel era indisciplinada e boicotava o trabalho da agência, atrapalhando os negócios. O embaixador citou um episódio que lhe incomodou sobremaneira: após uma reunião com Catel e com o diretor de Gestão Corporativa, Márcio Coimbra, também indicação de Bolsonaro filho, ficou acertado que, no dia seguinte, eles assinariam um contrato com a empresa Terroir para a contratação dos irmãos Campana, dois dos mais incensados designers brasileiros, para ser a atração principal do estande brasileiro na feira de móveis e design de Milão. Ele esperou por ela durante toda a manhã e Catel não apareceu. Também não lhe deu qualquer satisfação. Quando, finalmente, conseguiu contatá-la, ela informou que estava fora da agência, tratando de outros interesses, e que ele lhe mandasse o contrato para assinar por um portador. “Era lógico que eu não ia fazer isso”, me disse o embaixador, irritado e acometido de uma tosse intermitente. “O contrato tinha que ser assinado na agência, diante de testemunhas, que é a forma profissional de se fazer isso.” No dia seguinte, começaram a ser publicadas notas afirmando que a tal empresa tinha sido citada na operação Lava-Jato.
Vilalva não se conforma. Ele está seguro de que a nota foi plantada por Catel, amiga de Filipe Martins, assessor internacional de Jair Bolsonaro, para colocar sua reputação em dúvida. “Todas as vezes que falamos desse contrato, jamais foi levantada qualquer suspeita sobre a empresa. Por que então, no dia seguinte, começam a pipocar essas notas?”, questionou.  “E, se ela sabia da tal citação, por que não me informou?”, continuou, indignado, acometido de novo ataque de tosse.
Esse, porém, segundo ele, foi apenas um dos inúmeros problemas que ela causava na agência. Um dos projetos de grande importância para os negócios brasileiros é com o Sindicato da Indústria Audiovisual de São Paulo, o Siasp, responsável pela divulgação do cinema brasileiro no exterior. A agência tem uma parceira com o sindicato desde 2006 para ajudar a promover o cinema nacional, o que tem trazido um retorno importante para o país. Além da mostra em festivais, o projeto ajuda na venda de filmes brasileiros lá fora, atrai investimentos externos para o cinema nacional. Como diretora de Negócios, Letícia Catel paralisou o projeto e não deu qualquer satisfação sobre o porquê de tal decisão. “Ela é desrespeitosa e ineficiente”, queixou-se o embaixador.
A confusão não parou por aí. Vilalva assumiu a agência após o chanceler ter demitido seu antecessor, Alecssandro Carreiro, também indicado por Eduardo Bolsonaro. Carreiro, um quadro do PSL, além de não ter qualquer familiaridade com o comércio exterior, não falava inglês e jamais viajara ao exterior, afora ser também desafeto de Catel. Ao tomar posse, Vilalva convidou a ex-diretora de Negócios Marcia Nejaim, profissional concursada e experiente, para ser sua chefe de gabinete. A nomeação de Nejain, porém, foi barrada pelo ministro Ernesto Araújo. O embaixador Vilalva tem uma explicação. “O chanceler não queria que ninguém fizesse sombra à sua protegida.” Mais grave ainda, segundo o embaixador, era que Catel, além de inexperiente, colocou vários gerentes de sua confiança que não se comunicavam com o restante da agência. Chegou até a nomear um integrante do PSL, que sequer tinha curso superior, pré-requisito para trabalhar na Apex. “Eu chamei a atenção dela para o fato, mas ela ignorou”, me disse. “Era um absurdo contratarmos uma pessoa sem curso superior, o que, além de ferir os estatutos da agência era um desrespeito com os concursados, muitos dos quais têm doutorado e pós-doutorado”.
O fato, me disse Vilalva, era que, diante dessa insubordinação, ele estava apagando incêndios provocados pelos dois diretores, ao invés de tratar do assunto de fundamental importância para a agência, a promoção de negócios. Uma situação que lhe causou grande constrangimento foi o comportamento de Catel durante a visita de uma delegação de deputados do PSL à China. Convidada pelo governo chinês para conhecer as novidades tecnológicas chinesas, que competem com a tecnologias americanas, a delegação foi alvo de uma cruzada furiosa de Olavo de Carvalho, que acusou os parlamentares de serem comunistas infiltrados no PSL. A briga esquentou, e Catel ficou ao lado de Carvalho, postando em seu Twitter vários textos e imagens ridicularizando os parlamentares. “Veja se isso é coisa de uma diretora de Negócios da Apex fazer”, reclamou Vilalva.
O resultado de tanta briga é que a agência, com orçamento de 795 milhões de reais ao ano para promover os negócios brasileiros, estava paralisada. Isso gerou uma série de queixas dos empresários de vários setores. A agência é fundamental para promover, principalmente, as exportações de empresas de menor porte, que não têm cacife para participar de feiras internacionais e de fazer contatos com importadores. Os projetos visam justamente atender a esta turma e vinham mostrando bons resultados, principalmente no governo Temer, quando a agência foi ocupada pelo embaixador Roberto Jaguaribe. Ela tem sido fundamental para incrementar negócios nas áreas de tecnologia, têxteis, cerâmica, cinema e outros setores da economia brasileira.
Diante da insubordinação dos dois diretores, Vilalva decidiu contratar o general Roberto Escoto, que já chefiou missões internacionais, para botar ordem no seu “jardim de infância”, enquanto ele tentava tocar os negócios. Não funcionou. Percebendo que poderia ter que se subordinar às decisões do presidente da Apex, Catel pediu ao ministro das Relações Exteriores que mudasse o estatuto da agência. O que foi feito. Sem o conhecimento de Vilalva, Araújo protocolou um novo estatuto num cartório de Brasília estabelecendo que os diretores de Negócios e de Gestão corporativa não teriam que se subordinar ao presidente da entidade. E mais. Pelo documento, ficou acertado que o novo estatuto teria que ser aprovado pelo conselho deliberativo da Apex, formado por cinco representantes do setor público e quatro do setor privado, sem fixar data para que o estatuto seja  examinado. Ou seja, os dois diretores podem se manter infinitamente nessa situação de independência em relação à presidência da Apex. “Eles são livres e sem restrição para fazer as loucuras que quiserem”, protestou o embaixador.
Depois disso, as relações entre Vilalva com os dois diretores ficaram insustentáveis. “A Letícia é protegida do chancelar. Faz o que quer aqui. É uma relação pessoal que não conseguimos entender”, me disse um antigo funcionário da agência, inconformado com a situação. No começo dessa semana, embaixador deu várias entrevistas à imprensa, onde não poupou o chanceler. Chamou Ernesto Araújo, entre outras coisas, de desleal, por não o ter comunicado do novo estatuto, do qual ele tomou conhecimento através a imprensa, vinte e cinco dias após ter sido protocolado no cartório.
No fim da tarde dessa terça-feira, o Itamaraty soltou nota justificando a demissão de Vilalva.  Na nota, o ministério afirma que o “ministro das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Araújo anuncia a exoneração do embaixador Mario Vilalva da presidência da Apex”, como parte do “processo de dinamização e modernização do sistema de promoção comercial brasileiro.” O ministro, diz a nota, agradece a colaboração do embaixador. O Itamaraty não respondeu, contudo, as acusações relatadas à piauí pelo embaixador. Procurada, Letícia Catel também não se manifestou.
A Apex tem sido alvo de confusão desde antes da posse de Araújo. Ele teve um embate com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que queria levar a agência para o seu ministério, sob a alegação de que a promoção comercial tem muito mais a ver com a economia do que com o Itamaraty. Araújo bateu pé e conseguiu do presidente Bolsonaro a garantia de que agência continuaria onde estava. Para boa parte dos empresários e de integrantes de ministérios preocupados em promover as vendas de produtos brasileiros, como o da Agricultura e o de Desenvolvimento, parece cada vez mais claro que seria muito melhor para o comércio exterior brasileiro que a agência deixasse o “jardim de infância” e fosse para a sala dos adultos.

sábado, 10 de outubro de 2015

Conhecendo o Sistema Politico Chines - Thais M.-S. Fernandes

Para quem desejar conhecer o sistema político chinês, recomendo este pequeno, mas altamente instrutivo trabalho:

Thais Moretz-Sohn Fernandes:
Conhecendo o Sistema Político Chinês
Brasília: Apex, 2014, 23 p,; ISBN: 978-85-66713-06-0
 

disponível: http://arq.apexbrasil.com.br/emails/institucional/2014/135/ConhecendoOSistemaPoliticoChines.pdf

terça-feira, 11 de março de 2014

O Brasil nos think-tanks americanos (pouca presenca) - Apex-Brasil

 BRASIL NOS THINK TANKS: CSIS
APEX-BRASIL (11/03/2014)

BRASIL PATROCINARÁ PROGRAMA DE ESTUDOS EM WASHINGTON. 
A Apex, a agência de promoção comercial e investimentos do governo brasileiro, vai patrocinar um programa de estudos e debates sobre o Brasil em um dos maiores centros de estudos ("think tanks") de Washington. O CSIS (Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, na sigla em inglês) promoverá, a partir de abril e até o final de 2015, uma série de 16 debates públicos dentro de um programa chamado Iniciativa Brasil. O lançamento será em 1º de abril, com um evento sobre inovação e tecnologia brasileira. Outros temas debatidos serão energia, ambiente, comércio e a política internacional do país. Os concorrentes dos Brics fazem muito isso nos EUA. É promoção comercial, mas fugindo das ações tradicionais. A Agência aponta a criar um ambiente favorável para o Brasil entre formadores de opinião nos EUA. Há muita rotatividade entre esses centros de estudo em Washington e o governo americano. Hoje eles pesquisam, amanhã eles estão à frente das decisões. Já em 2013 a presença brasileira era modesta na capital americana. Outros países emergentes, como Índia, China, Turquia e México, patrocinam vários centros de estudos e pesquisas em universidades. O Brasil só tinha um programa similar no Wilson Center. De acordo com o ranking dos "think tanks" feito pela Universidade da Pensilvânia, o CSIS é o terceiro mais influente do país (depois de Brookings e Carnegie) e é considerado o mais importante em temas de segurança e defesa. Acaba de se mudar para uma nova sede, que custou US$ 100 milhões. O CSIS prepara constantemente pesquisas encomendadas pelos departamentos [ministérios] de Energia, de Defesa e de Estado. Washington possui 395 centros de estudos –o Brasil inteiro tem 81, de acordo com o ranking da Universidade da Pensilvânia. Há uma falta de atenção com o Brasil, então é necessário construir conhecimento sobre o país. Carl Meacham, diretor de América Latina do CSIS, será o responsável pela programação da Iniciativa Brasil. O foco dos eventos não se restringem a latino-americanistas ou brasilianistas. Serão abordadas áreas que interessem aos americanos, nas quais o Brasil possa acrescentar valor ao debate, de mobilidade social e energias renováveis. Americano de origem chilena, Meacham foi por 12 anos assessor na Comissão de Relações Exteriores do Congresso dos EUA e trabalhou com o senador Dick Lugar. O programa custará à Apex US$ 300 mil em 2014 e 2015. A agência avaliará uma possível renovação em 2016

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Apex-Brasil: Como exportar industrias e empregos para outros paises...

O Brasil, ou melhor, o governo, e suas agências especializadas são um fenômeno bizarro. Em lugar de consertar o que anda errado, são improvisados expedientes que contornam os verdadeiros problemas do país.
Neste caso específico, sabemos que nossas indústrias não são competitivas por culpa única e exclusiva da carga tributária, da infraestrutura inexistente (e cara) e do péssimo ambiente geral de negócios. Todos os demais fatores -- câmbio ou tênue inovação industrial -- são secundários em relação aos principais, sobretudo os impostos extorsivos, que inviabilizam a competitividade dentro e fora do País.
E o que faz o governo para reparar esse problema? Nada, ou quase nada. Na verdade, pouca coisa, e talvez, ou provavelmente, na direção errada, como esse "aprendizado de exportação de indústrias e empregos" para países que possuem acordos de livre comércio com os EUA (eventualmente com UE também e países asiáticos). 
O Brasil o que fez com respeito a isso?
Sabotou as negociações da Alca até implodir o processo, que aparentemente iria "destruir o Mercosul" e anexar a América Latina ao "império". 
E depois saiu proclamando uma tal de "nova geografia do comércio internacional", para ele, de forma reducionista, a expansão do comércio Sul-Sul, e a recusa de acordos com o Norte, ao passo que para os países asiáticos a nova geografia era a exportação para os EUA e Europa (e todo o resto do mundo também). Nunca se viu política tão míope, e talvez até estúpida.
Agora, o governo confirma a miopia, exportando empregos e indústrias.
Brilhante...



Governo federal ensina como gaúchos devem levar fábricas de calçados para o exterior
Políbio Braga, 14/09/2011

A Apex, quem diria, ensinará aos fabricantes gaúchos, dia 29, na Fenac, Novo Hamburgo, todos os segredos para instalar indústrias na República Dominicana.

. A ilha é plataforma ideal para exportações de calçados pra os Estados Unidos e Europa, devido a seus benefícios fiscais, apoio logístico e proximidade com os mercados consumidores de alto poder aquisitivo.

- O fenômeno da internacionalização na fabricação de calçados é inevitável, mas é notável que a Apex ensine como tirar produção, empregos e renda do Brasil. Além dos funcionários do governo federal, estarão presentes agentes da República Dominicana. O nome do evento é Seminário sobre Internacionalização para o Setor de Calçados e Componentes.