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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

O marasmo econômico é antes de tudo um marasmo de ideias - Editorial Estadão

Vários argumentos corretos neste editorial do Estadão, mas duas grandes deficiências de compreensão e equívocos de compreensão quanto à natureza dos problemas.
Primeiro, ao falar de um alegado "custo Brasil", como se ele fosse uma fatalidade natura, criação de ninguém, ou de todos conjuntamente, como se fosse algo unificado, uma grande bola de ferro que amarra a nação, e que bastaria cortar para o Brasil se soltar e deslanchar galhardamente, quando não existe nenhum "custo Brasil". 
O que existe é um "custo do Estado brasileiro", pois todas essas amarras, são muitas, foram sendo criadas gradativamente pelos governos, pelo Congresso, pelo lobby dos empresários, pela ação nefasta de economista e tecnocratas aloprados, e isso vai demorar muito tempo para se desfazer começando pela identificação de cada um dos problemas e seu desmantelamento sistemático.
Em segundo lugar, por pedir "medidas" para corrigir os problemas. Ora, o problema está justamente nas "medidas", nas políticas setoriais que são feitas para corrigir supostas "falhas de mercado", quando o que existe são FALHAS DE GOVERNO.  Contraditória essa demanda do Estadão: a sociedade precisa ser libertada do Estado, para que cada um busque o seu sucesso num ambiente de liberdade econômica para investimento, baixa tributação e regulação não intrusiva.
Paulo Roberto de Almeida

01:10:35 | 25/02/2020 | Economia | O Estado de S. Paulo | Notas & Informações | BR

O lado externo da mediocridade

    Com mais um tombo da exportação e déficit comercial de US$ 2,56 bilhões, o ano começou mal para as contas externas. Com reservas de US$ 359,39 bilhões, o País continuou capaz de pagar suas contas sem dificuldade, mas o sinal amarelo nas transações correntes ficou mais forte. Janeiro terminou com um déficit mensal de US$ 11,88 bilhões nessa conta. Em 12 meses o resultado negativo chegou a US$ 52,28 bilhões, valor correspondente a 2,85% do Produto Interno Bruto (PIB). O buraco ainda foi coberto facilmente, nesse período, com o ingresso líquido de US$ 78,35 bilhões de investimento estrangeiro direto. Mas o tamanho do rombo começará a chamar a atenção dos analistas, se o balanço externo do Brasil continuar piorando. Não há ponto preciso onde o alerta se torne assustador, mas um déficit acima de 3% do PIB é com frequência considerado motivo de séria preocupação.
    Em janeiro, o investimento direto ficou em US$ 5,62 bilhões, bem abaixo do necessário para equilibrar o jogo nesse mês. O balanço foi divulgado na sexta-feira passada pelo Banco Central (BC).
    No Brasil, a segurança do setor externo depende normalmente de um bom superávit na balança de mercadorias. A conta de serviços, onde se incluem viagens, fretes e seguros, entre outros itens, é geralmente deficitária. A movimentação de rendas (como juros, lucros, dividendos e remessas particulares) também é em geral fechada no vermelho. Na tradição brasileira, o superávit comercial atenua o desequilíbrio e permite manter em nível administrável o déficit em transações correntes.
    Um déficit moderado pode ser vantajoso, quando financiado de forma segura com dinheiro vindo de fora. A poupança externa absorvida complementa a interna e permite elevar o investimento na capacidade produtiva, favorecendo o crescimento da economia.
    Mas o quadro é muito menos tranquilo e há motivos especiais para preocupação. As contas tendem a ficar mais apertadas quando a economia cresce e a demanda de importações aumenta. É normal e saudável o aumento de gastos com produtos de consumo, matérias-primas, bens intermediários destinados à produção e bens de capital, como máquinas e equipamentos. Mas a piora do comércio vem ocorrendo numa fase de baixa expansão econômica. Não é, portanto, sinal de condição saudável, mas sintoma de sérios problemas.
    Alguns desses problemas são externos. A disputa comercial entre os governos americano e chinês, o protecionismo crescente e a desaceleração do comércio global são exemplos óbvios.
    São evidentes, também, as perdas associadas à crise na Argentina, terceiro maior mercado para exportações brasileiras. Além disso, o mercado argentino absorve grande parcela das exportações da indústria brasileira.
    Mas os problemas made in Brazil são os mais importantes. Há o chamado custo Brasil, composto de vários fatores, como deficiência logística, entraves burocráticos, capital muito caro, incerteza jurídica, insegurança pública, má tributação, escassez de mão de obra qualificada e pouca inovação.
    Esses problemas são emoldurados por erros políticos, como proteção exagerada e pouca integração nas cadeias produtivas globais. A excessiva dependência das compras argentinas de bens industriais e a relação quase colonial com a China exemplificam essas falhas, agravadas no período petista. O presidente Michel Temer ensaiou atacar alguns desses problemas com o colega argentino Mauricio Macri, mas a tentativa pouco avançou. O melhor resultado foi a conclusão das negociações entre Mercosul e União Europeia, consumada na gestão do presidente Jair Bolsonaro, mas garantida pelo governo precedente.
    As promessas do atual governo de maior integração internacional foram pouco além da retórica. Também modestos foram os avanços no resgate da indústria. Permanece o cenário de economia em marcha lenta, com pouco investimento e projeções baixas para os próximos anos. O balanço externo reflete o marasmo interno e a pobreza das medidas para dinamizar a indústria.

    quarta-feira, 11 de julho de 2018

    Rubens Barbosa, livro: O lugar do Brasil no mundo: agenda modernizadora


    Rubens Barbosa: 
    O lugar do Brasil no mundo: agenda modernizadora
    (São Paulo, Sesi-SP, 2018)

    Sumário



    Introdução ,    9


    PARTE 1- AGENDA MODERNIZADORA

    1.     Integração ou desintegração regional ,   15
    2.     A nova agenda externa para o Brasil em um mundo em transformação ,  18
    3.     A nova geopolítica global ,  36
    4.     A nova revolução francesa | Modernização do Estado ,  39
    5.     Agenda para um Brasil moderno ,   42
    6.     As perspectivas das relações Brasil-EUA nos próximos dez anos ,     45
    7.     Autoridade internacional para hidrovia ,   57
    8.     Déficit diplomático ,  .60
    9.     Desafio à política industrial brasileira ,  63
    10.  Desafios internos e externos ,  66
    11.  Desafios para o Brasil em um mundo em transformação ,  69
    12.  Integração do Brasil à economia global ,   81
    13.  Made in China 2025 ,  84
    14.  Manifesto ,  87
    15.  O Brasil e as recentes negociações comerciais e internacionais ,   89
    16.  O Brasil e os acordos comerciais ,  105
    17.  O Brasil e os BRICS ,   108
    18.  O Brasil em um mundo em transformação ,  115
    19.  O lugar do Brasil no mundo ,  .118
    20.  Parceria transpacífico: liberalização competitiva ,  121
    21.  Profissão: político ,  124
    22.  Projeto de futuro ,  127
    23.  Uma nova agenda para a área externa ,     130
    24.  Tabuleiro das Nações e o Brasil ,     133


    PARTE 2 – COMÉRCIO EXTERIOR

    1.     A Camex e o interesse nacional ,   141
    2.     A volta da China como grande potência ,   144
    3.     Acordo comercial na América Latina ,  147
    4.     China, economia de mercado? ,  .150
    5.     Comércio exterior no novo governo ,  153
    6.     Mercosul: 25 anos ,     156
    7.     Mercosul passado a limpo ,   159
    8.     Presidência brasileira do Mercosul ,     162
    9.     Luz no fim do túnel ,  165




    PARTE 3 – DEFESA

    1.     A crise econômica e as Forças Armadas ,  171
    2.     Base militar russa na Venezuela e chinesa na Argentina ,   174
    3.     Defesa nacional: por um país mais seguro ,  177
    4.     Defesa, uma questão de segurança nacional ,  .180
    5.     Missão não cumprida ,  183
    6.     Segurança cibernética ,  186


    PARTE 4 – POLÍTICA EXTERNA

    1.     A crise na Venezuela e o Brasil ,  191
    2.     História esquecida: os soldados da borracha ,  194
    3.     A política externa do governo Temer ,     197
    4.     A política externa e a crise política ,  200
    5.     A política externa do PT e do PSDB ,  204
    6.     A política externa e as eleições ,  .210
    7.     A volta da China como grande potência ,  .213
    8.     Afinidades ideológicas ,  .216
    9.     América do Sul em um mundo em transformação ,  219
    10.  Balanço da política externa do governo Dilma ,     222
    11.  Comédia de erros ,     225
    12.  Déficit diplomático ,  228
    13.  Donald Trump, presidente ,  231
    14.  Entre a ética e a real política ,  234
    15.  Fim da União Soviética ,  .237
    16.  Grandes desafios para um ministério em crise ,  .240
    17.  Históricas mudanças em Cuba: desafios e oportunidades , 243
    18.  Missão não cumprida ,  246
    19.  O Brasil e a OCDE ,  249
    20.  O Brasil e o Oriente Médio ,     252
    21.  O maior espetáculo da Terra ,  .255
    22.  O Reino Unido e a Europa ,  258
    23.  Os BRICS em nova fase ,     261
    24.  Política externa e o interesse nacional ,  264
    25.  Presidência brasileira do Mercosul ,  267
    26.  Reforma do Conselho de Segurança ,  270


    PARTE 5 – POLÍTICA INDUSTRIAL

    1.     Política industrial: um debate necessário ,  275
    2.     Política industrial: um debate necessário 2 ,  278


    PARTE 6 – POLÍTICA INTERNA

    1.     A política externa e a crise política ,  .283
    2.     Conselho de Relações Interacionais ,  286
    3.     Governo e PT atacam o Brasil no exterior ,  289
    4.     Novothink tankem São Paulo ,  292
    5.     O Brasil em primeiro lugar | Hora da verdade ,    295
    6.     Por falar em corrupção ,  299
    7.     Síndrome do pessimismo ,  302




    segunda-feira, 4 de julho de 2016

    Cambio e comercio exterior: entrevista com Rubens Barbosa - O Antagonista

    Teria pouca a acrescentar, ou comentar, a não ser este fato fundamental. Como a produtividade brasileira vai continuar a ser a porcaria que é, e como o câmbio deve ser, em princípio flutuante, como disse o presidente do BC, então o principal problema da indústria brasileira é mesmo -- mas isso já sabemos há séculos -- o custo Brasil, ou seja, a enorme carga de impostos, a burocracia, toda a parafernália regulatória intrusiva, expoliativa, simplesmente alucinante que impede os capitalistas brasileiros de simplesmente atuarem pelas regras de mercado, razão pela qual eles estão sempre pedindo algum favor de Brasília.
    Quando é que isso vai acabar?
    Eu não sei: mas ouso afirmar que será quando os capitalistas brasileiros se organizarem para liquidar com o Estado brasileiro. Atenção, eu disse LIQUIDAR, e I mean it...
    Paulo Roberto de Almeida 
    Câmbio não é livre em lugar algum, diz Rubens Barbosa
    Por Márcio Juliboni
    O Antagonista, 03 de Julho de 2016

     Passado o susto com a decisão dos britânicos de deixar a União Europeia, o dólar voltou a recuar em relação ao real. O movimento foi reforçado pela sensação dos investidores de que a nova diretoria do Banco Central não iria mesmo intervir na taxa de câmbio. Mas o cenário mudou após o BC vir a campo na sexta-feira (1), realizando a primeira intervenção no mercado de câmbio desde 18 de maio.
    O movimento de alta da moeda norte-americana ganhou força ao longo do dia, após as declarações do presidente do BC, Ilan Goldfajn, de que estão abertas as condições, no Brasil e no exterior, para reduzir os estoques de swaps cambiais. Goldfajn reafirmou, contudo, seu compromisso com o regime de câmbio flutuante. Pelo sim, pelo não, o movimento foi interpretado pelo mercado como o estabelecimento de um novo piso para o dólar: R$ 3,20.
    Para o embaixador Rubens Barbosa, presidente do conselho superior de comércio exterior da Fiesp, a reação do BC é bem-vinda e necessária. Ele lembra ainda que a indústria defendia a medida havia tempos. Embora o câmbio flutuante faça parte do tripé macroeconômico que sustentou a estabilização do país desde o Plano Real, é temerário segui-lo ao pé da risca. “Nenhum país do mundo tem um câmbio totalmente flutuante, livre, hoje em dia”, afirma Barbosa a O Financista. “Todos os países administram suas taxas: Estados Unidos, China...”. Leia a seguir os principais trechos da conversa:
    O Financista: Como o senhor avalia a intervenção do BC nessa sexta-feira?
    Rubens Barbosa: Ela foi muito importante. Foi positiva e bem-vinda, porque a indústria já pedia, havia tempos, alguma reação do Banco Central.
    O Financista: O mercado interpretou a intervenção como o estabelecimento de um novo piso de R$ 3,20 para o câmbio. Esse patamar é bom para a indústria?
    Barbosa: Eu acredito que a intervenção não teve o objetivo de estabelecer um novo piso. Acho que o BC agiu para mostrar que está atento ao câmbio. Agora, o novo piso é algo que deve ser discutido mais adiante.
    O Financista: Mas seria o caso de manter o câmbio ao redor de R$ 3,50?
    Barbosa: Do ponto de vista dos exportadores, sim. Mas o BC não pode tomar decisões isoladas do mundo. Agora, se o país não criar condições para que as exportações voltem a crescer, a balança comercial será prejudicada. O que estou dizendo é que não se pode pensar na política macroeconômica desvinculada da política industrial e comercial, algo que os economistas brasileiros estão acostumados a fazer. Além disso, nenhum país do mundo tem um câmbio totalmente flutuante, livre, hoje em dia. Todos os países administram suas taxas: Estados Unidos, China...
    O Financista: Para a indústria, é melhor que o BC intervenha no câmbio?
    Barbosa: O BC precisa acompanhar o que ocorre no mundo. Há toda essa instabilidade recente dos mercados, e o BC tem todo os dados para avaliar a situação. Agora, do ponto de vista macroeconômico, a queda do dólar ajuda apenas pontualmente, como no caso da importação de feijão. Mas manter os juros elevados, em um cenário de inflação convergindo para a meta e câmbio em queda... Isso cria uma situação delicada para alguns setores industriais.
    O Financista: Segundo o último boletim Focus, do BC, a expectativa é de um saldo comercial de US$ 50,76 bilhões neste ano. No atual patamar de câmbio, esse saldo pode cair?
    Barbosa: Acho que essa projeção foi feita com um câmbio estimado ao redor de R$ 3,50. A queda do dólar tem um efeito muito negativo para a indústria. Como o Custo Brasil é elevado, muitos setores conseguem ser competitivos na exportação por causa do câmbio. Os empresários com quem converso dizem que, com a taxa entre R$ 3,50 e R$ 3,70, conseguem uma pequena margem nas exportações, mas conseguem. Abaixo desse patamar, há um problema sério, porque a margem acaba. O câmbio não é tudo, mas ajuda.
    O Financista: O saldo comercial pode cair, então?
    Barbosa: Os setores que mais se beneficiaram com a alta do dólar, como o têxtil, calçadista, papel e celulose e máquinas e equipamentos, já estão sentindo dificuldades. As importações estão caindo, mas o problema é que as exportações podem crescer num ritmo menor que o atual. Com isso, o saldo pode desacelerar. Desse jeito, não sei se a projeção poderá ser mantida.

    quinta-feira, 16 de outubro de 2014

    Protecionismo comercial companheiro: ate os aliados chineses reclamam

    Pô! Assim não dá!
    Até os "aliados estratégicos" dos companheiros andam reclamando das c...... que eles andam fazendo em matéria de protecionismo comercial.
    Onde vai parar a fabulosa política externa anti-hegemônica?
    Paulo Roberto de Almeida 

    Comércio exterior

    China critica medidas protecionistas brasileiras

    Vice-ministro de Comércio da China, Showen Wang, disse que elevados impostos brasileiros comprometem produção de montadoras chinesas no país

    Exportações do Brasil para a China permaneceram praticamente estagnadas em US$ 31 bilhões
    Exportações do Brasil para a China permaneceram praticamente estagnadas em US$ 31 bilhões (ChinaFotoPress/Getty Images/VEJA)
    A China afirmou que pretende transformar o Brasil em uma plataforma de exportação para seus carros, mas ponderou que as elevadas tarifas de importação, além dos impostos domésticos, comprometem as relações comerciais com o país. “Nosso plano é levar empresas do setor automotivo para abrir fábricas no Brasil e, partindo do território brasileiro, exportar esses veículos para o mundo", afirmou o vice-ministro de Comércio da China, Showen Wang, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. “Mas as tarifas que o Brasil aplica são muito elevadas e precisam cair." 
    Montadoras chinesas como Changan e JAC Motors foram prejudicadas pelo aumento de 30 pontos porcentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados em setembro de 2011. A medida atrasou a instalação de uma fábrica da JAC Motors no Brasil. A ideia era importar veículos ao longo de três anos para depois começar a produzi-los em território nacional. “As medidas dificultaram a entrada de novas montadoras. O governo quis que o empresário se casasse com o Brasil antes de namorá-lo. E ninguém mais quer correr esse risco”, disse o presidente da JAC Motors no Brasil, Sergio Habib, em entrevista em julho. 
    As criticas ocorrem em um momento em que a China questiona as barreiras antidumping brasileiras, enquanto o Brasil registra queda nas exportações, principalmente de commodities, devido à desaceleração da economia chinesa. As vendas da China para o Brasil totalizaram 24,6 bilhões de dólares no acumulado dos oito primeiros meses do ano, alta de 1,22%. O avanço, entretanto, veio bastante abaixo do crescimento de 28% em 2011, de 60% em 2010 ou mesmo de 72% em 2004. Já as vendas do Brasil para a China permaneceram praticamente estagnadas em 31 bilhões de dólares.
    Showen afirmou que a China, maior parceiro comercial do Brasil, está disposta a levar adiante a ideia de um acordo de livre comércio com o Mercosul, eliminando as tarifas entre os países. “Um acordo de livre comércio seria muito bom para a China e para o Brasil”, disse o vice-ministro de Comércio. “Mas, claro, precisa que haja vontade recíproca", afirmou.

    terça-feira, 29 de julho de 2014

    A hecatombe da industria no Brasil dos companheiros - Zeina Latif

    Poucos setores sofreram tanto sob o estatismo indecente e idiota dos companheiros quanto o setor industrial, em processo acelerado de retrocesso estrutural (e não apenas conjuntural) devido a todos esses fatores assinalados no artigo desta economista.
    Vai ser difícil recuperar sua competitividade devido à selva de regulamentos idiotas implementados pelo aprendizes de feiticeiro do partido totalitário, aliados a uma máfia sindical e a uma burocracia fascista já de si presentes no cenário.
    Vai ser preciso criar um DEPARTAMENTO ESPECIAL DE REMOÇÃO DO ENTULHO PETISTA.
    Inclusive as políticas industriais: eles já fizeram cinco ou seis, e foram todas um fracasso completo.
    Paulo Roberto de Almeida 

    A indústria pede socorro

    Não seria exagero afirmar que a indústria é o setor que mais sofre hoje com o elevado custo-Brasil. E pode ser também o mais sensível a erros de política econômica. O desempenho preocupante da produção industrial nos últimos anos dá uma dimensão da urgente necessidade de ajustar a agenda econômica do país, sob pena de resultar em seu rápido encolhimento.
    O setor industrial parece mais vulnerável do que os demais em dois pontos principais: a carga tributária e o impacto da deficiente infraestrutura. O ambiente legal e regulatório tampouco ajuda, trazendo também insegurança jurídica ao setor.
    A carga tributária na indústria de transformação equivalia a 44% do PIB do setor em 2008, segundo a FGV. Enquanto isso, o peso para a agropecuária era de 16%; para construção, 22%; e para serviços e comércio, 24%. Este quadro pode estar associado à cumulatividade da estrutura tributária, que penaliza cadeias produtivas mais longas. Aliado a isso há a enorme complexidade do sistema tributário, que implica custos para o cumprimento das regras, retirando eficiência do setor.
    A infraestrutura falha também penaliza mais a indústria. Segundo o IBGE, os coeficientes técnicos da matriz insumo-produto indicam a maior dependência da indústria em infraestrutura de transporte e armazenagem em relação aos demais setores. Ainda que, por exemplo, a agropecuária sofra bastante com a baixa qualidade e elevado custo da logística, os dados mostram que o problema impacta mais a indústria.
    Outro exemplo é energia elétrica, item que coloca o Brasil no grupo dos países com tarifa mais elevada. Mais uma vez, é a indústria o setor mais penalizado pela maior dependência neste insumo.
    O efeito final é a perda de eficiência e de produtividade das empresas e do país
    Somam-se a isso as regulações ambientais e trabalhistas e normas de segurança no trabalho. Não faltam exemplos de distorções causadas pela regulação falha. Por exemplo, no caso da NR-12, que estabelece normas de segurança de máquinas e equipamentos, a legislação, que é retroativa, é mais dura do que o observado na experiência internacional. O cumprimento da norma pelas empresas envolve custos elevados, sendo às vezes proibitivos, já que o parque industrial brasileiro está defasado. Também não faltam exemplos de exagero na legislação trabalhista, com excessiva intervenção do estado nas relações de trabalho.
    Apesar de bem intencionado, o governo acabou criando um emaranhado de regras e regulações que tornam o dia-a-dia do empresário, particularmente da indústria, muito difícil. Adicionalmente, a indústria sofre com a insegurança jurídica, em todas as esperas de governo, incluindo impostos a cumprir e o próprio cumprimento da legislação.
    O efeito final é a perda de eficiência e de produtividade das empresas e do país. A literatura empírica é rica em evidências da importância, não apenas da infraestrutura, mas também do ambiente legal e regulatório para definir diferentes ganhos de produtividade entre países, entre indústrias em um mesmo país ou mesmo entre firmas.
    Todos estes fatores – carga tributária, infraestrutura, ambiente legal e regulatório – afetam a produtividade do setor, com repercussões também no investimento e na gestão das empresas. O ambiente desafiador acaba muitas vezes desviando o foco da empresa de seu próprio negócio. Ficam prejudicados o investimento em TI e P&D, bem como o aperfeiçoamento de práticas de gestão. São fatores que agravam o problema, reduzindo adicionalmente os ganhos de produtividade da economia, conforme também indicado na literatura empírica.
    A reação do governo às dificuldades da indústria não tem sido frutífera. Apostou-se na proteção do setor e na adoção de políticas setoriais. Ou seja, em vez de corrigir as distorções, criam-se outras. Barreiras tarifárias e não-tarifárias ao comércio, política de conteúdo nacional, isenções tributárias a produtos, crédito subsidiado a empresas desestimulam a inovação e a busca de eficiência. Políticas setoriais muitas vezes acabam protegendo o produtor menos eficiente e punindo aqueles que não obtiveram benefícios e proteção. O resultado para a economia como um todo pode ser perverso. Jogo de soma negativa.
    O retrato da indústria é alarmante. E a resposta à crise global de 2008 foi um divisor de águas, causando a partir de 2010 um grande desvio entre a produção doméstica, estagnada, e a crescente produção mundial. Ficamos para trás. Por um lado, os excessos de estímulo à demanda se traduziram em encarecimento da mão-de-obra. Por outro, a fraca agenda de reformas estruturais e os equívocos da política setorial implantada afetaram os ganhos de produtividade. Com ganhos salariais superando ganhos de produtividade, a indústria sucumbiu. Ironicamente, a intenção do governo era estimular a indústria.
    As margens de lucro do setor sofrem, pois, diferente do setor de serviços, que consegue repassar a pressão de custos para os preços finais, a indústria não tem a mesma flexibilidade pela potencial concorrência com o produto importado. A indústria sofre nas duas pontas.
    Como resgatar o setor? Para começar, diagnósticos corretos e medidas horizontais. As distorções são tantas, que mesmo pequenos ajustes podem fazer muita diferença. Para avançar, precisamos dar alguns passos para trás, desmontando a confusão criada.




    SOBRE


    Zeina Latif

    Zeina Latif é doutora em economia pela Universidade de São Paulo (USP) e economista-chefe da XP Investimentos. Trabalhou no Royal Bank of Scotland (RBS), ING, ABN-Amro Real e HSBC. Atua como consultora, sendo sócia da Gibraltar Consulting. Escreve colunas semanais para o Broadcast da Agência Estado.