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sábado, 1 de dezembro de 2018

GSI (Casa Militar da PR): 80 anos de serviços ao Estado - General S. Etchegoyen

Aos 80 anos, conquistas e desafios do GSI - artigo do General Etchegoyen no Estadão

O atual chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sergio Etchegoyen, comemora os 80 anos de criação formal da Casa Militar da Presidência da República, base do atual GSI, como uma história de êxito na defesa da presidência da República e da segurança do Estado. Cabe sempre analisar com frieza e isenção as diversas fases dessa instituição central no processo decisório em grau máximo do Estado brasileiro, e eu faria uma avaliação muito circunstanciada da atuação dessa agência, e de seu órgão subordinado, a ABIN, na fase desastrosa do lulopetismo em nosso país, quando essas instituições foram INCAPAZES de prevenir o Estado contra ataques ao seu patrimônio e funcionamento por parte de milícias organizadas, como o MST e acólitos do mesmo gênero, numa grande conivência, senão cumplicidade, por parte dos próprios chefes de Estado, durante o período em que uma organização criminosa ocupou o Estado e comandou aos destinos do país. Onde estava o GSI durante essa época, o que faziam os seus dirigentes, o que informavam os seus agentes de inteligência? Ainda espero respostas.
Paulo Roberto de Almeida


Sérgio Westphalen Etchegoyen, O Estado de S.Paulo 
01 Dezembro 2018 
Neste 1.º de dezembro, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) completa 80 anos de bons serviços prestados ao Brasil. A história do órgão é o resultado da longa maturação, através das décadas, de uma ideia tão simples quanto intuitiva: a de que o chefe de Estado, num país da complexidade e das dimensões do Brasil, não pode prescindir de assessoria pessoal e direta em questões atinentes à segurança nacional.  
Esse foi o raciocínio que inspirou o Decreto-Lei n.º 920, de 1.º de dezembro de 1938, que bipartiu a estrutura da Presidência da República num Gabinete Civil e um Gabinete Militar. Dentre as funções herdadas pelo segundo estava a de coordenar os trabalhos do Conselho de Segurança Nacional, órgão que havia sido criado em 1927 para o “estudo e coordenação de informações sobre todas as questões de ordem financeira, econômica, bélica e moral relativas à defesa da Pátria”. 
Outra atribuição por excelência do Gabinete Militar, ainda hoje desempenhada pelo GSI, era a de garantir a segurança do primeiro mandatário. A rigor, esse trabalho já vinha sendo desempenhado por um Estado-Maior do presidente da República desde 1891. E nesse labor o coronel Luís Mendes de Morais se tornou herói ao salvar a vida do presidente Prudente de Morais, num atentado perpetrado no cais do Porto do Rio, em 1897. 
Ao longo das décadas, esse Gabinete Militar foi chefiado por brasileiros notáveis, que ajudaram a construir a sua história e a sua cultura institucional. Entrementes, suas funções foram se expandindo ao sabor das necessidades. Em 1946, por exemplo, foi na órbita do Conselho de Segurança Nacional que se estabeleceu um Serviço Federal de Informações e Contrainformações (Sfici), o ancestral mais remoto de nossa Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Mais adiante, à medida que se reforçavam a estrutura do conselho e do próprio Gabinete Militar, este assumiu atividades tão variadas quanto dar o “assentimento prévio” a atividades econômicas em “áreas indispensáveis à segurança nacional” ou coordenar a governança de programas estratégicos para o desenvolvimento nacional, como o programa nuclear ou o aeroespacial. 
Após assumir a chefia de Estado, o presidente Michel Temer rapidamente demonstrou subscrever o raciocínio que inspirou a criação do que hoje chamamos GSI. Como deputado constituinte, ele próprio, em 1988, ajudou a assentar o entendimento de que aquele antigo Conselho de Segurança Nacional, agora rebatizado Conselho de Defesa Nacional, tem por objetivo orientar o presidente da República “nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático”. Natural, portanto, que o Gabinete de Segurança Institucional, que continua a coordenar os trabalhos daquele organismo, tivesse de se preparar adequadamente para cumprir as suas funções. 
De lá para cá, os progressos mais notáveis se deram no domínio da inteligência. Em pouco mais de dois anos pudemos iniciar a recomposição do quadro de pessoal da Abin e expandir a sua presença internacional, hoje escorada em 20 adidâncias pelo mundo (vocação natural de uma agência de inteligência de Estado). 
Para além disso, nesse mesmo período a atividade de inteligência experimentou um enorme aperfeiçoamento legal. Com a adoção de uma Política Nacional de Inteligência, em junho de 2016, e dos documentos subsidiários que a complementam, a comunidade de inteligência passou a contar com um referencial normativo muito mais claro sobre que riscos e ameaças deve monitorar na defesa dos valores do próprio Estado democrático. 
Essa foi apenas uma das manifestações da atenção que o atual presidente dispensou às atividades coordenadas pelo GSI. Muito desse zelo se deve ao reconhecimento do patriotismo com que os profissionais do Gabinete de Segurança Institucional o assessoraram na tomada de decisões de Estado. Mas outro tanto se deve à correta percepção de que um país como o Brasil, com a inserção internacional que as suas próprias dimensões lhe impõem, e com os enormes desafios postos à sua segurança e ao seu desenvolvimento, precisa aprimorar continuamente seu processo de reflexão e decisão acerca dos temas mais estratégicos. 
Consideremos temas como o tráfico internacional de drogas e armas, que estão na gênese da insegurança que campeia em todas as regiões do nosso país; pensemos na grave crise política e social vivida por um país vizinho e amigo, caso da Venezuela, e nas repercussões dramáticas que essa situação impôs a uma das regiões mais remotas do nosso país, com o afluxo inaudito de migrantes; levemos em conta a necessária coordenação de ministérios e agências imprescindíveis para que avancemos em nossos programas nuclear ou aeroespacial, em pleno respeito aos nossos compromissos internacionais; tenhamos em mente, por fim, a conveniência de atualização de nosso marco normativo sobre a exploração de recursos estratégicos, tais como o urânio e o nióbio – e concluiremos que o Conselho de Defesa Nacional será cada vez mais um elemento imprescindível no processo decisório de mais alto nível em nosso país. 
Investir-se plenamente dessa função, chamando a si a obrigação de trazer à mesa, regularmente, todos os ministérios e agências competentes, para daí extrair os elementos que ajudarão o chefe de Estado na tomada de decisão, esse é o maior desafio posto à atuação futura do GSI. À luz da experiência acumulada em 80 anos de atuação, e graças aos avanços obtidos nos últimos dois anos, parece claro que o Gabinete de Segurança Institucional está inteiramente capacitado para exercê-la a contento, mantendo em evidência o compromisso expresso no seu lema: “Trabalhar para a garantia da segurança do Estado Brasileiro”. 
*GENERAL DE EXÉRCITO, É DESDE MAIO DE 2016 O MINISTRO-CHEFE DO GABINETE DE SEGURANÇA INSTITUCIONAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Tocqueville, sobre academicos e politicos: correto sobre ambos... - comentario por Paulo R. Almeida

Retraduzido do inglês:

Eu já cruzei com homens de letras que escreveram sobre a história sem ter tomado parte em assuntos públicos, e com políticos que se ocuparam de produzir eventos sem jamais pensar sobre eles.
Eu observei que os primeiros estão sempre inclinados a buscar causas gerais, enquanto os segundos, vivendo em meio a fatos diários desvinculados entre si, são levados a acreditar que tudo é devido a incidentes específicos, e que os fios que eles movimentam são os mesmos que movimentam o mundo.
É de se presumir que ambos estão igualmente equivocados.

Alexis de Tocqueville

Extraído do frontspício do clássico de Graham Allison e Philip Zelikow:
Essence of Decision: Explaining the Cuban Missile Crisis
(2nd edition; New York: Longman, 1999, 416 p.; ISBN: 0-321-01349-2)

Na introdução a esse clássico, os autores dizem que "The Cuban missile crisis stands as a seminal event." (p. 1), no sentido em que ela sucitou uma nova fase da Guerra Fria, novos procedimentos, e alguma contenção na corrida maluca aos extremos que estava representada pela "doutrina" do MAD, Mutual Assured Destruction, ou seja, o pacto de aniquilamento recíproco que guiava as estratégias (ou táticas?) de dissuasão entre os dois principais contendores da Guerra Fria.
O mesmo poderia ser dito, e foi dito por George Kennan, da Grande Guerra (1914-1918), descrita por ele como "the greater seminal event of the 20th century", aquele do qual derivaram todas as tragédias do século mais mortal de toda a história humana.

Voltando ao Tocqueville, preciso buscar o locus dessa citação, mas desde já concordo com o publicista e grande pensador francês: acadêmicos estão sempre pretendendo generalizar eventos singulares e deles extrair causas gerais, geralmente inutilmente, enquando políticos, que são homens práticos, vivem apenas cada momento, sem pensar nos antecedentes ou consequentes.
Enfim, para que servem os pensadores que ficam encontrando falhas em todos os demais mortais comuns? 
Para nosso prazer intelectual, unicamente.
Acho que isso basta...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 29/07/2017

sábado, 10 de novembro de 2012

Processos decisorios na diplomacia brasileira - artigo PRAlmeida

Meu mais recente artigo publicado, que talvez possa interessar os que trabalham sobre a questão: 

1707. “Processos decisórios no âmbito da política externa do Brasil” 
Revista Porto (Natal: Programa de Pós-Graduação em História da UFRN; vol. 1, n, 2, 2012, p. 24-43; link:http://periodicos.ufrn.br/index.php/porto/article/download/2196/1612). 
Relação de Originais n. 2369.