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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quinta-feira, 15 de julho de 2021

Bolsovirus: um presidente vulgar no extremo limite da expressão: Editorial da IstoÉ - Carlos José Marques

 Confesso que existem certas coisas que não merecem destaque e das quais eu preferiria passar longe. 

Mas cabe, neste meu quilombo de resistência intelectual, registrar o horror que estamos vivendo, com um presidente chulo, tosco, vulgar, pestilento, uma escória de pessoa, e não sou eu quem invento nada: é o próprio que se desqualifica e diminui o Brasil com os mais sórdidos palavrões e expressões. O homem não tem limites, e ainda pretende provocar confusão.

Já vou tomar uma atitude RADICAL: imputo plena RESPONSABILIDADE pela continuidade desse DESPREZÍVEL dirigente aos MILITARES que o circundam, e que o sustentaram na sua ascensão ao poder, junto com políticos oportunistas e com empresários calhordas. São eles os responsáveis pela manutenção desse verme no poder.

Transcrevo o editorial.

Paulo Roberto de Almeida


Crescimento real per capita; o afundamento de Argentina, Cuba e Venezuela, quase estagnação do Brasil - Maddison Project

 Para dirimir quaisquer dúvidas sobre o desempenho econômico comparado de alguns poucos países latino-americanos em relação ao PIB per capita dos Estados Unidos, coletei alguns dados a partir do Maddison Project, a melhor fonte para esse tipo de visualização histórica-comparativa.

Resulta que no início do século XX, os cubanos eram duas vezes mais ricos que os brasileiros e os argentinos estavam mais de cinco vezes à nossa frente. A Venezuela, embora ainda relativamente mais rica, ainda não tinha deslanchado para o maná do petróleo. A situação começa a se alterar no pós-Segunda Guerra, quando a Argentina aprofunda o seu declínio econômico, a Venezuela ostenta uma exuberância do novo rico e o Brasil começa a despontar para mais de um quinto do PIB per capita dos EUA. 


Como se vê pela tabela, o socialismo em Cuba e na Venezuela, e o estatismo na Argentina e no Brasil fizeram muito mal aos cidadãos desses países, na comparação com a riqueza dos americanos. Simplesmente ficamos para trás, alguns países mais do que outros. 

Paulo Roberto de Almeida

O pacote de US$ 3,5 trilhões para tentar colocar os EUA na frente de todos: vai funcionar? - Olivier Knox (WP)

 Apenas um país que pratica a TMM sem qualquer teoria, nem moderna, apenas monetária, consegue fazer esse tipo de injeção que vale por um pelotão de Keynes alinhados no Congresso.

Pode dar certo, pode não dar, mas só um país que pode exportar metade dos seus problemas para o resto do mundo, pois que possui soberania monetária (e daí pode praticar exuberâncias arrogantes) e exporta um pouco da sua inflação para os demais países, se permite trabalhar com essa ordem de grandeza.

Que não se tente fazer o mesmo aqui.

Esta matéria do Washington Post explica o que vem pela frente: não tem comparação com o New Deal, como pretendem os sabichões.

Paulo Roberto de Almeida 

Here are some of the big things in the Democrats' $3.5 trillion plan

By Olivier Knox
with Mariana Alfaro
The Daily 202, The Washington Post, July 15, 2021


President Biden traveled yesterday to his professional home for decades, the Senate, to pitch lawmakers face-to-face on a $3.5 trillion budget proposal that may be the largest effort to retool American government since the New Deal.  

Congress and the news media have started to go through what’s in the colossal project  it turns out $3.5 trillion buys quite a lot of projects and priorities, as long as you can keep your party unified, with a zero-vote margin of error in the Senate. 

The road to passage is torturous, but the Democratic proposal packs a presidency’s worth of policy (with a corresponding price tag), and might be the Democrats’ best shot at enacting Biden’s agenda before midterm elections in which they could very well lose control of Congress.

President Biden speaks briefly to reporters after having lunch with Senate Democrats at the U.S. Capitol on Wednesday. (Drew Angerer/Getty Images)

President Biden speaks briefly to reporters after having lunch with Senate Democrats at the U.S. Capitol on Wednesday. (Drew Angerer/Getty Images)

My colleagues Jeff Stein and Tony Romm reported

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Content from Blue Cross Blue Shield Association
Expanding access to close the low-income coverage gap

Millions of people could gain access to high-quality health care by expanding Medicaid.

Let’s close the low-income coverage gap and create a more equitable health care system.

 

Senate Democrats on Wednesday offered fresh details about their sweeping $3.5 trillion budget proposal, promising that it would augment Medicare coverage, lower prescription drug costs, invest heavily in new programs to combat climate change and tackle long-standing policy priorities on immigration. … 

The budget package would pave the way for hundreds of billions of dollars in areas including elder care, home care, child care, prekindergarten, and paid family and medical leave, its sponsors said. On health care, it would open the door for millions of seniors to obtain vision, dental and hearing coverage on Medicare and allow more low-income families to enroll in Medicaid. And it would aid parents by extending the recently expanded child tax credit, the full benefits of which will start to be paid out this week.” 

Jeff and Tony note Democrats “plan to fund much of the proposal with new taxes on wealthy Americans and corporations,” which is as much a policy goal for the party as what that money pays for. 

My colleagues Seung Min Kim, Tony Romm, Mike DeBonis, and Marianna Sotomayor have a detailed look at Biden’s field trip and note this: 

“[A] long process lies ahead: Many of the party’s most ambitious spending ideas have yet to be translated into actual policies. On thorny issues like health care, immigration, climate change and taxes, the debate easily could take months and antagonize existing political fissures within the Democratic caucus, souring the current mood.” 

 

They also give a sense of the scale of the work ahead: “[I]t includes plans to enact a pathway to permanent residency for immigrants who lack legal status, although how that program would be shaped is to be determined.” 

There’s quite a bit of spending to fight the climate crisis something progressives are likely to cheer even as pivotal centrist swing voter Sen. Joe Manchin III (D-W.Va.) has declared those provisions make him “very, very disturbed.” 

That’s not great for Democrats, who need all 50 of their senators to stick together to pass the proposal in the evenly divided Senate using a tactic called reconciliation that requires zero GOP support. 

At the New York Times, Lisa Friedman reports

Democrats have agreed to include a tax on imports from nations that lack aggressive climate change policies as part of a sweeping $3.5 trillion budget plan stocked with other provisions aimed at ratcheting down fossil fuel pollution in the United States. 

 

The move to tax imports was made public Wednesday, the same day that the European Union outlined its own proposal for a similar carbon border tax, a novel tool that is designed to protect domestic manufacturing while simultaneously pressuring other countries to reduce the emissions that are warming the planet. 

The two actions in concert suggest that government leaders are turning toward trade policy as a way to attack climate change.” 

Lisa notes the plan “also includes a number of significant Democratic priorities on climate change, including a mechanism known as a clean electricity standard that would require power companies to gradually ratchet up the amount of electricity they generate from wind, solar and other sources until they’re no longer emitting carbon dioxide. 

There are also new tax breaks for wind, solar and other renewable energy, as well as electric vehicles, a ‘methane reduction fee’ and funding for a civilian climate corps, modeled after New Deal-era programs, to create jobs in addressing climate change and conservation, according to lawmakers. The plan does not specify how much money will be allocated to the various programs.” 

While Manchin, as the senator from a coal state, might be “very, very disturbed,” climate activists seem quite pleased, according to Matthew Daly of the Associated Press, who reported environmental groups are predicting “it would make ‘transformational investments’ in clean energy and jobs and put the nation on a path to cut greenhouse emissions by at least 50% by 2030. The plan also would move the country toward a carbon-free electric grid by 2035, with 100% of U.S. electricity powered by solar, wind, nuclear and other clean energy sources.” 

Matthew notes Manchin “signaled he will oppose plans to curb subsidies for fossil fuels such as coal and natural gas. Both fuels are crucial to his rural state’s economy. … 

Eliminating fossil fuels, which are major contributors to global warming, ‘won’t happen,’ Manchin told reporters Wednesday. ‘It can’t happen and it doesn’t do a darn thing but makes the world worse.’


Cuba: antes e depois da revolução de Fidel, destruidora da economia - Jayro Longuinho de Franco

Recebido de um amigo do FB, dando o crédito a quem parece merecer...


 Como se sabe, os admiradores da Revolução Cubana costumam pintar um falso quadro da Perla del Caribe, tanto no que se refere a antes de 1959, como no que se refere a depois desta data da grande mudança levada a cabo por El Coma Andante Fidel Castro y los barbudos.

Jayro Longuinho de Franco

Em 1959, Cuba era um país semi-industrializado, mas com um padrão razoável de vida, graças ao intenso turismo com seus magníficos cassinos e suas belas praias. É verdade que ainda tinha grandes bolsões de pobreza, principalmente nas suas grandes fazendas de cana-de-açúcar e de tabaco.

Depois de 1959, Cuba continuou um país semi-industrializado, tendo sua produção agrícola subsidiada pela URSS em troca de produtos industrializados soviéticos. O fato é que a URSS nada fez para promover a industrialização da Ilha.

[Revoluções comunistas só ocorreram, até hoje, em países semiagrários ou semi-industrializados, como Rússia, China, Coreia do Norte, Cuba, países africanos, etc., só para contrariar Karl Marx, o profeta caolho, que aguardava a revolução em países capitalistas avançados, como a Inglaterra e a Alemanha].

Com a dissolução da URSS quarenta anos depois (1989), a situação socioeconômica de Cuba piorou, mas em breve tempo continuou sendo salva da desgraça completa, graças aos petrodólares de Hugorila Chávez.

E hoje parece ter ganho um novo alento com o restabelecimento diplomático feito pelo socialista Barack Obama abençoado por um Papa igualmente socialista. No entanto, é bastante duvidoso que o fim do bloqueio comercial – ainda não aprovado pelo Congresso Americano – venha a produzir um grande desenvolvimento socioeconômico em Cubanacan, misterioso país del amor.

Iremos apresentar em seguida um breve relato dos pontos positivos de Cuba antes da Revolução de 1959. Ao lê-lo, o leitor certamente será levado a perceber que Cuba ficou muito pior do que estava antes de 1969 e que perdeu todas as expectativas que tinha de um futuro promissor.

“A primeira nação da América espanhola, incluindo a Espanha e Portugal, que utilizou máquinas e barcos a vapor foi Cuba, em 1829. A primeira nação da América Latina e a terceira no mundo (atrás da Inglaterra e dos EUA), a ter uma ferrovia foi Cuba, em 1837. Foi um cubano que primeiro aplicou anestesia com éter na América Latina em 1847. A primeira demonstração, em nível mundial, de uma indústria movida a eletricidade foi em Havana, em 1877.

Em 1881, foi um médico cubano, Carlos J. Finlay, que descobriu o agente transmissor da febre amarela e definiu sua prevenção e tratamento. O primeiro sistema elétrico de iluminação em toda a América Latina (incluindo Espanha) foi instalado em Cuba, em 1889. Entre 1825 e 1897, entre 60 e 75% de toda a renda bruta que a Espanha recebeu do exterior veio de Cuba. Antes do final do Século XVIII Cuba aboliu as touradas por considerá-las “impopulares, sanguinárias e abusivas com os animais”.

O primeiro bonde [elétrico] que circulou na América Latina foi em Havana em 1900. Também em 1900, antes de qualquer outro país na América Latina, foi em Havana que chegou o primeiro automóvel.

A primeira cidade do mundo a ter telefonia com ligação direta (sem necessidade de telefonista) foi em Havana, em 1906. Em 1907, estreou em Havana o primeiro aparelho de Raios-X em toda a América Latina. Em 19 maio de 1913, quem primeiro realizou um voo em toda a América Latina foram os cubanos Agustin Parla e Rosillo Domingo, entre Cuba e Key West, que durou uma hora e quarenta minutos.

O primeiro país da América Latina a conceder o divórcio a casais em conflito foi Cuba, em 1918. O primeiro latino-americano a ganhar um campeonato mundial de xadrez foi o cubano José Raúl Capablanca, que, por sua vez, foi o primeiro campeão mundial de xadrez nascido em um país subdesenvolvido. Ele venceu todos os campeonatos mundiais de 1921-1927

Em 1922, Cuba foi o segundo país no mundo a abrir uma estação de rádio e o primeiro país do mundo a transmitir um concerto de música e apresentar uma notícia pelo rádio. A primeira locutora de rádio do mundo foi uma cubana: Esther Perea de la Torre.

Em 1928, Cuba tinha 61 estações de rádio, 43 delas em Havana, ocupando o quarto lugar no mundo, perdendo apenas para os EUA, Canadá e União Soviética. Cuba foi o primeiro no mundo em número de estações por população e área territorial.

Em 1937, Cuba decretou pela primeira vez na América Latina, a jornada de trabalho de 8 horas, o salário mínimo e a autonomia universitária. Em 1940, Cuba foi o primeiro país da América Latina a ter um presidente da raça negra, eleito por sufrágio universal, por maioria absoluta, quando a maioria da população era branca. Ela se adiantou em 68 anos aos Estados Unidos. Em 1940, Cuba adotou a mais avançada Constituição de todas as Constituições do mundo.

Na América Latina foi o primeiro país a conceder o direito de voto às mulheres, igualdade de direitos entre os sexos e raças, bem como o direito das mulheres trabalharem.

O movimento feminista na América Latina apareceu pela primeira vez no final dos anos trinta em Cuba. Ela se antecipou à Espanha em 36 anos, que só vai conceder às mulheres espanholas o direito de voto, o de posse de seus filhos, bem como poder tirar passaporte ou ter o direito de abrir uma conta bancária sem autorização do marido, o que só ocorreu em 1976.

Em 1942, um cubano se torna o primeiro diretor musical latino-americano de uma produção cinematográfica mundial e também o primeiro a receber indicação para o Oscar norte-americano. Seu nome: Ernesto Lecuona. O segundo país do mundo a emitir uma transmissão pela TV foi Cuba em 1950. As maiores estrelas de toda a América, que não tinham chance em seus países foram para Havana para atuarem nos seus canais de televisão.

O primeiro hotel a ter ar condicional em todo o mundo foi construído em Havana: o Hotel Riviera em 1951. O primeiro prédio construído em concreto armado em todo o mundo ficava em Havana: o Focsa, em 1952. Em 1954, Cuba tem uma cabeça de gado por pessoa. O país ocupava a terceira posição na América Latina (depois de Argentina e Uruguai) no consumo de carne per capita. Em 1955, Cuba é o segundo país na América Latina com a menor taxa de mortalidade infantil (33,4 por mil nascimentos).

Em 1956, a ONU reconheceu Cuba como o segundo país na América Latina com as menores taxas de analfabetismo (apenas 23,6%). As taxas do Haiti eram de 90%; e Espanha, El Salvador, Bolívia, Venezuela, Brasil, Peru, Guatemala e República Dominicana, 50%. Em 1957, a ONU reconheceu Cuba como o melhor país da América Latina em número de médicos per capita (1 por 957 habitantes), com o maior percentual de casas com energia elétrica, depois do Uruguai; e com o maior número de calorias (2870) ingeridas per capita.

Em 1958, Cuba é o segundo país do mundo a emitir uma transmissão de televisão a cores. Em 1958, Cuba é o país da América Latina com maior número de automóveis (160.000, um para cada 38 habitantes). Era quem mais possuía eletrodomésticos. O país com o maior número de quilômetros de ferrovias por km2 e o segundo no número total de aparelhos de rádio. Ao longo dos anos cinquenta, Cuba detinha o segundo e terceiro lugares em internações per capita na América Latina, à frente da Itália e mais que o dobro da Espanha.

Em 1958, apesar da sua pequena extensão e possuindo apenas 6,5 milhões de habitantes, Cuba era a 29ª economia do mundo. Em 1959, Havana era a cidade do mundo com o maior número de salas de cinema: 358, batendo Nova York e Paris, que ficaram em segundo lugar e terceiro, respectivamente.

E depois o que aconteceu? Veio a Revolução comunista com seus amigos absolutistas.” 

Jayro Longuinho de Franco, colhido na Internet.

O grande ECOCIDA - Claudio Angelo (Blog da Companhia)

 O jornalista que primeiro detectou que o antiministro do 1/2 ambiente era um ECOCIDA relembra nesta matéria incontornável todos os seus alertas sobre o criminoso que fez mais mal ao Brasil, interna e externamente, do que o patético e pateta do ex-chanceler acidental: Ernesto era apenas ridiculo em suas investidas contra o dragão do comunismo. Salles destruiu o meio ambiente no Brasil, tudo isso a mando do degenerado, genocida e ecocida que lhe encomendou o serviço. Ambos merecem cadeia brava.

Paulo Roberto de Almeida


Ricardo e eu

Claudio Angelo

Da Casa, 14 de Julho de 2021 às 16:20

 

Jamais senti por outro homem o que senti por Ricardo. Ele fazia meu coração disparar como se fosse sair pela boca. Me dava descargas de adrenalina. Ver seu rosto me causava aquela coisa no estômago que a gente tem quando alguém mexe demais com a gente. Depois de um certo tempo, eu tremia só de ouvir sua voz. Minhas mãos suavam. Minha respiração se alterava. Ricardo me virou do avesso. Me deixou prostrado. Me adoeceu.

Não é para me gabar, mas eu já odiava Ricardo antes de isso virar modinha. Anos antes de Alexandre armar aquele barraco com ele em público. Muito antes de jornalistas equilibrados perderem a linha e o chamarem de “sinistro” no Twitter. Muito antes de a imprensa estrangeira se referir a ele como bête noire e de representantes de outras nações pedirem às suas equipes para checar os bolsos depois de reuniões com ele. Antes de o #ForaRicardo virar trending topic. Os neófitos que me perdoem, mas eu faço parte de um seleto grupo de pessoas que não se deixaram enganar por Ricardo nem por um segundo.

Paguei um preço por minha consistência. No dia em que Ricardo foi nomeado, em dezembro de 2018, e minha organização precisou emitir uma nota pública a respeito, um colega achou demais chamá-lo de “ecocida” assim, de cara. Me fez cortar a palavra da nota. Uma pessoa que eu então admirava me fez uma crítica pública pelo tom “agressivo” que eu e Carlos imprimíramos à comunicação da organização sobre Ricardo. André me pediu para “apagar o lança-chamas”. Cláudio perguntava se não estávamos exagerando. Era começo de governo, argumentava-se, e era preciso dar a Ricardo o benefício da dúvida. Bem ou mal, era o que tinha para hoje, era preciso sentar para negociar, não dava para explodir pontes etc. etc.

Só que eu tinha uma bola de cristal. Ela se chamava Maurício Tuffani.

Tuffa, como o chamávamos, era um jornalista experiente que cobriu com régua e compasso as aprontações de Ricardo quando este ocupou a secretaria de Meio Ambiente de seu Estado. Ouviu pesquisadores, servidores públicos, procuradores, levantou documentos ocultos e mostrou, numa série de reportagens, que Ricardo trabalhara consistentemente para desmontar a secretaria de Meio Ambiente em favor de interesses de industriais, mineradores, incorporadoras. O secretário acumulara uma série de inquéritos no Ministério Público até ser pressionado pelo próprio partido (o PP, daquele outro Ricardo) a entregar o cargo, em agosto de 2017. Em dezembro de 2018, foi condenado em primeira instância por improbidade administrativa num processo por fraude ambiental – e feito ministro mesmo assim, apesar de a sentença lhe cassar os direitos políticos por três anos. Não era preciso ter lido Keynes três vezes no original para entender que, ao escalar Ricardo para um ministério que ele desejava fechar, Jair esperava que ele entregasse a segunda melhor coisa possível: desossar a pasta até que, na prática, ela virasse uma casca vazia.

Ricardo cumpriu a missão com louvor. Com o passar dos meses, foi mostrando mais claramente a que viera. Antes de maio de 2019, quando chamou uma coletiva para supostamente denunciar as ONGs por corrupção com o Fundo Amazônia e foi desmentido por ninguém menos que a Controladoria-Geral da União, meus críticos já estavam todos no meu time (à exceção da pessoa que não nomearei, que até hoje não entendeu que a gramática do poder mudou no Brasil). Um diplomata estrangeiro me agradeceu por ter sido a primeira pessoa a alertá-lo sobre com quem ele estava lidando.

Nesse meio-tempo Ricardo me ligou. Eu havia acabado de publicar um artigo sobre ele numa revista de grande circulação, na semana em que ele confessou ao país não saber quem era Chico Mendes e nunca ter lido um livro sobre meio ambiente. Era uma manhã de sábado e eu estava dirigindo quando o celular tocou, a caminho de uma cidade onde fiquei o dia todo sem conexão. Não retornei. Jamais soube o que ele queria.

Em junho, no dia de seu aniversário, Ricardo me levou às lágrimas ao conseguir um feito que todos os observadores da área ambiental no Brasil julgavam impossível: reunir presencialmente sete ex-ministros do Meio Ambiente em São Paulo. Todos denunciaram o desmonte que ele estava promovendo no edifício da governança ambiental brasileira, que desde 1988, com mais ou menos ênfase, vinha sendo construído e aprimorado. Eram pessoas de estilos e formações ideológicas distintas, que em diversas ocasiões já haviam quebrado o pau publicamente. Botar Marina e Izabella numa mesma foto não é para qualquer um. Ricardo conseguiu, ao ameaçar o legado de ambas. Elas descobriram que há muito mais a uni-las do que a separá-las.

Mais do que tudo o que ele fazia, o que me tirava do prumo com Ricardo era a maneira como fazia. O sujeito era tão bom de retórica que poderia estar rico trabalhando honestamente como advogado. Mentia e inventava dados sem enrubescer, a ponto de ter me obrigado a criar um site para checar seus discursos e suas entrevistas. Era um ignorante orgulhoso, um sofista de primeira linha, um mestre da erística como poucos que este país já viu. Todas as vezes que foi convocado a dar explicações no Congresso Ricardo passeou em cima de deputados e senadores – exceto em uma, numa sessão comemorativa ao Dia do Meio Ambiente no Senado, em que foi vaiado, chamado de mentiroso pela plateia e fugiu.

A maneira como manipulava a imprensa mereceria uma disciplina inteira nas faculdades de jornalismo. Primeiro, amordaçou todos os órgãos vinculados ao ministério para que toda a informação sobre a política ambiental federal fosse transmitida exclusivamente por ele. Ensinou o governo de Jair a não responder à imprensa quando questionado, para poder “dar título”, como dizemos, duas vezes no jornal: uma quando levava a paulada e outra quando, no dia seguinte, chamava os jornalistas para dar sua versão dos fatos e dizer que nada do que fora publicado era verdade. Escolhia os profissionais aos quais dava “furos” sobre sua não-gestão (factoides que nunca foram implementados) entre os que tinham muito prestígio nas redações e nenhuma ideia sobre o que era a área ambiental. Até que parassem de cair na patranha se passaram dois anos, e Ricardo conseguiu gerar muito “buzz” na mídia.

Ele era como um mestre de aikidô, a arte marcial em que se usa a força do adversário para derrubá-lo: aproveitava-se dos cânones de trabalho do jornalismo e dos hábitos arraigados dos jornalistas (sempre ouvir o outro lado, buscar acesso a informações privilegiadas junto a pessoas que detêm o poder, entender que tudo o que vem de governo, a princípio, é notícia) para usar a imprensa a seu favor. Funcionou: nunca na história tantos brasileiros souberam o nome e o sobrenome do ministro do Meio Ambiente. O propósito de Ricardo era ficar conhecido para se candidatar a algum cargo eletivo. Sua última campanha para deputado federal, em 2018, aquela em que prometia balas de fuzil contra “a esquerda e o MST”, não tinha dado muito certo.

A casa de Ricardo caiu em junho de 2021. A metafórica, não a da rua Honduras. Franco mandou dar uma batida em sua residência, Alexandre autorizou a quebra de seus sigilos, o outro Alexandre o denunciou para Cármen, que mandou apreender seu passaporte. Ricardo se foi enfim em 23 de junho, mas nos deixou o amigo Joaquim no seu lugar e um ministério que precisará ser reconstruído quase do zero em 2023 – isso se Arthur não derrubar todas as leis ambientais do país até lá. Tuffa, infelizmente, não pôde testemunhar o grande dia: morreu em 31 de maio, aos 63 anos. Ricardo submerge agora, mas anote aí: ele voltará em 22. Se estiver solto.

Nos últimos dias até pensei em ligar para Ricardo, mandar um “oi sumido”, saber como ele vai e perguntar, afinal, o que ele queria comigo naquele sábado de manhã nublado de 2019. Mas aí lembrei que ele está sem telefone: o celular cujo número tenho anotado até hoje aqui, com a foto de Ricardo e seus indefectíveis oclinhos de tartaruga, está na mão da Polícia Federal, sendo periciado nos Estados Unidos. Quem sabe eu não levo uns cigarros para ele qualquer dia desses onde quer que ele esteja.


Claudio Angelo nasceu em Salvador, em 1975. Foi editor de ciência do jornal Folha de S.Paulo de 2004 a 2010 e colaborou em publicações como Nature, Scientific American e Época. Foi bolsista Knight de jornalismo científico no MIT, nos Estados Unidos. Lançou, em 2016, pela Companhia das Letras o livro A espiral da morte, sobre os efeitos do aquecimento global, ganhador do Prêmio Jabuti na categoria Ciências da Natureza, Meio Ambiente e Matemática.

#ForaRicardo

Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

 

Vasco Leitão da Cunha: laços diplomáticos entre Brasil e União Soviética durante a ditadura - Lourival Santana (OESP)

 Livro revela laços diplomáticos entre Brasil e União Soviética durante a ditadura

        
Lourival Sant'Anna
O Estado de S. Paulo, 14 de julho de 2021 | 14h35


A União Soviética pressionou em 1964 o recém-instalado regime militar a não abrigar no Brasil um governo cubano no exílio, de oposição a Fidel Castro. A revelação está no novo livro do diplomata brasileiro Henri Carrières, “A gestão de Vasco Leitão da Cunha no Itamaraty e a Política Externa Brasileira”, que reúne, em dois volumes, 170 documentos do período entre 1964 e 1965, muitos deles originalmente sigilosos.

Na insólita data de 30 de dezembro de 1964, o diplomata Celso Diniz, chefe da Divisão de Europa Oriental no Itamaraty, foi convidado para um almoço na embaixada soviética.

De acordo com memorando secreto assinado por Diniz, o embaixador da URSS no Brasil, Andrei Fomin, “declarou-se seriamente preocupado com as especulações ultimamente veiculadas pela imprensa brasileira sobre a possibilidade de constituição de um governo cubano no exílio, com sede no Brasil”.

Fomin advertiu que “tal iniciativa seria certamente interpretada como uma agressão ao campo socialista, com gravíssimas repercussões internacionais”.
Se isso se concretizasse, “os países socialistas poderiam ver-se compelidos, por força do princípio de solidariedade, a interromper suas relações com os países que viessem a apoiar tal governo no exílio, e mesmo a tomar outras medidas mais sérias, em retaliação”.

O chanceler Leitão da Cunha havia se reunido em 17/12/1964, em Washington, com o ex-presidente cubano Carlos Prío Socarrás, que “exortou o Brasil a reconhecer um governo cubano no exílio”. Socarrás foi deposto em 1952 por Fulgencio Baptista, por sua vez derrubado pela Revolução Cubana em 1.º de janeiro de 1959. Leitão da Cunha conhecia bem Cuba: ele era embaixador em Havana na época da revolução, pela qual manifestou simpatia, inicialmente. E chegou a desenvolver certa proximidade com Fidel Castro.

Em entrevista publicada em 2/3/1965 pelo jornal mexicano La Prensa, Leitão da Cunha declarou, a propósito do possível reconhecimento de um governo de exilados cubanos, que “estudaria a solicitação com o critério de um governo revolucionário, que lutou contra o comunismo no Brasil e tem reafirmado sua posição contrária à permanência do comunismo em nosso continente”.

Duas semanas depois, em entrevista ao Jornal do Brasil, o escritor Rubem Braga criticou o chanceler pela “dúbia complacência com que ele encara a possibilidade de se instalar no Brasil um governo cubano de exílio”.

Durante a reunião, antes de fazer a advertência, “o embaixador Fomin se referiu à Revolução brasileira de 31 de março, reafirmando tratar-se de problema exclusivamente brasileiro e que seu país, como tem feito até aqui, se absterá de intervir, sob qualquer forma ou pretexto, no processo político brasileiro, esforçando-se, ao contrário, para melhorar e aperfeiçoar suas relações com o Brasil, em todos os terrenos”.

O golpe militar teve como objetivo declarado evitar que o Brasil sucumbisse ao comunismo e se tornasse mais um satélite da União Soviética, a exemplo do que havia acontecido com Cuba. Entretanto, o governo brasileiro demonstrou preocupação em não romper com a chamada Cortina de Ferro.

Mais que isso, houve uma decepção gradual com a falta de engajamento dos Estados Unidos nas questões latino-americanas, enquanto a Guerra do Vietnã consumia as energias das políticas externa e de defesa americana. “A realidade do relacionamento não se mostrou à altura das expectativas do governo brasileiro”, observa Carrières.

Em 1965, o presidente Humberto Castello Branco chamou de volta ao Brasil o embaixador em Washington, Juracy Magalhães, político experiente e muito alinhado com o governo. Acomodou-o por breve período no Ministério da Justiça e, em seguida, no Itamaraty. Para compensar Leitão da Cunha, de quem gostava pessoalmente, Castello Branco ofereceu-lhe a Embaixada em Washington. Além de ser uma figura de grande prestígio, Leitão da Cunha tinha boas relações com a equipe do presidente americano, Lyndon Johnson.

Ou seja, Leitão da Cunha e Magalhães fizeram um roque. Ambos acreditavam na necessidade de estreitar relações com os Estados Unidos, analisa Carrières, formado em história pela Universidade Federal Fluminense, com parte da graduação cursada na Universidade Paris VII, e hoje servindo justamente na embaixada do Brasil em Washington.

Ao mesmo tempo, numa amostra da dupla estratégia da política externa da época, Magalhães foi um entusiasta da viagem a Moscou do então ministro Roberto Campos, ícone do pensamento liberal e avô do atual presidente do Banco Central.

Em 11/9/1965, Magalhães disse ao presidente Castello Branco, no Palácio das Laranjeiras: “A missão do ministro do Planejamento em Moscou será, por certo, muito proveitosa. Tanto, talvez, quanto a missão Fulbright, que veio introduzir elementos novos na dinamização das nossas relações com os EUA”.

No auge da Guerra Fria, mesmo tendo maior convergência com os Estados Unidos, o regime militar não deixou de cuidar de seus interesses na relação com a superpotência soviética. E vice-versa: a URSS também cultivou o relacionamento com o Brasil.

A versão em PDF do livro está disponível gratuitamente nesse link: http://funag.gov.br/biblioteca-nova/produto/37-1151-1

https://internacional.estadao.com.br/blogs/lourival-santanna/livro-revela-lacos-diplomaticos-entre-brasil-e-uniao-sovietica-durante-a-ditadura/


ISBNs solicitados para livros de Paulo Roberto de Almeida, 2020-21

 ISBNs solicitados para livros de 

Paulo Roberto de Almeida, 2020-21

 

ISBN 

Título 

Subtítulo 

 


978-65-00-26410-4

Antonio Paim: uma homenagem ao grande historiador do liberalismo brasileiro

978-65-00-22215-9

O Itamaraty sob ataque, 2018-2021: a destruição da diplomacia pelo bolsolavismo

978-65-00-19254-4

Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira

978-65-00-06753-8

O panorama visto em Mundorama: ensaios irreverentes e não autorizados

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quarta-feira, 14 de julho de 2021

José Carlos Brandi Aleixo (SJ): 60 anos de ordenação - missa comemorativa, 16/07, 18h30

 José Carlos Brandi Aleixo (SJ): 60 anos de ordenação

Grande notícia: um intelectual, professor na UnB, na Católica, no Instituto Rio Branco, sacerdote que presidiu centenas de casamentos, comemorações e funerais de outros colegas professores, de diplomatas, um dos maiores intelectuais da Igreja Católica, da Sociedade dos Jesuitas, completa 60 anos de sacerdócio, uma data a ser festejada com ele.


How Will Brazil Navigate the US-China Rivalry? - Hussein Kalout (Americas Quarterly)

 Americas Quarterly, Washington DC – 14.3.2021

How Will Brazil Navigate the US-China Rivalry?

Both superpowers are pivotal to the country. Choosing is not an option.

Hussein Kalout

 

Historians may one day describe the escalating rivalry between the United States and China as the most important driver of contemporary international relations. As the mightiest power in the Western world since the fall of the Roman Empire, the U.S. is fighting to preserve its hegemony. As a challenger, China aims to restore its imperial might – not only as the greatest empire in the history of the East, but as a rising global superpower in its own right.

Their battle for the 21st century has begun, and – for better and for worse – Latin America has already become a critical staging ground. China seems to have gained the upper hand in recent years as a distracted Washington channeled most of its resources into unsuccessful military interventions in the Middle East, the global “War on Terror” and confronting a resurgent Russia as well as numerous crises at home.Throughout the past three U.S. administrations, the White House and State Department assigned only peripheral importance to Latin American countries, despite occasional rhetoric to the contrary. This strategic inertia has allowed China to overtake the U.S. as the main trading partner of Brazil and Argentina – the two largest economies in South America – and some other countries as well.

In Brazil, a new and pressing question has arisen: How to navigate this growing rivalry?

An array of internal and external actors seeks to frame Brazil’s path forward as a binary choice – that is, forcing Brazil to develop a deep relationship with either Washington or Beijing, but not both. The Donald Trump administration certainly framed this as a mutually exclusive choice. Since taking office in January, the Joe Biden administration seems to perceive Beijing in a broadly similar light. In Brazil, Jair Bolsonaro’s government has welcomed and even encouraged this Manichean view.However, it has met with stiff resistance in Brazil’s National Congress, business sector, and in the Foreign Ministry, where many believe that making such a binary choice violates the Brazilian national interest and reduces Brazil’s leeway amid the intensifying geostrategic clash of titans.

The magnitude and complexity of Brazil-U.S.-China relations are immense. For Brazil, navigating these relationships is not about making a binary choiceIt is about fine-tuning the nation’s indispensable relationships with the two greatest powers in the world.

This may be particularly true at a time when Brazil’s economy, stagnant or shrinking for the past decade, cannot afford to alienate large partners. In the trade sphere, Brazil’s dependence on China is significantly greater than its dependence on the United States. Brazilian exports to China in 2020 were more than triple its shipments to the U.S.

 

Of the 15 most exported Brazilian commodities, China is the main importer of 11, while the U.S. is the main importer of only twoMoreover, U.S. companies are the main competitors of Brazilian companies in the Asian and European markets. And, of the total investments in infrastructure in Brazil – a fundamental part of the country’s continued development – China by far surpasses the U.S., even though the latter continues to be a much larger source of foreign direct investments overall. These numbers reveal Brazil’s deep dependence on China when it comes to structural elements of the economy such as job creation, income, credit and investments.

But of course, trade and business cannot be the only aspects of Brazil’s relationships with foreign powers. The equation facing the country’s foreign policy thinkers is in fact much more complex.

 

A complex relationship

 

U.S.-Latin America relations have gone through numerous ups and downs, despite generally positive sentiment and some improvements in recent years. Today’s political classes are still scarred by the history of U.S. interventions in Latin America, often involving the overthrow of democratically elected governments such as Salvador Allende in Chile and João Goulart in Brazil during the Cold War. More recently, the Trump administration resuscitated the idea of the Monroe Doctrine while making threats of military intervention in Venezuela and lending support to Jeanine Áñez’s coup in Bolivia. Even among friends, the U.S.’ record as a dependable, trustworthy power has been put in doubt because of its history of betraying and abandoning its former allies. The examples in this list are plentiful: Saddam Hussein in Iraq, the Kurds in Syria, and the criticism of NATO and Europe, to name but a few. In contrast, Latin American governments tend to view China as both more consistent in its relationships and more prone to boost the region’s economies without staining its hands with the blood of their people.

At the same time, many Brazilians retain an admiration for the Founding Fathers of the United States – particularly for their construction of a nation based on the rule of law, the unequivocal separation of powers, democratic solidity and an enviable educational system. Similar admiration is not generally expressed towards China, in part because its long and storied history is not widely known or studied in Brazil. China is seen by the public as a faraway, mysterious, and exotic country.

The Brazilian view towards Washington, of course, is not monolithic. Internal political divisions frame many of the differing opinions on how the nation should interact with the United States. For instance, the Brazilian left is divided into two currents. The most radical see the U.S. as a constant threat to regional political stability. The influence of this group in Brazilian policymaking, however, is practically nonexistent. The second current, with a more pragmatic view, understands that despite having valid reasons to distrust the U.S., it is necessary for Brazil to maintain good relations with Washington. This latter group believes that the two countries have considerable room for cooperation, particularly in the fields of human rights, education, trade, and the environment.

We can identify two distinct views on the political right as well. The first, a minority position, claims that the subordination of Brazilian interests to those of the U.S. during the Cold War saved Brazil from “communism” and domestic subversive elements – ostensibly including in that group anyone who opposed Brazil’s authoritarian military regime. Juracy Magalhães, a well-known conservative politician in Brasília and foreign minister under the military regime, had a famous phrase that is sometimes still invoked by adherents of this belief: “What is good for the U.S. is good for Brazil.” Today, the most prominent proponents of these sentiments are President Jair Bolsonaro and his supporters. For them, a close and friendly relationship between Brasília and Washington is not enough. They believe Brazil should instead pledge unconditional alignment to the U.S. policy, something Bolsonaro sought to create while Trump was in office.

The less radical viewpoint found on the Brazilian right – and, I believe, the more commonly held one, frames the relationship with the U.S. as a source of prosperity, opportunity, and development, but still tends to harbor some reticence about the supercilious behavior of the U.S. towards developing countries. Adherents to such a view tend to favor a close bilateral relationship, but not one of automatic and unconditional alignment with Washington.

Critically, the radicals on the left and the right alike constitute only a minority. Taken together, those who prefer unconditional alignment and those who advocate for staunch U.S. containment may represent the views of less than a fifth of the Brazilian population. This minority can be noisy and disruptive, though. The right-wing extremists were able to gain decisive influence in the decision-making process, as we have seen under the Bolsonaro administration and in the beginning of the military cycle inaugurated in 1964. The other two subgroups, more realistic and pragmatic, represent the majority viewpoint of those who find themselves on the right and the left of the political spectrum. The more moderate positions are even stronger in the most influential segments of Brazilian society, such as the private sector, parliamentarians, the military, diplomats, journalists, academics, scientists and public intellectuals. This is not a guarantee that a more moderate view will always prevail, but it is a powerful undercurrent force that should be reckoned with.

Global stage

For Brazilian state institutions, whose raison d’être involves upholding the country’s national interest, the current majority assessment holds that Brazil should not treat the two relationships as mutually exclusive – now or in the future. Any effort to determine a possible preference between the U.S. and China should be based on past practical experiences, objective data, and the treatment of Brazil by each power.

In the view of the Brazilian diplomatic corps, for example, the relationship between Brasília and Washington over the last 20 years has not lived up to expectations. During this period, Brazil has waited for a recognition that has never materialized. The U.S. has consistently supported rivals against Brazilian candidates in elections to multilateral forums such as the WTO and FAO. The Chinese, on the other hand, offered their votes to the Brazilian candidates in these elections. Furthermore, U.S. support for Japan and Germany, and more recently India, to hold permanent seats on the United Nations Security Council in a hypothetical reform has disappointed Brazilian diplomatsBrazil’s own aspirations for such a position were never recognized or supported by the United States. In the Brazilian view, this unequal treatment constitutes a reminder that the United States does not consider Brazil to be a power worth respecting.

Although China has never expressed explicit support for Brazilian claims to become a permanent member of the UN Security Council, Beijing has sought to treat Brazil as a rising power comparable to China – even when China is undoubtedly the more powerful nation. The Chinese establishment, in the last 20 years, has been able to more accurately understand how the hearts and minds of Brazilian public agents work. This is not to say that China never practices protectionist measures or blocks Brazilian interests, but the way in which these actions are carried out and the language used to express them are important. The experience of high-level diplomatic missions to Beijing tends to be more respectful and honorable when compared to the treatment offered by Washington – especially when considering the latter’s far more ceremonious conduct towards officials from nations such as IndiaDeepening diplomatic connections between Brazil and China are reflected in the frequent high-level interactions between the two countries as well. In the last 20 years, the number of Brazilian head of state missions to Beijing was at least double the number of missions to Washington.

Washington’s hesitation to endorse Brazil’s accession to the OECD is an additional example, and another instance appeared when the Bolsonaro administration attempted to support a Brazilian candidate for the presidency of the Inter-American Development Bank. This move was unsuccessful because the United States chose to support Mauricio Claver-Carone, Donald Trump’s candidate for the regional forum. In the view of the Brazilian diplomatic community, this was an unmistakable sign that the U.S. did not have much interest in supporting even the most pro-U.S. Brazilian government in history. The move to support Claver-Carone not only undermined Brazilian regional leadership in the Latin American context, but also reignited the classic distrust of the region’s countries towards the United States.

 

5G conundrum

 

Another important factor is the incessant pressure that Washington has placed on Brazil and other countries to disallow Huawei’s participation in the bidding process for 5G networksFollowing such commands would completely ruin Brazil’s relationship with China. Not to mention that Washington’s warnings of Chinese espionage and data theft – risks that Brazil could potentially be exposed to – seem wildly hypocritical in the face of the U.S. espionage operation against the former Brazilian president, Dilma Rousseff, revealed to the public in 2013. This pressure and the hypocritical argument used to justify it have seriously damaged the U.S.-Brazil diplomatic relationship, in the eyes of Brazilian establishment officials.

This is not to say that past and present Chinese misdeeds are ignored in Brazil. Brazilians certainly view the Chinese government as authoritarian, a regime that engages in serious persecution of minorities and violates the sovereignty of its neighbors. Many Brazilians know that Beijing may have not-so-friendly policies toward Africa (the so-called debt trap) and has supported the Maduro regime, albeit not as decisively as Russia. However, in the Brazilian view, the Chinese government has not tended to invoke moralistic, holier-than-thou rhetoric in the same way the U.S. often has. Despite China’s flaws, Brazilian leaders believe today that they can maintain a pragmatic stance towards Beijing – a decision motivated by much of the same pragmatism that leads Washington to defend allied dictatorships in the Middle East in order to safeguard U.S. economic and political interests.

It is important to remember that Brazil has always offered unwavering solidarity in the most heart-wrenching moments of American national life, such as the Second World War and the terrorist attacks ofSeptember 11. Brazil fought with the Allies with Brazilian soldiers serving alongside American troops in the fight against Nazi forces in Italy. Military cooperation with the U.S. and its allies has long been a cornerstone of Brazilian doctrine. In the eyes of the Brazilian military, the alignment of interests with the U.S. for defense cooperation is infinitely greater than that between Brazil and other powers such as China and Russia. Partnership with these strategic rivals of the U.S. is extremely limited – and even during left-leaning Brazilian governments, this preference remained unchanged.

The U.S. Senate recently passed a unique bipartisan bill – the Innovation and Competition Act – designed to combat China’s growing economic influence around the world. But Washington’s new strategy could also benefit from incorporating a renewed emphasis on Latin America – and especially the largest economy in the region, Brazil. Increasing the bilateral trade between the two countries is certainly possible, but it will ultimately depend on how the U.S. chooses to navigate the issue in the coming years – perhaps, for instance, by gradually eliminating commercial barriers for Brazilian goods, helping to revamp Brazilian infrastructure, connecting Brazilian innovation ecosystem with American tech hubs, and providing incentives for renewable energy and sustainable development. 

When considering areas of potential cooperation, environmental issues have often been an area where visions and goals have overlapped. The current situation is an obvious exception, with the Biden administration making combating climate change a vital priority, while the Bolsonaro government has adopted decidedly non-environmentally friendly policies fueling the destruction of the Amazon. But looking more in the medium term, it is important to emphasize that in this field in particular, Brazil has opportunity to cooperate both with the U.S. and with China.

Vaccine diplomacy will continue to be another important factor. So far, Brazil has made better progress with China following the partnership established between the Butantã Institute and the Chinese company Sinovac Biotech. As the pandemic continues to wreak havoc in Latin America, Brazil’s dependence on China has become increasingly evident. The import of input materials to produce the CoronaVac vaccine in Brazil depended exclusively on supplies from China. The Biden administration has recently made progress in expanding its provision of vaccines around the world, but China still holds a lead in the realm of vaccine diplomacy in Brazil and Latin America in general.

In the last two decades, Brazil’s relations with China have evolved in an unprecedented manner. But these trends are not set in stone. It is time for the U.S. to make up for lost time and bet on a closer relationship with Brazil to reverse this situation in the two decades ahead. While China values ??Brazil among its international priorities, the U.S. continues to attribute low strategic relevance to the country. If this dynamic persists, Brazil will have little choice but to deepen its relationship with the dragon at the expense of the eagle. And trying to impose a binary choice on Brazil, as the Trump administration attempted to do, will not succeed in the long run. The Brazilian governmental and economic establishment will not opt ??for the exclusion of one of the two most powerful countries on Earth. To do so would run contrary to Brazil’s long history of pendular diplomacy – carefully fostering relations with both sides of an international competition for as long as possible to increase Brasília’s strategic leverage. The best strategy, and the one that respects the Brazilian national interest, is certainly one that involves a balanced relationship between both the United States and China. But the precise nature of that balance will depend in large part on how Washington chooses to proceed.

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Kalout is a political scientist and research scholar at Harvard University and a former special secretary of strategic affairs of Brazil (2016-2018)