Uma reflexão sobre o mundo real e o mundo acadêmico dos nossos tempos
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
segunda-feira, 1 de janeiro de 2024
Uma reflexão sobre o mundo real e o mundo acadêmico dos nossos tempos - Paulo Roberto de Almeida
sábado, 4 de dezembro de 2021
Os Estados Unidos se tornando um país do Terceiro Mundo? Assim argumenta Victor Davis Hanson, que denota o desrespeito à lei e a miséria crescente...
Em lugar do chamado Terceiro Mundo (um conceito que já não faz muito sentido depois que a Ásia Pacífico decolou) se aproximar dos Estados Unidos, parece que são os EUA que estão ficando mais parecidos com o Terceiro Mundo.
quinta-feira, 15 de julho de 2021
Cuba: antes e depois da revolução de Fidel, destruidora da economia - Jayro Longuinho de Franco
Recebido de um amigo do FB, dando o crédito a quem parece merecer...
Como se sabe, os admiradores da Revolução Cubana costumam pintar um falso quadro da Perla del Caribe, tanto no que se refere a antes de 1959, como no que se refere a depois desta data da grande mudança levada a cabo por El Coma Andante Fidel Castro y los barbudos.
Jayro Longuinho de Franco
Em 1959, Cuba era um país semi-industrializado, mas com um padrão razoável de vida, graças ao intenso turismo com seus magníficos cassinos e suas belas praias. É verdade que ainda tinha grandes bolsões de pobreza, principalmente nas suas grandes fazendas de cana-de-açúcar e de tabaco.
Depois de 1959, Cuba continuou um país semi-industrializado, tendo sua produção agrícola subsidiada pela URSS em troca de produtos industrializados soviéticos. O fato é que a URSS nada fez para promover a industrialização da Ilha.
[Revoluções comunistas só ocorreram, até hoje, em países semiagrários ou semi-industrializados, como Rússia, China, Coreia do Norte, Cuba, países africanos, etc., só para contrariar Karl Marx, o profeta caolho, que aguardava a revolução em países capitalistas avançados, como a Inglaterra e a Alemanha].
Com a dissolução da URSS quarenta anos depois (1989), a situação socioeconômica de Cuba piorou, mas em breve tempo continuou sendo salva da desgraça completa, graças aos petrodólares de Hugorila Chávez.
E hoje parece ter ganho um novo alento com o restabelecimento diplomático feito pelo socialista Barack Obama abençoado por um Papa igualmente socialista. No entanto, é bastante duvidoso que o fim do bloqueio comercial – ainda não aprovado pelo Congresso Americano – venha a produzir um grande desenvolvimento socioeconômico em Cubanacan, misterioso país del amor.
Iremos apresentar em seguida um breve relato dos pontos positivos de Cuba antes da Revolução de 1959. Ao lê-lo, o leitor certamente será levado a perceber que Cuba ficou muito pior do que estava antes de 1969 e que perdeu todas as expectativas que tinha de um futuro promissor.
“A primeira nação da América espanhola, incluindo a Espanha e Portugal, que utilizou máquinas e barcos a vapor foi Cuba, em 1829. A primeira nação da América Latina e a terceira no mundo (atrás da Inglaterra e dos EUA), a ter uma ferrovia foi Cuba, em 1837. Foi um cubano que primeiro aplicou anestesia com éter na América Latina em 1847. A primeira demonstração, em nível mundial, de uma indústria movida a eletricidade foi em Havana, em 1877.
Em 1881, foi um médico cubano, Carlos J. Finlay, que descobriu o agente transmissor da febre amarela e definiu sua prevenção e tratamento. O primeiro sistema elétrico de iluminação em toda a América Latina (incluindo Espanha) foi instalado em Cuba, em 1889. Entre 1825 e 1897, entre 60 e 75% de toda a renda bruta que a Espanha recebeu do exterior veio de Cuba. Antes do final do Século XVIII Cuba aboliu as touradas por considerá-las “impopulares, sanguinárias e abusivas com os animais”.
O primeiro bonde [elétrico] que circulou na América Latina foi em Havana em 1900. Também em 1900, antes de qualquer outro país na América Latina, foi em Havana que chegou o primeiro automóvel.
A primeira cidade do mundo a ter telefonia com ligação direta (sem necessidade de telefonista) foi em Havana, em 1906. Em 1907, estreou em Havana o primeiro aparelho de Raios-X em toda a América Latina. Em 19 maio de 1913, quem primeiro realizou um voo em toda a América Latina foram os cubanos Agustin Parla e Rosillo Domingo, entre Cuba e Key West, que durou uma hora e quarenta minutos.
O primeiro país da América Latina a conceder o divórcio a casais em conflito foi Cuba, em 1918. O primeiro latino-americano a ganhar um campeonato mundial de xadrez foi o cubano José Raúl Capablanca, que, por sua vez, foi o primeiro campeão mundial de xadrez nascido em um país subdesenvolvido. Ele venceu todos os campeonatos mundiais de 1921-1927
Em 1922, Cuba foi o segundo país no mundo a abrir uma estação de rádio e o primeiro país do mundo a transmitir um concerto de música e apresentar uma notícia pelo rádio. A primeira locutora de rádio do mundo foi uma cubana: Esther Perea de la Torre.
Em 1928, Cuba tinha 61 estações de rádio, 43 delas em Havana, ocupando o quarto lugar no mundo, perdendo apenas para os EUA, Canadá e União Soviética. Cuba foi o primeiro no mundo em número de estações por população e área territorial.
Em 1937, Cuba decretou pela primeira vez na América Latina, a jornada de trabalho de 8 horas, o salário mínimo e a autonomia universitária. Em 1940, Cuba foi o primeiro país da América Latina a ter um presidente da raça negra, eleito por sufrágio universal, por maioria absoluta, quando a maioria da população era branca. Ela se adiantou em 68 anos aos Estados Unidos. Em 1940, Cuba adotou a mais avançada Constituição de todas as Constituições do mundo.
Na América Latina foi o primeiro país a conceder o direito de voto às mulheres, igualdade de direitos entre os sexos e raças, bem como o direito das mulheres trabalharem.
O movimento feminista na América Latina apareceu pela primeira vez no final dos anos trinta em Cuba. Ela se antecipou à Espanha em 36 anos, que só vai conceder às mulheres espanholas o direito de voto, o de posse de seus filhos, bem como poder tirar passaporte ou ter o direito de abrir uma conta bancária sem autorização do marido, o que só ocorreu em 1976.
Em 1942, um cubano se torna o primeiro diretor musical latino-americano de uma produção cinematográfica mundial e também o primeiro a receber indicação para o Oscar norte-americano. Seu nome: Ernesto Lecuona. O segundo país do mundo a emitir uma transmissão pela TV foi Cuba em 1950. As maiores estrelas de toda a América, que não tinham chance em seus países foram para Havana para atuarem nos seus canais de televisão.
O primeiro hotel a ter ar condicional em todo o mundo foi construído em Havana: o Hotel Riviera em 1951. O primeiro prédio construído em concreto armado em todo o mundo ficava em Havana: o Focsa, em 1952. Em 1954, Cuba tem uma cabeça de gado por pessoa. O país ocupava a terceira posição na América Latina (depois de Argentina e Uruguai) no consumo de carne per capita. Em 1955, Cuba é o segundo país na América Latina com a menor taxa de mortalidade infantil (33,4 por mil nascimentos).
Em 1956, a ONU reconheceu Cuba como o segundo país na América Latina com as menores taxas de analfabetismo (apenas 23,6%). As taxas do Haiti eram de 90%; e Espanha, El Salvador, Bolívia, Venezuela, Brasil, Peru, Guatemala e República Dominicana, 50%. Em 1957, a ONU reconheceu Cuba como o melhor país da América Latina em número de médicos per capita (1 por 957 habitantes), com o maior percentual de casas com energia elétrica, depois do Uruguai; e com o maior número de calorias (2870) ingeridas per capita.
Em 1958, Cuba é o segundo país do mundo a emitir uma transmissão de televisão a cores. Em 1958, Cuba é o país da América Latina com maior número de automóveis (160.000, um para cada 38 habitantes). Era quem mais possuía eletrodomésticos. O país com o maior número de quilômetros de ferrovias por km2 e o segundo no número total de aparelhos de rádio. Ao longo dos anos cinquenta, Cuba detinha o segundo e terceiro lugares em internações per capita na América Latina, à frente da Itália e mais que o dobro da Espanha.
Em 1958, apesar da sua pequena extensão e possuindo apenas 6,5 milhões de habitantes, Cuba era a 29ª economia do mundo. Em 1959, Havana era a cidade do mundo com o maior número de salas de cinema: 358, batendo Nova York e Paris, que ficaram em segundo lugar e terceiro, respectivamente.
E depois o que aconteceu? Veio a Revolução comunista com seus amigos absolutistas.”
Jayro Longuinho de Franco, colhido na Internet.
terça-feira, 3 de abril de 2018
Venezuela indo para a derrocada famelica final - Daniel J. Mitchell (FEE)
Estes simples relatos, como abaixo, são absolutamente insuportáveis, de ler, de imaginar, de acompanhar a degringolada fatal de todo um país, dominado pelos seus amos do Caribe.
O que fazem os vizinhos?
Paulo Roberto de Almeida
The Ongoing Implosion of Venezuelan Statism
Venezuela's continuing economic collapse is a horrifying condemnation of how socialism actually works.
At 16, Liliana has become the mother figure for a gang of Venezuelan children and young adults called the Chacao, named after the neighborhood they’ve claimed as their territory. The 15 members, ranging in age from 10 to 23, work together to survive vicious fights for “quality” garbage in crumbling, shortage-plagued Venezuela. Their weapons are knives and sticks and machetes. The prize? Garbage that contains food good enough to eat. …A year ago, the gang was “stationed” around a supermarket at a mall called Centro Comercial Ciudad Tamanaco that generates tons of garbage. But a feared rival gang from the neighborhood Las Mercedes also wanted the garbage.
The Pharmaceutical Federation of Venezuela estimates the country is suffering from an 85 percent shortage of medicine amid an economic crisis… "The entire Venezuelan health care system is on the verge of collapse," says Francisco Valencia, head of the public health advocacy group Codevida. Some hospitals lack electricity, and more than 13,000 doctors have left Venezuela in the past four years in search of better opportunities. “They don’t give food to the patients in the hospital…” Government data shows infant mortality rose by 30 percent in 2016… The International Monetary Fund predicts inflation will soar to 13,000 percent this year and the economy will shrink by 15 percent. …The monthly minimum wage for many Venezuelans is now equal to $3, according to the AP. …Maduro blames the country’s growing crisis on…the U.S…leading an effort to wipe out socialism in Venezuela.
Venezuela’s devastating food crisis means wheat flour has become a rare commodity in the country. Some churches have run out of the ingredient needed to make the sacramental bread that is central to celebrating the Holy Eucharist… So, members of the Catholic diocese of Cúcuta, Colombia, braved heavy rain this week to deliver the wafers over a bridge that connects the two countries… Venezuela’s economic crisis, fueled by a decline in oil production, shows no signs of improvement.People are starving because of routine food shortages. They are dying in hospitals because basic medicine and equipment aren’t available.
Ruiz’s weekly salary of 110,000 bolivares—about 50 cents at the black-market exchange rate—buys him less than a kilo of corn meal or rice. His only protein comes from 170 grams of canned tuna included in a food box the government provides to low-income families. It shows up every 45 days or so. “I haven’t eaten meat for two months,” he said. …Hunger is hastening the ruin of the Venezuelan’s oil industry as workers grow too weak and hungry for heavy labor. With children dying of malnutrition and adults sifting garbage for table scraps, food has become more important than employment, and thousands are walking off the job. …Venezuela, a socialist autocracy that once was South America’s most prosperous nation, is suffering a collapse almost without precedent.
For the past three weeks, Wilya Hernández, her husband and their daughter, 2, have been sleeping on the garbage-strewn streets of Cúcuta, a sprawling and chaotic city on Colombia’s side of the border with Venezuela. Though Antonela, the toddler, often misses meals, Ms. Hernández has no desire to return home to Venezuela. …“I sold my hair to feed my girl,” Ms. Hernández said, pulling back her locks to reveal a shaved head underneath, adding that wigmakers now walk the plazas of Cúcuta where many Venezuelans congregate, wearing signs advertising that they give cash for hair. …“If I can’t afford to go the bathroom, I’ll go on the street,” Ms. Hernández added. “That’s when guys walking by say creepy things.”
A friend recently sent me a photograph…, just a blurry cellphone shot of trash… And yet I can’t stop thinking about it, because strewn about in the trash are at least a dozen 20-bolivar bills, small-denomination currency now so worthless even looters didn’t think it was worth their time to stop and pick them up. …according to the “official” exchange rate, …each of those bills is worth $2. In fact, as Venezuela sinks deeper…into…hyperinflation…, bolivar banknotes have come to be worth basically nothing: Each bill is worth about $0.0001 at the current exchange rate… It’s easy to see why the thieves left them behind.
More than half of young Venezuelans want to move abroad permanently, after food shortages, violence and a political crisis escalated to new extremes in 2017, according to a new survey. Once Latin America’s richest country, Venezuela’s economy is now collapsing… One of the most painful effects of the current crisis has been widespread hunger. In 2015, when inflation and food shortages were well below current levels, nearly 45% of Venezuelans said there were times when they were unable to afford food; in the latest study, that figure had risen to 79%—one of the highest rates in the world. …Norma Gutiérrez, a radiologist in eastern Caracas, is one of those…would-be migrants. Acute shortages in the hospital where she works depress her, and she says the idea of emigrating crosses her mind at least once a week.