O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Venezuela: perguntas e duvidas terminologicas...

Como se chama um país no qual pessoas são presas por indivíduos armados, encapuzados, não identificados, sem ordens judiciais de prisão, e que levam os detidos para lugares não reconhecidos, sem quaisquer possibilidades de assistência legal, sem quaisquer garantias?
Como se chama um país no qual prefeitos legitimamente eleitos são presos apenas por pertencer a um partido de oposição ao governo?
Como se chama um país que tolera, estimula, alimenta, financia e protege gangues de mercenários armados, com licença para matar (sem ser James Bond), e que se dedicam a espalhar o terror entre manifestantes pacíficos, ou não armados?
Como se chamam países e dirigentes políticos que assistem a tudo isso absolutamente indiferentes, ou até apoiando quem comete os atos descritos acima?
Como deveríamos chamar todos eles?
Eu sempre tenho dúvidas terminológicas, pois não quero me equivocar nas próximas postagens.
Sugestões para este blog.
Paulo Roberto de Almeida 

31 morreram em protestos na Venezuela, diz procuradora-geral

Há também 461 feridos e 121 pessoas presas, segundo números do governo

A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, afirmou nesta quinta-feira que 31 pessoas morreram e mais de 400 ficaram feridas desde que começaram os protestos contra o governode Nicolás Maduro, em 12 de fevereiro. Entre os mortos, “25 são civis e seis policiais, militares e funcionários públicos”, disse a procuradora em um programa de rádio.
O número de feridos é de 461 pessoas, divididos entre 318 civis e 143 agentes policiais e militares, enquanto a quantidade de pessoas que permanecem detidas atualmente em conexão com protestos chega a 121, acrescentou Ortega. No total, já foram detidas 1.854 pessoas pelos incidentes ocorridos nos protestos que há um mês se sucedem no país, das quais 1.529 foram liberadas com penas substitutivas de liberdade.
Prefeitos presos – A oposição na Venezuela reagiu com indignação à nova ofensiva do chavismo contra prefeitos opositores, que resultou na prisão de dois políticos nesta quarta. “Isto tem apenas um nome: ditadura. Esse regime que estamos vivendo na Venezuela, onde não se respeitam os direitos de ninguém, simplesmente chegam alguns sujeitos armados e encapuzados e levam uma pessoa sem ordem de captura e depois ninguém fornece explicações”, disse o deputado Juan Guaidó. (Continue lendo o texto)

As vítimas dos protestos na Venezuela


Um dos principais incentivadores da onda de protestos contra Nicolás Maduro, o prefeito de San Cristóbal e dirigente do partido oposicionista Vontade Popular (VP) Daniel Ceballos foi preso na quarta-feira acusado de fomentar uma “rebelião civil”. Segundo membros do VP, Ceballos foi detido por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional que não apresentaram nenhum mandado de prisão.
Também nesta quarta, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela julgou a favor da prisão e da destituição de outro prefeito opositor, Enzo Scarano, do município de San Diego. Ele foi condenado a 10 meses e 15 dias de detenção por desrespeitar uma medida cautelar que o obrigava a evitar o bloqueio de ruas durante as manifestações contra Maduro. As prisões se somam a de Leopoldo López, outro importante membro da oposição, que está há um mês em uma prisão militar.

Desde que, em 12 de fevereiro, uma marcha em Caracas terminou em incidentes que deixaram três mortos e danos a instituições públicas, a Venezuela vem sendo palco de manifestações diárias contra o governo, algumas pacíficas e outras com finais violentos. Os manifestantes protestam contra a altíssima inflação, a violência no país e por mais liberdade de imprensa. O governo denuncia que por trás dos protestos há uma tentativa de golpe, enquanto a oposição defende o direito de expressar seu descontentamento pacificamente e acusa a polícia de abusos.

O petroleo e' nosso? Talvez! Mas e a Petrobras? Pertence aos companheiros?

E os companheiros? Eles podem fazer o que desejam da Petrobras?
Vender, comprar, lucrar, sem restrições?
Sem precisar ler os documentos?
Inclusive para financiar o partido? Ou outras coisas?
Gostaria de ver a cara dos companheiros agora.
Provavelmente continuarão a mentir sem vergonha...
Paulo Roberto de Almeida 

1964, politica e economia - Marcelo de Paiva Abreu


1964 - política e economia
Marcelo de Paiva Abreu *
O Estado de S.Paulo, 19/03/2014

Com o cinquentenário do golpe militar de abril de 1964, multiplicam-se as reminiscências e análises na mídia. Algumas têm interesse marginal e mesmo o depoimento de protagonistas tende à trivialidade. Em casos extremos, as manifestações parecem inspiradas no doutor Pangloss ou mesmo no barão de Münchhausen. Banzo do janguismo e ranço golpista contribuem para deformar memórias. O balanço de lembranças e análises mostra que, coletivamente, estamos ainda em busca de reflexão equilibrada e minimamente consensual sobre a crise da Terceira República e o golpe que a enterrou.
No plano político, não há espaço para divergência quanto à ruptura da legalidade. Algumas análises, entretanto, exageram no otimismo quanto à evolução do processo de consolidação da democracia no País antes do golpe, com base na simples realização de eleições entre 1945 e 1962, de acordo com o calendário eleitoral. De fato, o golpe de 1964 culminou uma sequência de tentativas frustradas de virar a mesa. Em meados de 1954, na esteira do atentado da Rua Tonelero, culminando no suicídio de Vargas. Em novembro de 1955, com a tentativa de bloquear a posse de Juscelino Kubitschek, vitorioso por pequena margem na eleição de outubro. Em agosto-setembro de 1961, com o veto militar à posse do vice-presidente da República, João Goulart. O desenlace dos três episódios golpistas envolveu "soluções" pouco convencionais: suicídio de Vargas em 1954, "contragolpe legalista" em 1955 e reforma constitucional que levou ao parlamentarismo em 1961. É difícil de detectar na história política da Terceira República tendência inequívoca de consolidação da democracia no Brasil.
Tentativas de embelezar a biografia do presidente Goulart também não facilitam uma avaliação razoável do que ocorreu no início dos anos 60. Jango foi político hábil, como mostram suas vitórias eleitorais, mas teve desempenho fraco entre 1961 e 1964, mesmo quando se levam em conta os limites de seu raio de manobra até o final de 1962. De olho na provável vitória do presidencialismo em futuro plebiscito, criou condições para que fosse preparado o Plano Trienal, bastante ortodoxo, cuja implementação supostamente permitiria conter a aceleração inflacionária e reverter a queda do ritmo de crescimento da economia. Mas, após pouco mais de um trimestre, no início de 1963, Jango capitulou e apoiou a "esquerda negativa", em oposição a San Tiago Dantas e Celso Furtado, seus ministros da área econômica. Prevaleceu a ênfase tradicional em modelo econômico autárquico com forte intervenção estatal, sem privilegiar a estabilidade macroeconômica. A economia parou de crescer, a inflação se acelerou, a crise política se aprofundou, o golpe prosperou. Mesmo um líder político de maior envergadura teria dificuldade de sobreviver à conjunção de tais fatores.
É verdade que o programa econômico Campos-Bulhões, adotado pelo primeiro governo militar, guardava semelhança com o que se propunha no Plano Trienal. A diferença é que o Plano de Ação Econômica do Governo (Paeg), mal ou bem, foi implementado e estabilizou a economia. Foi um Plano Trienal que vingou. Mas há alguma ironia no fato de que, após o triênio inicial de "imaginação reformista", o modelo econômico do regime militar tenha revertido à fórmula de autarquia e mais Estado, com o problema da inflação sendo temporariamente mitigado pela generalização da correção monetária. Após a débâcle dos 1980, só na década seguinte foi possível a busca de estratégia alternativa com ênfase em estabilidade macroeconômica, privatização e abertura da economia.

É irônico que, depois de meio século, um dos aspectos preocupantes do atual quadro econômico seja o vigoroso retorno da ênfase na autarquia e na intervenção estatal, acompanhada de leniência quanto aos desajustes macroeconômicos. Injustificada volta a fórmulas do passado cujo esgotamento é evidente à luz da história.

*Marcelo de Paiva Abreu é doutor em economia pela Universidade de Cambridge e professor titular no departamento de Economia da PUC-RIO

Brasil desarrumado? Chame o batalhao dos "chatos" - Mansueto Almeida

Há um grupo de economistas no Brasil que, tradicionalmente, são apontados por muitos como chatos porque gostam de lembrar uma lei máxima da economia: “não existe almoço grátis”. Eu conheço todos eles por circunstâncias diferentes.
Um desses economistas é o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore. Quando fui estudante na USP eu era louco para conhecê-lo, mas tinha medo de me aproximar dele. A clareza de pensamento do Pastore e sua critica, quase sempre correta, intimida um estudante de 23 anos de economia. O meu trauma foi solucionado quando nos conhecemos, em 2011, graças ao blog, e desde então temos mantido contato. Pastore é um dos economistas mais técnico e brilhante do Brasil e, apesar de seu vasto conhecimento, deixa à vontade o seu interlocutor no debate. Os seus relatórios são agradáveis de ler e baseados em análises econométricas rigorosas. Pode-se até discordar dele, mas duvido que alguém tenha coragem de insinuar algo sobre a qualidade de suas análises.
Outro do grupo dos “chatos” é o Alexandre Schwartzman. Fomos contemporâneos de USP e, para infelicidade dos estudantes, a sala do Alexandre era vizinho ao local do café, o que significa que todos nós levávamos bronca dele que queria estudar e ficávamos fazendo barulho na porta da sala. Só voltei a encontra-lo, em 2009, por circunstância do Blog. Trocamos alguns e-mails e de vez em quando nos encontramos. Perdi o medo das broncas do cafezinho!
O terceiro do meu grupo de economista chatos é o Fábio Giambiagi. Já escutei muita gente criticá-lo pelas suas posições em relação à reforma da previdência e pelo fato dele escrever sobre tudo em economia. Fábio escreve sobre tudo por dois motivos. Primeiro, ele lê sobre  tudo. Segundo, eles conversa com os melhores especialistas em todas as áreas. Tem um talento natural de descobrir pessoas jovens competentes e é, sem dúvida, o melhor editor de economia. Dada a sua imensa facilidade e disciplina para escrever é uma das pessoas que mais contribuem para o debate econômico no Brasil. Nos conhecemos, em 2004, quando ele estava no IPEA e desde então matemos contato.
O quarto economista chato é o Armando Castelar. Apesar de ambos sermos do IPEA, há um mundo entre o IPEA Rio e o IPEA Brasilia. Eu devo conhecer no máximo 5 ou 6 pessoas do IPEA Rio. Nos encontramos em 2011 em uma reunião da FIESP, em São Paulo. Armando é outro economista que gosta de olhar cuidadosamente para os dados e faz suas análises de forma desapaixonada. Faz aquelas perguntas lógicas que “acabam com a festa”. Antes de começar o ciclo atual de concessões, advertiu que os empréstimos subsidiados do BNDES deveriam ter como indexador um índice de preço porque, em algum momento, o governo teria que aumentar a TJLP que se deslocou fortemente da Selic e isso alteraria os subsídios das empresas que apostaram em uma tarifa menor, contando com subsídios elevados dos empréstimos do BNDES. Esse problema já chegou e está sem solução. Uma diferença de mais de 5 pontos de percentagem entre TJLP e Selic é insustentável.
Mas por que estou falando desses quatro economistas? Porque nas últimas discussões que tivemos e baseado no que eles escrevem este grupo sempre esteve mais pessimista do que eu em relação ao comportamento da economia para os próximos anos. Nesses últimos dias, confesso que comecei a “comprar” o cenário deles. O Brasil, a partir do próximo ano, vai precisar conciliar o aumento do superávit primário para algo como 2,5% a 3% do PIB; e fazer frente ao inevitável crescimento do gasto público não financeiro ligado às áreas de educação e saúde e passivos a serem reconhecidos – subsídios do PSI via BNDES, conta de energia, etc.
O que tudo isso significa? Uma busca desesperada por receita cuja primeira tentativa foi justamente a MP 627/2013 que trata da tributação do lucro de empresas no exterior (o economista Marcos Jank da brf fez um bom resumo do problema – clique aqui). Qual será o tamanho da mordida do Leão dependerá do sucesso no controle no crescimento do gasto, que por enquanto é incerto.
O meu cientista político preferido, Marcus André Melo da UFPe, acredita que não dá mais para tentar equilibrar o desejo de maior gasto com a necessidade de aumentar o primário via carga tributária e o ajuste vem pelo lado da despesa – clique aqui. Acho que ele subestima a capacidade da Receita de extrair impostos da sociedade, o uso da contabilidade criativa e superestima a real convicção da sociedade por um ajuste da despesa.
Há meses falo que o meu cenário para o Brasil é moderadamente otimista. Não é mais. " Senhor, eu tenho dúvidas". O próximo governo, seja ele quem for, tem uma agenda difícil pela frente. Será preciso muita convicção para arrumar a casa como foi feito em 1994/95, 1999 e 2003. Assim, os nomes da nova equipe econômica serão essenciais. Não é só questão de nomes bons, mas de nomes de economistas com independência (como Armínio Fraga e Henrique Meirelles) para até discordar de quem seja o presidente, que precisará de um esforço redobrado para se comunicar com a sociedade e viabilizar (i) aumento de carga tributária; e/ou (ii) controle do gasto. Nos dois casos, muita gente vai ficar com raiva.
Infelizmente, os economistas “chatos” parecem estar corretos. O Brasil está quebrado? Claro que não e o grupo acima não fala isso. Não era preciso o Krugman falar isso por dezenas (ou centenas) de milhares de dólares. Eu e outros falaríamos de graça. Mas os economistas que falam que tudo está bem não dizem absolutamente nada de concreto sobre como resolver a situação de conciliar aumento do primário com o desejo da sociedade por maiores gasto em educação, saúde e transferências. Acho até que muito deles adorariam ver a reencarnação dos seus ídolos que já se foram (como Keynes por exemplo) para solucionar os problemas. Sim, se você não sabe fique sabendo que há um grupo de economistas que tentam adivinhar o que Keynes pensaria, o que  Milton Friedman faria, se duvidar até o que Marx hoje falaria sobre o problema da renda dos 1% nos EUA. Não seria melhor simplesmente olhar para evidência empírica?
O próximo governo precisará escutar com mais cuidado os economistas "chatos". E claro que esses economistas não têm nada de chatos, apenas um grande defeito para alguns: eles gostam de falar a verdade e têm convicção do que falam. Em geral, eles mais acertam do que erram e, por isso, são respeitados. Eles têm a solução para os problemas do Brasil? claro que não e nem se propõe a isso. Mas eles sabem apontar na área macro o que está errado e alertar para o duvidoso sucesso de planos mirabolantes. Muita gente reclama deles, mas ninguém deixa de ler o que eles escrevem ou de conversar com eles.
De quem eu gosto mais? claramente do grupo mais espírita que quer convocar o espírito de Keynes (e o espírito animal) para resolver os nossos problemas e que sempre nos enche de otimismo e não falam de custo algum. Mas aprendo mais com os "chatos".
Sentiu falta de alguns nomes na lista dos chatos? é porque esses outros nomes não participam muito do debate de conjuntura apesar da presença maior que passaram a ter pelo seus artigos (Pedro Cavalcanti e Renato Fragelli) ou porque estão no meu grupo dos quase chatos: Samuel Pessoa, Marcos Lisboa, Ricardo Paes de Barros, Edmar Bacha, etc.
PS: vem ai um livro de dois dos economistas aqui mencionados. Vou comprar. ler, criticar e fazer propaganda.


quarta-feira, 19 de março de 2014

A Russia ameaca a seguranca e a estabilidade da Europa? Editorial Washington Post

The Post’s View

Obama doesn’t grasp Putin’s Eurasian ambitions

IT’S EASY to conclude that Vladi­mir Putin’s passionate defense of Russia’s takeover of Crimea “just didn’t jibe with reality,” as Secretary of State John F. Kerry put it. In a speech on Tuesday, the Russian ruler repeated mendacious charges that the Ukrainian government had been hijacked by “nationalists, neo-Nazis, Russophobes and anti-Semites”; voiced his paranoid conspiracy theory about supposed Western sponsorship of popular revolutions, including the Arab Spring; and brazenly compared Russia’s abrupt annexation of Ukraine with the reunification of Germany.
It’s necessary, however, to take some of what Mr. Putin said seriously, because of the implicit threat it poses to European and global security. Mr. Putin advanced a radical and dangerous argument: that the collapse of the Soviet Union left “the Russian nation” as “one of the biggest, if not the biggest ethnic group in the world to be divided by borders.” That, he suggested, gave Moscow the right to intervene in Crimea, and, by extension, anywhere it considers ethnic Russians or their culture to be threatened.
Mr. Putin’s doctrine would justify Russian meddling not just in other parts of Ukraine — he claimed that “large sections of the historical south of Russia” now “form the southeast of Ukraine” — but also in other former Soviet republics with substantial populations of ethnic Russians.
Western officials seem to be betting that Mr. Putin won’t dare to extend his aggression beyond Crimea. But then, just last week they were saying they did not expect Moscow to move quickly on Crimean annexation. The Obama administration and its European allies have been too slow to grasp that Mr. Putin is bent on upending the post-Cold War order in Europe and reversing Russia’s loss of dominion over Eastern Europe, the Caucasus and Central Asia.
Worse, some in and outside of Western governments may be feeding Mr. Putin’s imperialism by rushing to concede “Russian interests” in Eurasia. President Obama and Mr. Kerry are among those who have said they recognize such “interests” in Ukraine. But the fact that there are ethnic Russians in a country should not give Mr. Putin’s regime a privileged say in its affairs. The idea that areas populated by Russians must be ruled or protected by Moscow is less the ideology of the 19th century, as Mr. Kerry would have it, than of the 1930s.
Mr. Putin’s claim that Russia should have a say in the political orientation of its neighbors, and whether they join alliances such as the European Union or NATO, is equally unacceptable. (Mr. Kerry recently renounced, gratuitously, any such U.S. claim on Latin American states, several of which have close military ties with Russia.) Perversely, some in the West are echoing Mr. Putin’s argument that his aggression is an understandable response to Western encouragement of the former Soviet Bloc states that embraced democracy and free markets and sought NATO and European Union membership.
The two countries that Mr. Putin has invaded since 2008, Ukraine and Georgia, were rejected for NATO membership action plans that year. Can it be argued seriously that Estonia and Latvia, with their large Russian minorities, now would be less vulnerable to Russian aggression had they had not joined NATO? The crisis in Europe has come about not because Western institutions expanded, but because they did not fulfill their post-Cold War promise of “a Europe whole and free.”

Espionagem eletronica: a paranoia gigantesca da NSA (Washington Post, Edward Snowden)

Comment la NSA a mis sur écoute un pays entier

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Extrait des documents confidentiels de la NSA sur le programme Mystic.

Jusqu'ici, on savait la NSA capable d'intercepter ou de collecter des métadonnées (qui appelle qui, quand, où) téléphoniques. Mais le Washington Post révèle, mardi 18 mars, que l'agence américaine est également dotée de gigantesques capacités d'interception du contenu de ces appels téléphoniques.

Selon le quotidien américain, qui s'appuie à nouveau sur des documents d'Edward Snowden, la NSA a même, à partir de 2011, mis sur écoute un pays entier à l'aided'un programme appelé Mystic, testé dès 2009. En concertation avec de hauts responsables américains, le quotidien a décidé de ne pas nommer ce pays.
REMONTER DANS LE TEMPS
Les conversations interceptées sont dans un premier temps stockés sur une période de 30 jours. Mystic se double ainsi d'un autre programme, Retro, qui permet de fouiller dans cette masse de données et, éventuellement, de remonterdans le temps en retrouvant des conversations interceptées précédemment.
En 2013, des documents évoquaient la possibilité de mettre sur écoute d'autres pays. Le détail du budget du renseignement américain, précédemment publié par le quotidien, évoque quant à lui cinq à six pays dont tout ou partie des conversations téléphoniques sont collectées par la NSA.
Même si les analystes de l'agence n'écoutent pas l'intégralité de ce qui est intercepté par l'agence, le Post précise que chaque mois, des millions de ces écoutes sont extraites du stock de 30 jours pour une conservation de plus long terme.
INTERCEPTION DE MASSE
Un porte-parole de l'administration américaine a défendu ce type d'interception de masse, où tout est englouti par l'agence sans aucune forme de ciblage, expliquant que certaines menaces sont « souvent cachées dans le vaste et complexe ensemble des communications mondiales ».
Comme le note le Washington Post, cette révélation bat en brèche ce qu'avait affirmé le président Obama lors de son discours de janvier. « Les Etats-Unis n'espionnent pas les gens ordinaires qui ne menaçent pas la sécurité nationale », avait-il dit.
Voir ci-dessous nos explications : « Comment la NSA vous surveille »

Venezuela-OEA: oposicao venezuelana ao chavismo mantem a ilusao de que conseguira comover os paises...

Não há nada, ou quase nada (talvez se imolando pelo fogo, como os monges budistas tibetanos) que a oposição venezuelana possa fazer para convencer os companheiros dos companheiros venezuelanos que seu país vive sob uma ditadura assassina, e que os países deveriam exigir o cumprimento da Carta Democrática da OEA, dos compromissos democráticos da Unasul e do Mercosul, enfim, de simples regras de civilidade, de humanidade, de respeito elementar pelos direitos humanos.
Nada. Os países, ou a maioria deles, continuarão indiferentes ao que se passa no país.
Vergonha é a palavra, mas haveria muitas outras também, para qualificar o que acontece com países e instituições próximas. Talvez inqualificável seja a palavra...
Paulo Roberto de Almeida


Venezuela protestas

La diputada opositora venezolana María Corina Machado partió de Venezuela para hablar en la Organización de Estados Americanos (OEA) sobre las protestas que vive su país tras aceptar un ofrecimiento de Panamá de cederle su asiento en el organismo regional.

O novo czar e o socialismo do seculo 21: negocios frustrados por inadimplencia...

Bem, todos esperam que essa cooperação siga adiante.
Minha opinião é a de que todo os projetos serão comprometidos pelo calote, e pelo caos econômico venezuelano...
Paulo Roberto de Almeida


El consorcio ruso Rostec, uno de los mayores productores mundiales de armas, aviones, helicópteros y otros equipamientos, mantiene contratos de suministros vigentes con Venezuela por unos 12.000 millones de dólares, informó la firma estatal en Chile.



Luis Esteban G. Manrique


(Infolatam).- "El anuncio del ministro de Defensa de Rusia, Sergei Shoigu, de que Moscú está planeando ampliar su presencia militar en Venezuela, Cuba y Nicaragua, hecho en plena crisis con EEUU y la UE por la ocupación militar rusa de Crimea, podría llevar a América Latina a ser un escenario de la segunda guerra fría que se está gestando entre Occidente y la Rusia de Vladimir Putin"

De volta a 1964, e mais alem: comentarios sobre fatos historicos - a guerrilha no Brasil

Na sequência deste meu post:

segunda-feira, 17 de março de 2014

- See more at: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/03/de-1964-2014-50-anos-do-movimento.html?google_comment_id=z12itlew2uarxtexv04cgtvbjtm3i5kovz00k&google_view_type#gpluscomments

recebi diversos comentários, alguns curtos, outros longos, mas todos focados no objetivo de comprovar o caráter absolutamente nefasto da guerrilha comunista que tivemos no Brasil em meados dos 1960.
Eu iria escrever "em reação ao golpe militar", mas me dei conta que a expressão não se aplicava e de fato seria totalmente equivocada, não só em relação ao Brasil, mas para outros países latino-americanos também.
Cuba não foi suspensa da OEA apenas por ser comunista, ou marxista-leninista, como pretendia Fidel desde 1961.
Fidel apoiou movimentos guerrilheiros na Venezuela e na América Central desde essa fase, e o governo venezuelano de então, recém saído de uma ditadura militar, levou o caso da intervenção armada cubana nos seus assuntos internos imediatamente após sua proclamação marxista-leninista de abril de 1961.
De fato, mesmo que não houvesse golpe militar no Brasil, em 1964, os comunistas cubanos já estavam preparando guerrilheiros e movimentos armados para atuar no Brasil, talvez ainda no governo Goulart, possivelmente no governo seguinte (a reunião da OLAS, em Havana, se deu em 1965, que é quando Guevara ainda estava no Congo, mas já se preparava para voltar à América Latina).
Enfim, depois desta pequena introdução, dois dos comentários recebidos.
Paulo Roberto de Almeida 


Luiz Eduardo Rocha Paiva compartilhou a postagem de seu blog no Google+
 Luiz Eduardo Rocha Paiva
Diga-me um caso histórico de guerra contra-revolucionária que não tenha sido violenta. Agora, me aponte uma que tenha sido menos traumática do que a brasileira.
 Ambos os lados defendiam seus ideais. No governo e na oposição legal, havia a visão de futuro de um país democrata e na luta armada a de um país comunista, como reconhecido por ex-militantes sinceros.
Toda guerrilha começa fraca e se tiver apoio popular ou controlar a população consegue se fortalecer e firmar. Se o Governo não agisse com oportunidade, hoje poderíamos ter uma FARC como a Colômbia ou as consequências que vi na conflito em El Salvador – mais de 70 mil mortos, 400 mil desabrigados, um milhão de refugiados nos EUA – tudo isso num país de sete milhões de habitantes e do tamanho de Sergipe.
A sociedade apoiou o Estado contra a luta armada e, por isso, sua neutralização levou apenas nove anos. A anistia não foi para pacificar a sociedade, mas sim grupos antagônicos radicais delimitados, à esquerda e à direita, que poderiam dificultar a redemocratização.
 A esquerda revolucionária no Brasil não teve o reconhecimento de nenhuma democracia e de nenhum organismo internacional de que representasse parte do povo brasileiro e lutasse por democracia. 
É hipocrisia a condenação dos governos militares por quem professava e ainda professa a ideologia de ditaduras totalitárias responsáveis pelos maiores crimes contra a humanidade como foram a União Soviética e a China maoísta. Se conquistassem o poder, cometeriam atrocidades, no mínimo, iguais às de Cuba de Fidel, ícone de nossos governantes.
============
 
Prezado Embaixador Paulo Roberto Almeida,
[corrijo: não sou embaixador, apenas ministro de segunda classe]

Esta mensagem que recebi, embora longa, poderá ser avaliada para utilizar parte ou toda ela, no sentido de informar aqueles que, não tendo vivenciado aquela época, desconhecem esses fatos narrados pelo ilustre historiador, ou mesmo para relembrar aos que a vivenciaram e estejam necessitando de serem  relembrados (particularmente os que tem procurado reescrever a história – no caderno Ilustríssima do último domingo o Sr. José Serra contou os fatos daquela época da maneira que a viu e somente se preocupou em descrever o que interessava a ele, declarando, inclusive (sic) “Esse é um mito que ficou.   Insisto: nada mais fantasioso do que supor que o Brasil pudesse virar uma Cuba ou que a esquerda, em 1963-64, estivesse se armando.”
Parabéns pelo seu trabalho imparcial, em busca da verdade.
Atenciosamente,
Gilberto Serra – Gen Bda Ref

A verdade dos fatos
25 de julho de 2012
Por Carlos I. S. Azambuja - Historiador.

Você sabia?
- Que no governo João Goulart algumas organizações de esquerda condenavam a luta pela reforma agrária, porque seu triunfo daria origem a um campesinato conservador e anti-socialista? Isso está escrito na página 40 do livro "Combate nas Trevas", de Jacob Gorender, que foi dirigente do PCB e um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, em 1967.
- Que no governo João Goulart já existiam campos de treinamento de guerrilha no Brasil?
- Que em 4 de dezembro de 1962, o jornal "O Estado de São Paulo" noticiou a prisão de diversos membros das famosas Ligas Camponesas, fundadas por Francisco Julião, num campo de treinamento de guerrilhas, em Dianópolis, Goiás?
- Que afora o PCB, por seu apego ao ortodoxo "caminho pacífico" para a tomada do poder, foram os trotskistas o único segmento da esquerda brasileira que não pegou em armas nos anos 60 e 70?
- Que o primeiro grupo de 10 membros do Partido Comunista do Brasil – então partidário da chamada linha chinesa de "guerra popular prolongada" para a tomada do poder - viajou para a China ainda no governo João Goulart, em 29 de março de 1964, a fim de receber treinamento na Academia Militar de Pequim? E que até 1966 mais duas turmas foram a Pequim com o mesmo objetivo? (livro "Combate nas Trevas", de Jacob Gorender).
(...)
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Escandalo da Petrobras, escandalo dos companheiros, escandalo do Brasil, e o que mais?

Em qualquer país sério, enfim, em qualquer país normal, a polícia, há muito tempo, já teria feito perquisições, escutas, sequestro de documentos e até prisão de pessoas, dadas as dimensões do desvio de dinheiro, evidente, como forma de conseguir recursos para os totalitários (uma vez que o encarregado da área na Petrobras era um serviçal do Stalin sem Gulag).
Ao que parece, o Brasil não é um país normal, mas isso a gente já sabia. O que não se sabia era até onde chegava os instintos mafiosos do pessoal...
Paulo Roberto de Almeida

Relatório que baseou compra de refinaria nos EUA por Petrobras era falho, diz governo 
(mas que país é este ????)
DE BRASÍLIA
19/03/2014 10h12

A aquisição pela Petrobras de metade das ações da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi autorizada em 2006 pelo Conselho de Administração da companhia com base em um documento "técnica e juridicamente falho", disse nesta quarta-feira a Presidência da República.

Ministra de Minas e Energia na época, a presidente da República, Dilma Rousseff, presidia o conselho da Petrobras quando o negócio foi autorizado. Ela votou a favor do negócio.

O caso foi foi revelado nesta quarta-feira pelo jornal "O Estado de S. Paulo". A reportagem aponta que Dilma afirmou, em sua primeira manifestação pública sobre o tema, que só aprovou a compra da refinaria na época por ter recebido "informações incompletas" do parecer.

Faziam parte do conselho da Petrobras naquele momento os então ministros Antonio Palocci, à frente da Fazenda, e Jacques Wagner (PT), atual governador da Bahia, ex-Relações Institucionais. Eles seguiram Dilma dando voto favorável, segundo o "Estado".

A posição deles sobre o negócio também era desconhecida até hoje. Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobrás na época, é secretário de Planejamento de Jaques Wagner na Bahia. Ele, que ainda defende a compra da refinaria nos EUA.

Procurado hoje para comentar a divulgação das informações, Gabrielli preferiu não tecer comentários.

O conselho da estatal autorizou a compra de 50% da refinaria ao custo de US$ 360 milhões. No entanto, cláusulas do contrato desconhecidas pelo conselho obrigaram a Petrobras a arcar com 100% das ações da unidade, o que acabou gerando um gasto total de US$ 1,18 bilhão.

Investigações do Tribunal de Contas da União apontaram que a refinaria chegou a valer cerca de US$ 50 milhões em 2005. Um ano antes da compra pela Petrobras, a mesma refinaria havia sido negociada por apenas US$ 42 milhões.

O CASO
Em 2006, a Petrobras comprou 50% da refinaria no Texas por US$ 360 milhões –US$ 190 milhões por 50% das ações e US$ 170 milhões pelos estoques da empresa.

Até 2008 a Petrobras mantinha a refinaria em sociedade com a belga Astra Oil. Porém, devido a um desacordo entre as duas empresas, a estatal brasileira foi obrigada a ficar com toda a planta.

Uma cláusula do contrato, chamada de "Put Option", estabelecia que em caso de desacordo entre os sócios uma das partes deveria comprar a outra. E justamente esta cláusula não era de conhecimento do conselho de administração.

Segundo o "Estado", Dilma também confirmou que não teve acesso à outra cláusula, chamada de "Marlin", que garantia à Astra Oil um lucro de 6,9% ao ano mesmo que as condições de mercado fossem adversas.

O governo afirma, na nota divulgada hoje, que se as cláusulas "Put Option" e "Marlin" fosse conhecidas, o conselho não teria autorizado a primeira compra de parte da refinaria.

Informa, ainda, que a diretoria executiva da estatal levou o problema ao conselho que acabou não aprovando a compra das ações remanescentes e decidiu por abrir um processo arbitral contra o grupo Astra. "O processo arbitral foi aberto em decorrência de previsão contratual e de acordo com as regras da American Arbitration Association", diz a nota.

Em junho de 2012, entretanto, o país perdeu a disputa e teve que cumprir o laudo arbitral da Câmara Internacional de Arbitragem de Nova York, confirmado também por decisão das Cortes Superiores do Texas que determinou a compra das ações remanescentes.

Ou seja, as cláusulas, segundo a Presidência, desconhecidas do negócio acabaram obrigando a estatal brasileira a adquirir 100% das ações.

A Petrobras pagou US$ 820 milhões pela outra metade da refinaria, valor fixado num acordo extrajudicial no qual estavam acrescidos de juros e custos legais.

Além do alto valor pago, a refinaria era antiga e necessitava de investimentos. Em 2012, quando a Petrobras decidiu colocá-la à venda, recebeu apenas uma proposta, de US$ 180 milhões. Ou seja, caso decidisse passá-la à frente, a estatal teria um prejuízo de US$ 1 bilhão. A venda foi temporariamente cancelada.

POLÍCIA FEDERAL
A Polícia Federal investiga suspeitas de evasão de divisas envolvendo a Petrobras no caso Pasadena e no suposto suborno de funcionários da estatal pago pela fornecedora holandesa SBM.
A polícia não descarta visitas às sedes das empresas no exterior.
Como há suspeitas de que funcionários da estatal possam ter feito remessas ou mantido de forma irregular dinheiro fora do país, a polícia decidiu abrir dois inquéritos para averiguar as denúncias.
A apuração da compra da refinaria em Pasadena foi motivada por representação do Ministério Público Federal. Desde o ano passado, procuradores investigam o negócio.
O que mais chama a atenção dos investigadores é o fato de a Petrobras ter desembolsado um total de US$ 1,18 bilhão pela unidade que havia sido comprada por cerca de US$ 42 milhões pela Astra, que tem entre seus executivos um ex-funcionário da estatal brasileira. 
(simplesmente incrível ! E ninguém vai para a cadeia... Quem mais estaria envolvido ?)

GABRIELLI
No ano passado, o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli defendeu a aquisição de Pasadena. Ele disse que a operação foi correta e não houve "qualquer negócio escuso".
"Não há nenhum equivoco, qualquer problema. Pelo contrário, [a Petrobras] seguiu uma estratégia corretamente definida", afirmou, em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização do Senado.
O ex-presidente admitiu que a refinaria de Pasadena possui tecnologia "obsoleta", mas defendeu a lógica da operação. Segundo ele, a estatal iria ganhar dinheiro justamente ao recuperá-la. O investimento previsto de US$ 1,5 bilhão só não foi feito porque houve a disputa com o sócio.
"A lógica de quem é produtor de óleo pesado é comprar uma refinaria menos complexa, com menos capacidade de conversão e investir para ganhar a margem entre o petróleo produzido e o derivado leve vendido ao mercado", disse.

De acordo com Gabrielli, a refinaria é bem localizada, na "beira do Golfo do México", e está integrada a oleodutos que alimentam uma parte importante do mercado americano.
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O mesmo tema com comentários interpostos de um amigo, que me enviou a matéria:
Paulo Roberto de Almeida

9/03/2014

Fonte: Estadão

Dilma apoiou compra de refinaria em 2006; agora culpa ‘documentos falhos’
Documentos até agora inéditos revelam que a presidente Dilma Rousseff votou em 2006 favoravelmente à compra de 50% da polêmica refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). A petista era ministra da Casa Civil e comandava o Conselho de Administração da Petrobrás. Ontem, ao justificar a decisão ao Estado, ela disse que só apoiou a medida porque recebeu “informações incompletas” de um parecer “técnica e juridicamente falho”. Foi sua primeira manifestação pública sobre o tema.
A aquisição da refinaria é investigada por Polícia Federal, Tribunal de Contas da União, Ministério Público e Congresso por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas.
O conselho da Petrobrás autorizou, com apoio de Dilma, a compra de 50% da refinaria por US$ 360 milhões. Posteriormente, por causa de cláusulas do contrato, a estatal foi obrigada a ficar com 100% da unidade, antes compartilhada com uma empresa belga. Acabou desembolsando US$ 1,18 bilhão – cerca R$ 2,76 bilhões.
A presidente diz que o material que embasou sua decisão em 2006 não trazia justamente a cláusula que obrigaria a Petrobrás a ficar com toda a refinaria. Trata-se da cláusula Put Option, que manda uma das partes da sociedade a comprar a outra em caso de desacordo entre os sócios. A Petrobrás se desentendeu sobre investimentos com a belga Astra Oil, sua sócia. Por isso, acabou ficando com toda a refinaria.

Desculpas, desculpas. Mas a questão persiste: se a decisão foi tomada com base em “documentos falhos”, de quem é a culpa? Quem será o responsável por esse enorme prejuízo da estatal brasileira, empresa de todos nós? Sem a “put option” a empresa poderia ter evitado metade do rombo, mas a outra metade continuaria intacta. E aí, Dilma?

Das duas, uma: ou a estatal liderada pelos petistas fecha contratos bilionários sem muito escrutínio, sem grande preocupação com detalhes; ou há caroço nesse angu. De qualquer forma, não dá para o alto escalão do PT tirar o corpo fora em bloco. O fato permanece: um prejuízo gigantesco e suspeito afetou os cofres da Petrobras. Escusas não vão ressarcir o prejuízo.

Terra entrevista Marcos Troyjo: 'Crimeia: "reintegracao e' evento mais importante no pos-URSS"'

Crimeia: "reintegração é evento mais importante no pós-URSS"
Mayara Moraes
Terra, 19 de Março de 2014

Em entrevista ao Terra, o cientista político e prof. da Universidade de Columbia, Marcos Troyjo, explica que, embora a anexação seja importante para a Rússia, a medida terá impactos econômicos e políticos para além do país de Vladimir Putin.
Marcos Troyjo é cientista político e professor do Ibmec-RJ e da Universidade Columbia em Nova York 

A Ucrânia está politicamente estilhaçada e financeiramente quebrada. Sem condição alguma de travar um conflito armado de grande fôlego.
A Otan também se mostra impotente, pois se vê num jogo de xadrez em que seu oponente conta com denso poderio nuclear. Dessa forma, não pode resolver a parada apenas com forças convencionais sem temer que o conflito escale até o nível nuclear.
Crises como a da Ucrânia exigem um tipo de diplomacia presencial que é muito cara.
Além do isolamento político, caso o impasse se prolongue, a Rússia experimentará deterioração de seu status como economia emergente.
A maioria da Crimeia é russa e compartilha dos sonhos grandiosos de integrar uma “Rússia Imperial”, uma “Grande Rússia”.

A Ucrânia tem vivido dias difíceis desde a queda do presidente Viktor Yanukovitch, em 22 de fevereiro. Revoltas populares eclodiram no país, e a população da península da Crimeia enxergou na crise a oportunidade de realizar o desejo histórico de se reintegrar à Rússia. A realização de um referendo popular que culminou com a aprovação da anexação, e com a sua oficialização pelo presidente russo Vladimir Putin, fez com que as potências do Ocidente se envolvessem na crise ucraniana. Desde então, condenações foram feitas e sanções aos envolvidos no referendo foram lançadas. Em entrevista ao Terra, o cientista político e professor da Universidade de Columbia, Marcos Troyjo, explica as causas e os desdobramentos da crise. Para Troyjo, a reintegração da península crimeana é o evento mais importante para a Rússia desde o fim da União Soviética, mas que essa ousadia pode custar caro a Putin e a seus aliados. Confira a íntegra da entrevista.

Terra - Quais seriam as consequências da anexação da Crimeia para a Rússia, para a Ucrânia e para o mundo como um todo? Essa anexação pode agravar ainda mais a crise na Ucrânia?
Troyjo - Acho que a Ucrânia hoje é assombrada pelo fantasma de um desmembramento maior do que apenas o da própria Crimeia. Fervem as antipatias históricas entre ucranianos do Oeste e russos, o que sem dúvida oferece farta matéria-prima para novos conflitos. Para o Ocidente há também um impacto grande.
A própria ONU (Organização das Nações Unidas) mostra-se de certa forma enfraquecida.  Dado o poder de veto da Rússia no Conselho de Segurança, a ONU está de mão atadas para adotar resoluções e tentar remediar a crise. Parece que estamos de volta à "Balança de Poder" que marcou a formação de alianças internacionais na Europa durante o século 19.
Para a União Europeia, a crise também representa um ônus, pois a maioria de seus países-membros encontra-se em meio a uma recuperação econômica ainda frágil. E apesar dessa vulnerabilidade, a EU é forçada a mostrar-se presente e interessada nos países do Leste.
A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) também se mostra impotente, pois se vê num jogo de xadrez em que seu oponente conta com denso poderio nuclear. Dessa forma, não pode resolver a parada apenas com forças convencionais sem temer que o conflito escale até o nível nuclear.
Para os EUA também a crise representa mudança. Washington não conseguirá implementar política externa e de defesa mais “retraída”, como parecia ser a vontade do Governo Obama. Crises como a da Ucrânia exigem um tipo de diplomacia presencial que é muito cara. Não dá para resolver apenas com drones pilotados a milhares de quilômetros de distância.
E sobre a importância desses acontecimentos para a Rússia basta dizer o seguinte. Em termos geopolíticos, a eventual reintegração da Crimeia é o evento mais importante para o país no período pós-URSS.

Terra - As consequências não seriam ruins para a Rússia já que os EUA e os países da União Europeia ameaçam impor uma série de sanções ao país? A Rússia não ficaria ainda mais isolada?
Troyjo - Sem dúvida. A Rússia e seus aliados têm muito a perder. Além do isolamento político, caso o impasse se prolongue, a Rússia experimentará deterioração de seu status como economia emergente.
O “Custo Rússia” refletirá uma imensa combinação de desconfiança e risco político. O volume de IEDs (investimentos estrangeiros diretos), de que a Rússia tanto depende, certamente cairá. O impacto disso sobre a bolsa de valores russa será marcante. Ademais, a Rússia “desconvidará” à formação de novas alianças, especialmente com potências ocidentais. Os que desejarem caminhar de mãos dadas com a Rússia sofrerão os efeitos colaterais da lógica do "diga-me com quem andas e te direi quem és".

Terra - Por que a Crimeia tem sido tão disputada há tanto tempo, não apenas por Rússia e Ucrânia, como por vários outros povos ao longo da história?
Troyjo - Há sobretudo uma importância geopolítica. Pode parecer coincidência, mas em 1904, há exatos 110 anos, o geógrafo britânico H.J. Mackinder, apresentava àRoyal Geographical Society em Londres um artigo acadêmico intitulado "O Pivô Geográfico da História". Mackinder, que muitos consideram o pai da Geoestratégia, conceituava naquele texto a gigantesca massa de continentes formada por Europa, Ásia e África como sendo a "Ilha-Mundo", cujo "Heartland" (literalmente “coração da terra”) tem epicentro na Europa Oriental.

Mais tarde, Mackinder teve de resumir sua teoria numa lógica bastante assustadora, pois ela foi utilizada tanto na Primeira quanto na Segunda Guerra Mundial. Mackinder salientava que "quem domina a Europa Oriental comanda o Heartland; quem domina o Heartland comanda a Ilha-Mundo; quem domina a Ilha-Mundo controla o mundo".
Para a Rússia o acesso naval às águas quentes do Mar Negro é essencial a sua ideia de segurança nacional e projeção de poder
Marcos Troyjo
cientista político e prof. Universidade de Columbia, NY

Além disso, para a Rússia o acesso naval às águas quentes do Mar Negro é essencial a sua ideia de segurança nacional e projeção de poder. Isso faz do litoral da Crimeia peça-chave na geoestratégia formulada no Kremlin.

Terra - A Crimeia foi ‘dada de presente’ à Soviética  República Socialista  Ucrânia pela República Socialista Federada Soviética da Rússia, em comemoração aos 300  anos de amizade entre a Rússia e a Ucrânia. Com o colapso da União Soviética, a Crimeia tornou-se parte da Ucrânia, mas a população de maioria russa ficou bem ressentida com a mudança.  Podemos dizer que a insatisfação da população russa que vive na Crimeia é histórica?

Troyjo - Sem dúvida. Quando Nikita Kruschev “cedeu” a Crimeia à Ucrânia, destancando-a da Rússia, imaginava estar contribuindo com um pilar de comunhão entre as duas mais importantes repúblicas soviéticas. Aliás, por curiosidade, Kruschev nasceu na cidade russa de Kalinovka, praticamente na fronteira entre Rússia e Ucrânia.

Para compreender essa questão das afinidades étnicas naquela região, vale ressaltar que os eslavos gostam de definir sua “nacionalidade” menos em termos do lugar onde nasceram e mais em função do sangue de seus pais. É por isso que, após o Referendo de domingo passado, a maioria russa da Crimeia disse que “estava voltando para casa”.

Terra - Se essa insatisfação é histórica, por que a ideia da realização de um referendo aprovando a anexação da região à Rússia aconteceu apenas agora?
Os russos se aproveitaram da confusão política em Kiev e do vácuo de poder na Ucrânia para fazer valer uma antiga vontade geopolítica
Marcos Troyjo
cientista político e prof. Universidade de Columbia, NY

Troyjo - Porque os russos se aproveitaram da confusão política em Kiev e do vácuo de poder na Ucrânia para fazer valer uma antiga vontade geopolítica. A situação lembra um famoso ditado chinês: “onde há confusão, há lucro”.
Terra - Além da Crimeia, outras cidades e regiões da Ucrânia, como Carcóvia e Sebastopol  estão igualmente interessadas em se separar da Ucrânia. Por que há tanto interesse em deixar de fazer parte da Ucrânia e o que elas têm a ganhar se anexando à Rússia?

Troyjo - A maioria da Crimeia é russa e compartilha dos sonhos grandiosos de integrar uma “Rússia Imperial”, uma “Grande Rússia”. Esse sentimento é percebido em todas as localidades do leste da Ucrânia em que há presença étnica russa significativa.
Além disso, apesar de todas as dificuldades econômicas que os russos enfrentam, hoje o PIB (Produto Interno Bruto) per capita da Rússia é quase três vezes maior que o da Ucrânia. É realmente uma lástima, pois a Ucrânia como um todo prefigura uma das maiores potências agrícolas do mundo – tem muitos fatores positivos para tornar-se um país mais próspero e harmonioso.

Terra - Podemos dizer que a  diversidade étnica na Crimeia torna o conflito mais explosivo? Vimos que o povo tártaro boicotou a votação.
Troyjo - Creio que não. Comparada com outros conflitos étnicos recentes, como o horror que predominou na ex-Iugoslávia nos anos 1990, a violência na Crimeia tem sido pequena.
O problema maior é o embate entre os interesses nacionais da Rússia e da Ucrânia. Além disso, dada sua posição geográfica e dependência econômica externa, a Ucrânia acaba sofrendo os efeitos perversos do cabo-de-guerra entre Rússia e Ocidente.
Isso se manifestou claramente na tentativa de atração da Ucrânia ao polo gravitacional da União Europeia como também na possibilidade da Ucrânia vir a integrar a OTAN, ambas as hipóteses fortemente rechaçadas por Moscou.

Terra - Há um risco real de confronto militar entre Ucrânia e Rússia? Em caso afirmativo, quais  seriam as consequências desse confronto militar (sabemos que a Ucrânia está em muita desvantagem em relação à Rússia)?
Troyjo - Acho a probabilidade pequena. O novo governo na Ucrânia vai tentar consolidar-se na porção ocidental do país com a ajuda política e financeira da comunidade internacional. A Ucrânia está politicamente estilhaçada e financeiramente quebrada. Sem condição alguma de travar um conflito armado de grande fôlego. Não creio que veremos a reedição de um confronto como o que opôs Rússia e Geórgia em 2008.

Terra - Você acredita que algum país interviria militarmente no conflito?
Troyjo - É pouco provável. Os laços econômicos entre Rússia e Europa são muito fortes e o risco potencial de um engajamento militar do Ocidente na Ucrânia é insuportavelmente alto.
Terra