O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 1 de julho de 2012

Hong Kong (4): um pais, dois sistemas (talvez se deva estender o princípio)

Para seduzir os habitantes de Hong Kong e os de Macau, em seus processos de retrocessão à China, no término das administrações coloniais do Reino Unido e de Portugal, respectivamente, os dirigentes da RPC inventaram a fórmula "um país, dois sistemas", que pretendem aplicar também ao caso de Taiwan, se por acaso a ilha rebelde se dobrar às injunções dos comunistas para retornar ao seio da (assim dita) "pátria-mãe" (o que eu acho particularmente improvável).
Mas quem sabe os dirigentes chineses começam por aplicar esse sistema aos casos do Tibet e do Xinjiang?
Acho que seria muito bem recebido...
Paulo Roberto de Almeida 



Hu: Our shared mission '1 country, 2 systems'

Source: Xinhua  - Shanghai Daily,  July 2, 2012


ADVANCING the cause of "one country, two systems" is the shared mission of the central government and the government of the Hong Kong Special Administrative Region, President Hu Jintao said yesterday.

Hong Kong's remarkable achievement proves that the "one country, two systems" is the best solution to the Hong Kong question left over from history and the best institutional arrangement for the long-term prosperity and stability of Hong Kong, Hu said. 

He was at a gathering for the 15th anniversary of Hong Kong's return to the motherland and the swearing-in of the fourth-term government and Chief Executive Leung Chun-ying.

Leung, who is 58 next month, said that during the next five years of his tenure, he and his government will focus on addressing major issues such as sustaining economic growth, expanding job opportunities, offering more public housing and other items concerning people's livelihood.

Leung called his standing for election "a humbling experience" and vowed to honor the pledges he had made - to uphold justice, protect the rights of the people, safeguard the rule of law, clean government, freedom and democracy and take an inclusive approach toward different opinions and views. 

Leung made the pledge in his inaugural speech at the Hong Kong Convention and Exhibition Center.

In spite of many challenges, Leung said the new government could "resolve the conflicts that exist in our society and clashes that may arise from different values or political ideologies."

"I will spare no effort to carry out my election platform and lead Hong Kong in 'seeking change while preserving stability'" in the next five years, said the chief of the region with a population of 7 million.

Leung said to promote sustained and robust economic development, the foundation of Hong Kong's prosperity, "the government must assist investors and enterprises, large and small, to seize opportunities arising from our nation's and the world's economic growth."

Business and financial sectors have been the major driving forces behind Hong Kong's economic development. "We must capitalize on the opportunities to consolidate and elevate Hong Kong's status as an international financial center and help the shipping industry to restructure and upgrade," he said.

Hong Kong must fully implement all economic and trade agreements signed with mainland counterparts to expand job opportunities and development potential in the mainland for Hong Kong people, he said.

He said his government would formulate industry policy to promote and support the pillar industries, including supporting Hong Kong enterprises operating outside Hong Kong and new industries with growth potential.

Yesterday's celebrations began with a flag-raising ceremony at the Golden Bauhinia Square. 

Uma entrevista inedita incompleta - dos arquivos secretos de PRA (2005)

De vez em quando aparecem coisas ainda mais estranhas nos meus implacáveis arquivos ainda não devassados pela CIA, KGB, ABIN, MI6, DGI e outros candidatos menos qualificados. Esta entrevista, por exemplo, que comecei a dar e não sei por que raios nunca foi terminada. Falta de tempo, mais provavelmente. Mas como não me cobraram, ficou por isso mesmo.
Um dia eu termino, e atualizo o que já tinha feito...
Não preciso revelar o órgão de imprensa, não é mesmo?
Paulo Roberto de Almeida


Uma entrevista incompleta sobre Mercosul e a política externa (2005)
Entrevista a Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11 agosto 2005

IMPORTANTE!        1 - A ordem das questões poderá ser alterada por motivo de edição;
2 – A edição da entrevista será enviada para os senhores prévia à publicação para possíveis correções;
3 – Estima-se que publiquemos a entrevista no mês de Agosto de 2005.

PERGUNTAS:
1-Como o senhor analisa a política externa brasileira atual? Existiria um modelo ideal de política externa para o Brasil?
PRA: Em princípio deve-se desconfiar de “modelos ideais”. Por definição, eles não existem, pois a realidade, sobretudo no plano internacional, não se deixa dominar ou influenciar por qualquer modelo que se estabeleça a priori.
            Na verdade, não há e nem deve haver modelos ideais para política externa como para qualquer outra política, macro ou setorial. Modelos são construções teóricas, geralmente feitas ex-post, que permitem sistematizar determinadas ações políticas ou sociais que no geral foram bem sucedidas, e daí viram modelos. Ninguém transforma um fracasso em modelo, isso parece claro. No caso da política externa, a política a ser eventualmente seguida comporta variáveis que não são inteiramente ou basicamente determinadas pelo próprio governo do país que a implementa, uma vez que elas são influenciadas ou mesmo determinadas pelo ambiente internacional ou mesmo por interações diversas que esse país mantém no cenário mundial ou com outros atores relevantes.
            A política externa atual, como qualquer outra, de outros países ou deste país em outras épocas, possui elementos de continuidade e de inovação ou ruptura, estas últimas como seria normal de esperar no caso de uma mudança tão significativa de maioria política e de orientação partidária, como a que ocorreu em 2002.
            Os elementos de continuidade estão evidenciados na centralidade do Mercosul para a política externa brasileira, na chamada relação estratégica com a Argentina, na prioridade dada ao multilateralismo econômico em geral e às negociações comerciais em particular, na confirmação da América do Sul como o espaço privilegiado de atuação da diplomacia brasileira, inclusive no que se refere à integração física, bem como no relacionamento seletivo com alguns grandes parceiros em desenvolvimento (Índia, África do Sul e China, embora, anteriormente, de modo menos enfático).
            Os elementos de ruptura ou de relativa inovação também claros, uma vez que foram repetida e reiteradamente afirmados, no plano de propostas programáticas ou de plataformas eleitorais, em documentos, declarações e posicionamentos adotados pelos principais líderes do Partido dos Trabalhadores ao longo de 20 anos de caminhada em direção do poder. Esses elementos de “diplomacia partidária”, digamos assim, estão documentados em diversos trabalhos que eu mesmo elaborei sobre a “política externa” dos partidos políticos ao longo desse período. Quais são esses elementos de ruptura? Eles são marcados por uma opção preferencial pelo relacionamento com os países do Sul, de modo geral, e com os latino-americanos de maneira especial (embora isso não seja totalmente inédito para os padrões habituais da diplomacia brasileira), por uma preferência seletiva com um número restrito de parceiros ditos estratégicos (designados antecipadamente como sendo a Índia, a África do Sul e a China, aos quais poderiam igualmente ser agregados a Rússia e alguns países europeus, geralmente rebeldes ao hegemonismo americano), na forte ênfase atribuída à conquista de uma cadeira permanente no CSNU em caso de reforma da Carta da ONU, numa recusa (em parte disfarçada no governo, mas evidente no âmbito do PT) da Alca e na preferência a priori por um acordo comercial entre o Mercosul e a União Européia, bem como numa vontade geral de transformar as relações políticas internacionais de modo geral, tal como evidenciado vários vezes pelos líderes do PT no sentido de “mudar as relações de força no mundo”, ou pelo próprio presidente da República, que tem reiteradas vezes enfatizado seu desejo de “mudar a geografia comercial” do mundo.
            Essa nova diplomacia já foi por ela mesma designada como sendo “ativa e altiva”, e de fato ela multiplicou iniciativas e ações em novos campos de atuação que colocaram o Brasil em posição de realce ou de vanguarda em vários foros multilaterais, regionais, assim como no terreno bilateral. Ela foi especialmente ativa no projeto de uma cadeira permanente no CSNU, tendo constituído um novo grupo de interesse, o G-4, ainda que a sensibilidade da questão poderia indicar um tratamento mais discreto dessa pretensão, como recomendaria a diplomacia profissional. Ela o foi igualmente em várias tentativas de coordenar as posições dos países do Mercosul e de outros da América do Sul nos processos de negociação comercial como os da Alca e na OMC, mas aqui novamente com sucesso relativo. Os esforços de coordenação se traduziram, por exemplo, na constituição da Comunidade Sul-Americana de Nações, que é um órgão essencialmente político, mas destinado a realizar tarefas complexas nos terrenos da integração física e comercial.
  
2- A política econômica adotada pelo governo brasileiro, é bastante diferente do principal parceiro daquele que é, segundo o Itamaraty, o principal projeto de política externa do país, o MERCOSUL, chegando a gerar desconfortos entre eles. É possível ampliar a integração, reafirmando o compromisso do Itamaraty, adotando uma política econômica diferente ou o Brasil deve buscar outro "projeto principal"?
            PRA: Políticas econômicas nacionais respondem a ciclos econômicos nacionais e possuem as características de cada economia nacional. Nos últimos dez ou 20 anos, Brasil e Argentina tiveram itinerários relativamente similares, mas não semelhantes, em seus respectivos
(...)

[Parte não respondida]
3- O senhor diz que o neoliberalismo não encerra em si uma política distributiva, mas que a redução da inflação foi algo bom. Segundo Celso Furtado, em entrevista ao Merconsulta em 2002, esta redução acabou com uma das ferramentas do governo de financiamento (chegou a render 5% do Produto Nacional) e teve que ser compensada por outros meios, como, por exemplo, aumento de impostos, resultando numa situação fiscal que o próprio Prof. Celso Furtado classifica como grave, pela extrema elevação da taxa de tributos e pela deformação de sua carga sobre pobres e ricos, incidindo mais sobre os pobres, por conta dos impostos indiretos que recaem sobre a base da população. Como o Sr. analisa esta questão?
4-A desigualdade social persiste (0,6 em 93 e 0,6 em 03, segundo dados do IBGE/IPEA), acompanhada de uma queda na renda do trabalhador, segundo dados do livro Radar (a renda média do trabalhador caiu 15% entre 96 e 2003), queda esta que se refere apenas aos empregados, com ou sem carteira assinada. Também ao longo do período, o nível de homicídios cresceu mais de 30% e o desemprego passou de 6,4% para 10% da PEA. A que o Sr. atribui o mal desempenho deste índices? Quais alternativas teríamos para revertê-los?
5-O Sr. diz que o Brasil teve alguns “czares econômicos da ditadura”  (Roberto Campos, Delfim Netto, Simonsen etc.) e outros ministros políticos da Fazenda na “república populista”. Quais seriam suas críticas em linhas gerais a estes modelos/projetos?
6-O longo período de recessão que houve na América Latina fez com que os países se voltassem muito para a idéia de uma abertura externa. O argumento apresentado era o de que essas economias eram demasiadamente fechadas, muito controladas, e que para terem mais dinamismo deveriam se abrir ao exterior. Segundo Celso Furtado, muitos governantes acreditaram que seus países se encaminhariam para uma fase de progresso, avanço e desenvolvimento, mas o que ocorreu na prática foi justamente o inverso. O economista Gabriel Palma disse que as políticas econômicas não devem ser baseadas em proposições simplistas como “openness is good for growth and development”. O sr. acredita que haja coerência nas colocações destes dois economistas? Quais seriam as coerências ou incoerências dos mesmos?
7-Este mês de agosto, no Rio de Janeiro, ocorreu o Fórum IBAS (Índia Brasil e África do Sul), um Seminário de Desenvolvimento Econômico com Eqüidade Social, com a missão de promover o intercâmbio de visões acerca dos grandes desafios do desenvolvimento sustentável para esses países e compartilhamento de políticas/programas adotados nos 3 países para combate à pobreza, desenvolvimento igualitário, cooperação tecnológica, etc.. Qual a sua opinião sobre este tipo de iniciativa?
8-Como o Sr. avalia o desempenho dos programas sociais adotados no atual governo, tais como o Fome Zero, Bolsa Família, Microcrédito, etc.? Quais são os pontos favoráveis e os negativos? 
9-E sobre a questão da integração com os países industrializados, o senhor acredita que é melhor a integração com estes países ou com países em desenvolvimento?

Caso queira expor algum outro tema adicional que julgue pertinente, favor adicionar.

Revista do Instituto do Direito Brasileiro (RIDB) - Lisboa

Postando o que foi recebido por lista sobre o Mercosul, e que pode interessar a número maior de acadêmicos: 

Assunto: Revista do Instituto do Direito Brasileiro (RIDB) 
De: "Fernando Araujo" <borgesaraujo@gmail.com
Data: Seg, Junho 25, 2012 09:35 
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Ex.mos Colegas: 
O Instituto do Direito Brasileiro da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa vai lançar, até ao final do presente ano de 2012, o primeiro número da Revista do Instituto do Direito Brasileiro (RIDB), publicação electrónica a ser disponibilizada no site <http://www.idb-fdul.com/>http://www.idb-fdul.com/. 
Numa primeira fase, a RIDB pretende acolher artigos representativos da produção científica brasileira e portuguesa, de acordo com uma dupla exigência: 
* que se trate de artigos inéditos em Portugal (podendo não sê-lo no Brasil) 
* que correspondam a um padrão que os editores da RIDB entendam aceitável. 
Nesta primeira fase haverá, pois, a maior amplitude na aceitação de trabalhos, pedindo-se apenas aos Colegas que divulguem a RIDB e motivem os mais novos a aderirem a este projecto. 
Numa segunda fase é intenção da RIDB abrir uma secção de artigos inéditos tanto em Portugal como no Brasil, artigos que serão sujeitos a "peer review". 
Numa terceira fase é nossa intenção que a RIDB se torne predominantemente, se não mesmo exclusivamente, uma publicação de artigos sujeitos a "peer review". 
De acordo com o regime em vigor em Portugal para publicações electrónicas, a RIDB verá o seu ISSN atribuído somente no momento de 
publicação do seu primeiro número. 
Os manuscritos, necessariamente em formato "Word" (.doc ou .docx), podem ser enviados para: 
Agradecendo desde já a colaboração que possam prestar, 

O Director da RIDB, 
Fernando Araújo 
Lisboa, 25 de Junho de 2012 
___________________________________ 

Fernando Araújo 
Professor Catedrático 
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa 
Alameda da Universidade 
1649-014 LISBOA 
PORTUGAL 
213863250 / 934262558 

Paraguai: diplomacia brasiguaia dando licoes a quem precisa...

Sem serem diplomatas, os brasiguaios constituem uma ponte para a melhoria das relações entre o Brasil e o Paraguai, bem melhor, em todo caso, do que as tramoias altamente suspeitas do Foro de São Paulo articuladas pelos companheiros do continente. 
Uma lição de pragmatismo, que os diplomatas não precisariam (e os do Itamaraty não precisam) tomar, não fosse pelo assalto feito pelos companheiros nas relações internacionais do Brasil. Um assalto, aliás, triplamente qualificado: obscuro (e tem muita coisa secreta que, infelizmente, não vai deixar traços escritos, a não ser nos depoimentos dos envolvidos, quiçás, um dia), altamente distorcido, na forma e na substância, e totalmente contrário aos interesses nacionais. Um dia isso acaba, mas os estragos já foram feitos em termos de credibilidade. Se ninguém diz nada em torno disso, eu digo...
Paulo Roberto de Almeida 


Fazendeiros brasiguaios saúdam fim da era Lugo

Brasileiros assentados há décadas no Paraguai tratam novo presidente como 'nosso Franco'

01 de julho de 2012 | 9h 25
Roberto Simon, enviado especial a Santa Rita
SANTA RITA - Federico Franco é o nosso homem em Assunção. Pelo menos é assim que pensam os grandes fazendeiros brasileiros assentados há décadas no Paraguai, que chegam a tratar o médico cirurgião de 49 anos que sucedeu a Fernando Lugo na presidência de "o nosso Franco".
Federico Franco, novo presidente do Paraguai - Efe
Efe
Federico Franco, novo presidente do Paraguai
Para líderes dos "brasiguaios", a comunidade de brasileiros que há quatro décadas expande a fronteira agrícola do Paraguai, Lugo era uma ameaça ao agronegócio e à propriedade no campo. Franco, do outro lado, é um velho amigo. O ocaso do ex-bispo que rompeu a hegemonia do Partido Colorado, afirmam os produtores brasileiros, dará início a uma nova era de "segurança jurídica" para os investimentos, cada vez mais lucrativos, no país vizinho. Mas, para isso, é preciso que o governo Dilma Rousseff aceite a legitimidade do impeachment de Lugo e mantenha a fraterna relação das últimas décadas com o Paraguai.
Juacir José Rebossi, mineiro ex-boia fria que se tornou um dos maiores fazendeiros brasileiros em solo paraguaio, onde está desde 1969, lamenta que tenha levado "tanto tempo" para Lugo cair. Em sua caminhonete, ele passeia pela região de Santa Rita - vila onde 80% da população é brasiguaia, a 70 km de Ciudad del Este - mostrando os sinais do boom agrícola que mudou a paisagem da região do Alto Paraná. O mato da época em que chegou deu lugar a infindáveis campos de milho, trigo e sobretudo soja, pontilhados por enormes moinhos e estruturas ultramodernas de processamento da colheita. Lojas de maquinário agrícola, carros, agências bancárias e restaurantes se enfileiram na rua principal, que ganhará asfalto em breve - pago não pelo Estado paraguaio, mas pelos proprietários locais.
O maior orgulho de Rebossi, porém, é a Expo Santa Rita, que ele ajudou a criar. Hoje, a feira agrícola que marca o fim da época de colheita, em maio, é o segundo maior evento do agronegócio no Paraguai e um símbolo do poder e prestígio da comunidade brasiguaia. Na edição de 2012, vieram as duplas sertanejas Fernando e Sorocaba e Chitãozinho e Xororó. Franco estava lá, como em todos os anos. Lugo, também como em todos os anos, não.
"Em todo seu governo, ele nos recebeu apenas duas vezes, logo depois que foi eleito, e nas reuniões ficou calado o tempo todo, enquanto nós explicávamos nosso temor das invasões de terra", explica Rebossi.
Mas, com Franco, "a porteira estará sempre aberta" para a comunidade brasileira. "Conhecemos ele há décadas, desde que ele foi deputado e governador, falamos diretamente, com a maior abertura. Ele é alguém realmente aberto aos brasileiros e, por isso, estamos mais otimistas agora."
''Muito obrigado''
A primeira reunião do primeiro dia de trabalho do presidente Franco, às 8h30 de segunda-feira, foi com líderes brasiguaios. No domingo, pouco mais de 24 horas após a queda de Lugo, eles haviam realizado um encontro com o cônsul do Brasil em Ciudad del Este, Flávio Roberto Bonzanini, a quem entregaram uma carta pedindo o "imediato" reconhecimento brasileiro do novo governo paraguaio.
Os fazendeiros foram especialmente trazidos à capital e recebidos em uma das salas do Palácio los López. Com Franco sentado à cabeceira, discutiram formas para desobstruir os canais com Dilma e convencer o governo brasileiro de que a destituição em 36 horas de Lugo foi legítima. Após alguns minutos de reunião, Franco interrompeu subitamente a conversa e, segurando firme um dos interlocutores brasiguaios, soltou: "Muito obrigado pelo que vocês estão fazendo por mim."
"O Paraguai fez a coisa mais certa que poderia fazer: tirar Lugo do poder e evitar o caos, a revolução", explica Francisco Mesomo, gaúcho de 64 anos que, no fim dos anos 70, comprou uma pequena propriedade no Paraguai para cultivar hortelã e, hoje, é um dos grandes produtores de soja, milho e trigo do país. Mesomo e Rebossi fizeram parte da comitiva recebida por Franco na segunda-feira.
O segundo foi ainda a Brasília, na quarta-feira, falar com um grupo de senadores - entre eles Álvaro Dias (PSDB-PR) e Ana Amélia (PP-RS) -, que manifestaram apoio firme à causa dos brasiguaios e ao reconhecimento do novo governo de Assunção.
Invasões
Rebossi e Mesomo culpam Lugo pelo movimento dos carperos, o grupo de sem-terra do Paraguai cujo nome vem dos barracos de lona onde se abrigam, as carpas. Para os dois brasiguaios, a transformação dos camponeses - que, nos anos 90, dispersos, reivindicavam a reforma agrária - em um movimento político nacionalmente organizado, os carperos dos anos 2000, foi "obra de Lugo".
Durante o governo do ex-bispo, afirmam, o Exército dava cobertura às invasões de terra e o Ministério do Interior evitava ao máximo cumprir as determinações judiciais de desapropriação. Eles alegam ainda que os camponeses eram transportados em veículos do Estado, algo que alguns sem-terra ouvidos pela reportagem negaram.
Um dos momentos mais tensos no conflito entre brasiguaios e carperos ocorreu em fevereiro na região de Ñacunday, perto da fronteira, quando cerca de 10 mil sem-terra ocuparam uma propriedade de plantação de soja. A polícia chegou a prender um dos líderes dos camponeses acusado de incitar a violência contra os brasiguaios, mas a questão segue sem desfecho. Parte das famílias continua na propriedade do brasileiro.
"Os carperos queriam que ocorresse em Ñacunday o massacre que ocorreu no dia 15 em Curuguaty", diz Fernando Schuster, referindo-se à tragédia que deixou 17 mortos - 11 sem-terra e 6 carperos - e deu início ao movimento que culminou na deposição de Lugo. "Conversei cara a cara com os carperos quando os policiais entraram na propriedade. Eles (os sem-terra) ficavam nos provocando, querendo que houvesse violência para eles usarem como arma política", diz Schuster, nascido no Paraguai, em límpido português.
Filho de pai brasileiro e candidato a vereador em Santa Rosa del Monday (cada vez mais, "do Mondaí"), outra pequena cidade do Alto Paraná, Schuster afirma que Lugo pôs os carperos "dentro do governo" e, em Ñacunday, "fez de tudo" para mantê-los nas propriedades.
"É preciso entender que Lugo queria trazer o projeto venezuelano de Hugo Chávez para o Paraguai, que ele pôs o Estado contra os produtores rurais, especialmente os brasileiros e seus descendentes", diz o candidato.
Ele afirma ainda que o ex-bispo "fez vista grossa" às ações violentas do Exército do Povo Paraguaio (EPP), "que se está tornando o equivalente paraguaio das Farc".
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo

Hong Kong (3): a populacao quer mais democracia, mais autonomia, mais liberdade


Miles de manifestantes desafían en Hong Kong al Gobierno central

Decenas de miles de personas aprovechan el 15 aniversario de la devolución del territorio por parte de Reino Unido para pedir democracia

 Pekín - El País,1 JUL 2012 - 14:09 CET

Manifestación de protesta en Hong Kong contra el Gobierno central. /BOBBY YIP (REUTERS)
Decenas de miles de personas se han manifestado hoy en Hong Kong en el 15 aniversario de la devolución del territorio por parte de Reino Unido para pedir democracia, protestar por las desigualdades sociales y criticar al nuevo jefe ejecutivo de la ex colonia, Leung Chun-ying. La marcha ha tenido lugar después de que el presidente chino, Hu Jintao,dejara el territorio, donde ha asistido este fin de semana a diversos actos, que han culminado con la toma de posesión esta mañana de Leung para un mandato de cinco años.
“Me comprometo a defender la Ley Básica de Hong Kong”, ha afirmado Leung, de 57 años, un millonario consultor inmobiliario, próximo a Pekín, en la jura del cargo. La Ley Básica es la miniconstitución de Hong Kong, que garantiza libertades civiles de las cuales carece China continental, bajo el modelo denominado “un país, dos sistemas”, adoptado para la devolución en 1997.
La visita de Hu –previsiblemente, su última antes del relevo en la cúpula de poder del Partido Comunista Chino a finales de año- y la toma de poder de Leung se producen en un momento en el que el descontento de la población con el Gobierno central se encuentra en uno de los puntos más altos en los últimos 15 años, lo que ha generado un rosario de protestas a lo largo del fin de semana.
Varias docenas de manifestantes intentaron cruzar el sábado las barricadas de dos metros de altura instaladas alrededor del hotel en el que se alojaba el presidente chino, informa France Presse. Fueron rechazados con aerosoles irritantes. Los participantes gritaron eslóganes antichinos y urgieron a Hu a que explique las muerte sospechosa del disidente Li Wangyang en China el mes pasado, un suceso que ha disparado la ira de muchos ciudadanos de Hong Kong contra Pekín. Su familia piensa que fue asesinado por la policía.
Fuertes medidas de seguridad han marcado la estancia de Hu, quien en la ceremonia de hoy ha expresado su confianza en el papel de Hong Kong como sociedad libre y respetuosa con la ley. Hu ha insistido en que el derecho de los hongkoneses de gobernar el territorio es “inquebrantable” y que Pekín continuará impulsado “el desarrollo democrático” de la ex colonia; una referencia a las demandas de la población de que sea instituido el sufragio universal para elegir al jefe ejecutivo.
En una muestra de la preocupación que existe en Pekín por las recientes tensiones entre la población de Hong Kong y China continental, Hu ha hecho un llamamiento a la unidad y ha pedido al Gobierno de Leung que preste atención a “los profundos problemas y desacuerdos” existentes.
Durante la intervención del presidente, uno de los 2.300 invitados se ha levantado, le ha interrumpido y ha pedido el fin del régimen de partido único y de la dictadura en China. También ha hecho referencias a la matanza durante las protestas a favor de la democracia en la plaza Tiananmen (Pekín), en 1989. Rápidamente, ha sido detenido por el servicio de seguridad. Fuera de las instalaciones –las mismas en las que tuvo lugar la ceremonia de devolución hace 15 años-, un fuerte dispositivo policial ha impedido a los manifestantes acercarse, informa Reuters. Varios han sido detenidos.
Hong Kong es un importante centro financiero y goza de una gran actividad en defensa de la democracia, lo que lo convierte a la vez en un importante activo y en un precedente peligroso para China, donde la población se muestra cada vez más crítica con los abusos de poder y las violaciones de los derechos humanos, gracias a que la información fluye ahora como nunca con Internet. A pesar de contar con un sistema político propio y mayores libertades, críticos y defensores de la democracia en Hong Kong acusan a Pekín de manejar tras las bambalinas las esferas políticas, académicas y legales y los medios de comunicación.
El ascenso de China ha facilitado un fuerte desarrollo de la economía de Hong Kong y ha reforzado el papel de la ciudad como importante centro financiero en Asia. Pero las tensiones entre su siete millones de habitantes y los vecinos del continente están creciendo. Los hongkoneses critican la llegada de los nuevos ricos chinos, que han disparado el precio del sector inmobiliario y han creado problemas de falta de camas en las maternidades de los hospitales o de suministro de leche en polvo infantil. Una encuesta de la Universidad de Hong Kong hecha pública la semana pasada muestra que el 37% de los ciudadanos de Hong Kong desconfía de Pekín, mientras otro estudio de la misma Universidad de esta semana asegura que el número de hongkoneses que se consideran en primer lugar ciudadanos de China ha caído al 13%. Entre las promesas realizadas por Leung, está disminuir la creciente brecha entre ricos y pobres, que ha alcanzado el mayor nivel desde la recuperación de la ex colonia, mientras que la contaminación del aire, los precios del inmobiliario y las investigaciones anticorrupción a antiguos y actuales dirigentes han provocado la frustración de la gente y han dañado la reputación de la ciudad.
La oposición demócrata desconfía de Leung y duda que actúe en interés de Hong Kong, en especial para que lleve el territorio a gozar de democracia completa. Leung fue elegido jefe ejecutivo en marzo por un comité especial, repleto de miembros de la élite empresarial partidarios de Pekín. El Gobierno central ha prometido que el territorio podrá elegir libremente su propio líder en 2017 y a todos sus diputados en 2020 como pronto, pero aún no ha sido establecida la hoja de ruta para lograrlo.

Hong Kong (2): o novo administrador aceito por Pequim


Hong Kong’s New Chief Vows to Create More Equitable Society
Kelvin Wong and Simon Lee
Bloomberg News, July 1st, 2012

Leung Chun-ying, the former property surveyor who was a surprise choice to be Hong Kong’s new leader, vowed to boost public housing and build a “more equitable society” as he was sworn in today.
Leung, 57, took office in a ceremony attended by Chinese President Hu Jintao, who said Hong Kong should expand cooperation with China and develop a harmonious society. The leaders were also celebrating the 15th anniversary of the former British colony’s return to Beijing’s control.
The challenges facing Leung include tackling Asia’s biggest wealth gap, now the worst in Hong Kong since records started being kept in 1971, and demands for direct leadership elections by 2017. At the same time, China seeks to bind the city’s economy more closely to the mainland’s and maintain stability ahead of its own once-a-decade leadership transition this year.
“Housing tops the list of livelihood issues that are of public concern,” Leung said in Mandarin, adding that he’d seek to meet the expectations of both the central government and the people. “We need to provide more public housing and assist low- income groups to secure flats.”
With his term only beginning, Leung already faces a challenge to his authority. The Democratic Party says Leung misled the public about illegal structures built at his home, and is seeking to overturn his election in March. About 70 percent of 529 people surveyed by the University of Hong Kong on June 25 and 26 said perception of Leung’s integrity was negatively impacted by the findings.
Government’s Ear
“C.Y. does have the ears of central government, but even central government is going to find it difficult to support a chief executive whose credibility in the eyes of the Hong Kong community is tarnished even before he takes office,” said Anson Chan, former chief secretary under Tung Chee-hwa.
Leung, who said last month he was “disappointed in himself” over the structures, must restore the Hong Kong people’s trust in him while he also fosters closer ties with Beijing, which backed his candidacy.
The latest allegations may make it more difficult for Leung to restore the public’s trust in the city’s leadership after his predecessor, Donald Tsang, acknowledged taking trips on yachts and planes owned by billionaire businessmen. He must also win over tycoons including Li Ka-shing, Asia’s richest man and founder of Cheung Kong Holdings Ltd. (1), who had supported a rival for the chief executive position.
Speaking Mandarin
Leung delivered his speech in Mandarin even though the majority of Hong Kongers speak Cantonese, the official language along with English. He said he will seek to develop Hong Kong’s economy, promote democracy and build a “more equitable society.”
Hours after the ceremony, protesters began to gather in central Hong Kong for a march held on the handover anniversary each year. As many as 100,000 protesters may take to the streets, according to organizers, and will call on Leung to introduce plans for full democracy in 2017, Eric Lai, a member of the Civil Human Rights Front, said in an interview.
As Hu delivered his speech at the ceremony, a heckler shouted that China must end one party rule. Security guards removed the man from the event and Hu didn’t acknowledge him.
‘Tremendous Achievement’
“While we recognize Hong Kong’s tremendous achievement in the 15 years since the handover, there still exists much deep- rooted conflict and issues in the society,” Hu said in his speech. “Hong Kong needs to take part in the rapid economic development of the motherland, to deepen and widen mutual cooperation and interaction.”
Tsang, 67, leaves office after serving as chief executive for seven years. He became chief executive in 2005 after mass protests led his predecessor to quit, and with the economy smaller than when the city was returned to Chinese rule eight years earlier.
While gross domestic product grew 28 percent since then, he wasn’t able to prevent the wealth gap from widening even with the introduction of a minimum wage last May.
Tsang struggled to diversify Hong Kong’s economy, and plans for a bridge linking China, Hong Kong and Macau were delayed by an environmental lawsuit. In March, he apologized for undermining public confidence as the anti-corruption bureau started an investigation into his trips with tycoons.
Growth Forecast
Hong Kong may cut its 1 percent-to-3 percent growth forecast for the year should the euro-zone economy deteriorate, Financial Secretary John Tsang said June 4.
The city will mark the handover anniversary with fireworks, a performance by paratroopers from the People’s Liberation Army, and a show with performances by celebrities including actor Jackie Chan.
Since winning the election in March, Leung has sought to woo the business community, said James Tien, the chairman of the Liberal Party, which supported former Chief Secretary Henry Tang for the top job.
While Leung was elected by a 1,193-member panel comprised of billionaires, lawmakers and professionals, he campaigned on a promise to deliver change for regular people.
“During my term, I will implement policies that meet the expectation of me of both the central government and the people of Hong Kong,” Leung said in his speech. “I will do my best to fulfill my promises.”
Income Inequality
Hong Kong’s Gini coefficient, which measures income inequality, has gained from 0.43 in 1971 to 0.537 in 2011, according to government statistics. A reading of zero means income equality and one complete inequality.
The average gross household income of the poorest 10 percent of Hong Kong’s population fell to HK$2,170 ($280) in 2011 from HK$2,590 in 2001, according to a June 18 report from the Census and Statistics Department. The comparable income for the richest 10 percent advanced to HK$137,480 a month from HK$122,740.
Property prices have advanced more than 80 percent since the start of 2009, according to data compiled by Centaline Property Agency, making Hong Kong the world’s most expensive place to own a home.

To contact the reporters on this story: Kelvin Wong in Hong Kong at kwong40@bloomberg.net; Simon Lee in Hong Kong at slee936@bloomberg.net
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