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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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sábado, 8 de junho de 2024

China-Taiwan, a teoria de um Estado, a prática de dois Estados, um não reconhecido, mas que se mantém, e o que deveria fazer o Brasil? Paulo Antonio Pereira Pinto e Paulo Roberto de Almeida

 Primeiro recomendo que leiam este denso e informativo artigo do embaixador Paulo Antonio Pereira Pinto, por meio deste link, a seguir, mas que transcrevo mais abaixo em sua íntegra.

https://medium.com/mundorama/china-taiwan-quando-as-pessoas-sentem-que-a-primavera-est%C3%A1-chegando-esquecem-os-rigores-do-7fb7dbed05a8 

Segundo, vejam os comentários que fiz a ele numa mensagem direta, depois de ler o artigo, que me suscitou diferentes questões, que abordei rapidamente aqui (de forma incompleta): 

PRA: Paulo Antonio meu caro, gostei muito do seu artigo, verdadeiramente denso, esclarecedor sobre as posições das “duas” partes, mas eu gostaria de lhe colocar algumas questões que você talvez queira desenvolver em outro artigo, com base na história e no Direito Internacional. 

Primeiro: o território do Essequibo, parece-me, nunca pertenceu, de fato, à jurisdição da República da Venezuela, independente desde 1812 ou alguma outra data posterior, quando a Grã-Bretanha já tinha, de fato, se apossado do território (ou se o fez depois, tudo era uma selva inabitável para ingleses e venezuelanos e o conceito de suserania não era muito aplicável, pois nem na Capitania General de Venezuela da época colonial havia um efetivo controle do território, assim como não houve um controle efetivo sobre a ilha de Formosa por parte da RC). 

Pois bem, Taiwan NUNCA pertenceu, de fato, à suserania da RPC (1949), a rigor, nem da RC (1912), pois desde 1870 se tornou uma colônia do Japão (até 1945), sendo que antes era apenas uma ilha mal administrada, talvez até desprezada. pelo Império do Meio, até o século XIX. Só aconteceu de se tornar importante para a RC quando o seu governo nela teve de se refugiar, ao ser derrotado no continente pelo EPL. E assim ficou, até ficticiamente, como sendo o governo de TODA a China até 1972, embora outros países, desde os anos 1950, passassem a estabelecer relações diplomáticas com a RPC (não sei se já com a condicionalidade de UM Estado, ou se essa veio depois). 

Agora, temos na história exemplos de guerras civis, com divisão do país em duas “soberanias”, sendo que terceiros Estados reconhecem um ou outro, em capitais distintas. Foi assim, por exemplo, na Guerra Civil Espanhola, quando mesmo o governo do nosso Estado Novo continuou reconhecendo a República, em Madri, em Valência, em Barcelona, até a derrocada, mesmo tendo simpatias por Franco. Nosso embaixador seguiu esse governo republicano em três capitais. Quando Hitler invadiu a Polônia, o ministro em Varsóvia recebeu instruções de seguir o governo no exílio. Depois não sei o que ocorreu. Mas no caso da invasão dos três Bálticos, nunca reconhecemos a incorporação forçada na URSS em 1940, e continuamos mantendo relações com seus governos no exílio, até Jânio Quadros reatar com a URSS. 

Pense em tudo isso para refletir sobre a “teoria” dos “dois Estados”, seus efeitos práticos e suas implicações para o Direito Internacional e para a fundamentação jurídica de nossa posição, pois tínhamos relações diplomáticas com o Império, continuamos tendo com a RC (mas não sei se algum representante diplomático seguiu para Chonking durante a invasão japonesa), e seguimos tendo até 1974, quando passamos a aceitar a imposição do “Um Estado”. 

Será que tudo isso se mantém, como doutrina e como postura em DI? Na prática, Taiwan é um porco espinho: vc já viu algum felino superior conseguir dominar e comer um porco espinho? 

O abraço do PRA e mais uma vez parabéns pelo artigo.

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PAPP

China-Taiwan: “Quando as pessoas sentem que a primavera está chegando, esquecem os rigores do inverno”. A condicionante cultural chinesa.

Published in 

Mundorama


Paulo Antônio Pereira Pinto

Photo by Liam Read on Unsplash

Rio de Janeiro, 3 de junho de 2024

I

“Quando as pessoas sentem que a primavera está chegando, esquecem os rigores do inverno”, declarou poeticamente, no “estilo chinês”, o representante taiwanês Wang Daohan, ao chegar à China, para encontros em Pequim e Xangai, em outubro de 1998. Sua visita representava um “ice breaking”, mesmo sem ser uma ruptura completa com cinquenta anos de hostilidades gélidas entre os dirigentes do Partido Comunista Chinês e as autoridades do Kuomintang, que fugiram para Taipé, em 1949, após a fundação da República Popular da China (RPC).

Tratava-se do segundo encontro entre o Sr. Wang, representante da “Strait Exchange Foundation” (SEF), organização não oficial taiwanesa e o Sr. Koo Chen-fu, da “Association for Relations Across de Taiwan Strait” (ARAF), não oficial chinesa, cinco anos após sua primeira reunião, em Singapura.

Verifica-se, a propósito, que já houve diálogo bem mais construtivo, sempre com condicionantes culturais chinesas, entre as duas margens do estreito de Taiwan. Atualmente, se assiste a esperada “coreografia bélica” da RPC, após a posse de Willian Lai, líder do partido “independentista” como a maior autoridade em Taipé, conforme antecipado por texto publicado em 14 de março passado.

Desnecessário lembrar que, no momento, a hostilidade da RPC contra a liderança taiwanesa é explicada pela reiterada declaração do Ministro das Relações Exteriores da RPC, no sentido de que “ a independência de Taiwan é uma rua sem saída”. Sua manifestação se deveu ao discurso de posse de Willian Lai.

Em seu pronunciamento, Lai “exortou a China a parar com a intimidação verbal e militar” e a “dividir responsabilidades na manutenção da paz e da estabilidade no estreito” que separa a ilha do continente. Ele ainda prometeu “não ceder nem provocar”, manter o status quo e ser “o timoneiro da paz”. Lai afirmou esperar que Pequim “possa tomar passos concretos na direção da reconciliação com Taiwan, inclusive retomando trocas bilaterais, como intercâmbio turístico e de estudantes, trabalhando no caminho para uma coexistência pacífica”.

Como reação, a RPC classificou o novo dirigente taiwanês como “perigoso separatista”, que busca a “independência da ilha”. Seguiram-se exercícios militares, destinados a “testar a habilidade da RPC de tomar o poder em Taiwan pela força”.

Tal coreografia bélica foi a de maior intensidade realizada pelas forças armadas da RPC, com vistas a eventual reintegração de Taiwan, por “meios não pacíficos” — conforme Pequim define eventual disputa militar com a ilha, sem usar o termo “guerra”, que, segundo a concepção da RPC, seria reservado a “estados independentes”. Reitera-se que, para Pequim, a mesma identidade cultural uniria os dois lados do Estreito de Taiwan, na condição de “uma China”.

Nessa perspectiva, pretende-se, a seguir resgatar, de forma sumária e simplificada, o passado recente que colocaria em questão a existência de identidade cultural distinta da chinesa, na margem formosina do Estreito de Taiwan¹.

II

A título de exercício de reflexão, cabe lembrar que, em meados da década de 1950, a República Popular da China — fundada em 1949 por Mao Zedong — começou a endereçar iniciativas de conversações ao Kuomintang (KMT, denominado Partido Nacionalista) que, derrotado pelo Partido Comunista Chinês (PCC), havia se refugiado em Taipé.

Em abril de 1955, portanto, o Premier Shou Enlai propôs, via delegação dos EUA, em Genebra, negociações com as “autoridades locais responsáveis” em Taiwan. No ano seguinte, o Primeiro-Ministro reiterou a oferta, ao expressar publicamente o desejo de discutir passos concretos, no sentido da resolução pacífica do problema formosino com o KMT. Em abril de 1957, coube ao próprio Mao manifestar a vontade do PCC de cooperar com o Partido Nacionalista para o início de negociações com vistas à resolução pacífica do problema através do estreito.

Taiwan dispensou, publicamente, todas estas iniciativas. Historiadores taiwaneses registram, no entanto, que, nas décadas de 1950 e 60, Chiang Kai-shek teria mantido contatos secretos com Pequim, tendo, inclusive, enviado emissários para discutir, em sigilo, a reunificação com os dirigentes chineses.

Entre os pontos então discutidos, especula-se que teria sido considerado, por exemplo, o retorno de Chiang Kai-shek, com seus seguidores, à China, podendo se estabelecer, na condição de Presidente do Partido Kuomintang, em qualquer província do continente, exceto na de Zheijiang (mais próxima da ilha de Formosa). Chiang Chin-kuo (filho de Chiang Kai-shek) seria o Governador da Província de Taiwan. A ilha conservaria as prerrogativas desfrutadas nos vinte anos anteriores, á exceção da autonomia em política externa e assuntos militares.

A Marinha e a Força Aérea taiwanesas seriam reorganizadas sob o controle chinês. O Exército também seria reestruturado, reduzindo-se a quatro divisões, uma a ser baseada nas regiões de Jinmen e Xiamen e outras três em Taiwan. Xiamen e Jinmem seriam transformadas em cidades livres, situadas como entrepostos entre Pequim e Taipé. O comandante da divisão regional teria a patente de Tenente-General e seria, também, o Prefeito da cidade. Sua nomeação deveria ser aprovada por Pequim. Cargos e salários de todos os funcionários civis e militares seriam preservados e as condições de vida da população da ilha ficariam mantidas no nível alcançado naquele momento.

Com base nessas condições, consta que Chiang Kai-shek teria concordado em conduzir negociações secretas. Após o início da Revolução Cultural, na China durante a década de 1960, contudo, contatos sigilosos ou ostensivos cessaram com autoridades taiwanesas.

Durante a Era Deng Xiaoping, no final da década de 1970, Pequim abandonou sua política de anexação de Taiwan pela força e formulou nova orientação de “reunificação pacífica”. Desencadeou, em seguida, uma série de iniciativas de aproximação dos taiwaneses. Em janeiro de 1979, o Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo, enviou “uma mensagem aos compatriotas em Taiwan”.

III

De sua parte, em 30 de abril de 1991, Taiwan anunciou o término do “Período de Mobilização para a Supressão da Rebelião Comunista”. De forma resumida, tratava-se, para o Kuomintang, de deixar de considerar o Partido Comunista Chinês como uma “organização rebelde”. Na prática, significou a renúncia ao delírio de que, um dia o KMT viria a reconquistar a China, pela força militar, e retornar ao poder em Pequim.

No mesmo ano, com o propósito de estabelecer diálogo com a RPC, os formosinos criaram a “organização não-governamental” “Strait Exchange Foundation” (SEF). Em contrapartida, os chineses fundaram a “Association for Relations across the Strait” (ARATS). Da parte taiwanesa, esperava-se que as duas instituições poderiam estabelecer um “regulamento para as relações entre a população da área de Taiwan e a do continente”

A SEF e a ARATS realizaram uma série de conversações em 1992. Em outubro daquele ano, Jian Zemin, na capacidade de Secretário-Geral do PCC, afirmou que, “sob a égide do Princípio de “uma China”, seria possível às duas partes discutir qualquer tema”. No ano seguinte, em abril, aconteceu, em Singapura, o primeiro e mais importante encontro, entre os Presidentes da fundação taiwanesa, Koo Chen-fu, e o da chinesa, Wang Daohan.

Em outubro de 1998, o representante taiwanês Wang Daohan — conforme mencionado no início deste texto — manteve encontros de alto nível, em Xangai e Pequim, inclusive com Jiang Zemin, na capacidade de Secretário-Geral do PCC. Durante sua permanência de seis dias, no entanto, foram mantidas as posições conhecidas das duas margens do estreito. Os chineses continuaram a insistir em que as conversações, com vistas à reunificação, deveriam ser conduzidas sob a égide de “uma China”. Questões políticas deveriam ser, portanto, tratadas antes de temas econômicas e técnicos.

De sua parte, o enviado taiwanês reiterou a posição de que, para melhorar as relações entre a ilha e o continente, caberia, inicialmente, fortalecer os vínculos entre as duas associações semioficiais. Este passo seria fundamental, divulgava-se em Taipé, para a consolidação da confiança necessária a discussões posteriores sobre temas políticos.

De forma a ressaltar este ponto — sempre apelando para a cultura chinesa comum aos dois lados do Estreito — Koo escolhera, para seu programa noturno em Xangai, assistir à opera “Fortaleza Vazia”, que narra disputa — durante o período histórico chinês dos “Três Reinos” (220–280) — entre dois adversários que compartilhavam desconfianças mútuas.

Tais suspeitas foram confirmadas — junto aos chineses — em 9 de julho de 1999, quando Lee Teng-hui, então “maior autoridade local” fez pronunciamento em que definiu as relações através do estreito como “entre dois países” (vide texto publicado em primeiro de maio passado). Afirmou também que não havia necessidade de Taiwan declarar independência, visto que a “República da China” já era um país independente desde 1912.

Segundo era possível antecipar, os chineses reagiram de forma categórica. Wang Saohan, Presidente da ARATS, afirmou que a teoria de “dois estados” tornaria inútil qualquer possibilidade de continuação de diálogo com a SEF.

Ao exigir o retorno de Taiwan à política de “uma China”, Pequim declarava então que Lee tinha dado um “passo extremamente perigoso” em direção à divisão da China e o avisou de que “estava brincando com o fogo”.

Os chineses reiteraram, também, que não haviam renunciado ao emprego da força militar, caso a ilha seguisse o caminho independentista. Houve amplas especulações sobre a possibilidade de uma pronta reação armada. Exercícios militares chineses – aparentemente já programados – foram noticiados como preparativos para uma invasão. Editoriais de jornais na RPC criticavam a teoria dos “dois Estados”. Afirmava-se que a China não hesitaria em atacar, mesmo diante da resistência dos EUA.

Digna de registro, também, foi a reação norte-americana que através do porta-voz do Departamento de Estado, apenas reiterou a conhecida posição de Washington, com respeito aos “três nãos”: à independência de Taiwan; a “duas Chinas”; e à participação formosina de organizações internacionais reservadas a Estados. Nessa perspectiva, os EUA e a RPC pareciam, naquele momento, ter posições idênticas quanto à provocação de Lee.

Da mesma forma, o Japão comprometeu-se a manter a política de adesão ao princípio de “uma China”. Outros países asiáticos manifestaram-se contrários à iniciativa de Lee, de proclamar a existência de “duas Chinas”.

IV

A RPC, como se sabe, continua a considerar que Taiwan faz parte da China. Evoca com frequência, nesse sentido, o “século de humilhações” a que foi submetida, com a ocupação de territórios seus por potências exteriores. Esta — segundo seu ponto de vista — seria o caso da ilha formosina. É questionável, contudo, que a segunda potência econômica do mundo atual e um dos três países mais poderosos militarmente possa, ainda, recorrer a tal argumentação. Custa acreditar que mantenha o argumento de vitimização histórica, pelo ocorrido nos dois séculos passados, diante do sucesso presente.

É questionável, no entanto, se a população de Taiwan desejaria, hoje, viver sob uma administração da RPC. As últimas eleições na ilha, também é sabido, contou com a participação de apenas 70% dos eleitores, dos quais 40% votaram a favor do “independentista” William Lai. Não se trata, assim, de mandato absoluto.

Tendo servido, entre 1998 e 2006, como Diretor do Escritório Comercial do Brasil em Taipé, permito-me refletir, no que diz respeito ao “suposto repúdio taiwanês à identidade chinesa” sobre os pontos seguintes:

- A conservação em Taiwan do Museu Imperial Nacional que, conforme trecho de catálogo abaixo², preserva tesouro cultural chinês trazido por Chiang Kai-sheck, em 1949, quando fugiu de Pequim. Porque não devolver à capital da RPC relíquias que seriam apenas de sua história?

- A calorosa celebração do Ano Novo Chinês, com a exibição do “animal homenageado”, em diferentes formas e manifestações variadas, em todos os centros urbanos da ilha;

- O fato sabido de que (não disponho de comprovação de registro oficial), para que seus filhos estudem melhor a civilização chinesa, muitas famílias ricas na RPC enviam seus filhos a escolas taiwanesas;

- Da mesma forma, novos atores para a “Ópera de Pequim” são, cada vez mais, recrutados em Taiwan; e

- Principalmente, a constituição em vigor na ilha declara a “existência de uma China”, com sede em Taipé.

Em conclusão, na expectativa para a solução da questão através do Estreito de Taiwan, tendo em conta as condicionantes de uma identidade cultural compartilhada, mesmo “quando as pessoas sentirem que a primavera está chegando”, haverá ainda demora para “esquecerem os rigores do inverno”.

Notas

¹ A respeito da “questão de Taiwan”, vide artigos publicados em meu livro “O Tecer de Relações Internacionais Contemporâneas”, Editora AGE, 2024.

² National Palace Museum, Taipei

The exhibition shows that porcelains with painted enamels of the three reigns of the Qing dynasty, Kangxi, Yongzheng and Qianlong (1662–1795), are the most iconic porcelain wares in the 18th century. Also, it elaborates these three stages of styles were established with the invention and development of the pigments as well as the different requests for the official wares from the Emperors.

This exhibition is divided into three sections in chronological order. “Novelty from the Emperor’s Experimental Workshop” compares the testing pieces and final works to present that the Kangxi Emperor (r. 1662–1722) invited Western missionaries and local masters to produce the Kangxi-reign-style painted enamels. “Imperial Exclusive Style” shows that the Yongzheng Emperor (r. 1723–1735) promoted painted enamels as court-limited works based on his request of an imperial exclusive style. “Imperial Design & Craftsman’s Skill” presents that the Qianlong Emperor (1736–1795) reinitiated the dialogue between the Imperial workshops of the Forbidden City (or the Old Summer Palace) in Beijing and Imperial kilns in Jingdezhen to embody the concept of one “official ware” so that they could share the same decorative style, and therefore create yangcai and falangcai, two styles of painted enamels.

Sobre o Autor

Paulo Antônio Pereira Pinto: Embaixador aposentado.


quarta-feira, 5 de junho de 2024

Ditaduras sempre querem reescrever a História. deformá-la ou suprimi-la: O massacre da Praça da Paz Celestial não será esquecido

 

Taiwan quer preservar memória de massacre chinês
Folha de S. Paulo | Mundo
05 de junho de 2024

TAIPÉ (TAIWAN) | AFP E REUTERS

No dia em que o Massacre na Praça da Paz Celestial completa 35 anos, nesta terça -feira (4), o novo presidente de Taiwan, Lai Ching-te, afirmou que a violenta repressão chinesa na praça Tiananmen "não desaparecerá na torrente da história", ao recordar o evento que pode ter deixado mais de mil mortos em 1989, segundo estimativas.

"Nós continuaremos trabalhando de maneira árdua para manter viva essa memória histórica e alcançar todos os que se preocupam com a democracia chinesa" afirmou Lai em publicação numa rede social.

A declaração de Lai ocorre semanas após a sua posse e depois de a China executar manobras militares ao redor de Taiwan, que Pequim considera uma parte do seu território.

Em Pequim, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse na terça-feira aos repórteres que "se opõe firmemente a qualquer um que difame a China e use Lasso [4 de junho] como pretexto para interferimos assuntos internos da China".

Taiwan é a única parte do mundo de língua chinesa onde a data pode ser lembrada abertamente.

Taiwan: os custos estarrecedores de uma invasão pela China - Nicholas Welch, Jared McKinney, Peter Harris (China Talk)

China Talk, June 4, 2024 

Making war is difficult, yet making peace is not easy 战难和亦不易

Nicholas Welch: Even if all the constraints and restraints have basically disappeared, what hasn’t changed is how insanely difficult it is to pull off the invasion.

Tanks don't walk on water. Boats aren’t hypersonic. The Taiwan Strait hasn’t gotten any narrower. Taiwan hasn’t built more landing beaches for the PLA.

The longer Xi stays in power, the more different Taiwan becomes and the harder it gets to swallow. Just like Mao said, Taiwan is not desirable.

Peter Harris: While it’s true that the geography has not changed, China is more capable than they were twenty years ago, and the costs of restraint have changed. The more American leaders talk about Taiwan as this democratic outpost that is essential to the defense of the Indo-Pacific, a critical node in America, the more the costs of restraint increase.

“Oh gosh, the Americans, they’ve changed the way they think about Taiwan. Even though it’s not becoming any easier to seize Taiwan by force, it’s become more important to pull the trigger ASAP — because if we don’t, we’re going to wake up in five to ten years’ time and the US will have recognized an independent Taiwan and brought it back under its security umbrella.” 

— The CCP, maybe

Jared McKinney: The truth is that an invasion would be incredibly hard — and we actually have good evidence for why.

Taiwan’s beautiful beaches are reportedly protected by undersea oil pipelines, which are rigged to explode and set the beaches ablaze in case of an amphibious landing (Easton, p. 138).

But this difficulty can be made even harder with relative ease. That’s where we would disagree with Brands and Beckley.

We’ve read articles recently saying we need to spend 5% of our GDP on defense to get ready for this challenge. We’ve read an article saying we need to threaten a preemptive nuclear war against China if they suggest they’re going to invade Taiwan.

We disagree with all of that. We think deterrence can be restored much more easily.

One of my brilliant army students [coming soon to ChinaTalk!] did a year-long investigation of America’s plan to invade Japanese-occupied Formosa in 1944. This was known as Operation Causeway

At the time, the US calculated that we needed 3:1 force ratios to successfully take the island. There were 98,000 Japanese soldiers on the island, which meant that we needed close to 300,000 soldiers to land on Formosa in order to defeat the Japanese.

Today, there are 169,000 soldiers in Taiwan’s military. There’s also the potential for reserves, but their quality is unknown, so we’ll stick with 169,000 as our estimate.

If you do similar force ratios today, we’re talking about half a million PLA soldiers on the island. Given the PLA’s lift capacity including civilian assets like ROROs, achieving that number of boots on the ground requires moving 50,000 troops onto the island per day. The truth is, in war, many of those are going to be killed, and you’re not going to be able to land soldiers that quickly.

We chose not to invade Formosa because the costs of such an invasion were too high. We think that objective assessment of similar variables today shouldlead to the same conclusion by the CCP. However, we’re not in the minds of Chinese decision-makers, and we don’t know how they weigh different variables.

Now, how do we make an invasion harder? We should learn the very obvious lessons of Russia’s war of aggression in Ukraine, and invest in twenty-first-century capabilities like drones, mobile missiles, and artillery. Older technologies like mines will need to be deployed en masse.

Taiwan has more than a million people who’ve done their conscript duty — they are in a theoretical reserve. If you can turn the theoretical reserve into a real reserve, then a successful invasion actually becomes impossible, because if you take 1.5 million reserve soldiers plus almost 200,000 active soldiers, then China would need to land 6 million people to be successful. That’s larger than the whole PLA.

Singapore's model is an excellent example of how this could be done. Shang-su Wu 吳尚蘇, a Taiwanese scholar, wrote a book on Singapore’s national service system, how it works, and how it could be applied in Taiwan.

That would achieve robust deterrence. It doesn’t require radically changing the status quo in the US-China relationship.

The most important takeaway in terms of military capabilities, is that we need to make sure we’re staggering them in phases. In other words, we just need to be very careful of our timelines so that there aren’t decade-long deterrence gaps. We should think of deterrence on a sort of year-by-year basis.

Source: McKinney and Harris, p. 101

The Peak China Hypothesis and Military Modernization

Nicholas Welch: Hal Brands and Michael Beckley argued in their book Danger Zone that China’s window of opportunity is closing because their economic trajectory doesn't look super good. Thus, it’s either now or never to invade Taiwan.

Do you agree with that argument?

Jared McKinney: Yes. But there’s an important nuance with that argument related to military modernization cycles. 

Beginning in the 1990s, the PRC began a long-term modernization project. It didn’t actually bear fruit until about 2014. This led many people to underestimate Chinese military power.

While this was happening, Taiwan was in its authoritarian-to-democratic transition and was refocusing on basically domestic politics. America was embroiled in its wars in the Middle East.

China completed this long-term program, and now we see that they are producing something like 100 J-20s (歼-20) per year, modernized support aircraft like KJ-500s (空警-500) and KJ-2000s, and they’ve built a very sophisticated navy with advanced air-defense systems and serious strike options. They’ve done things that even the US hasn’t done, like putting anti-ship ballistic missiles on to naval vessels, according to the DoD report to Congress in 2023.

Now, the United States and Taiwan are counter-modernizing against these capabilities. China’s cycle took about fifteen years. That’s probably how long our cycle is going to take.

Our counter-modernization programs include:

  • The B-21, which is supposed to be able to penetrate A2AD-defended airspace;

  • The Columbia-class submarine, which is going to be the greatest submarine in the world when it comes out;

  • New army and Marine Corps capabilities, including modeling some of China’s new capabilities.

All of these will come online around 2030.

Meanwhile, Taiwan is modernizing its military. It’s moved from four months to one year of conscription. It’s raising its military budget, and it’s looking to acquire some new capabilities that could pose a more serious threat to the PLA. All of that is going to take time as well.

The same story is happening in Japan. The Japanese self-defense force is modernizing with the goal of becoming a master counter-strike organization by 2030. That means, if Japan is struck, they will be able to respond with equivalent weapons. This is going to pose actually a very significant deterrent long term and is going to offer much better protection to forward-deployed US forces in Japan.

Noahpinion
A pivotal moment for Japan's national defense
I’ve been writing a lot about the threat of a major war in Asia, but I haven’t written much about Japan’s role in that equation. And yet Japan would be at the very center of such a war. A Chinese seizure of Taiwan would put Japan’s security in grave danger…
Read more

The problem with all of the counter-modernization activities is not that they’re happening, but they’re happening on a timeline that’s pretty far in the future.

At the same time, China is at a pretty good place in its modernization program. It’s possible that Chinese decision-makers could decide that now is better than later. We saw similar logic in Germany in 1914, which was driven by the military modernization programs of Germany’s adversaries.

They saw that the Russian army was going to be a million men by 1917. Germany plugged that data into their gonkulator and decided that they couldn’t win a two-front war against both France and Russia if Russia had an army of a million men.

Jordan Schneider: We had Michael O’Hanlon on the show about a year and a half ago. He wrote this fun paper where he tried to run some gonkulator calculations on whether the US could defeat a Chinese invasion.

War in Taiwan: Who Would Win?

ChinaTalk

My takeaway was that China would need the probability of success to be really high in order for them to act to change the status quo. Regardless of who’s got the coolest fighter jets, the biggest downside is still the multi-trillion-dollar economic losses. 

I think it would be really hard for decision-makers in Beijing to talk themselves into the “three days to take Kyiv” pitfall the way that Putin did.

My sense is that the scariest thing from the PRC perspective might actually be having the war take longer than they had hoped.

Jared McKinney: I think we agree that the best solution for the PRC is to drop the talk about reunification by 2049 and go back to Deng Xiaoping’s thousand-year timeline.

But you can read the third historical resolution, and it says that they intend to reunify Taiwan. Whether they meant it or not, I am not sure. But they did say it. My suggestion would be to stop saying it.

Maybe Xi could give a speech on strategic patience and focus on the long game, like Deng.

Know someone who is convinced that China would never pull the trigger on an invasion? Send them this post to see what they think about Xi’s new timeline.

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The Risks of Accidental Escalation

Jordan Schneider: Your book, while convincing, sort of punts the awkward political logic of entanglement, which seems pretty relevant given the new developments in the dance of death between Iran and Israel.

That hasn’t led to armageddon yet, thankfully, but there are plenty of scary historical parallels.

Another scary parallel that comes to mind is the logic of Bush #2’s invasion of Iraq. The fantastic book Japan 1941 documents how no one in Japan ever made the decision to go to war with the US, but everyone in the bureaucracy sleep-walked forward into escalation anyway.

It’s awkward to be the one to dissent in a bureaucracy. Nobody wants to be the person who walks up to the theater commander and says, “This is actually a f*cking terrible idea.”

What does the escalation ladder look like if the PLA starts with something modest like a blockade? Could it potentially spiral into a situation where Beijing decision-makers feel like they are locked in and no one has any choice but to double down?

Peter Harris: The important thing to remember is that there will be crises in the Taiwan Strait. We can be pretty confident of that due to the unpredictability of domestic politics in the US, Taiwan, and China.

The question is, “How do you get to a dynamic that disincentivizes that kind of gradual autopilot escalation?” There needs to be confidence in those moments that if the CCP does de-escalate, they’re not going to bear some terrible cost by backing down.

In crisis moments, leaders fear that if they don’t seize the present moment to do something, then they’ll lose that opportunity in the future or suffer enormous future costs.

Regarding Iran and Israel — I was really concerned at one point over the past few days that Israeli leaders would respond to Iran’s strike by striking Iran’s nuclear facilities. 

A billboard in central Tehran depicting Iranian ballistic missiles, with text in Persian reading, “Israel is weaker than a spider’s web.” (Atta Kenare / AFP)

I could imagine the conversations inside the corridors of power, where some hawk says, “This is the moment. This is our only chance to retaliate against Iran’s nuclear sites. We’ll enjoy regional support, and we’ve got a good excuse or pretext because Iran just struck us. It’s a once-in-a-generation moment.”

That didn’t happen, thank goodness — but why not? War was avoided, I assume, because inside those corridors of power in Israel, they had confidence that they didn’t need to escalate to that level. They felt confident that their post-crisis survival was already assured.

You need that kind of dynamic across the Taiwan Strait. When a crisis happens, it’s important that Chinese leaders don’t feel pressure to move due to fear of losing out on the time-sensitive opportunity to peacefully unify with Taiwan.

It’s really important that the political and diplomatic foundations are robust enough to withstand those crises. We have to make clear that peaceful unification is a theoretical possibility to the future.

You need deterrence in a situation like this — your deterrents are the cap on escalation. They are the ceiling above which escalation triggers a catastrophic event. That event doesn’t necessarily need to be WWIII or the threat of a preemptive nuclear strike by the USA.

If Taiwan itself can adopt a military posture that just makes invasion prohibitively costly for the PRC, then you can combine these two pieces to see that the costs of restraint are not too serious, but the costs of war are very serious.

Face Politics, Xi Mania, and Recommended Reading

Jordan Schneider: In the book Chiang Kai-shek’s Politics of Shame, I learned that Chiang Kai-shek kept a diary for essentially his entire life. This diary had different columns to write daily updates on things like family, country, politics, exercise, what I ate, the weather … but then there’s a column called Japan and national shame. Then after fleeing to Taiwan, he starts a column on Taiwan and national shame.

I worry about dynamics like ego, manhood, and losing face 丢脸 in the One China dynamic. Everyone knows Taiwan’s been its own thing since 1949, but that’s not a fun fact for Chinese leaders to acknowledge. 

Thus far, we’ve been talking about decision trees and game theory in a very rational way. But how can we analyze the risks of invasion if the decision to invade is going to be an irrational one? How can we make sure these military leaders can still sleep at night if they decide against going to war?

Jared McKinney: A lot of those issues were probably engaged with Nancy Pelosi’s vision to Taiwan in 2022. Pelosi’s visit was technically not a new incident because Speakers of the House had visited before. But when Speaker Newt Gingrich visited Taiwan, he did it in a way that actually gave face to China.

Gingrich visited the mainland first, and he met with important leaders there. Then he made a quick visit to Taiwan, he didn’t spend the night, and he didn’t talk about Taiwan versus China issues at all. He focused on positive aspects of the relationship.

On the other hand, Speaker Pelosi’s visit espoused democracy versus authoritarianism, freedom versus communism — it was very zero-sum. That’s just throwing fuel on the fire 推波助瀾 — and there is no need to take that approach. 

Peter Harris: There’s at least some polling evidence that ordinary Taiwanese understand this dynamic. People in Taiwan express a little frustration or anxiety when US leaders take steps that can be perceived as incendiary or unhelpful. Everyone’s security is improved when everyone is content.

Pompeo’s idea of putting China in its proper place — there’s no way that can be construed in a constructive way. It’s just not useful discourse.

But I certainly understand there’s a danger of going too far in the other direction and being too sympathetic to the Chinese position. The United States shouldn’t rhetorically capitulate and go too far. But I agree that there’s a huge risk to trying to humiliate and to force China to kowtow 磕頭 into submission. That may well backfire.

Jordan Schneider: My recommended reading on the subject — The Consequences of Humiliation: Anger and Status in World Politics, by Joslyn Barnhart [full show on this book coming soon to ChinaTalk].

Jared McKinney: I recommend Democracy in China: The Coming Crisis, by Ci Jiwei 慈继伟. He’s a professor in Hong Kong, and wrote this book in 2019 as he watched the protests in Hong Kong unfold.

This book is a letter to the Chinese Communist Party, arguing that it’s in the interest of the party to reform and introduce democratic elements. He argues that a CCP that refuses to reform is dooming itself to a future secession crisis. He doesn’t make a moralistic argument, but rather uses logic that he hoped could persuade the party. 

Nicholas Welch: Here’s a quote from that book — perhaps a one-paragraph summary of the point he’s trying to make:

[T]here is simply nowhere for the [Chinese Communist Party] to hide when the economy is not doing well or doing less well than before. This means that the Chinese party-state cannot speak of economic crises in the same way Western democratic governments can. In [the Westerners’] strict sense, economic crises are serious disturbances of a market economy conceived of as an autonomous system and, as such, presuppose a degree of separation between system integration and sociopolitical integration that is simply absent in China. For this reason, every crisis in China that otherwise resembles an economic crisis is directly a political crisis. The [Chinese Communist Party’s] role is so defined that it cannot convince anyone that “it no longer rules”— including over the economy.

Peter Harris: Individuals worry about things like shame and regret. Those emotions are part of what drives PRC leaders. They don’t want to lose a war, but they care about other things, too. They care about their political legacy. They care about national greatness. You can manipulate that or you can leverage that in service of stability and the status quo.

Jared McKinney: The reason why this is really important is because there’s a Xi-mania when it comes to understanding China.

The problem is, nobody actually knows what Xi is actually feeling in his heart. Actually, his method of ruling China is to avoid coherent guidance, because if you avoid coherent guidance, then all the decisions have to be brought to you. That means you get to micromanage things because you actually haven’t empowered people based on principled objectives.

For example, on one hand, Xi talks about increasing self-reliance. On the other hand, he talks about increasing trade. Which one is it?

The way to avoid Xi mania is to look at factors that can actually be tested. The important thing is to construct a falsifiable argument.

We suggest nine of these factors.

One such factor — are Chinese commentators optimistic or pessimistic about peaceful unification in the long term? For comparison on this metric, we look at the essay by Jiang Shigong 强世功 back in 2005. At the time, he was an optimist about Taiwan, and he actually identifies some metrics that could be used to achieve peaceful unification. Are Chinese intellectuals still optimists today?

Another measurable variable — as Chinese economic growth slows, is Chinese military growth going to slow as well? In reality, Chinese economic growth was probably close to zero last year. But the Chinese military is still growing pretty robustly, at around 7% of GDP. So it looks like so far, military growth is probably exceeding economic growth.

But that’s something we will continue to watch in the future.

Another variable — will China actually develop the capabilities needed for an invasion? People talk about 2027 a lot, but that date is mostly just tied to Xi being irritated that the PLA doesn’t actually have the sufficient amphibious lift capability to achieve a successful invasion. It seems as though he set this deadline to light a fire under the PLA. But there are other related technologies that you would need for an invasion. Are these being prioritized?

We’ve already discussed the variable of time and relative power. If we see Chinese leaders start emphasizing the idea of strategic patience, that would be a positive sign. We should watch for signs that they are starting to loosen the 2049 timeline.

It will be important to watch the results of Taiwan’s elections in 2028. In 2024, the TPP and the KMT failed to form a coalition, and that resulted in their defeat despite winning 60% of the vote. But in China’s eyes, a 60% vote against the DPP is quite a showing.

If that is replicated in 2028, that might suggest that peaceful relations could be extended further in the future.

TL;DR — there are objective variables that aren’t just trying to get inside Xi’s head, that we can try to measure one way or another to get a sense for whether we’re wrong about the urgency of the present moment.

Jordan Schneider: But Jared — wouldn’t the optimal play for Xi be to spend three years talking about patience and 1,000-year timelines, and then launch a secret surprise strike?

Jared McKinney: I mean, yes. But that’s why we need to combine rhetorical information with information about what’s happening with China's military spending or how distracted the US is in any other theater of war.

Jordan Schneider: What are your book recommendations for our readers?

Peter Harris: My first recommendation is Power and PowerlessnessQuiescence and Rebellion in an Appalachian Valley, by political sociologist John Geventas.

This is a great book for people who want to study unobservable things — which is often what you’re doing when you study deterrence. He looks at the exercise of power over people, which is invisible, right up until the moment it bubbles up and has observable implications.

This book changed the way I think about politics and the world, and it’s not even about international relations. It's about an Appalachian coal-mining town. 

Jared McKinney: Yasheng Huang’s 黄亚生 new book, The Rise and Fall of the EAST, challenged a lot of my preconceived notions about China. He puts Keju 科舉 — China’s Imperial examination system — at the center of Chinese History.

He argues that the Keju allowed the Chinese state to promulgate uniformity and grow to an increasingly large scale. The super-scaled state was strong but anemic, because the exam system incentivized uniformity, disincentivized creativity, and it channeled lots of ambitious people in the same area to become bureaucrats for the government.

He argues that in periods when the examination system was more open to creativity, there was more innovation in China. But in periods in which the examination system became highly uniform and you had to write essays in a certain way, like in the Qing dynasty, China stopped inventing.

He explains that this legacy lives on today in China and the gaokao 高考 system.

terça-feira, 15 de novembro de 2022

As relações entre os dois gigantes da economia e da geopolítica mundial, divididos não só por Taiwan (O Globo)

 Os dois gigantes, EUA e China, estão nas antípodas da política: uma grande democracia (um pouco atribulada, é verdade) e uma tradicional ditadura. Possuem sistemas econômicos diferentes, mas ambos enquadrados pelos mercados, o que era diferente na oposição geopolítica anterior, pois a URSS não era uma economia de mercado. A China É uma economia de mercado, ainda com planejamento estatal, mas não predominante: a China é um capitalismo com características chinesas e o slogan “socialista” serve apenas para legitimar a ditadura de um partido leninista, muito parecido ao antigo regime imperial com seu exército de mandarins obedientes (muitos corruptos): os mandarins são os funcionários do PCC, recrutados segundo um rigoroso sistema de mérito pessoal.

Mas considero que o sistema de sucessão política criado por Deng Xiaoping era o ideal para transitar a China de um regime imperial para um quase normal de alternância no poder. O novo imperador acaba de romper com esse sistema e isso não é bom para a China e o seu povo. Xi, agora, é um imperador eterno, e como tal se julga indispensável. Até o começo de 2022 estava indo bem. Acaba de tropeçar na questão da alternância no poder e poderá tropeçar mais um pouco na questão de Taiwan, o que seria catastrófico para a economia e a política mundial, ademais dessa absurda “aliança sem limites” com uma tirania cleptocrática como essa criada por Putin na Rússia. 

Sobre Taiwan, Xi pode derrapar. A ilha JAMAIS esteve sob a soberania da RPC: era parte do Império do Meio até o final  do século XIX, quando o império japonês, militarista e expansionista, a conquistou, como fez depois com a Coreia e a Manchuria. A República da China tampouco teve controle sobre ela, a não ser por um fugaz período pós-1945, e depois da conquista do poder por Mao em 1949 passou a ser sede da RC, dominada durante décadas pela ditadura de Chiang Kaishek. Tornou-se uma democracia ao longo dos anos, na cobertura geopolítica do império americano.

Se Xi Jinping ousar conquistar uma ilha que era do Império do Meio, mas que nunca foi da RPC, poderá precipitar uma crise, talvez uma guerra, que será catastrófica para a própria RPC, uma espécie de Malvinas chinesas, por enquanto sem uma Dama de Ferro que garanta a “reconquista” das Falklands. Os EUA interviriam? Não acredito, mas a ilha poderia ser destruida. Xi deve pensar três vezes.

Paulo Roberto de Almeida 


Na primeira cúpula presencial, Biden e Xi anunciam medidas de distensão

Líderes concordam em retomar mecanismos de consulta bilateral e coincidem em se opor ao uso de armas nucleares na Ucrânia; Taiwan permanece como ponto de tensão

Por O Globo e agências internacionais — Bali, Indonésia
14/11/2022 09h16

Em sua primeira cúpula presencial, os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, anunciaram nesta segunda-feira uma série de medidas de redução das tensões entre as duas maiores economias do mundo, que chegaram ao seu ponto mais grave em décadas, ainda que tenham continuado a fazer advertências mútuas em relação a Taiwan, a ilha autogovernada que Pequim considera uma "província rebelde".

Na reunião de mais de três horas em Bali, na Indonésia, antes do início na terça-feira da cúpula do G20, eles anunciaram a retomada de mecanismos de consulta bilateral que estavam suspensos desde a visita a Taiwan da presidente da Câmara dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, em agosto, além da primeira visita do chefe da diplomacia de Biden, Antony Blinken, a Pequim, e coincidiram em se opor ao uso de armas nucleares na Ucrânia, em resposta à ameaça que vinha sendo feita por autoridades russas.

— Tivemos uma conversa aberta e sincera sobre nossas intenções e nossas prioridades. Vamos competir vigorosamente, mas não estou procurando conflito, estou buscando gerenciar essa competição de forma responsável — disse Biden uma em entrevista coletiva depois do encontro. — Acredito firmemente que não precisa haver uma nova Guerra Fria.

Segundo a definição de Biden, Xi "não foi nem mais conciliador nem mais duro" na cúpula, mas "direto e reto como sempre foi". Já um comunicado de Pequim chamou as conversas de “completas, francas e construtivas” .

— Estou ansioso para trabalhar com você, sr. presidente, para trazer as relações entre a China e os EUA de volta ao caminho saudável e do desenvolvimento estável para o benefício de nossos dois países e do mundo como um todo — disse Xi a Biden no início do encontro, acrescentando que os dois lados “precisam encontrar a direção certa” e “elevar o relacionamento”.

Segundo frisou o presidente chinês, "o mundo é grande o suficiente" para que haja espaço para as duas potências prosperarem.

Biden também enfatizou a importância do encontro presencial depois de cinco conversas por telefone ou por videoconferência desde que chegou à Casa Branca, em janeiro de 2021, e se comprometeu a "manter as linhas de comunicação abertas".

Tensões e distensão
A reunião desta segunda-feira ocorreu três meses depois que Pequim fez manobras militares inéditas em torno de Taiwan, em represália à visita de Pelosi, e um mês depois que os EUA impuseram suas mais duras restrições comerciais destinadas a prejudicar a capacidade chinesa de produzir semicondutores mais modernos, no que analistas viram como uma "declaração de guerra" tecnológica. Para agravar as tensões, existe ainda a parceria de Pequim e Moscou, que permaneceu firme mesmo após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Recém-lançada por Biden, a mais nova estratégia de segurança nacional americana tem como foco conter a ascensão da China e impedir que a potência asiática ultrapasse os Estados Unidos. Xi, por sua vez, acaba de conquistar um terceiro mandato à frente do Partido Comunista da China e deve confirmar no início de 2023 o terceiro mandato na Presidência. Desde sua ascensão à liderança, em 2012, ele adotou uma política externa mais assertiva do que a de seus antecessores, investindo nas capacidades militares chinesas e dando prioridade ao avanço em tecnologias de ponta.

Segundo o comunicado divulgado pela Casa Branca após o encontro, serão retomadas as conversas entre altos funcionários dos dois países sobre questões como mudança climática, estabilidade econômica, alívio da dívida dos países mais pobres, saúde e segurança alimentar. A visita de Blinken, disse a nota, deve ocorrer no início do próximo ano.

Biden e Xi, disse o comunicado, também concordaram que “uma guerra nuclear nunca deve ser travada” e que se opõem “ao uso ou ameaça de uso de armas nucleares na Ucrânia” — uma concordância importante dada a "parceria ilimitada" anunciada por Xi e o presidente russo Vladimir Putin pouco antes da invasão da Ucrânia. De acordo com o comunicado de Pequim, o presidente chinês se disse "muito preocupado" com a situação atual na Ucrânia e alertou que "as guerras não produzem vencedores".

'Linha vermelha'
Apesar da evidente intenção de ambos de reduzir a tensão, ficou claro que persistem divergências sobre Taiwan, que Pequim tem como meta reunificar ao continente, se necessário à força, enquanto Washington aumenta seu apoio político e militar às autoridades locais.

De acordo com a Casa Branca, Biden explicou “em detalhes” que os EUA continuam comprometidos com a política de “uma só China” — que considera Pequim a legítima representante dos chineses — mas se opõem a quaisquer “mudanças unilaterais” no status quo de Taiwan. O americano também levantou objeções ao que chamou de “ações coercitivas e cada vez mais agressivas da China" em relação à ilha.

— Não acho que haja qualquer tentativa iminente por parte da China de invadir Taiwan — disse Biden na entrevista. — A política de "uma só China" não mudou. Nossa posição não mudou em nada. Tenho certeza que ele [Xi] entendeu o que eu disse. Não houve mal-entendido.

Já Xi advertiu que a questão de Taiwan é uma linha vermelha que Washington não deve cruzar.

— A questão de Taiwan é o coração dos interesses centrais da China, o cimento da fundação política das relações China-EUA e a primeira linha vermelha que não deve ser cruzada — disse ele, segundo a imprensa estatal chinesa.

Altos funcionários da Casa Branca disseram na manhã desta segunda-feira que a reunião foi marcada após um mês de “diplomacia silenciosa” e planejamento intenso. Os delicados ajustes finais continuaram até a noite de domingo, depois que Biden chegou a Bali para a cúpula do G20, prevendo um encontro altamente roteirizado.

Daniel Russel, um ex-diplomata americano que acompanhou Biden em reuniões com Xi quando Biden era vice-presidente, disse que ambos os lados estão buscando "abaixar a temperatura em um relacionamento superaquecido".

Os dois se encontraram no hotel da delegação chinesa, e o lado chinês exigiu extensas precauções contra a Covid-19, incluindo testes de PCR e máscaras N-95 para jornalistas norte-americanos que acompanham Biden. (Com Bloomberg, AFP e New York Times)

https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2022/11/no-inicio-da-primeira-cupula-presencial-biden-e-xi-pedem-reducao-da-tensao-entre-potencias.ghtml