O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Renato Mendonça: um intelectual na diplomacia - Paulo Roberto de Almeida

Mais recente trabalho publicado: 


1080. “Renato de Mendonça: um intelectual na diplomacia”, Boletim ADB (ano XIX, n. 79, outubro-novembro-dezembro 2012, p. 28-29). Relação de Originais n. 2446. 

Renato Mendonça: um intelectual na diplomacia

Paulo Roberto de Almeida
Boletim ADB
(ano XIX, n. 79, outubro-novembro-dezembro 2012, p. 28-29).

A Casa do Penedo, fundação alagoana que homenageia Francisco Inácio de Carvalho Moreira, o Barão do Penedo – ministro do Brasil em Washington, em 1852, e em Londres, a partir de 1855, até o final do Império –, organizou, em outubro de 2012, em Maceió, um seminário acadêmico que festejou os cem anos de nascimento de Renato Firmino Maia de Mendonça, diplomata das Alagoas, nascido em Pilar, em 23 de dezembro de 1912, autor da biografia de Carvalho Moreira, publicada em 1942.
Na ocasião, o presidente da Funag, embaixador José Vicente Pimentel, lançou a quinta edição do primeiro livro de Renato Mendonça, A Influência Africana no Português do Brasil, publicado em 1933 (ver Prata da Casa), quando o jovem autor de 21 anos ainda não tinha ingressado no serviço exterior. Ele o fez em 1934, como “cônsul de 3a classe”, mediante concurso no qual foi também admitido João Guimarães Rosa (nascido em 1908). Renato Mendonça se aposentou no final de 1977, após 43 anos de serviços contínuos, e veio a falecer no Rio de Janeiro, em 25 de outubro de 1990.
Ao conquistar, pelo Colégio D. Pedro II, o título de bacharel em Ciências e Letras (1931) – tendo obtido, em 1935, o de bacharel em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro –, Renato Mendonça já destacava o impacto da cultura negro-africana na formação social do Brasil. Publicou duas dezenas de obras, geralmente em temas históricos e diplomáticos, com incursões na linguística e na antropologia. A Funag planeja republicar sua História da Política Exterior do Brasil (1500-1822): do Período Colonial ao Reconhecimento do Império, cuja única edição ocorreu no México, em 1945, pelo Instituto Pan-Americano de Geografia e História.
Logo após ingressar na carreira consular, tendo vários anos de regência de português no Colégio Pedro II, Renato Mendonça publicou, em 1936, O Português do Brasil: Origens, Evolução, Tendências (premiado pela Academia Brasileira de Letras), a que se seguiram diversos trabalhos sobre a cultura africana do Brasil. Em 1937 organizou um volume dos Anais do Itamaraty, com a documentação relativa à Guerra do Paraguai e um estudo diplomático sobre a Missão Paranhos no Prata (1879-1870); esse trabalho sobre o Visconde lhe permitiu introduzir a biografia que o Barão fez do primeiro Rio Branco (Rio de Janeiro, 1944). A essa altura, ele já tinha voltado de seu primeiro posto, a embaixada em Tóquio, e partido novamente para o México, onde se encontrava quando foi publicado Um Diplomata na Corte de Inglaterra (O Barão do Penedo e sua época), integrando a prestigiosa coleção Brasiliana.
A biografia de Carvalho Moreira constitui o magnum opus de Renato Mendonça, hoje em terceira edição pelo Senado Federal (2006). O autor reconhece que “talvez se tenha excedido em transcrições documentárias”, mas justifica o fato pela existência de “correspondência vastíssima”, examinada ao longo de quatro anos de manipulação de “mais de trezentos maços e pacotes” no Arquivo Penedo do Itamaraty.
Na mesma época em que era publicada essa obra, Renato Mendonça começou a dar aulas de Português e de Literatura Brasileira na Universidade Nacional do México, fundando ali a Cátedra de Literatura Brasileira. Aproveitou para publicar dois outros livros: um de sua autoria exclusiva, sobre a história do Brasil – Pequeña Historia de Brasil (1944) – e um outro, sobre a cultura brasileira, elaborado em coautoria com intelectuais mexicanos e brasileiros. Ainda no México, vieram a público uma antologia em espanhol de escritos de Ruy Barbosa e o já citado primeiro tomo do que seria uma trilogia sobre história da política exterior do Brasil.
Dois meses depois de sua promoção a primeiro secretário, em dezembro de 1945, era removido para o Consulado no Porto: sua Pequena História do Brasil foi então editada em Portugal. Mas já no segundo semestre de 1948, Renato Mendonça seguia para a Embaixada em Madri: em abril de 1950 foi convidado para dar um curso de verão sobre o Brasil na Universidade de Santiago de Compostela; três meses depois, foi eleito para a Real Academia de História, uma das instituições de maior tradição e prestígio cultural na Espanha. Ao mesmo tempo, era editado em Madri, em nova versão, sob o título de Breve historia del Brasil, o pequeno manual publicado no México em 1944. Em 1951, integrou o jurado dos prêmios “Cultura Hispânica” em Sociologia do Instituto de Cultura Hispânica.
De volta ao Brasil, trabalhou, ao longo de 1954, em temas vinculados à Escola Superior de Guerra: daí resultou seu último grande livro: Fronteira em Marcha. O trabalho, enviado anonimamente para um concurso promovido pelo Ministério da Guerra, combinava diferentes vertentes da pesquisa acadêmica: a história diplomática, desde as antigas lutas entre os impérios espanhol e português na América do Sul; a geopolítica regional, com a problemática da abertura dos rios internacionais; e política internacional, de forma mais conjuntural. A obra foi agraciada em 1955 com o Prêmio Tasso Fragoso, tendo conhecido duas edições imediatas.
Fronteira em Marcha representava, segundo o autor, “a concretização de vários anos de estudo em torno dos problemas da política exterior do Brasil e da solução geopolítica, encontrada pelo Império durante o período vital da formação brasileira”. Dividido em três partes, a obra cuida primeiro das “origens”, ou seja da formação da América Portuguesa e da América Espanhola, passando pela delimitação de 1750 (desfeita pouco tempo depois, mas preservada na prática nas dimensões quase atuais do Brasil) e traçando um paralelo entre os colonizadores espanhóis e lusitanos. A segunda parte trata da projeção continental do Império do Brasil, de 1828 a 1853, e a terceira aborda sobretudo questões de segurança estratégica, nos planos mundial e continental, refletindo posturas da Guerra Fria, como o tradicional alinhamento com os EUA.
Foi em seguida para dois postos na Europa: em Bruxelas (onde publicou, em 1959, Brésil, Pages d’Histoire) e no consulado em Amsterdam, quando deu início a uma coleção de mapas e de peças cartográficas de arte. Serviu ainda na embaixada em Santiago e no consulado em Valparaíso.
No período final de sua carreira serviu como embaixador na Índia (1965) e em Gana (de 1970 a 1971). Desde 1972, de retorno ao Brasil, foi colocado à disposição do Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro, onde continuou impulsionando projetos educacionais e culturais. Aposentou-se em dezembro de 1977, na idade limite então estabelecida para a compulsória: 65 anos; mas permaneceu como assessor especial do MEC até 1978. Viveu seus últimos anos de vida em seu apartamento da Lagoa, cercado de livros, vindo a falecer em 1990, aos 78 anos de idade.
Foi membro da Sociedade Brasileira de Direito Internacional, da Academia Carioca de Letras, do Pen Club, sócio efetivo do Instituto História e Geográfico Brasileiro, sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e membro correspondente da Real Academia de História da Espanha, ademais de ter sido agraciado com numerosas outras honrarias diplomáticas e intelectuais. Por todas essas razões pode-se saudar, no ano de seu centenário de nascimento, a personalidade de Renato Mendonça como um diplomata accompli, um dedicado homem de letras e um grande historiador self-learned, o que, no conceito de muitos, poderia aproximá-lo daquela categoria de intelectuais que os ingleses chamam de Renaissance man.
Paulo Roberto de Almeida


The Economist demite Mantega e sua tropa: so falta assinar a demissao...

Maneira de dizer, claro, mas não poderia ser mais claro, claro...
Desculpem estar sendo claro, mas vou ser mais claro ainda: se o governo quiser escapar da mediocridade econômica de ter baixo crescimento com inflação alta, e trapalhadas sobre trapalhadas nas medidas econômicas -- que diga-se de passagem são feitas por vezes bem mais acima do que a equipe econômica -- seus mais altos responsáveis (na verdade, só tem um, o mesmo que está na fotografia irônica da Economist) deveriam demitir os keynesianos de botequim que hoje deslustram a política econômica (e não me refiro apenas à área fazendária apenas, mas o lado comercial e monetário, também).
Mas, sendo ainda mais claríssimo, sabem quando isso vai ocorrer: não antes de novas trapalhadas acontecerem, e aproveitando alguma desculpa esfarrapada (como doença em família, essas coisas sempre salvadoras)...
Muito claro, não é mesmo?
Paulo Roberto de Almeida 
 
Goodbye Europe

Brazil’s economy

A breakdown of trust

If she wants a second term, Dilma Rousseff should get a new economic team

·          
·          
JUST two years ago, when Dilma Rousseff was elected Brazil’s president, the country’s economy was booming. It then ground to a halt and is now struggling to recover. Despite increasingly frantic official efforts at stimulation, the moribund creature grew by only 0.6% in the third quarter—half the number forecast by Guido Mantega, the finance minister. Most market analysts now expect GDP growth to be less than 1.5% this year and not much more than 3% next year. So much for the notion that the B in the BRICs is a speedy economy.
The motors of growth that powered Brazil in the past decade are sputtering. Prices of commodity exports, though still high, are no longer rising. Consumers are using more of their income to pay off the loans with which they had bought cars and televisions. Low unemployment means there are fewer idle hands to be put to work. Instead of relying on consumption, growth now has to come from higher productivity and investment. That means hacking away at the “Brazil cost”: the combination of red tape, heavy taxes, expensive credit, creaking infrastructure and an overvalued currency that makes it a punishingly expensive country to do business in.
Ms Rousseff has recognised the need to improve competitiveness. Her economic team says its aim is to prompt a supply-side, investment-led recovery. In the past 15 months the Central Bank has slashed interest rates by 5.25 percentage points, to 7.25% (only two points above inflation). That has helped to weaken the currency and help manufacturers. The government has cut payroll taxes for industry (but not most services). It is also slashing electricity tariffs and inviting private operators to upgrade airports, roads and railways.
Despite all this, investment has fallen in each of the past five quarters. It now amounts to just 18.7% of GDP, against 30% in Peru in 2011 and 27% in Chile and Colombia—Latin America’s new high-growth economies.
Business is cautious because the government meddles too much. A prime example is its apparent desire to drive down the return on investment by diktat, not just for banks but also for electricity companies and other infrastructure-providers. Even more than her predecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, Ms Rousseff seems to believe that the state should direct private investment decisions. Such micro-meddling undermines trust in macroeconomic policy as well.
Stop meddling and let animal spirits roar
The Central Bank may be tempted to react to the latest figures with another interest-rate cut. That would be a mistake. Instead the government should redouble efforts to cut the Brazil cost—by, for instance, tackling labour laws—and thus letting the private sector’s animal spirits roar. The worry is that the president herself is meddler-in-chief. But she insists she is pragmatic. If so, she should fire Mr Mantega, whose over-optimistic forecasts have lost investors’ confidence, and appoint a new team capable of regaining the trust of business.
Ms Rousseff’s hope seems to be that full employment and rising real wages will be enough to secure her a second term in 2014. But these depend on renewed growth. Lula won a second term because his policies lifted millions of Brazilians out of poverty. The electorate similarly rewarded Fernando Henrique Cardoso, Lula’s predecessor, because he slew inflation. And Ms Rousseff? Voters may judge that in trying to juggle so many economic balls, she dropped most of them.
==============================================================

Brazil’s economy

Stalled

A long-awaited recovery still fails to materialise

·         
FOR many months Guido Mantega, Brazil’s finance minister, has been forecasting that the economy is on the verge of vigorous growth that never seems to come. Even so, the third-quarter figures published on November 30th were a shock. The government had convinced independent economists that a weaker currency, lower interest rates, and a cut in sales tax on cars and white goods would prompt a healthy expansion of 1.2% compared with the previous quarter. In the event, the figure was just 0.6%. The national statistics institute also slashed its estimate of second-quarter growth, from 0.4% to 0.2%.
The numbers were “disappointing”, admitted Mr Mantega. But recovery, he insisted, is on the way: 4% growth will come next year, with 5% in 2014. Few now believe him. Analysts are slashing their predictions (see chart). Add last year’s anaemic 2.7% and Brazil is seeing its worst growth performance in over a decade.
The nastiest surprise was the fall in investment, despite the government’s efforts to lower business costs. The Central Bank has reduced the policy interest rate from 12.5% in mid-2011 to a record low of 7.25%; it has also pushed state banks to cut spreads and to lend more. A tax on foreign-currency inflows and the Central Bank’s interventions have engineered a fall in the painfully strong real of around 20% since February. The government has cut payroll taxes for manufacturers, promises a big cut in electricity tariffs, and has turned to the private sector to ease transport congestion.
All this reads like a Brazilian businessman’s dream come true. So why has the hoped-for investment boom not materialised? The government’s high-handed approach and hostile attitude towards the private sector seem to have put off the very investors it hoped to attract. Brazil’s electricity prices, for example, are the world’s third-highest and a long-standing business bugbear. But the government’s plan to cut tariffs by 20% risks misfiring because it overestimated utility firms’ margins and underestimated the rate of return they would require to renew contracts early.
Some firms have decided not to sign up, even though that means they will probably lose their concessions when they expire. Eletrobras, a state-controlled giant, bowed to the government’s wishes over those of minority shareholders—and saw its share price plummet. “I fail to see how destroying shareholder value helps to attract investment,” says Tony Volpon of Nomura Securities, a broker.
Services, long the main source of new jobs, have stalled too. Financial services were hit by higher defaults, fewer loans and tighter profit margins. But the slowdown goes wider, says Silvia Matos of the Fundaçao Getúlio Vargas, a university. Past sources of productivity gains, such as easier registration for small companies and greater access to credit, have run their course, she says.
The only good news for the government was that consumption by households is still growing, albeit at a slower pace than in the recent past. That, and keeping inflation under control, are the recipe for political popularity in Brazil. Dilma Rousseff, the president, is indeed popular. More than three-quarters of respondents in opinion polls rate her as “good” or “excellent”. One poll last month found that 26% spontaneously named her as their preferred presidential candidate in 2014—for the first time, more than cited her predecessor and mentor, Luiz Inácio Lula da Silva. Until recently she looked like a shoo-in for a second term.
But Ms Rousseff’s likeliest opponents have taken the confirmation of the economy’s continuing weakness as the starting gun for the presidential campaign. Eduardo Campos, governor of Pernambuco, a fast-growing north-eastern state, has been sounding statesmanlike on the importance of not putting off potential investors. A meeting on December 3rd of mayors from the Party of Brazilian Social Democracy, the biggest opposition group, turned into an impromptu coronation of Aécio Neves, a senator and former governor of Minas Gerais, Brazil’s third-richest state, as the party’s next leader and presidential candidate.
The following day Mr Neves spoke in the Senate about the “recklessness and folly” of the government’s actions in the electricity sector. Admittedly, one of the refusenik electricity companies is CEMIG, in which Minas Gerais’s government has a big stake. But unless Mr Mantega is finally vindicated and growth picks up soon, the economy will offer Ms Rousseff’s rivals an easy target,

Argentinizacao do setor eletrico brasileiro: legado da atual administracao?

Parece incrivel como o fascismo corporativo entranhou de tal maneira o comportamento, os hábitos e as mentalidades em Brasilia, que os potentados, baronetes, chefes e chefetes, sem falar no soberano onisciente, se julgam habilitados, mandatados, até obrigados a impor suas soluções canhestras sobre os cidadãos e as empresas de qualquer setor -- público ou privado, não importa -- para qualquer problema que apareça na agenda.
Estão construindo, a partir da capital isolada, e com base em péssima análise técnica dos problemas, "soluções" que vão pesar de maneira terrível sobre o futuro do crescimento brasileiro, um país condenado a conviver com taxas ridículas, medíocres de crescimento econômico, com alta incompetência gerencial (se este adjetivo se aplica, o que não parece ser o caso), e com poucas chances de criar um processo dinâmico de expansão econômica.
Isso porque os keynesianos de botequim que nos governam têm pretensões e interpretar o momento histórico brasileiro a partir de uma visão do mundo não só ultrapassada como singularmente carente de maior consistência intrínseca.
Não precisa apertar o cinto, pois a mediocridade dominante garante uma velocidade de cruzeiro equivalente a um jegue carregado de areia...
Paulo Roberto de Almeida
Choque de incompetência
06 de dezembro de 2012
Editorial O Estado de S.Paulo
Incompetência, autoritarismo e uma espantosa desinformação condenaram o governo federal ao fracasso em seu plano de antecipar a renovação de concessões do setor elétrico. Se ainda houvesse alguma dúvida, teria sido eliminada pelo secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, na entrevista coletiva de terça-feira à tarde. "Essas companhias privilegiaram seus acionistas e não a população brasileira", disse ele, referindo-se à Cesp, à Cemig e à Copel, como se a decisão dessas empresas de rejeitar a proposta do governo fosse, além de surpreendente, censurável. É quase incrível, mas o número dois de um Ministério responsável por grandes sociedades por ações, como a Petrobrás e a Eletrobrás, parece desconhecer as obrigações de empresas desse tipo em relação aos detentores de seus papéis. Mas a aparente surpresa do secretário, embora chocante no primeiro momento, combina perfeitamente com o estilo de ação seguido pela cúpula federal nessa e em várias outras iniciativas desastradas.
A Fazenda paulista detém 94,08% das ações ordinárias da Cesp e, juntamente com outras entidades ligadas ao governo do Estado, 40,6% do capital. A maior parte está distribuída entre vários acionistas, incluída a Eletrobrás (2,05%). Os papéis são negociados na Bovespa e no mercado de balcão americano. As ações do Grupo Cemig, controlado pelo governo de Minas Gerais, estão espalhadas entre 114 mil investidores em 44 países e são negociadas em São Paulo, Nova York e Madri.
O secretário executivo do Ministério teria encontrado ideias esclarecedoras se tivesse visitado o portal eletrônico da Cemig. A declaração sobre "missão, visão e valores" inclui referências a "dividendos, juros sobre capital próprio, agregação de valor, capacidade de geração de caixa e retorno sobre investimento". Sua responsabilidade social cobre a oferta de energia à sociedade, o respeito ao meio ambiente e também aos "clientes, colaboradores, acionistas, governos e comunidades". Rentabilidade, geração de caixa e respeito aos acionistas são condições para o bom atendimento de todos os princípios e valores enunciados.
O governo federal, no entanto, segue ideias diferentes ao decidir o destino das empresas sob seu controle, sem levar na devida conta os interesses dos demais acionistas. A adesão da Eletrobrás ao esquema proposto pelo Ministério de Minas e Energia foi decidida contra a opinião de minoritários. Apesar de seus protestos indiscutivelmente legítimos, esse grupo foi desconsiderado e o governo impôs sua vontade. O alerta para o mercado é inequívoco: investir em estatais controladas pela União é assumir riscos muito sérios de perda de patrimônio. Perdas já ocorreram com a redução do valor de mercado da Eletrobrás, iniciada há meses e acelerada a partir de setembro, quando a presidente Dilma Rousseff anunciou a proposta de renovação das concessões. A adesão da empresa ao esquema oficial justifica mais preocupações. Mas ninguém deveria surpreender-se. Quantos danos foram impostos à Petrobrás, com o controle de preços de combustíveis e com a interferência desastrosa em seus planos de investimento?
Bons propósitos, como o barateamento da energia, são insuficientes para a produção de bons resultados. Competência ainda é um requisito importante, mas esse artigo continua muito escasso em Brasília. O governo tenta compensar essa deficiência apelando cada vez mais para o voluntarismo e o autoritarismo. Todos querem contribuir para a redução das tarifas de energia, "mas é um risco, uma imprudência, quase um desatino", fazer isso à custa da insolvência do setor, disse o senador Aécio Neves.
Especialistas conhecidos também se manifestaram contra a maneira de agir do governo. A proposta oficial não levou em conta o valor necessário para as empresas manterem a qualidade do sistema, disse o professor Luiz Pinguelli Rosa, do Coppe-UFRJ. O professor Ildo Sauer, da USP, atribui à presidente Dilma Rousseff uma política de argentinização do setor elétrico. É uma descrição tão apropriada quanto assustadora. Os industriais deveriam levá-la em conta, antes de reafirmar seu apoio ao novo desatino federal.

Fellow Center for Hemispheric Policy at the University of Miami: candidaturas

RESIDENT FELLOW PROGRAM
March 15 – July 15, 2013



The Center for Hemispheric Policy at the University of Miami is seeking applications for its Resident Fellow Program. The applicant who is selected will be invited to spend March 15-July 15, 2013, at the Center and participate in all the Center activities. Within the Resident Fellow’s area of expertise, the fellow is expected to speak at several Center programs and assist in the development of program initiatives, as well as write or co-write policy papers on program-relevant issues. Focusing on issues impacting Latin American and Caribbean countries, the fellow will give guest lectures at university classes and will speak to outside groups in the policy and business communities, as well as to the media.
 
Eligibility
 
The competition is open to political analysts, economists, journalists and scholars from Latin American and Caribbean countries and Canada, who have published and worked on key policy issues pertaining to Latin America and the Caribbean.  The Center has particular interest in applicants with expertise in any of the following topics, as they relate to Latin America and the Caribbean: democracy and political development, economic growth, development and poverty reduction, competitiveness, globalization, security, energy and free trade.
 
In order to enter the United States, a Resident Fellow will be required to obtain a J-1 Visa.  The University of Miami is able to provide the Resident Fellow with a DS-2019 Form, a document that is to be presented to U.S. Consulate authorities when submitting an application for a J-1 Visa. The J-1 Visa application process is the responsibility of the Resident Fellow.
 
Applicants must be able to speak and write fluently in English.
 
Benefits
 
The Center for Hemispheric Policy will provide a $12,000 stipend (prior to U.S. federal tax withholding) from March 15 – July 15, 2013, for a residency in Miami. Travel expenses to and from Miami and costs for health insurance will be reimbursed. The fellow will be responsible for procuring his/her housing; a $2,000 monthly housing stipend (prior to U.S. federal tax withholding) will be provided. The University of Miami will also provide library privileges.
 
Application Requirements
 
·         C.V. and cover letter with a description of applicant’s background and qualifications, as well as applicant’s complete contact information
·         Short writing sample in English on a topic relevant to Latin American and Caribbean countries.
·         Three recent reference letters, with affiliations, email addresses and telephone numbers of reference letter writers.
 
The submission deadline for above information is January 31, 2013. Send information to center@sba.miami.edu.
 
Selection Process
 
A panel of experts will review all Resident Fellow applications and submit its recommendations to the director and associate director of the Center for Hemispheric Policy. The Center’s Resident Fellow selection will be made on February 1, 2013.
 

 
The Center for Hemispheric Policy receives financial support from the Bureau of Educational and Cultural Affairs
of the United States Department of State.

For information on the Center for Hemispheric Policy’s activities and publications, visit: www.miami.edu/chp.

Mercado Comum da Criminalidade?: Noruega sai da Venezuela...


Norway closes diplomatic mission in Venezuela, citing rampant violent crime

CARACAS, Venezuela — Norway will close its embassy in Venezuela because of rampant crime in the South American country and move the diplomatic mission to neighboring Colombia, its ambassador said Wednesday.
Norwegian ambassador Lars Vaagen said the decision to move the embassy to Bogota next year was made after analyzing the problem of widespread violent crime in Venezuela.
“We see the security situation as increasingly difficult,” Vaagen said in a telephone interview.
Norway’s embassy in Caracas has been operating for almost 45 years.
In polls, Venezuelans consistently rate violent crime as their top concern.
The government of President Hugo Chavez estimates that more than 14,000 people were killed in Venezuela last year. That gave the country a homicide rate of 50 per 100,000 people and made it one of the most violent countries in Latin America and the world.
Kidnappings for ransom have grown rapidly over the past decade, with abductions reported to police rising from 52 in 1998, when Chavez was first elected, to 618 in 2009. Security experts say the real number of kidnappings is much higher because most cases aren’t reported to authorities.
Over the last year, diplomats from Mexico and Chile were kidnapped, and all were eventually freed after ordeals lasting from two hours to more than a day. The abductions of diplomats influenced Norway’s decision to move its embassy, Vaagen said. Thieves have also broken into several diplomatic missions in recent years.
Experts say violent crime has increased in Venezuela due to easy, cheap access to guns, a culture of violence among young men in the slums, and severe shortages of police officers and prosecutors.

Copyright 2012 The Associated Press. All rights reserved. This material may not be published, broadcast, rewritten or redistributed.

Paises corruptos sao instaveis economicamente...

Algumas licoes para o Brasil, dessas evidencias prima facie sobre o papel desestabilizador da corrupcao sobre o ambiente economico?
Helas, na republiqueta dos companheiros estamos condenados a continuar altamente instaveis economicamente.
Paulo Roberto de Almeida

Greece and Italy are Listed Among Corrupt in Europe


Greece is considered Europe’s most corrupt country, ranking roughly on par with Colombia and Swaziland in an annual global survey of perceived corruption released Wednesday.
John Kolesidis/Reuters
Protesters attended a rally against austerity measures and corruption in Athens in September.
Transparency International, a corruption watchdog, ranked Greece 94th out of 176 countries in the 2012 corruption perceptions index, which surveys economic experts about the perceived level of public sector corruption. Last year, Greece ranked 80th.
Using a scale introduced for this year’s report, Transparency International ranked the countries between zero, which is “highly corrupt,” and 100, for “very clean.” Two-thirds of the 176 countries surveyed scored below 50, including Italy and Greece from among the 17 members of the European Union that use the euro. Italy ranked 72nd.
Ireland, Spain and Portugal earned scores above 50 but dropped in the rankings compared with 2011, underlining the perception that economic stability was linked to good government.
“We believe that corruption in the public sector frequently goes hand in hand with a failure of institutions,” said Edda Müller, who heads the German branch of Transparency International, based in Berlin. “At the same time, we see, not only in Europe, a high amount of corruption points to a lack of ethics on the part of politicians.”
She cited the list of Greeks believed to hold accounts in a Swiss bank as a possible influence. It included a former culture minister, several employees of the Finance Ministry and a number of business leaders. As finance minister of France, Christine Lagarde in 2010 handed the list to the Greek government in an effort to help it crack down on tax evasion.
A Greek publication released the list in October, raising questions among the country’s international lenders about whether the government was actively bolstering its tax collection, one of several promises the country made to secure billions of euros in aid. Finance ministers of the countries using the euro meet again next week to decide whether to disburse the next round of aid to Greece.
Denmark, Finland and New Zealand ranked as the least corrupt countries, with Sweden, the Netherlands, Germany and Britain all included among the 20 least corrupt. The United States climbed in the rankings to 19th from 24th in 2011.
Somalia remained the world’s most corrupt country, the survey showed, just above North Korea and Afghanistan, all largely failed states where poverty and social chaos result in the repression of human rights, the organization said.

Fortes e fracos: Portugal e Brasil - uma reflexao a partir de um blog irmao

Retiro, do blog "Duas ou três coisas...", do meu amigo e colega Francisco Seixas da Costa, ex-embaixador no Brasil e já se aposentando de Paris, o post abaixo, sobre os fortes portugueses ao redor do mundo.
E penso cá comigo: Portugal foi uma nação fraca que construiu dezenas, provavelmente centenas de fortes ao redor do mundo. O Brasil é uma nação forte que vem sendo sistematicamente enfraquecida por um governo sem rumo. Assim pelo menos é o que parece...
Paulo Roberto de Almeida
Fortes
- Os portugueses chegaram aqui e construíram este forte, depois de terem circundado toda a África. Não é fantástico?!

A expressão, de um responsável governamental do Oman, frente à fortaleza de Al-Jalali, o antigo forte de S. João, em Mascate, foi dita perante umas dezenas de pessoas, que logo me olharam, como se acaso os meus antepassados, de lá de Trás-os-Montes ou do Minho, pudessem reivindicar parte dessa glória. E eu, por tabela, como herdeiro natural das viagens que outros fizeram por nós.

- Pois na minha terra, no Benin, também construíram uma bela fortaleza, em Ouidah, disse uma voz, atrás de mim, que sorri silencioso, a lembrar-me do gesto estúpido do funcionário português que, em 1961, na iminência da sua expulsão de S. João Batista de Ajudá, deitou fogo a tudo, inclusivamente ao carro oficial, cuja carcaça hoje faz parte do museu no local.

A tanzaniana logo comentou: "Também construíram bastantes meu país", para logo o iraniano lançar: "há belos vestígios de Portugal na nossa costa", lembrando Ormuz.

Olhei em volta. O meu amigo do Qatar, que me fala sempre de ter nascido junto a um forte português, estava longe, ninguém do Bahrein andava por ali para lembrar o que também ficou por lá, a minha colega queniana não veio na viagem para lembrar Mombaça. Também não havia nenhum marroquino para citar a imponente Mazagão ou Safi, nem ninguém da Malásia para recordar Malaca, ou do Gana para recordar São Jorge da Mina. E, muito menos, algum indiano para citar o belo forte de Diu e o muito que aí ficou. Dos "Palop" não estava ninguém no grupo para inventariar a arquitetura militar portuguesa remanescente (do Cachéu a Luanda, da ilha de Moçambique ao forte de São Sebastião, em S. Tomé).

Naquele instante, tive pena de não ter, à minha volta, mais vozes internacionais para ajudar ao coro de glória histórica. Até que uma brasileira, casada com um europeu, adiantou: "E então no Brasil!? Conhecem as fortalezas portuguesas no Brasil? São fabulosas!". Mas nem ela se podia gabar de, como eu, de ter visitado a grande maioria delas - a começar por essa maravilha de dificílimo acesso que é o forte Principe da Beira, bem junto à fronteira com a Bolívia.

Isto passou-se ontem, numa viagem da UNESCO ao Golfo, a que me associei, no gozo das minhas últimas férias como embaixador.

O tempo das fortalezas militares já lá vai. Mas Portugal deixou, por aí, um prestigiante mar desses monumentos, marcos de um tempo histórico em que dava algumas cartas. E alguns tiros, porque o poder também se faz disso. E hoje, graças a essa herança, se há ainda coisa em que, pelo mundo, somos fortes é em fortes...

Internet: ditaduras e mentalidades autoritarias querem controle...

Futuro da internet nas mãos dos governos em Dubai

Governos e empresas vão travar, a partir de segunda-feira, uma verdadeira guerra em relação ao futuro da internet. Pela primeira vez em 25 anos, a comunidade internacional se reunirá, em Dubai, para definir as regras que irão moldar as telecomunicações nas próximas décadas.
Jamil Chade
O Estado de S.Paulo, 30/11/2012
Mas propostas de China, Rússia, países árabes e de outros regimes para controlar o conteúdo da internet criam mal-estar e colocam em risco qualquer acordo. Outro ponto crítico é a questão de quem vai bancar a expansão da internet no mundo nos próximos cinco anos, uma conta estimada em US$ 800 bilhões. Empresas de telecomunicações e as gigantes da web travam uma disputa feroz nos bastidores.
O Brasil, apesar de ir à conferência mundial com uma posição contrária a qualquer censura na rede, chegará sem ter conseguido votar o Marco Civil da Internet no Congresso, um assunto que vem sendo discutido há tempos (ver ao lado).
Na última vez que os governos sentaram para definir regras globais, em 1988, a internet sequer existia. Agora, quando voltarem a se reunir, constatarão que o mundo passou por uma de suas maiores revoluções tecnológicas de todos os tempos, e que está exigindo novas regras.
Limites
O rascunho da declaração final, obtido pelo Estado, revela a inclusão de uma proposta de limitar o acesso à internet e outras formas de comunicação. Governos poderiam agir todas as vezes que o fluxo de informação na internet ou em outras formas de comunicação represente uma “interferência em assuntos domésticos” de um país, que a soberania de um Estado esteja ameaçada pela informação, por motivos de “segurança nacional”, para proteger a “integridade territorial” ou simplesmente caso informações de “natureza sensível forem divulgadas”.
Ontem [quinta-feira, 29/11], o regime de Bashar Al Assad, na Síria, simplesmente desligou toda a rede de computadores e telefonia do país, enquanto realizava a maior ofensiva contra rebeldes em Damasco.
Se aprovado, o texto representaria a abertura de um novo capítulo para a internet. Para o gigante Google, a conferência representa uma “séria ameaça”. Segundo a empresa, a reunião ameaça comprometer de forma profunda o futuro da liberdade de informação na internet se a posição de regimes ditatoriais prevalecer.
Não por acaso, a empresa que controla o YouTube vem fazendo um vasto lobby pelo mundo, em busca de apoio por parte de governos para que vetem trechos na resolução final que acabe limitando o fluxo de informação na internet. “Apenas governos tem voz na decisão final e entre esses governos estão aqueles que não apoiam uma internet aberta e livre”, declarou a empresa em um comunicado. Segundo o Google, governos já fizeram 21 mil solicitações à empresa para que fornecesse dados sobre usuários, num sinal do interesse das autoridades em controlar informações.
Mas, às vésperas do encontro, o mundo político está dividido. “Não há como pensar em deixar a internet sem um controle”, declarou o embaixador da China na ONU, Liu Zheming. Países árabes também têm apoiado o texto, assim como regimes na África, Rússia e alguns regimes mais fechados na Ásia.
Para alguns desses países, o lobby feito pela Google não passa de uma campanha de relações públicas para tentar vender uma imagem de ser uma empresa interessada na liberdade dos internautas, quando o motivo real seriam os lucros que poderiam deixar de ter.
O Brasil já deixou claro que irá se opor a essa linguagem, aproximando-se mais da posição de Estados Unidos e Europa que dos demais emergentes. Para o governo brasileiro, não existe qualquer chance de que se defenda limitações ao fluxo de informação na internet. A delegação brasileira será composta por ministros, indicando a importância que o governo dá ao assunto.
Dispostos a impedir que essa declaração seja aprovada, a delegação americana chegará em Dubai com 125 integrantes. A posição dos Estados Unidos é de defender o status quo na gerência da internet, principalmente diante do fato de que, hoje, as empresas que mais ganham com a rede são americanas.
Oficialmente, porém, a delegação americana apenas alegará que uma aliança de países está sendo formada para criar argumentos para aumentar a censura na internet, sob a justificativa de lutar contra spam, pedofilia ou outros crimes.
Conta
Mas a guerra não se limita à questão do conteúdo. Um dos pontos críticos da reunião é a conta da internet. Operadoras querem que empresas da web, como Google ou Microsoft, passem a pagar pelo volume de dados enviados e que exigem investimentos cada vez maiores por parte das telefônicas.
Até 2016, a UIT estima que o volume de dados na internet vai quadruplicar. No Brasil, ele será aumentado em oito vezes. As estimativas apontam que, para dar conta disso, o mundo terá de investir US$ 800 bilhões em cinco anos. Caso contrário, a rede irá literalmente cair. Hoje, apenas as empresas de telecomunicações pagam para ampliar a infraestrutura. Mas agora querem compartilhar a conta com quem manda os dados. A própria UIT estima que, se o modelo não mudar, haverá um freio na internet.
Outra questão é a garantia da neutralidade na rede. Ou seja, todos são cobrados da mesma forma para ter acesso à internet. As empresas de telefonia querem começar a modificar os pacotes oferecidos aos clientes, cobrando mais de quem usa mais. Para isso, terão de derrotar um projeto que pede que a neutralidade na rede se estabeleça como princípio.
No Brasil, o projeto de lei que tentará regular o assunto defende que o tráfego de dados na rede não sofra qualquer diferenciação, justamente respeitando o princípio da neutralidade. Mas, também no Brasil, as operadoras pressionam para que essa posição mude.
Sem a aprovação do Marco Civil antes do evento, porém, muitos temem que o Brasil seja obrigado a adotar uma postura mais reservada. O ministro Paulo Bernardo chefiará a delegação.
Muitos temem que a declaração ainda poderia transformar a UIT, órgão ligado à ONU e criado em 1865 para regular os telégrafos no mundo, em uma espécie de reguladora da internet. As reações contra essa ideia têm sido das mais fortes. Com ampla maioria, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução condenando as manobras da UIT e dos regimes ditatoriais que visam estabelecer novas regras para a web.
“A UIT não é o órgão competente para impor a autoridade regulatória sobre a governança da internet”, declarou o Parlamento. Segundo a resolução dos europeus, se aprovada, a declaração de Dubai poderia “afetar gravemente o desenvolvimento e acesso de serviços online e a economia digital”.
Da parte da UIT, a entidade rejeita a acusação de que esteja negociando o texto a portas fechadas e garante que não quer passar a controlar a internet. “Todos os 193 países estão participando das negociações”, declarou. Hamadoun Touré, secretário-geral da UIT, classificou o temor da comunidade internacional em relação a seus supostos objetivos como “ridículo”.
[Jamil Chade, correspondente do Estado de S.Paulo em Genebra]

O problema da (i)legalidade das drogas - The City Journal

A analogia com limites de velocidade pode ser fraca, mas os anarco-libertários tampouco discutiram em profundidade os problemas advindos da legalização. Tudo vai ser descriminalizado? O Estado vai vender? Será um mercado livre, com altos impostos sobre o consumo? Algum monopólio estatal?
E os que causarem danos à sociedade vão ser multados e podem ir para a cadeia, como os criminosos do trânsito?
Seria preciso debater todas essas questões.
Paulo Roberto de Almeida

On the Legalization of Drugs
Living in a civilized society means accepting laws that we didn’t make.
The City Journall, 5 December 2012

Discussing drug legalization with libertarians, as I did recently, can be a frustrating experience. This is in part because they rarely say exactly what they mean by “legalization.” Do they mean a controlled market that would barely represent a retreat from state regulation and interference, or an uncontrolled one, in which we would all be able to buy methamphetamine or crack at our local store?
There is a much deeper problem, though: their conception of what it is to live in a civilized society. They seem to think of people as egoistic particles that occasionally bump into one another rather than as necessarily and essentially social beings. No doubt there are some egoistic particles among us, but they represent only a tiny proportion of the total. On the matter of drugs, libertarians argue that it is no business of the state to tell citizens what to take or not to take, and that doing so is therefore an oppressive curtailment of freedom. The drug laws, they insist, don’t work in practice, because so many people break them—with impunity or not, as the case may be.
Let us draw an analogy with speed limits. They undoubtedly curtail our freedom; they are undoubtedly unevenly enforced; and it is likewise undoubtedly true that they don’t work, in the sense that there can hardly be a single driver in the world who has not knowingly broken them. Indeed, it is probable that most drivers break speed limits every time they drive a car. But does that mean that speed limits do not work? No. Does anyone suppose that if there were no speed limits, people would not drive faster? You have only to drive on a German autobahn, where there are no speed limits, to get your answer.
Now, a libertarian would say that responsible citizens should be able to determine for themselves at what speed to drive. It doesn’t take much intelligence or judgment to do so. It must be remembered also, by analogy with the frequent harmlessness of drugs, that most speeding does not end in a fatal accident. Not all speeding is abuse of speeding, therefore; and if while speeding a person causes a fatality to others, he must take the consequences, financial and other. The prospect of those consequences should be enough to cause him to adjust his speed to what is sensible and safe; and as an adult, he is the best judge of the speed at which he is capable of driving safely. If a man gets home safe and sound, he has, ipso facto, driven at a sensible speed.
Alas, this is strange philosophical anthropology. People are not—I am not—like that. I can see that other people should not drive above a certain speed, but I cannot see that I should not do so. They, of course, have a mirror-image view: they think that they are safe and that I am dangerous. But though we all consider ourselves safe, the fact is that speeding makes us more likely to have an accident or to kill someone.
Living in a civilized society means accepting laws that one did not make oneself, and that in any given situation may seem unnecessary; one has no right to complain if punished for breaking them. I accept the law as necessary even as I break it. One is not oneself the arbiter of everything. In some circumstances, it is right to prevent potential harms to third parties such as speeding and taking drugs produce rather than to wait for them actually to occur. It is a matter of judgment, not of principle, when those circumstances exist—and in my opinion, the taking of methamphetamine falls well this side of justifiable prevention.
Of course, restrictions on freedom may become onerous, and petty regulations may whittle away freedom altogether. But all freedoms are not created equal; a hierarchy exists among them; and a restriction on the freedom to intoxicate yourself or drive down Fifth Avenue at 100 miles an hour is not to be compared with a restriction on the freedom to say what you think. Speech codes are therefore a much more serious assault on liberty than are drug laws.
Theodore Dalrymple is a contributing editor of City Journal and the Dietrich Weismann Fellow at the Manhattan Institute.

So' energia sem planejamento? Provavelmente, o resto tambem...

Energia sem planejamento
Editorial O Estado de S.Paulo, 5/12/2012

O governo federal terá de recorrer a cortes de impostos e a subsídios para garantir a prometida redução de 20,2% nas contas de luz, se for incapaz de superar ou compensar a resistência da Cesp e de outros grupos ao esquema de renovação antecipada de concessões. Terminado o prazo para adesão, ontem, só 60% das usinas aceitaram a proposta. O governo paulista a rejeitou, mas poderia aceitar um entendimento, se as condições apresentadas pela administração federal fossem melhoradas, segundo o secretário de Energia do Estado de São Paulo, José Aníbal. Até ontem, no entanto, nenhum avanço ocorreu nas negociações, disse o secretário ao sair de uma reunião no Ministério de Minas e Energia, em Brasília. Nem mesmo o prazo especial, até 31 de dezembro, para a apresentação de relatórios sobre reformas e ampliações de centrais elétricas tornou as condições mais aceitáveis, disse Aníbal. Sem acerto, a Cesp poderá ter de devolver a Usina Três Irmãos no começo do ano.
O governo mineiro havia informado, alguns dias antes, a intenção de recusar parcialmente as condições do poder central. A Cemig, segundo os representantes de Minas Gerais, teria direito à renovação dos contratos de três de suas usinas nos termos originais, sem compromisso de redução de tarifas.
O governo só conseguiu adesão geral das empresas de transmissão.
A presidente Dilma Rousseff e os responsáveis pelo setor energético falharam, portanto, quando resolveram impor às concessionárias um acordo concebido no interior do governo e nunca discutido abertamente com todos os grupos.
De modo geral, a proposta federal foi recusada porque as condições financeiras foram consideradas insuficientes. O governo propôs renovar as concessões antecipadamente em troca de redução das tarifas. Isso seria possível, segundo o esquema concebido em Brasília, porque as concessionárias já teriam amortizado a maior parte do investimento fixo. Poderiam excluir esse custo, portanto, da composição das tarifas.
O raciocínio pode ser correto, em princípio, mas ainda haveria uma amortização residual e seria preciso cobrir essa diferença. O valor oferecido ficou muito abaixo da necessidade estimada pelas companhias. Pelo menos em um caso - o da Usina Três Irmãos, da Cesp - houve um erro indiscutível, porque os cálculos foram feitos como se a operação tivesse começado dez anos antes da data efetiva.
Depois de alguns dias de discussão e de muitas críticas, contas foram refeitas e alguns valores foram aumentados. Alguns grupos aceitara. Outros, incluída a Cesp, continuaram rejeitando como insuficientes as compensações. Com as três usinas paulistas - Três Irmãos, Jupiá e Ilha Solteira - fora do esquema, o governo federal deve perder algo entre 1,6 e 1,7 ponto porcentual dos 20,2% de redução prometidos, disse o secretário José Aníbal.
Como outros grupos deveriam ficar fora do acordo, a perda total poderia ser maior e as renovações permitiriam um corte de apenas 17% ou menos, segundo especialistas. Para manter o objetivo original, o governo teria de cobrir a diferença com recursos próprios, cortando tributos ou subsidiando a energia.
A Eletrobrás, controlada pela União, aderiu ao acordo contra a vontade dos minoritários. Eles tentaram impedir a adesão, na assembleia de segunda-feira, mas o governo impôs sua vontade, sujeitando a empresa a perdas elevadas e reduzindo sua capacidade de investimento.
O elevado custo da energia elétrica é uma importante desvantagem da indústria brasileira na competição internacional. O governo deve dar prioridade, portanto, à redução desse custo, para fortalecer a economia nacional. Mas a administração federal tomou o caminho errado. Preferiu a improvisação ao planejamento, sem negociação com os agentes envolvidos. Aceitou até o risco de impor perdas à Eletrobrás, prejudicando sua capacidade de investir e comprometendo, portanto, a oferta e o custo futuros da energia. Mais uma vez a presidente Dilma Rousseff confundiu o papel do Estado como articulador e indutor do crescimento com o exercício autoritário do poder. Isso é ruim para seu governo e para o País.

A Nomenklatura mafiosa da nossa Republica Sindical

E quem foi que transferiu milhoes, sem qualquer controle publico, para os mercenarios sindicais?
Claro, so podia ser o capo di tutti i capi...
Paulo Roberto de Almeida

A esbórnia da elite sindical

Editorial O Estado de S.Paulo, Quinta, 05 de Dezembro de 2012, 02h12

O imposto sindical foi criado em 1943, durante o Estado Novo, e definido nos artigos 578 e seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), inspirada na Carta del Lavoro do ditador fascista italiano Benito Mussolini. A ideia de Vargas era arregimentar o apoio político das classes trabalhadoras para consolidar sua ditadura, a pretexto de modernizar o País afastando de vez do poder as oligarquias estaduais da República Velha, derrubada pela Revolução de 1930, que o levou ao poder.

O estratagema usado pela ditadura Vargas para financiar os sindicatos operários e patronais foi cobrar o salário de um dia de trabalho de todos os trabalhadores formalizados, ou seja, com seus direitos garantidos pela nova legislação trabalhista vigente, fossem eles sindicalizados ou não. A fórmula é engenhosa: mesmo não se filiando a um sindicato, o que lhe permitiria recorrer à assistência social e jurídica da estrutura de representação, o trabalhador paga a conta de seu funcionamento. O Estado, ao qual os dirigentes sindicais passaram a servir como massa de manobra política, recolhe o dinheiro. E também se aproveita de parte do total arrecadado para financiar o funcionamento da máquina burocrática, o Ministério do Trabalho, ao qual cabe regular e normatizar o sistema. O braço político desta organização foi outra obra de Vargas: o Partido Trabalhista Brasileiro, que, depois da sua morte, chegou à Presidência com o vice João Goulart, após a renúncia do presidente eleito, Jânio Quadros, em 1961.

Os sindicalistas que cumpriam esse papel de intermediação entre o chão de fábrica e os corredores dos palácios foram desde então chamados de "pelegos", metáfora que adotava a denominação das peles de carneiro usadas pelos cavaleiros para tornarem longas cavalgadas menos desconfortáveis. Quando tomou posse na presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema (hoje do ABC), em 1975, Luiz Inácio da Silva, conhecido então como Lula, o Metalúrgico, propôs-se a combater a "pelegada" e o "peleguismo", que tinha sob controle as grandes organizações de trabalhadores da época, a exemplo do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, o maior da América Latina.

Como sucessor de Paulo Vidal, fundador do chamado "sindicalismo autêntico", que se contrapunha aos "pelegos" e também aos comunistas, Lula pregava a extinção da contribuição sindical, definida por ele e seus seguidores como "herança maldita de Vargas". E lembrava que ela tinha sobrevivido incólume à ditadura militar, que tinha apeado Jango do poder. Na condição de constituinte, Lula viu a Constituição dita cidadã incorporar no artigo 149 a ideia original de Vargas mantendo a obrigatoriedade do pagamento por todos os trabalhadores formais de um dia de salário para sustentar a estrutura sindical, mesmo que não tivesse acesso a seus benefícios. O Estado Democrático de Direito instituído em 1988 manteve ipsis litteris o entulho autoritário do Estado Novo de Vargas no qual o trabalhador era obrigado a pagar e os dirigentes de seus sindicatos não eram obrigados a prestar contas das verbas que lhes eram repassadas de mão beijada.

Com maioria no Congresso e muitos dos antigos companheiros da época do sindicalismo autêntico em cargos do poder executivo em seu governo, Lula não moveu um dedo para remover da estrutura tributária essa injustiça gritante: todos pagam e só a zelite sindical se refestela. Em 2008, portanto na segunda metade de seu segundo mandato, o ex-presidente sancionou a Lei n.º11.648/08 que repassou 10% do imposto sindical para as cinco centrais, entre as quais a maior delas, a CUT, que reúne sindicatos da corrente política do PT. E só vetou um artigo, não por acaso o que dava poderes ao Tribunal de Contas da União (TCU) para fiscalizar a contabilidade das entidades beneficiadas. No primeiro ano, elas receberam R$ 65,7 milhões. Entre janeiro e outubro deste ano, repartiram R$ 138 milhões e esta quantia deverá chegar a R$ 160 milhões no fim do ano.

Este esbulho que obriga o trabalhador a sustentar a esbórnia da elite sindical precisa acabar.