terça-feira, 13 de agosto de 2013

A FEB, os pracinhas e o legado de cidadania dos "pracinhas" - Pesquisa Fapesp

Em busca da “guerra boa” dos pracinhas

Historiadores advertem que a FEB deixou legado de cidadania
CARLOS HAAG
Pesquisa Fapesp, Edição 210 - Agosto de 2013

© ACERVO ICONOGRAPHIA
A FEB parte para a Itália e soldados se despedem de suas famílias, em foto de abril de 1944
A FEB parte para a Itália e soldados se despedem de suas famílias, em foto de abril de 1944
Há exatos 70 anos, no dia 13 de agosto de 1943, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). As tropas saíram para o combate no dia 2 de julho de 1944. Pouco antes de o navio-transporte General Mann partir, com 5.075 soldados a bordo, Getúlio Vargas despediu-se dos “pracinhas”: “Soldados da Força Expedicionária. O chefe do governo veio trazer-vos uma palavra de despedida, em nome de toda a nação. O destino vos escolheu para essa missão histórica de fazer tremular nos campos de luta o pavilhão auriverde. É com emoção que aqui vos deixo os meus votos de pleno êxito. Não é um adeus, mas um ‘até breve’, quando ouvireis a palavra da pátria agradecida”.
No retorno, em 1945, a promessa não foi cumprida. “A gestão da desmobilização dos pracinhas foi politicamente conservadora a fim de evitar a participação dos expedicionários nos conflitos de poder do Estado Novo com um progressivo esquecimento social dos expedicionários. Os veteranos foram abandonados pelas autoridades civis e militares e a legislação de benefícios foi apenas praticamente ignorada e houve uma apropriação crescente dos benefícios destinados apenas aos combatentes por não expedicionários”, explica o historiador Francisco César Alves Ferraz, da Universidade Estadual de Londrina e pesquisador visitante da University of Tennessee. Ferraz trabalhou a reintegração social dos pracinhas em A guerra que não acabou (Editora da Universidade Estadual de Londrina, 2012) e, mais recentemente, nas pesquisas A preparação da reintegração social dos combatentes estadunidenses da Segunda Guerra Mundial (1942-1946) e A reintegração social dos veteranos da Segunda Guerra Mundial: estudo comparativo dos ex-combatentes do Brasil e dos Estados Unidos (1945-1965).
Segundo o pesquisador, diferentemente dos ex-combatentes da Europa e da América do Norte, que fizeram de suas expressões públicas movimentos sociais organizados (o que tornou possível a conquista de benefícios e de reconhecimento social), os veteranos, também pelo seu pequeno número, tiveram pouco sucesso em chamar a atenção da sociedade e do aparelho estatal para seus problemas. Ferraz, que analisou a diferença da reintegração dos ex-combatentes americanos e brasileiros, lembra que, já em 1942, foram encomendados estudos, realizados por diversos órgãos do governo dos EUA, Forças Armadas, comissões do Congresso e iniciativa privada. “Um dos resultados mais expressivos foi o conjunto de leis chamado de G.I. Bill of Rights, que concedia estudo técnico e superior gratuito aos veteranos, transformava o governo federal em fiador de empréstimos bancários e concedia auxílio-desemprego e assistência médica gratuita para os que estiveram em serviço ativo em guerra por pelo menos 90 dias.
Por isso o Departamento de Guerra americano enviou, em 6 de abril de 1945, correspondência ao general comandante das forças do Exército dos EUA no Atlântico Sul, sob as quais os brasileiros estavam subordinados, alertando para a inconveniência da desmobilização imediata da FEB quando do seu retorno ao Brasil. “Uma vez que é a única unidade do Exército brasileiro, inteiramente treinada pelos EUA, considera-se que tem grande valor como um núcleo para o treinamento de outros elementos do Exército brasileiro e como uma contribuição potencialmente valiosa do Brasil à defesa hemisférica”, observa o documento. O aviso já refletia os rumores, iniciados a partir de março de 1945, de que as autoridades militares brasileiras pretendiam desmobilizar sumariamente a FEB, o que aconteceu efetivamente.
© ACERVO ICONOGRAPHIA
Tomada de Monte Castelo pelo Regimento Sampaio, em imagem de fevereiro de 1945
Tomada de Monte Castelo pelo Regimento Sampaio, em imagem de fevereiro de 1945
“O Exército fez o possível para marginalizar e desconsiderar quem esteve na linha de frente. Havia enorme preconceito e inveja daqueles que estiveram com a FEB. Toda a experiência adquirida foi desprezada, contrariando o conselho dos EUA para que se vissem os expedicionários como núcleo de um esforço de modernização e renovação do nosso Exército”, analisa o historiador Dennison de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que trabalha o tema, entre outros, na pesquisa atual Reintegração social do ex-combatente no Brasil: o caso da Legião Paranaense do Expedicionário (1945-1980). “Na ânsia de se livrarem da FEB, tida como politicamente não confiável pelo Estado e pelos militares, os pracinhas foram rapidamente desmobilizados sem que tivessem se submetido a exames médicos, que mais tarde seriam fundamentais para que obtivessem pensões e auxílios no caso de doenças ou ferimentos adquiridos no front, lembra o professor. Havia temores políticos: a ameaça que representava para o Exército de Caxias esse novo tipo de força militar, mais profissional, liberal e democrático; o medo de que os oficiais febianos pudessem se tornar o fiel da balança político-eleitoral e fossem cooptados pelos comunistas; acima de tudo, temia-se que os expedicionários, entre os quais Vargas tinha grande popularidade, pudessem apoiá-lo e empolgar a população para soluções diferentes daquelas do pacto conservador das elites políticas para a sucessão do antigo líder do Estado Novo.
O Comando Brasileiro, no Aviso Reservado de 11 de junho, emitido pelo Ministério da Guerra e assinado pelo ministro Dutra, observava que: “Não obstante reconhecer o interesse do público, fica proibido, por motivo de interesse militar, aos oficiais e praças da FEB fazer declarações ou conceder entrevistas sem autorização do Ministério da Guerra”. Para Ferraz, a proibição de falar sobre o histórico das ações é um ato de censura, não de segurança. O objetivo parece ter sido “quebrar o impacto” da chegada da FEB, evitar as declarações que pudessem embaraçar a instituição militar ou envolvê-la nas questões políticas que fermentavam naquele momento.
Isso, segundo ele, fica mais evidente quando se compara com as instruções emitidas ao Grupo de Caça da FAB, enviadas pelo Comando Americano: “Quando você chegar à sua cidade natal, provavelmente a imprensa local desejará entrevistá-lo. Você terá liberdade de falar de suas atividades aos jornalistas, mas não deve especular sobre o futuro de nossas unidades. A guerra continua no Oriente Próximo. Estamos interessados, porém, que a sua história seja contada várias vezes, nos EUA e no Brasil. Boa sorte no futuro”, assinado Charles Myers, brigadeiro do ar.
© ACERVO ICONOGRAPHIA
A luta que levou à vitória de Monte Castelo
A luta que levou à vitória de Monte Castelo
A FEB não era bem-vinda também por boa parte dos membros do Exército, os militares de carreira que conseguiram, de alguma forma, escapar da ida à guerra. “O envio de expedicionários, os cidadãos-soldados, era motivo de piada nos quartéis. Quando eles voltaram com prestígio popular, muitos sentiram que poderiam ‘ficar para trás’ em suas carreiras e se iniciou uma conspiração surda da maioria que temia ser ultrapassada em suas promoções e cargos”, observa Dennison Oliveira.
Ferraz, na comparação entre americanos e brasileiros, mostra como um dos pontos importantes na reintegração de veteranos dos dois países foi como lidar com o passado, que trazia justamente essas questões políticas associadas aos ex-combatentes. No caso nacional, a última guerra externa em que houve mobilização de jovens que não eram militares regulares foi a Guerra da Tríplice Aliança (1856-1870), cujo retorno à sociedade foi longe do satisfatório, com a maioria dos veteranos indo parar no Asilo de Inválidos da Pátria. “Uma consequência não planejada pelo Império foi o crescimento da participação ativa de oficiais, inclusive de baixa patente, na política do país. O legado disso foi mais o receio das autoridades pelo protagonismo político dos combatentes do que o reconhecimento dos deveres da sociedade e do Estado com os veteranos de guerra, nota Ferraz. Nos EUA, as mobilizações da Guerra Civil e, em especial, na Primeira Guerra Mundial”, quando os veteranos tiveram suas questões potencializadas com a Depressão e explodiram distúrbios nas ruas americanas, ensinaram as autoridades como fazer a reintegração de seus jovens.
“Eles viram que o perfil dos combatentes recrutados influi diretamente na reintegração social: as chances de sucesso na reentrada da vida profissional e da cidadania aumentam com o maior grau de formação escolar e qualificações profissionais. E também quanto mais igualitário e socialmente distribuído for o recrutamento, melhores as condições de uma recepção positiva da sociedade”, explica Ferraz. No caso da FEB, lembra o pesquisador, todo um arsenal de “jeitinhos” foi utilizado para tirar da unidade filhos de classes mais abastadas. Mesmo assim, apesar da maioria pobre e de baixa escolaridade, a força brasileira exibiu uma amostragem melhor que a média do país.
© ACERVO ICONOGRAPHIA
Desfile de pracinhas na Itália, em 1945
Desfile de pracinhas na Itália, em 1945
“Sargentos, cabos e soldados eram majoritariamente de origem urbana, alfabetizados, e apresentavam robustez e resistência física, a ponto de a FEB precisar confeccionar uniformes maiores que os do fardamento normal do Exército”, observa o historiador Cesar Campiani Maximiano, pesquisador do Núcleo de Estudos de Política, História e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), autor, entre outros, de Barbudos, sujos e fatigados: soldados brasileiros na Segunda Guerra (Grua, 2010). “Do total de praças, 80,7% eram originários das regiões Sul e Sudeste do país. Os convocados oriundos do Nordeste, escolhidos por suas ótimas condições de saúde e grau de instrução, eram, na maioria, estudantes que serviram como cabos e sargentos, incorporados para suprir a deficiência de graduados experientes”, nota o autor.
Nos EUA, dos primeiros 3 milhões convocados, 47% estavam abaixo dos padrões; entre 1942 e 1943, dos 15 milhões de examinados, 32,4% foram rejeitados por causas físicas ou psiquiátricas e um terço considerado “inaptos para aproveitamento em qualquer grau”. Os americanos queriam apenas o melhor e adotaram critérios rigorosos para isso. A diferença mais gritante, porém, é que não houve distinção de classe no recrutamento para a guerra e um rigoroso controle no sistema de insenções, ao lado de campanha de mobilização da opinião pública, fez com que se recrutassem até o final da guerra mais de 16 milhões de soldados. “Praticamente cada ramo familiar americano tinha um combatente entre os seus, o que ajudou na compreensão dos deveres da sociedade para com aqueles que lutaram”, avalia Ferraz.
No Brasil, apesar das festas, os expedicionários foram rapidamente desmobilizados. “A razão foi política: tanto as autoridades do Estado Novo em decadência quanto as forças políticas de oposição temiam o pronunciamento político dos expedicionários, no que poderia ser a repetição do envolvimento político dos militares no século anterior após a Guerra da Tríplice Aliança”, fala Ferraz. A pressa foi tão grande em acabar com a FEB que os pracinhas já saíram da Itália com seus certificados de baixa e quando chegaram ao Brasil já não estavam mais sob a autoridade do comandante da FEB, mas do comandante militar do então Distrito Federal, não exatamente simpatizante dos febianos.
“A partir de então estavam à própria sorte. Traumas psicológicos de todo o tipo e rotina da luta de sobrevivência no mercado de trabalho dificultaram o retorno dos milhares de brasileiros que estiveram nos campos de batalha. As primeiras leis de amparo só foram aprovadas em 1947”, afirma Dennison de Oliveira. A maioria delas não foi sequer cumprida. Algumas, por sua vez, caíram mal entre os ex-combatentes, como o decreto-lei assinado por Vargas em julho de 1945 que concedia anistia aos militares da FEB, cujo efeito prático foi anistiar aqueles que desertaram no Brasil ao período anterior à campanha militar. Para Oliveira, o ápice foi a chamada Lei da Praia, assinada em 1949 por Dutra. “De acordo com ela, qualquer pessoa enviada à ‘zona de guerra’ tinha direito aos auxílios e pensões. A lei incluía vias navegáveis e cidades no litoral brasileiro que se encontravam nessa ‘zona de guerra’. Assim, seja o soldado que corria perigo e lutava no frio dos Apeninos, seja o bancário que fora transferido para uma cidade litorânea, todos recebiam o mesmo”, diz o historiador.
“Claro que nos EUA também houve dificuldades de reintegração, mas houve um esforço da sociedade em receber os milhões de retornados da guerra. Os seus combatentes seriam conhecidos como a ‘boa geração’, aquela que garantiu a vitória contra a barbárie. Para os veteranos brasileiros, esse reconhecimento não aconteceu”, observa Ferraz. Segundo o historiador, a busca por apoio institucional às necessidades dos veteranos levou-os à aproximação com as Forças Armadas e, logo, com suas práticas políticas, inclusive o golpe de 1964. Transformados em símbolos e apoiadores do regime militar, viraram alvo dos críticos da ditadura do pós-64. “Ao invés de colocar em questão essa identidade entre Exército, governo militar e FEB, esses críticos preferiram investir contra a memória expedicionária, o que só reforçou os laços entre o Exército e os veteranos”, observa Ferraz.
Não se pode negar, é claro, que muitos pracinhas apoiaram o regime militar, até porque na primeira geração dos golpistas tinha alguns febianos, como o primeiro presidente do regime militar, Castello Branco, cuja ascensão ao poder deu a esperança aos veteranos de que seriam “vingados”. Mas as memórias desses combatentes revela outras histórias, como verificou o historiador e brasilianista israelense radicado nos EUA Uri Rosenheck, da Emory University, que pesquisou a FEB em Fighting for home abroad: remembrance and oblivion of World War II in Brazil. Entre os seus objetos de estudo estão as memórias dos ex-combatentes e os monumentos que celebram os expedicionários em “espaços cívicos” das cidades.
© REPRODUÇÃO / HISTÓRIA DO BRASIL NAÇÃO:1808-2010
As tropas da FEB são recebidas na avenida São João em 1945
As tropas da FEB são recebidas na avenida São João em 1945
“No caso dos pracinhas, as memórias são apenas lembranças do passado, mas, por meio de um olhar analítico, elas se revelam como instrumentos de crítica política contemporânea. No caso brasileiro, ler as memórias de guerra é ver como esses homens desafiavam a ditadura militar e condenavam a política armada”, explica Rosenheck, que passou em revista as 150 memórias escritas sobre a FEB. Segundo ele, apesar de publicamente defenderem as suas lideranças, os cidadãos-soldados criticam os militares.
“A maioria das observações tem a ver com a ineficiência do Exército brasileiro, comparado com o similar americano, e o contraste entre os oficiais regulares e reservistas. Critica-se a falta de logística, como eles sofriam no frio por falta de uniformes apropriados, como tiveram que pagar por suas passagens de trem enquanto esperavam para embarcar para o Rio e mesmo a carência de identificações, as dog-tags, que não eram dadas a eles”, conta o brasilianista. As críticas mais ácidas vão para os oficiais do Exército regular, ou seja, o Exército de Caxias em oposição aos voluntários combatentes da FEB. “Eles lembram como esses primeiros tinham percepções antiquadas sobre as relações entre pracinhas e oficiais, sobre a ética e a moral do corpo de oficiais e sobre o profissionalismo em combate real.” Alguns recordam que foram roubados por seus superiores e que decisões eram arbitrárias e baseadas em que tipo de presente poderiam dar para seus oficiais.
O mesmo acontecia quando o assunto era racismo. “Em muitas memórias, os soldados se dizem horrorizados com o racismo dos militares americanos, mas em muitos casos nessas memórias se pegam ‘lapsos’ em que se percebe o racismo dos próprios pracinhas. Mas o importante é se perceber que eles preferem atribuir casos de preconceito a ‘ordens de superiores’. Assim, tudo fica como sendo ‘coisa de americano’ ou ‘dos superiores’, separando ‘os soldados’, ‘a FEB’ e por extensão ‘os brasileiros’ dos outros responsáveis por tais atos horríveis, seja pessoas domésticas ou estrangeiras.” Para Rosenheck, as acusações contra comandantes como racistas e incompetentes podem ser entendidas como um ataque implícito sobre as Forças Armadas e seu papel na sociedade. “A crítica não precisa ser explícita para ser efetiva. O fato de que veteranos da maior força de combate militar desde a Guerra do Paraguai critiquem o Exército dá a suas observações credibilidade e força. Tudo está centrado nos militares, não no governo político, na sociedade civil, o que só reforça essa leitura.”
Rosenheck também estudou os monumentos dedicados à FEB, com conclusões semelhantes. “Apesar de dizerem que os pracinhas foram esquecidos, há 192 monumentos dedicados à FEB, com 451 mortos, ou seja, quase três monumentos para cada sete mortos”, conta. São construções que não celebram mortos, mas celebram os vivos, os que voltaram, uma visão pouco militarista. As Forças Armadas estão quase ausentes nos textos que acompanham esses monumentos, com escritos que destacam a democracia, a liberdade, o civismo. Dos 192, 120 foram construídos entre 1945 e 1946, e 32 antes da instalação da ditadura militar. São poucos os que mostram soldados (a maioria é de obeliscos) e a representação visual deles não é de combate. “A narrativa não comunica a importância do Exército ou seu papel na construção da nação, mas os valores de uma sociedade civil”, diz o historiador. “Temos que reconhecer que as ligações da FEB com a história militar são importantes, mas há outras narrativas. É preciso criar ligações entre a história da FEB e outros aspectos da história e sociedade brasileira como um todo”, avisa.

Interesse ampliado pela diplomacia no Brasil - Revista Fapesp

Gosto pela diplomacia

Cresce o interesse de brasileiros pelos rumos da política externa
CARLOS HAAG
Pesquisa Fapesp, Edição 210 - Agosto de 2013

© CATARINA BESSELL
076-081_Relac-Interncaionais_210-1

Mesmo com um papa argentino, os brasileiros acreditam que o país está muito bem colocado no plano internacional e nem precisa do trono de São Pedro para se projetar: 85% afirmam que o Brasil conseguiu firmar uma imagem de independência perante o mundo. Aliás, o fato de o pontífice vir de uma nação vizinha impressiona pouco, pois menos de 20% dos brasileiros se consideram latino-americanos ou sul-americanos. Além disso, pode-se admirar o lado espiritual, mas cerca de 85% dos brasileiros se animam mesmo é com os resultados econômicos da globalização e com os efeitos da abertura comercial.
Esses são resultados da pesquisa Brasil, as Américas e o mundo, coordenada pela professora Maria Hermínia Tavares de Almeida, com uma equipe do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IR-USP) composta também pelos professores Janina Onuki e Leandro Piquet Carneiro, e que contou com apoio da FAPESP. Segundo o estudo, cada vez mais cresce o interesse nacional pela política externa, na contramão de consensos passados. “Não se pode mais falar de uma suposta indiferença das lideranças e da população e, apesar do Ministério das Relações Exteriores continuar ocupando uma posição central no comando da política externa do Brasil, é um engano continuar a pensar que o Itamaraty seja um caso bem-sucedido de insulamento burocrático”, explica a pesquisadora. O estudo é parte do projeto colaborativo Las Américas y el mundo, capitaneado por pesquisadores do Centro de Investigación y Docencia Económicos (Cide – México) e reúne vários países latino-americanos para analisar a ligação entre a opinião pública e temas centrais de política externa e relações internacionais.
“Esse estudo é uma resposta às necessidades crescentes de informação numa área estratégica para o desenvolvimento e estabilidade dos países da região que em geral acabam dependendo de dados pouco confiáveis e dispersos. Num contexto democrático, os tomadores de decisões precisam contar com as informações sobre o que pensam os cidadãos para desenhar suas políticas externas”, afirma Guadalupe González González, diretora-geral do projeto do Cide. “O Brasil, no novo cenário mundial, aumentou seu peso dentro e fora da região, se posicionando como o agente de ligação latino-americano com o grupo dos Brics de economias emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), e o principal promotor da cooperação Sul-Sul e da integração sul-americana”, analisa a pesquisadora, para quem Brasil e México se configuram como os líderes potenciais da região latino-americana.
076-081_Relac-Interncaionais_210-2
Nesse novo quadro, para Maria Hermínia, a política estatal para pensar o país e o mundo não pode mais depender apenas da capacidade e disciplina duma elite burocrática como a do Itamaraty, mas também do consenso sobre o mundo e do lugar do país nele por parte de uma comunidade mais envolvida na discussão política. Apesar do crescimento do número de interessados em discussões de questões internacionais, que os pesquisadores denominam de público interessado e informado (PII), o papel ativo na contribuição de ideias cabe à chamada comunidade de política externa (CPE): há um grande diferencial entre o interesse dos seus membros (91%) mesmo se comparado com o PII (22%).
No público “comum”, os quesitos “pouco” e “nenhum” interesse chegam a, respectivamente, 25% e 20%. Em boa parte isso decorre do pouco contato do público comum com o exterior: 88% nunca saíram do país. No caso da amostra brasileira, foram entrevistados 200 líderes políticos e sociais e uma amostra aleatória de 2.400 pessoas representativa da população urbana brasileira entre o final de 2010 e 2011. A equipe pretende repetir a pesquisa em 2014 para comparar os resultados.
“Ninguém havia feito uma pesquisa com o público até então. A novidade é revelar que não se pode mais falar numa política externa insulada no MRE ou na Presidência. Embora não tenham impacto eleitoral, não significa que as relações internacionais não sejam importantes para as pessoas e tema de discussões”, diz Maria Hermínia. Mas a pesquisadora avisa que os resultados mostram percepções e não necessariamente verdades. “Basta ver o entusiasmo exagerado com o papel do Brasil no mundo ou a visão de que países desenvolvidos não vão ter importância no futuro, uma aposta algo exagerada nos emergentes”, fala.
076-081_Relac-Interncaionais_210-3a
Prova disso é a comparação entre os dados obtidos nessa pesquisa recente com os conseguidos pelo cientista político Amaury de Souza (falecido em 2012), nas duas versões da pesquisa O Brasil na região e no mundo: percepções da comunidade brasileira de política externa que fez para o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) nos anos de 2001 e 2008.
Para se ter ideia de como a percepção da CPE cresceu, em 2001, 74% acreditavam no crescimento do papel internacional do Brasil em 10 anos; em 2008, o percentual passou para 85%; e, agora, em 2010, chegou aos 97% de visões otimistas. Esse otimismo se estende também ao cenário internacional como um todo. “O otimismo cresce com a informação e o interesse pelas questões mundiais. Por isso a CPE mostra altas porcentagens, 85%, de satisfação com a capacidade do Brasil de se afirmar autonomamente na cena internacional”, nota a autora. Já entre o público dos desinteressados e desinformados, essa satisfação cai para 37%.
Outro dado que chamou a atenção da pesquisadora: menos de 15% dos entrevistados da comunidade e do público informado acreditam que os Estados Unidos serão mais importantes no futuro, enquanto a esmagadora maioria afirma que o futuro pertenceria à China, ao Brasil e à Índia. “Claro que já se pressentia um mundo onde o poder estivesse mais descentralizado, mas eu esperava ao menos da CPE uma visão mais matizada”, analisa Maria Hermínia.
076-081_Relac-Interncaionais_210-3b
Outro fato notável para a pesquisadora é a existência de um consenso entre a comunidade de política externa e o público interessado e informado. Na pesquisa de Amaury de Souza, nos anos de 2001 e 2008, os Estados Unidos ainda eram vistos por 49% dos entrevistados da comunidade de política externa como um ator global respeitável na década seguinte, percentual que caiu para 15% em 2008 e permanece o mesmo em 2010. Outros países de peso como Alemanha, Rússia e Japão também perderam força como nações importantes para o Brasil, segundo a percepção da comunidade.
A queda de 30% no caso americano, a despeito das crises financeiras recentes, observa Maria Hermínia, revela uma percepção pouco realista das relações internacionais e do papel que os EUA e seus aliados ocidentais ainda manterão por muito tempo. Além disso, os EUA despertam atitudes e sentimentos complexos de admiração e desconfiança entre todos os grupos de entrevistados e, ainda que a admiração pelos americanos seja mais elevada entre a CPE do que entre os setores do público, existe uma parcela importante de membros da comunidade de política externa que não gosta deles.
“Parece existir um antiamericanismo entranhado nos brasileiros e os dados mostram que ele é inversamente proporcional ao interesse, conhecimento e envolvimento em questões internacionais”, nota Maria Hermínia. Enquanto o país se esforça em se aproximar dos EUA, a comunidade de política externa, na contramão do esperado, ainda mantém ressalvas. Efetivamente o insulamento da política externa vem caindo.“Desde a década de 1990 há indícios importantes na alteração desse padrão tradicional e pressões crescentes para que o processo se torne mais permeável às articulações, interesses e demandas de uma diversidade de outros atores”, observa o cientista político Carlos Aurélio Pimenta de Faria, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) e autor do artigo “Opinião pública e política externa: insulamento, politização e reforma na produção da política exterior do Brasil” (2008).
© CATARINA BESSELL
076-081_Relac-Interncaionais_210-4

Para o pesquisador, a falta persistente de preocupação do Itamaraty com a opinião pública não se liga apenas ao caráter público da diplomacia nacional, mas a uma demanda, até há pouco, muito baixa da sociedade brasileira por maior prestação de contas dos agentes estatais. “Era quase uma delegação da produção da política externa ao Itamaraty que, com a globalização, que fazia as relações internacionais impactarem diretamente na sociedade, estaria se convertendo em abdicação”, nota.
Mas, passados os primeiros impactos, o Brasil agora é amplamente favorável à globalização, com a CPE (84%) e o PII (82,1%) muito mais otimistas do que a parcela do público pouco interessada e informada sobre política externa (60%). O mesmo vale para a atração de investimentos como sendo um benefício para o país. A única ressalva é sobre a questão do meio ambiente: 42,2% da CPE considera o livre-comércio bom para o meio ambiente, algo superior aos 58,9% do PII e os 50,3% do público desinformado. “Em função das políticas protecionistas, o país viveu fechado durante muito tempo. Nos anos 1990 isso mudou, abrimos para o mundo e não há volta”, analisa Maria Hermínia. Segundo ela, o ideal que o Brasil está se integrando ao mundo tem apoio quase integral dos brasileiros pesquisados, para além dos discursos que são contrários à globalização.
“Essa atitude afirmativa diante do mundo vem do governo Fernando Henrique e foi reafirmada no governo Lula, que deu corda ao otimismo”, observa a pesquisadora. A visão para fora parece não incluir a vizinhança latino-americana e a identidade regional é ambivalente. “A autoidentificação dos brasileiros como latino-americanos sempre foi tênue. A percepção de pertencer a uma nação diferente da dos seus vizinhos, por causa da experiência colonial distinta, língua e trajetória particular como país independente, sempre caracterizou o pensamento das elites e do público de massas”, fala Maria Hermína.
076-081_Relac-Interncaionais_210-5a
Recentemente, a política externa, lembra a professora, definiu a América do Sul, e não a América Latina, como espaço para o exercício da liderança política brasileira. Segundo a pesquisa, apenas um quarto da comunidade de política externa se reconhece como latino-americana, apenas 18,5% como sul-americana e é irrisória a porcentagem daqueles para os quais serem do Mercosul é uma identidade importante (1,5%). A grande maioria (90%) se vê como brasileiros.
Isso se reflete, no caso do comércio, diante de várias estratégias de inserção na economia mundial, a CPE privilegia a atuação multilateral na Organização Mundial do Comércio (OMC) e, secundariamente, a realização de acordos comerciais bilaterais, em detrimento de estratégias envolvendo coordenação regional, no âmbito do Mercosul ou da vizinhança sul-americana. Quando questionados em que região o Brasil deve prestar mais atenção no mundo, pouco menos da metade da CPE (48%) e uma parcela ainda mais reduzida do PPI (32,4%) respondem América Latina.
Sobre o papel do Brasil na América do Sul há uma divisão precisa na CPE: metade afirma que o país deveria liderar sozinho e outra metade que deveria compartilhar a responsabilidade com os vizinhos. A maioria (55,1%) do PII pensa que o Brasil deveria liderar. Embora não vejam problemas futuros com os vizinhos, os brasileiros da PII apontam Venezuela (21%) e Colômbia (24,6%) como países como fonte potencial de conflitos.
076-081_Relac-Interncaionais_210-5b
A integração regional, tema importante da agenda internacional, é apoiada por 71,5% da CPE, que quer que ela seja feita de forma aprofundada. Mas quando se vai a fundo nisso os pesquisadores verificaram que o comércio, investimentos e infraestrutura são as dimensões que têm apoio expressivo. Seria até esse ponto que deveriam ir os esforços para aprofundar a integração. “O discurso era de que, justamente por causa dessa distância, o Mercosul era importante para construir uma plataforma de cooperação. Mas os resultados mostram que a região, para o Brasil, é mais uma plataforma para falar para o mundo do que um espaço para manter diálogos ou exercer protagonismo. Essa visão é muito diferente da que se encontrou nas pesquisas feitas em outros países.”
Efetivamente, nota Guadalupe González, para a Colômbia, Equador e México o mundo se limitaria quase exclusivamente ao continente onde concentram suas aspirações internacionais e a sua participação internacional. Apenas Brasil e Peru têm uma visão mais global de seus interesses que abarcam outras regiões do mundo, em especial a Ásia, vista como novo motor da economia mundial.
© CATARINA BESSELL
076-081_Relac-Interncaionais_210-7

Por fim, a surpresa maior da pesquisa feita pelo IR-USP é que o novo interesse vem na forma de um consenso entre especialistas e o público informado. “Assim, apesar de os analistas terem chamado a atenção para uma real ou suposta ‘partidarização’ recente da política externa e, em consequência, para o surgimento de divergências que indicariam a perda de seu caráter de política de Estado, a verdade é que o consenso no interior da CPE e do PII é muito extenso, como é extensa e significativa a convergência entre os dois grupos”, fala a professora.
Naturalmente, observa Maria Hermínia, existem temas mais controversos que afastam os dois, mas, no geral, apesar das críticas abertas às políticas governamentais, a discussão não dividiu os segmentos. “Será necessário verificar isso numa segunda amostra em 2014 para confirmar se essa observação procede”, avisa.
076-081_Relac-Interncaionais_210-6Essa proximidade entre as visões das elites e da população informada e interessada vai na contramão do observado nas pesquisas americanas. “Isso indica uma maior politização do público, ao contrário do que diz a literatura tradicional, ainda que essa nova posição seja resultado do enraizamento das percepções geradas dentro da comunidade de política externa, uma opinião formada, de certa forma, de maneira exógena”, analisa a cientista política Janina Onuki, também do IRI-USP e da equipe do projeto. “Mas estudar essa opinião permite entender o grau de consenso social sobre a política externa e perceber que há uma demanda por uma maior abertura do Ministério das Relações Exteriores”, analisa a pesquisadora.
No geral, seja por visão própria, seja pelo consenso com a CPE, há uma visão de que o Brasil tem condições de ser um ator global, consequência natural da sua inserção no mundo globalizado. “A parcela mais informada da população apresenta um otimismo que não é muito visto no público que possui meios menos reduzidos de acompanhar os noticiários”, diz Maria Hermínia. “Isso revela um desafio para a diplomacia brasileira: fazer com que o sentimento otimista sobre as ações internacionais passe para uma população que as vê como intangíveis, diante de uma situação econômica mais próxima que desnorteia os cidadãos”, avisa a professora.
Projeto
Brasil, as Américas e o Mundo – política externa e opinião pública 2010 (2010/06356-3); Modalidade Linha Regular de Auxílio a Projeto de Pesquisa; Coord. Maria Hermínia Tavares de Almeida/USP; Investimento R$ 242.291,24 (FAPESP).

Passeios de fim de semana, 2: Winslow Homer em Williamstown, upperstate MA

Masterpieces by Winslow Homer on View at the Clark This Summer

‘Making Art, Making History’ to Showcase Almost 200 Works

Williamstown, MA—The greatest collection of works by Winslow Homer (American, 1836–1910) assembled by one person since the artist’s death—and one of the leading collections of any art museum in the United States—will be featured this summer at the Sterling and Francine Clark Art Institute. Winslow Homer: Making Art, Making History explores the artist’s career with a special focus on his role in chronicling scenes of American life. The exhibition is complemented by the first complete catalogue of the Clark’s Homer collection, Winslow Homer: The Clark Collection, authored by Homer scholar and exhibition curator Marc Simpson. Simpson examines Sterling Clark’s decades-long pursuit of Homer’s works and his passion for creating what is now one of the most important collections of the artist’s work.  
“Sterling Clark considered Winslow Homer one of the greatest artists of the nineteenth century,” said Michael Conforti, director of the Clark, noting that Clark purchased his first Homer painting in 1915 at a time when he was living in Paris and focusing on purchasing Italian Renaissance art. “From that moment on, he maintained a passion for the artist throughout his collecting career, creating an archive so rich and varied that it provides us with a unique foundation upon which to build this consideration of the many sides of Winslow Homer.”
On view June 9 through September 8, 2013, Winslow Homer: Making Art, Making Historyshowcases some sixty oil paintings, watercolors, drawings, and etchings, as well as approximately 120 rarely seen wood engravings. Drawing upon the resources of the Clark’s own holdings of nearly 250 works by Homer (dating from 1857 to 1904), the exhibition provides a variety of distinctive perspectives on this important American artist.
“Our visitors will be immersed in Homer’s works, considering his aesthetic achievements in all media, as they examine the changing critical perspectives of his work over the last one hundred and fifty years,” Conforti said.
“Winslow Homer: Making Art, Making History is first and foremost an opportunity to see and enjoy the achievement of this great artist,” said exhibition curator Marc Simpson. “It also explores how Homer's work inspires different stories—about him, his place in the art world, the impact of an expanding art market, and the quest for a national style.”
Winslow Homer: Making Art, Making History presents the full range of the Clark’s Homer collection, including works on paper that are rarely on view due to their light-sensitive nature. In addition to works from the Clark, a selection of loaned works is also presented.
The paintings in the Clark collection are recognized as being among Homer’s finest and offer insight into Homer’s thematic and technical development throughout his career. The presentation ofUndertow (1886), along with six preparatory drawings accompanying it, gives an intimate look at the artist’s design process and offers insights into how Homer developed one of his most important figural works.
Among the best-known of the Clark paintings is Two Guides (1877), depicting two identifiable Adirondack guides in the wilderness. Another visitor favorite, West Point, Prout’s Neck (1900) was deemed by the artist in 1901 as “the best thing I have painted.” Panned by one New York critic who called it “simply the worst picture” in that year’s Society of American Artists exhibition, it is now considered by most art historians to be one of his greatest achievements.
The wood engravings included in the exhibition, designed by Homer for such periodicals as Harper’s Weekly and Appleton’s Journal, illustrate news of the day: the Civil War, the rise of various leisure activities, changing fashions, the shifting role of women in society. The transformation of some of these engravings from ephemera to valued artworks is evident throughout the galleries.
Although rarely shown, the Clark’s watercolors by Homer are among the most popular and appealing works in the collection; they help illustrate not only the collecting priorities of founder Sterling Clark, but also the rise of the status of watercolors in the American art world. Highlights include the simple but enigmatic Lemon (1876), the glowing but ominous Adirondack scene An October Day (1889), and the whimsical but powerfully abstract Fish and Butterflies (1900). The Clark’s watercolors are supplemented by Children on a Fence (1874) and Four Boys Bathing (1880) on loan from the Williams College Museum of Art, as well as four works on loan from a New York private collection, including a Key West scene of schooners at anchor.
A group of etchings, heliotypes, and chromolithographs by or after Homer reveals the methods in which the artist used to make his art more accessible to the collecting public. Among the high points of these is the etching Perils of the Sea (1887), which hangs beside the Clark’s watercolor of the same subject from 1881. The exhibition also features some of Homer’s illustrations of popular literature and poetry, including The Courtin’ by James Russell Lowell (1874). Another “marketing strategy” Homer developed was to work up drawings—generally seen as preparatory studies—into finished, saleable works. Two of these fully realized drawings, Fisher Girl with Net (1882) andSchooner at Anchor (1884), are included in the exhibition.
The exhibition is organized by the Sterling and Francine Clark Art Institute and is curated by Marc Simpson, associate director of the Williams College Graduate Program in the History of Art.Winslow Homer: The Clark Collection will be published by the Clark and distributed by Yale University Press in conjunction with the exhibition. More than thirty entries in the catalogue discuss the role of individual works in Homer's oeuvre and their larger significance to the art world. An illustrated checklist provides information on titles, dates, and media for the entire collection.
Winslow Homer: The Clark Collection is a long overdue history of Sterling Clark’s rich collection of the artist’s works,” Conforti said. “Making Art, Making History celebrates this important achievement.”
About the Clark
Set amidst 140 acres in the Berkshires, the Clark is one of the few major art museums that also serves as a leading international center for research and scholarship. The Clark presents public and education programs and organizes groundbreaking exhibitions that advance new scholarship. The Clark’s research and academic programs include an international fellowship program and conferences. Together with Williams College, the Clark sponsors one of the nation’s leading master’s programs in art history.
The Clark is located at 225 South Street in Williamstown, Massachusetts. The galleries are open Tuesday through Sunday from September through June (daily in July and August), 10 am to 5 pm. Admission is free through June8, 2013; free year-round for Clark members, children 18 and younger, and students with valid ID; and $15 June 9, 2013 through September 8, 2013. For more information, call 413 458 2303 or visit clarkart.edu.

Passeios de fim de semana: Georgia O'Keeffe em Glens Falls, upperstate NY

Na Hyde Collection:

Before the Desert, a Greener Side

Georgia O’Keeffe’s Lake George Paintings at Hyde Collection

All rights reserved, San Francisco Museum of Modern Art and Georgia O'Keeffe Museum/Artists Rights Society (ARS), New York.
Georgia O’Keeffe’s “Lake George (formerly Reflection Seascape)” (1922). More Photos »
GLENS FALLS, N.Y. — If you are a casual fan of Georgia O’Keeffe, you probably think of New Mexico when you think of her. After all, she lived there for decades and avidly explored the landscape in her work and her life, collecting stones and bones and accolades as one of America’s most celebrated painters.
Multimedia
Arts Twitter Logo.

Connect With Us on Twitter

Follow@nytimesarts for arts and entertainment news.
Arts & Entertainment Guide
A sortable calendar of noteworthy cultural events in the New York region, selected by Times critics.
Adirondack Museum
“Georgia O’Keeffe, Lake George” (1918), by Alfred Stieglitz. More Photos »

But long before O’Keeffe embedded in the desert, her life included a period in the considerably lusher climes of upstate New York, on Lake George, the glacial Adirondack lake near here where she spent a series of summers — creating scores of paintings — while staying with Alfred Stieglitz, the photographer, art promoter and her eventual husband, whose family kept a small estate there.
Now, for the first time, some five-dozen of those creations have been brought together in an exhibition — “Modern Nature: Georgia O’Keeffe and Lake George” — at the Hyde Collection, a tiny museum in this modest, well-kept city of about 15,000, an hour north of Albany.
And in an impressive display of upstate pride, the Hyde exhibition, which opened here in June, has already set attendance records, drawing thousands of visitors to see some of O’Keeffe’s vivid musings on a lesser-known chapter of her life. That includes a rediscovered painting — “Lake George, Autumn 1922” — which was found by a grandniece of Stieglitz and has not been seen in public since the Roaring Twenties, according to the exhibition’s organizers.
It’s an exhibition — drawn from more than three-dozen collections — that its organizers hope will undeniably establish a connection between O’Keeffe and the lake, still a popular summertime tourist draw whose current attractions include low-budget motels, mini-golf and more upscale hotels and homes.
“O’Keeffe always developed a strong attachment to place, and Lake George is a place she had a deep connection to,” said Erin Coe, the Hyde Collection’s chief curator. “And it’s one of the first and the longest lasting.”
And while Ms. Coe noted that O’Keeffe was peripatetic — with stays in New York City and even Hawaii — “it’s really New Mexico and Lake George where she has the longest residency,” she said.
Ms. Coe spent five years assembling the show, overcoming a number of obstacles, not the least of which was that the Hyde — which was founded by a local paper mill heiress, and which now has a wide-ranging 3,000-piece collection — did not own a single Georgia O’Keeffe painting. So instead, Ms. Coe traveled to the Georgia O’Keeffe Museum in Santa Fe to examine its authoritative collection and consult with Barbara Buhler Lynes, an O’Keeffe specialist.
Using Ms. Buhler Lynes’s catalog, Ms. Coe created a database that identified — to her surprise — about 200 works related to Lake George, or about a quarter of O’Keeffe’s paintings. “That was one of the first triggers to propel me forward,” Ms. Coe said. “Because I was able to make the argument to other museums, to my colleagues and even to the staff here at the Hyde, to get everyone on board. Because it’s a very expensive proposition.”
At a cost of some $750,000, “Modern Nature” is the most expensive exhibition ever for the Hyde, said Charles A. Guerin, the museum’s director, who took over earlier this year. Mr. Guerin knew a thing or two about Western artists — he’d previously worked as executive director of the University of Arizona Museum of Art — and was impressed by O’Keeffe’s prodigious Lake George output.
“The repetition of the same things over and over again really gave her time to really strengthen that analytical sense between abstraction and realism,” Mr. Guerin said. “And that sense of how to abstract what is real becomes stronger and stronger and stronger and more and more powerful and more representative of her mature self.”
And in many ways, the Hyde was a perfect choice for the exhibition. Glens Falls sits less than 10 miles from Lake George’s southern shore, where Stieglitz’s family once had some 40 acres of property, complete with gardens, pastures and a studio for O’Keeffe. She began visiting the lake in 1918, and continued going there until 1934, when her attentions began to turn to the West.
But her visits weren’t brief, Ms. Coe said; she usually came in April and would stay sometimes as late as November or the first snow (though, as Adirondack types can tell you, the first snow can sometimes come a lot earlier than November). While staying with the Stieglitz family — a large and sometimes boisterous clan — O’Keeffe would hike, row, garden and generally take it all in. “I wish you could see the place here,” she wrote in 1923 to the novelist Sherwood Anderson. “There is something so perfect about the mountains and the lake and the trees. Sometimes I want to tear it all to pieces — it seems so perfect — but it is really lovely.”
Many of those images worked their way into her paintings, including those at the Hyde.
They include “Starlight Night, Lake George,” from 1922, a dark blue landscape dotted with globes of dock lights and stars; “Storm Cloud, Lake George,” from a year later, a darker canvas, the mountains in silhouette with a whipping flare of light above; and “The Old Maple,” from 1926, a tribute to a knotted climbing tree on the Stieglitz estate.
And then, of course, there are the flowers, those magnified and seemingly sensual flora that in many ways made O’Keeffe’s reputation as a sexual and artistic revolutionary. (Though that was an interpretation of her work she disdained.) The Hyde show has several striking examples: a fiery red canna from 1919; a delicate pink petunia from 1924; and a series of curving burgundy jack-in-the-pulpits, borrowed from the National Gallery and dating to 1930.
Lisa Messinger, a former associate curator at the Metropolitan Museum of Art who has studied O’Keeffe, said that many of her “really large, really magnified flowers, where you are really looking into the heart of the flower” were from the Lake George era.
“Before she came to New York, she was doing very abstract painting and charcoals, and the Lake George pictures are the flowers and the tree paintings, where they take on that human personality, almost,” she said.
Ms. Messinger added that she was shocked that no exhibition had ever exclusively focused on O’Keeffe’s Lake George period, though the artist may have been partly to blame. After resettling in New Mexico in 1949 — Stieglitz died three years before — O’Keeffe made a conscious effort to recreate herself as a different type of painter. “More and more after she moved to New Mexico, she presented herself as an artist of the desert,” said Cody Hartley, director of curatorial affairs for the O’Keeffe museum in Santa Fe.
In short, a desert artist doesn’t play up her days as a guest at a lakeside estate. (The Hyde has assembled an accompanying exhibition of Stieglitz photographs of the compound and some of its residents and visitors.) But Mr. Hartley argued that the Lake George era was indeed worthy of examination, calling it “an incredibly important and formative period in her life.”
Like O’Keeffe herself, the Hyde exhibition will soon head west; after closing here in mid-September, “Modern Nature” will be seen at the O’Keeffe Museum in Santa Fe, followed by a stint at the de Young in San Francisco. And while both of those institutions are undeniably better known than the Hyde, Ms. Coe and Mr. Guerin seem pleased that they have cast some light on how O’Keeffe’s early days by the lake informed her undeniably more arid art.
“Lake George,” Ms. Coe said, “provided her with those tools.”
A version of this article appeared in print on August 11, 2013, on page AR18 of the New York edition with the headline: Before the Desert, a Greener Side.

O lobby do etanol na definição da política agrícola dos EUA - livro de Laís Forti Thomaz

O lobby do etanol na definição da política agrícola dos EUA
Laís Forti Thomaz
(São Paulo: Cultura Acadêmica Editora, 2012)

A autora
Laís Forti Thomaz é bacharel em Relações Internacionais pela Unesp de Marília, mestre e doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP).

Texto disponível em

Supremo renuncia a ser um tribunal de ultima instancia: preparem-se para o pior...

Pois é, parece que já não se fazem mais juízes como antigamente, ou pelo menos o Direito já não é mais o que era.
O poder que determina, em última instância, o que é legal ou não no país, o que é constitucional, deixou de exercer o seu poder: tornou-se caudatário de outro poder, que atua segundo os interesses de sua corporação. Mas, se pensarmos bem, o STF também é uma corporação, não é mesmo?
Triste. Mas, não se preocupem: ainda vem coisa pior pela frente.
Preparem-se para mais uma degradação moral de todas as instâncias republicanas.
Criminosos confirmados vão ficar livres da cadeia, comprovando mais uma vez que o crime compensa, para quem tem dinheiro e amigos poderosos.
Paulo Roberto de Almeida

Quem cassa mandatos?

Luiz Garcia
O Globo, 13/08/2013

Numa curiosa decisão, o Supremo Tribunal Federal mandou para a cadeia um senador da República — mas não acrescentou uma penalidade aparentemente óbvia: a perda do mandato.
Ou alguém pode imaginar o senador Ivo Cassol participando da votação de projetos de lei do fundo de sua cela? Os ministros do STF não se esqueceram de declarar que o réu, considerado culpado de ter fraudado 12 licitações de obras de uma prefeitura de Rondônia, deve perder o seu mandato no Congresso. Mas jogaram a bola para os senadores: caberá aos colegas de Cassol no Congresso a decisão.
É uma atitude peculiar: pelo menos em tese, poderemos ter um presidiário participando de decisões legislativas importantes para o país. A não ser que o Senado — como todo mundo espera — casse o seu mandato. Um observador leigo pode achar estranho que não seja obrigatório e automático que um membro do Legislativo perca o mandato ao ser condenado, em instância definitiva, por algum crime. No caso de Cassol, um delito sério, inteiramente incompatível com o exercício de um mandato de senador da República.
O mais curioso nessa triste história é o fato de que contraria um precedente recente. No caso do mensalão, o STF decidiu que tinha o poder de cassar os mandatos dos deputados considerados culpados. Desta vez, os votos de dois novos ministros e mais quatro veteranos determinaram que a perda de mandato depende de decisão do Congresso.
Para qualquer leigo, essa transferência de decisão parece pelo menos estranha: temos o mais alto tribunal do país abrindo mão do direito — melhor dizendo, da obrigação — de decidir processos em última instância. Pior que isso, transferindo a decisão para o Legislativo, que votará a sorte de um seu companheiro de plenário. Inevitavelmente, a decisão jurídica será substituída pela decisão política. E que pode ser contrária aos votos do STF.
Há, no caso, uma aparente — mas, devemos ter certeza disso, certamente não deliberada — abdicação de poder. Que, vamos confiar — e também rezar — será neutralizada por uma votação inteligente no Congresso.

Querida: expandiram os pobres! - De numeros e de magicas - O Globo

BRASIL: POBRES “CRESCEM” DE 13,9 MILHÕES PARA 29,6 MILHÕES!
O Globo, 13/08/2013

Novos critérios (renda, escolaridade, posse de bens duráveis, acesso a serviços públicos, entre outros, num conjunto de 35 indicadores) fizeram crescer a parcela dos pobres e extremamente pobres. 
Pelo modelo — que será usado a partir do ano que vem por empresas de pesquisa e publicidade para dirigir estratégias de venda — há um incremento de 13,94 milhões de brasileiros (7,3%), para 29,6 milhões (15,5%), na base da pirâmide social. 
São pessoas que, com renda média familiar de R$ 854 (melhor que na classificação vigente), têm pouco acesso a bens duráveis e serviços públicos, além de menor escolaridade. 
Cerca de 60% desse estrato social têm apenas até três anos de estudo. E o número de banheiros por domicílio não chega a um.

O Tunel sob a Mancha do Governo brasileiro: o trem-bala, um desastre previsivel

Assisti, de perto, e de longe, a todas as etapas da construção do Tunel sob a Mancha, o Chunnel, ou seja a via rodo-ferroviária expressa entre o norte da França e o sul da Inglaterra, planejada desde décadas, programada nos anos 1970, e finalmente construída nos anos 1980 e começando a operar nos anos 1990.
Conheci, e apreciei (hummm) os intermináveis debates entre "tunnelistas" e "ferryistas", entre arquitetos e engenheiros, entre financistas e políticos, entre planejadores e sonhadores, e desde as etapas iniciais tinha as minhas dúvidas quanto à viabilidade, não técnica, mas econômico-financeira de todo o projeto.
Mas, enfim, como parece que aquele trecho de mar vive encapelado, como as pessoas enjoam nos ferrys (bem vagabundinhos, alguns, melhores e mais rápidos, e mais caros, outros), como o tráfego parecia justificar, eu disse: On y va! Ça y est! Partons!
Os engenheiros prometiam maravilhas, como de fato foi.
Os financistas, prometiam um retorno rápido. Uau! Muita gente se precipitou sobre os bonds.
Quando eu acompanhava a construção do túnel, e lia as matérias no Le Monde, no Financial Times, nos demais jornais econômicos europeus, eu logo percebi a tremenda bobagem que os investidores estavam fazendo.
Sim, claro, como para o primeiro frustrado canal do Panamá, sob Ferdinand de Lesseps, como o canal de Suez, e como outros projetos grandiosos saídos dos sonhos de alguns lunáticos políticos, eu logo percebi o que os financistas fariam da arquitetura de financiamento do Chunnel: iriam atrair milhares de pequenos investidores individuais e familiares, sob promessas mirabolantes , com a promessa de muito retorno, em pouco tempo, o que se revelaria obviamente enganoso. Demoraria muito tempo, ou jamais, para recuperar o dinheiro investido, como descobriram os investidores do primeiro canal do Panamá, e depois os de Suez. Ganharam os financistas, muito depois, mas não os portadores de títulos. Esses ficaram com os seus títulos nas gavetas.
Meu diagnóstico na época (e eu disse isso a franceses, que não gostaram), foi o seguinte:

Uma brilhante conquista tecnológica, um tremendo desastre financeiro!

Também previ que nem os filhos dos investidores reais do Chunnel viriam qualquer cor de dinheiro antes de algum tempo. Talvez os netos, ou bisnetos. Bem, gostaria de saber quanto ganharam, até agora, os primeiros investidores. Duvido que tenha valido a pena, e isso com um túnel que todos os dias movimenta não sei quantos TGVs e centenas, talvez milhares de carros e caminhões. Atravessei de carro, e de trem: e achei uma maravilha, mas eu nunca colocaria meu dinheiro num treco daqueles. Como tampouco colocaria, e não coloquei, dinheiro no bolso de capitalistas promíscuos como certo Mister X, que se locupletou do dinheiro do governo, e de alguns financistas amigos, que achavam que se o governo estava colocando dinheiro não podia dar errado. Deu!
Parece que nem todos estavam embevecidos com a ideia do túnel sob a Mancha: uma charge com a Margareth Thatcher, publicada em algum jornal ou revista inglesa ilustrava mais ou menos o seguinte: a Thatcher com um binóculo do qual saia um túnel totalmente negro acompanhado da frase: "o buraco negro que deixará a Inglaterra no vermelho..."
Pois bem. Parece que o governo brasileiro atual está construindo o seu túnel sob a Mancha: nem tenho certeza de que o trem bala será um belo sucesso tecnológico, pois existem dezenas de trens rápidos por aí, a tecnologia é mais ou menos dominada, vai haver, não tenham dúvida, muitos aumentos de custos e muita, mas muita corrupção, e acho que não terá público para pagar o investimento, pois já existe ônibus, carro e avião no trajeto, e pode até haver um trem normal, que talvez se pagasse a si mesmo.
Teimosia, burrice, corrupção programada? Pode ser tudo isso junto.
Vamos embarcar no nosso novo desastre financeiro?
Paulo Roberto de Almeida

Laryssa Borges
VEJA.com, 12/08/2013

Sem conseguir despertar interesse de investidores estrangeiros, o governo confirmou nesta segunda-feira o adiamento, mais uma vez, do leilão do trem-bala que ligará Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro – uma distância de cerca de 500 quilômetros. Não há data para o novo certame, originalmente previsto para 19 de setembro, mas o governo estima que o leilão de concessão do projeto não ocorrerá em prazo inferior a um ano. “Verificamos que esse certame só terá um interessado. Queremos uma licitação com o maior número de participantes”, disse o ministro dos Transportes, César Borges. A partir de agora, haverá duas licitações: uma para fornecimento de equipamentos e operação e outra para construção da linha e estações.
Desde que o primeiro edital foi lançado, em 2010, o governo temia que a licitação pudesse não ter interessados ou acabasse com apenas um consórcio. No caso do trem-bala, as previsões se confirmaram e, mesmo com diversos adiamentos ocorridos nos últimos três anos, apenas um grupo formado por empresas francesas (lideradas pela Alstom) formalizou interesse no empreendimento. Empresas da Espanha e da Alemanha pediram formalmente ao governo o adiamento do leilão e se comprometeram a entrar na disputa quando o negócio for novamente colocado à mesa. “A garantia que nós temos [de que haverá interessados futuros] foi dada pelo vice-presidente de infraestrutura da Siemens e pelas empresas espanholas, que fizeram cartas para o governo solicitando o adiamento”, relatou o ministro César Borges. “Tenho que me valer dessas conversas e dessas palavras”, completou ele.
Desde 2010 o governo tenta leiloar o trem-bala, mas recorrentemente tem de realizar adiamentos no prazo de entrega de propostas para dar mais tempo a potenciais interessados. A principal reclamação do setor privado é que o retorno sobre o investimento não compensa o risco de se executar um projeto como tal. A taxa de retorno prometida pelo governo estava em torno de 7% ao ano, com a garantia de que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pudesse financiar a maior parte das obras.
Os investimentos para tirar o projeto do papel são estimados em 33 bilhões de reais pelo governo. As empreiteiras, porém, calculam custos superiores a 50 bilhões de reais, o que tornaria a obra a mais cara já realizada no país.
Justificativas
Mesmo com o novo fracasso do leilão do trem-bala, o presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, tentou justificar o adiamento. Figueiredo negou, até o último minuto, que o certame pudesse ser adiado. “Cada adiamento desse é uma oportunidade de aperfeiçoamento. Se teve uma manifestação de investidores interessados, isso é um indicador de que o projeto se tornou atrativo”, disse. Pelos cálculos do governo, a licença ambiental e o projeto-executivo do trem de alta velocidade (TAV) devem estar concluídos no início de 2015 para que as obras sejam contratadas ainda no primeiro semestre daquele ano. A ideia é que, mesmo com o adiamento oficializado hoje, o trem-bala entre em operação em 2020.
Embora as pressões de investidores estrangeiros tenham começado bem antes das denúncias de um suposto cartel envolvendo o metrô de São Paulo, tanto o ministro dos Transportes quanto o presidente do EPL admitiram que houve alguma influência das denúncias no adiamento do processo licitatório. “As denúncias de cartel não foram fundamentais, mas existem as circunstâncias”, disse o ministro César Borges. “As denúncias ajudaram. Isso reforça a importância que tem o processo competitivo”, completou Bernardo Figueiredo.

Para o presidente da EPL, a presidente Dilma Rousseff esperava que não fosse necessário adiar mais uma vez o leilão do trem-bala. “Ela esperava que tivesse um processo competitivo já agora, mas não tem dúvida de que é mais importante que o processo seja competitivo do que seja rápido”, afirmou.

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...