O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A lesma economica brasileira: obstaculos institucionais e politica economica companheira

Em quanto tempo o PIB per capita do Brasil alcançaria o de países ricos
No atual ritmo PIB per capita do Brasil alcançaria o dos EUA em 108 anos
Achados Econômicos, 25/08/2013

EUA: 108 anos. O PIB per capita do Brasil foi de US$ 11.875 em 2012 e tem crescido a uma taxa média de 4,5% ao ano. Nesse ritmo, o país levaria 33 anos para atingir o mesmo patamar que os EUA têm hoje (US$ 49.922). Mas como nos EUA o indicador também cresce (3,1% ao ano), somente em 108 anos o PIB per capita dos dois países se igualaria Leia mais AP

Mantido o atual ritmo de crescimento em cada país, o PIB (produto interno bruto) per capita do Brasil se igualaria ao dos Estados Unidos em 108 anos, ao do Reino Unido em 47 anos e ao da Itália em 30.
Em 2012, o PIB (produto interno bruto) per capita do Brasil foi de US$ 11.875, e o dos EUA, de US$ 49.922, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). Esse número foi calculado com base na paridade do poder de compra, uma cotação do dólar que desconta a diferença do poder aquisitivo em cada país.
Para calcular o ritmo de crescimento atual, Achados Econômicos considerou a média dos últimos cinco anos e a da projeção de crescimento para os próximos cinco, elaborada pelo FMI, ou seja, o período que vai de 2009 a 2018.
Nesses dez anos, o PIB per capita brasileiro vem crescendo a uma média de 4,5% ao ano, enquanto o dos EUA avança a 3,1% ao ano.
É claro que nenhum país mantém o mesmo ritmo de crescimento desse indicador por períodos tão longos – na verdade, é difícil que a taxa se repita mesmo em dois anos seguidos.
A economia dos países está exposta a inúmeros eventos que influenciam o seu crescimento. Ainda, quanto maior o PIB per capita, mais difícil manter um ritmo de expansão alto.
Na China, por exemplo, o PIB per capita tem crescido acima de 10% ao ano, mas, com isso, os trabalhadores locais tendem a começar a ganhar mais, de modo a aumentar o custo do trabalho e, possivelmente, corroer parte da competitividade dos produtos chineses.
Nem por isso o cálculo do tempo que os países vão levar para aumentar o seu PIB per capita é inútil. Ele mostra para onde a economia de cada nação está apontando neste momento.
Não deve ser visto, portanto, como uma tentativa de prever o futuro, e sim como uma forma de enxergar melhor o atual momento.
Emergentes
A China e a Coreia do Sul são os dois países emergentes que mais rapidamente alcançariam a renda per capita dos EUA, se mantivessem o atual ritmo de crescimento. Veja quanto tempo cada nação em desenvolvimento levaria para chegar ao mesmo nível dos americanos.
País
PIB per capita atual (US$)
Crescimento anual* (%)
Em quantos anos alcançaria os EUA
China
9.162
10,1
26
Coreia do Sul
32.272
4,8
26
Chile
18.419
5,4
46
Índia
3.830
7,2
66
Rússia
17.709
4,7
68
México
15.312
3,4
483
África do Sul
11.375
3,3
786
·         * Média do período 2009-2018
·         Fonte: FMI

As novas igrejas universitarias: a teologia companheira - Milton SimonPires

AS NOVAS IGREJAS VAZIAS
Milton Simon Pires

Duvido que exista, em qualquer meio acadêmico ocidental, “esporte” mais difundido do que falar mal das religiões. Não há historiador, filósofo, sociólogo ou simples colunista de jornal com um pouquinho mais de cultura que não insista em escrever o quanto a Igreja (especificamente a católica) representou de “atraso na nossa evolução”. Vejam que, nas primeiras duas frases, misturei os dois conceitos – o de Igreja e de Religião – bem ao gosto daqueles a quem  destino o artigo.
Apresentam-se hoje em dia as estatísticas de pessoas queimadas, citam-se inventores perseguidos..mencionam-se pensadores excomungados com uma facilidade somente proporcional à ignorância daquilo que foi, na realidade, a Idade Média. Isso faz um “sucesso danado em sala de aula”, né cumpanheros??  
O que nenhum desses expoentes do meio acadêmico tem é  honestidade necessária para um exame de consciência. Desse mea-culpa, dessa confissão, nasceria o devido sentimento de ridículo...a necessária sensação de ter ela mesmo, a Universidade Brasileira, tornado-se um entrave..um verdadeiro atraso para quem dentro dela busca o livre pensamento e fora dela a extinção do PT.
Em artigo anterior já escrevi sobre o surgimento das universidades no mundo ocidental. Afirmei que era sua função receber pessoas que pensavam igual e mandar para o mundo gente que pensasse diferente. O objetivo desse artigo vai ser outro: o alvo aqui é o meio acadêmico brasileiro e seu papel vil na sustentação da ditadura petralha que está no poder.
Modéstia à parte, conheço muito bem o papel que vocês, docentes do ensino superior, tiveram na ascensão dos petralhas ao poder. Na década de 80 eu estava junto com vocês! Lia Marilena Chauí, Emir Sader..enfim..conhecia a “intelligentsia petista” e me identificava com seu discurso francamente marxista, com seus ideais abertamente revolucionários...enfim..os tempos eram outros, né “cumpanheros”? Afinal “nós precisávamos chegar ao poder”...
Nessas linhas vou fazer alguns comentários para o “leitor comum” através de uma espécie de conversa..Conversa entre eu e vocês!
Agora vocês já estão “grandinhos”, não estão?? Shanghai não é mais aquela que vocês gostam de lembrar citando “A Condição Humana” (a do André Malraux, pois a de Hannah Arendt duvido que vocês conheçam) Lula se veste com ternos de cinco mil reais e a tia Marilena almoça em restaurantes caros com a Marta Suplicy..enfim..as coisas mudaram..não mudaram?
Quem não mudou, seus picaretas, somos eu e vocês! Nós nos conhecemos bem e vocês não me enganam. Substituíram o discurso tradicional da revolução por uma linguagem relativista. Continuam marxistas, mas agora apresentam-se como aqueles cigarros – com baixos teores – não é?Encantam os estudantes da USP e da UFRGS com esse monte de lixo saído das páginas de Focault, Althusser e Derrida. Jamais foram capazes de oferecer qualquer outra coisa dentro das faculdades de filosofia e história que não fosse esse marxismo requentado..essa confusão de ideias que vê no multiculturalismo, nos movimentos sociais, e nas marchas, a representação perfeita daquilo que vocês chamam de “movimento da história”.
Até quando, seus petralhas, vocês vão continuar aí dentro das universidades brasileiras? Enquanto o PT der dinheiro para vocês?? Vocês, seus mentirosos, não teriam capacidade suficiente para enfrentar um simples médico – que jamais estudou filosofia formalmente – como eu. Imaginem se tivessem que discutir com Olavo de Carvalho, Edgar Morin, Luc Ferry, Roger Scruton..e a turma da pesada..
Vocês, cumpanheros, sabem tão bem quanto eu a importância da relação da Universidade com a classe média. A prova disso é o ataque de nervos que a tia Marilena teve algum tempo atrás, não é?
Que pena! No Brasil marxismo se transformou em religião e as salas de aula de vocês são as novas Igrejas, não são? Rezem bastante, doutores...é só uma questão de tempo para as Novas Igrejas ficarem vazias..

PORTO ALEGRE, 25 de AGOSTO DE 2013

Bolivia, Brasil e o narcotrafico: questoes para a diplomacia companheira

Uma novela que vai ter desdobramentos nos próximos dias...
O asilo político é uma instituição normalmente respeitada na América Latina, salvo em países ditatoriais, como aqueles apreciados por totalitários envergonhados.
O que um país normal faria em circunstâncias como essa? 
Aplicaria todo o peso de sua diplomacia, com suspensão de quaisquer outras transações, por exemplo, até que fossem respeitados os tratados e atos multilaterais em vigor. Seria o mínimo.
Por que isso não foi feito?
Bem, aí é o caso de perguntar para os que tomam as decisões.
Por que não tomaram?
Talvez por causa da diplomacia partidára...
Paulo Roberto de Almeida
Entrevista com o Encarregado de Negócios Eduardo Saboia:  http://g1.globo.com/fantastico/videos/t/edicoes/v/embaixador-eduardo-saboia-fala-sobre-decisao-de-trazer-senador-boliviano-para-o-brasil/2781411/
MUNDO

Senador denuncia relação do governo boliviano com o narcotráfico

O Globo
Depois de chegar ao Brasil com a ajuda da embaixada brasileira, o senador boliviano que estava asilado há um ano em La Paz, defendeu-se das denúncias de crimes de corrupção que pesam contra ele na Bolívia, e revelou que denunciou o envolvimento de líderes do governo de seu país com o narcotráfico.
Em entrevista à GloboNews, Roger Pinto Molina disse que se coloca à disposição do Brasil para ratificar denúncias. Mesmo sem ter salvo conduto do governo da Bolívia para deixar aquele país, o político da oposição viajou de carro por cerca de 1,6 mil quilômetros de carro até a cidade de Corumbá, Mato Grosso do Sul.

Diplomata brasileiro diz ter tomado decisão de trazer senador boliviano 

Ele afirma que tentou negociar saída; Itamaraty não comenta declarações.

Do G1, com informações do Fantástico

O diplomata brasileiro Eduardo Saboia disse em entrevista ao Fantástico, neste domingo (25), que foi dele a decisão de trazer o senador boliviano Roger Pinto ao Brasil. "Tomei a decisão de conduzir essa operação pois havia o risco iminente à vida e à dignidade do senador", disse. (Veja a entrevista no vídeo ao lado)
Pinto desembarcou na madrugada deste domingo (25) em Brasília após deixar La Paz com um carro da Embaixada brasileira até Corumbá (MS). O senador estava asilado na Embaixada brasileira na Bolívia havia mais de um ano, alegando perseguição política do governo Evo Morales.
"Havia uma violação constante, crônica de direitos humanos, porque não havia perspectiva de saída, não havia negociação em curso e havia um problema de depressão que estava se agravando. Tivemos que chamar um médico e ele começou a falar de suicídio, ele dizia constantemente que queria que nós o tirássemos de lá e advogados dele também dizendo isso", afirmou o diplomata brasileiro.
Cronologia_senador_boliviano VALE ESSA (25/08) (Foto: Editoria de Arte/G1)
Saboia disse que percebeu que o quadro do político podia degenerar porque Pinto "passou 452 dias em um cubículo" ao lado de sua sala. "Eu me sentia como se tivesse o DOI-Codi [orgão de repressão da ditadura militar] ao lado da minha sala de trabalho. Um confinamento prolongado e sem perspectivas."
O diplomata disse que tentou negociar a vinda do senador ao Brasil sem sucesso e falou que faltou "empenho" para solucionar o caso. "Eu estive em Brasília duas vezes, dizendo que a situação estava ruim. Pedi para sair de La Paz, porque disse que não ia compactuar com uma situação que atenta à dignidade da pessoa humana e à honra do meu país", afirmou. "Eu não preciso de instruções específicas para situações de urgência."
Saboia disse que houve um pedido do Itamaraty para que ele não desse declarações logo que chegou ao Brasil com o político boliviano, mas afirmou que mudou de ideia após o órgão soltar uma nota mencionando o seu nome.
O Itamaraty não quis comentar as declarações do diplomata.
Roger Pinto saiu da Embaixada brasileira em La Paz às 15h da sexta-feira (23). Foram usados dois carros da representação brasileira. O da frente, com fuzileiros navais, fazia a segurança do outro veículo, que trazia o senador boliviano ao lado do diplomata brasileiro Eduardo Saboia, encarregado de negócios da representação. Foram percorridos 1.600 km em direção a Corumbá (MS). A viagem até a fronteira durou 22 horas.
Pareceres contrários
Em junho deste ano, a Advocacia-Geral da União (AGU), a Procuradoria Geral da República (PGR) e o Itamaraty se posicionaram contra a ajuda ao senador boliviano Roger Pinto, que queria deixar a Bolívia rumo ao Brasil. As informações prestadas pelo secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Eduardo dos Santos, estão inclusas nos pareceres e balizaram posicionamentos da AGU e da PGR encaminhados ao Supremo Tribunal Federal (STF) em uma ação apresentada pelo político boliviano.
No processo protocolado no dia 16 de maio no STF, a defesa do senador questionou a atuação do governo brasileiro na resolução de seu caso e pediu um carro para deixar a Bolívia. O advogado Tibúrcio Peña afirmou que o senador teve direito de circulação restrito e que não podia ter contatos externos por determinação do governo brasileiro. O documento cita ainda que o Itamaraty, órgão do governo que negocia a situação do senador, agia com "inércia", contrariando tratados internacionais.
Acionadas pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello, relator do habeas corpus pedido pela defesa de Pinto, a AGU e a PGR se manifestaram contra possibilidade de governo brasileiro conceder carro diplomático ao senador com base em informações do Itamaraty. Marco Aurélio informou ao G1 neste domingo (25) que vai arquivar o processo porque houve "perda de objeto".
"Com a vinda do senador para o Brasil, o objeto está prejudicado, já que o habeas corpus pedia a saída da Bolívia", disse.
O secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Eduardo dos Santos, informou à AGU que a vinda de Roger Pinto sem o salvo-conduto poderia “anular o efeito prático do asilo”.
“Uma decisão que determine a saída do senador Roger Pinto Molina da Embaixada sem a concessão de salvo-conduto e de garantias de segurança pelas autoridades bolivianas, por sua vez, impossibilitaria o Brasil de conceder qualquer forma de proteção jurídica ao senador, tornando sem qualquer efeito prático o asilo diplomático concedido, que desapareceria ipso facto”, diz no parecer da AGU.
Neste domingo, o Ministério das Relações Exteriores informou, por meio de nota, queabrirá inquérito para apurar as circunstâncias da transferência para o Brasil do senador senador boliviano Roger Pinto Molina, asilado havia mais de um ano na embaixada brasileira em La Paz.
Segundo a AGU,  o governo brasileiro não podia conceder carro diplomático, uma vez que há decisões da Justiça boliviana restringindo a possibilidade de o senador deixar o país.
"Os pedidos formulados pelo impetrante não são juridicamente possíveis, isto é, se o governo brasileiro propiciar ao paciente o veículo requerido para que possa sair da Bolívia, estaríamos violando a ordem internacional, descumprindo decisões judiciais de tribunais bolivianos, que já decidiram que o paciente não pode deixar o país."
Conforme a AGU, para que o senador deixe o país seria necessário um salvo-conduto por parte do governo boliviano, documento que o Brasil não pode obrigar a ser concedido por ser prerrogativa daquele país.
"O Brasil deu início a intensas negociações, com o objetivo de obter o salvo-conduto, sem o qual o paciente não consegue deixar a Bolívia", argumentou a AGU.
Para o então procurador-geral Roberto Gurgel, contrário ao habeas corpus, como Pinto Molina foi beneficiário do asilo diplomático, “não se pode concluir que houve violência ou coação em sua liberdade de locomoção”.

Brasil-Bolivia: entrevista com o Encarregado de Negocios em La Paz, Eduardo Saboia

Assistam neste link a entrevista exclusiva do Ministro Eduardo Saboia, encarregado de negócios em La Paz, sobre o desfecho (ainda não concluído) do caso do Senador boliviano asilado por mais de um ano na Embaixada do Brasil na capital boliviana:

Embaixador Eduardo Saboia fala sobre decisão de trazer senador boliviano para o Brasil


http://g1.globo.com/fantastico/videos/t/edicoes/v/embaixador-eduardo-saboia-fala-sobre-decisao-de-trazer-senador-boliviano-para-o-brasil/2781411/

Há um inquérito oficial em curso sobre o assunto.
Algumas palavras do diplomata:
"Não havia uma negociação... (...) Havia um risco iminente de vida.
Estive em Brasília duas vezes para tratar do assunto. (...) Inclusive eu pedi para sair. Disse que eu não iria compactuar com essa situação que atenta contra a dignidade da pessoa humana e também à honra do meu país. Eu não preciso de instruções específicas para situações de urgência e foi isso que aconteceu."

Seu país, provavelmente, não é o mesmo de algumas outras pessoas envolvidas no assunto.
Mas é, certamente, o meu país também. Minha solidariedade.
Paulo Roberto de Almeida

Comentário recebido em outra postagem sobre o caso:

Gabriel deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Ai minha Nossa Senhora do Rio Branco, o que vai ac...": 
A entrevista de Eduardo Saboia sobre a ajuda por ele concedida ao senador boliviano revela uma postura de um autêntico liberal, defensor dos interesses e da honra de um país - e não de um governo.

A subserviência do Itamaraty a Bolívia, calcada em um pretenso esforço integracionista, é uma lástima para qualquer brasileiro. 

Argentina: o fim da Doutrina Calvo, que se supunha ser solida...

Aparentemente, não se trata ainda do fim oficial, uma vez que a corte de NY apenas colocou a Argentina no âmbito da lei americana. Eventualmente, a Corte Suprema decida que a decisão judicial não pode submeter a uma entidade soberana estrangeira, que não pode ser submetida a uma lei nacional.
Vamos esperar para ver...
Paulo Roberto de Almeida

Argentina deuda

Argentina sufre duro revés en su batalla con acreedores

Infolatam/Efe
Buenos Aires, 25 de agosto de 2013
Las claves
  • La decisión del panel de tres jueces de la corte de apelaciones del Segundo Distrito federal implica que la última oportunidad para que el país latinoamericano obtenga un resultado favorable en este prolongado proceso judicial radica en el Tribunal Supremo de Estados Unidos.
  • El telón de fondo del litigio es el cese de pagos de una deuda de más de 100.000 millones de dólares que las autoridades argentinas decretaron en 2002, en medio de una grave crisis económica y social.
Argentina sufrió un duro revés en su larga batalla con los acreedores que no aceptaron reestructurar la deuda, pues la apelación de un fallo de la justicia de EE.UU. que le obliga a pagarles más de 1.330 millones de dólares fue rechazada.
La decisión del panel de tres jueces de la corte de apelaciones del Segundo Distrito federal implica que la última oportunidad para que el país latinoamericano obtenga un resultado favorable en este prolongado proceso judicial radica en el Tribunal Supremo de Estados Unidos.
Además de rechazar la apelación, el tribunal de apelaciones decidió mantener en suspenso la aplicación del fallo hasta que el Supremo decida si acepta o no pronunciarse sobre el tema, como se le solicitó el pasado 25 de junio.
“Esto le da mucho más tiempo a Argentina”, señaló a Efe la profesora de derecho de la Universidad de Georgetown Anna Gelpern, quien ha seguido este caso y considera que puede pasar un año o más antes de que el Supremo estadounidense anuncie su decisión.
El telón de fondo del litigio es el cese de pagos de una deuda de más de 100.000 millones de dólares que las autoridades argentinas decretaron en 2002, en medio de una grave crisis económica y social.
A través de dos procesos de canje, en 2005 y 2010, se logró una adhesión del 93 % para reestructurar la deuda en mora, con una quita del 65 %, fuertes ahorros en intereses y plazos de pago extendidos.
El esperado dictamen de los jueces Rosemary Pooler, Barrington Parker y Reena Raggi supone una gran victoria para el fondo NML, propiedad de Elliot Management, del multimillonarioe Paul Singer, que lidera la demanda presentada por los tenedores de bonos que rechazaron los canjes de deuda argentina.
La orden de hoy “condena apropiadamente la persistente violación por parte de Argentina de sus obligaciones y su enorme desafío a las leyes de Estados Unidos y las órdenes de los tribunales de EE.UU. Confirma que Argentina no está por encima de ley”, dijo el abogado de NML, Theodore Olson, en un comunicado.
Los querellantes, muchos de los cuales compraron estos bonos con grandes descuentos en los mercados, llevan una década batallando por recuperar el cien por cien del monto original, para lo que incluso llegaron a lograr el embargo temporal de la fragata “Libertad” de la Armada argentina en Ghana.
El Gobierno argentino ha dicho durante años que no pagará “ni un dólar” a los que califica como “fondos buitres”, alegando que eso sería injusto para los tenedores de bonos reestructurados.
La decisión no fue bien recibida entre los grupos de tenedores de bonos reestructurados y uno de sus abogados, Sean O’Shea, lamentó que “pasa por alto el injusto impacto del fallo sobre los derechos constitucionalmente protegidos de los tenedores de bonos reestructurados”.

A Franca, a caminho da decadencia (e o Brasil vai atras) - NYTimes

The New York Times, August 24, 2013

A Proud Nation Ponders How to Halt Its Slow Decline


PARIS — For decades, Europeans have agonized over the power and role of Germany — the so-called German question — given its importance to European stability and prosperity.
Today, however, Europe is talking about “the French question”: can the Socialist government of President François Hollande pull France out of its slow decline and prevent it from slipping permanently into Europe’s second tier?
At stake is whether a social democratic system that for decades prided itself on being the model for providing a stable and high standard of living for its citizens can survive the combination of globalization, an aging population and the acute fiscal shocks of recent years.
Those close to Mr. Hollande say that he is largely aware of what must be done to cut government spending and reduce regulations weighing down the economy, and is carefully gauging the political winds. But what appears to be missing is the will; France’s friends, Germany in particular, fear that Mr. Hollande may simply lack the political courage to confront his allies and make the necessary decisions.
Changing any country is difficult. But the challenge in France seems especially hard, in part because of the nation’s amour-propre and self-image as a European leader and global power, and in part because French life is so comfortable for many and the day of reckoning still seems far enough away, especially to the country’s small but powerful unions.
The turning of the business cycle could actually be a further impediment in that sense, because as the European economy slowly mends, the French temptation will be to hope that modest economic growth will again mask, like a tranquilizer, the underlying problems.
The French are justifiably proud of their social model. Health care and pensions are good, many French retire at 60 or younger, five or six weeks of vacation every summer is the norm, and workers with full-time jobs have a 35-hour week and significant protections against layoffs and firings.
But in a more competitive world economy, the question is not whether the French social model is a good one, but whether the French can continue to afford it. Based on current trends, the answer is clearly no, not without significant structural changes — in pensions, in taxes, in social benefits, in work rules and in expectations.
But Mr. Hollande’s Socialist Party and the harder French left have not seemed to grasp the famous insight of the prince’s nephew in Giuseppe Tomasi di Lampedusa’s renowned novel of social upheaval, “The Leopard,” that “everything needs to change, so everything can stay the same.” Sometimes, talking to French politicians and workers, one has the feeling that they all consider themselves communards and revolutionaries, fighters on the left — but at the same time, like the far right, they wish to lock into place the comfort of the known.
In May 1968, students at the University of Paris in Nanterre began what they thought was a revolution. French students in neckties and bobby socks threw cobblestones at the police and demanded that the sclerotic postwar system must change.
Today, at Nanterre, students worried about finding jobs and losing state benefits are demanding that nothing change at all. For Raphaël Glucksmann, who led his own first strike in high school in 1995, members of his generation have nostalgia for their rebellious fathers but no stomach for a fight in hard economic times.
“The young people march now to reject all reforms,” he said. “We see no alternatives. We’re a generation without bearings.”
The Socialists have become a conservative party, desperately trying to preserve the victories of the last century. Many in the party, like the anti-globalization campaigner Arnaud Montebourg, now the minister in charge of industrial renewal — let alone those further to the left — seem to believe that France would be fine if only the rest of the world would just disappear, or at least work a little less hard.
There is nonetheless an underlying understanding that there will be little lasting gain without structural changes to the state-heavy French economy. The warning signs are everywhere: French unemployment and youth unemployment are at record levels; growth is slow compared with Germany, Britain, the United States or Asia; government spending represents nearly 57 percent of gross domestic product, the highest in the euro zone, and is 11 percentage points higher than Germany. The government employs 90 civil servants per 1,000 residents, compared with 50 in Germany.
Hourly wage costs are high and social spending represents 32 percent of G.D.P., highest among the industrialized countries; real wage increases outpace productivity growth; national debt is more than 90 percent of G.D.P.
About 82 percent of the new jobs created last year were temporary contracts, up from 70 percent only five years ago, not the kind of full-time work that opens the door to the French middle class. That keeps nearly an entire generation living precariously, no matter how hard people study or work.
Last year, France was ranked 28th out of the 60 most competitive economies in the world, according to the International Institute for Management Development in Lausanne, Switzerland. The United States was first. Even China, at 21, and Japan, at 24, outranked France. In the World Bank’s ranking of “ease of doing business,” France ranks 34th, compared with 7th for Britain and 20th for Germany.
In Amiens, in the north of France, Goodyear owns two tire factories. The work force at one has grudgingly accepted a change in work schedules, preserving its factory. The workers at the other have refused, and Goodyear is trying (not so easy in France) to shut it down, throwing more people out of work. Claude Dimoff, a former union leader at the more flexible plant, said: “I’m part of a generation that experienced the common program of the left. We had visions for the future, and different values, but all this is forgotten. The left has completely deviated from its promises.”
The country retains plenty of strengths. France is the world’s fifth-largest economy, with strong traditions in management, science and innovation. The gap between rich and poor is narrower in France than in most Western countries, although it is growing.
When the French work, they work hard; labor productivity, perhaps the single most important indicator of an economy’s potential, is still relatively high, if dropping. But with long holidays and the 35-hour week, the French work fewer hours than most competitors, putting an extra strain on corporations and the economy.
Large French companies compete globally; there are more French companies in the Fortune 500 than any other European country. But the bulk of their employees are abroad, and there are few of the midsize companies that are the backbone of Germany. Ninety percent of French companies have 10 or fewer employees and fear expansion because of extra tax burdens and strict labor regulations.
Even in France’s justly famous agricultural sector, the shrinking number of farmers has not been matched by a similar reduction in bureaucrats. Jacques Galaup, a farmer near Gaillac in the southwest, spoke with disdain of the number of hours he had to spend on paperwork — and estimated that there was probably one functionary now for every farmer.
Mr. Galaup showed off his records on the fewer than 30 cows that he raises. The files are thick and all done by hand; computers have barely made it to most levels of government.
In poll after poll, the French insist that they want renovation and modernization, so long as it does not touch them. That is always the political challenge, and Mr. Hollande’s conservative predecessor, Nicolas Sarkozy, is considered to have failed in his promise to make serious structural changes.
While complaining constantly, for example, about the horrors of the 35-hour workweek, Mr. Sarkozy never dumped it, but simply played with the tax consequences of overtime, a change that Mr. Hollande immediately revoked. One of Mr. Sarkozy’s advisers, Alain Minc, who tried to get him interested in Germany’s social market revisions, once admitted that Mr. Sarkozy was simply afraid to confront the unions and the social uproar that real change would provoke.
There is a broad consensus that real social and structural renovation can be carried out only by the left. But that can happen only if Mr. Hollande, who has a legislative majority, is willing to confront his own party in the name of the future, as the former German chancellor Gerhard Schröder did a decade ago with a series of legal modifications that now get much of the credit for Germany’s revival.
Mr. Hollande says he believes in “dialogue with social partners,” which has so far produced relative peace but little substantive change. With centrist union agreement, he has slightly loosened the labor market, making flex time easier and taxing short-term contracts more steeply. And in 2014 he is moving about $27 billion of social costs from corporations to the regressive value-added tax.
But what can seem bold in local terms tends to yield minor results, and these modest efforts have taken place at the height of Mr. Hollande’s power, which is inevitably declining.
In his book “The Resistance: The French Fight Against the Nazis,” Matthew Cobb quotes a man named Boris Vildé, executed by the Nazis. His last words were: “I love France. I love this beautiful country. Yes, I know it can be small-minded, selfish, politically rotten and a victim of its old glory, but with all these faults it remains enormously human and will not sacrifice its stature.”
But by refusing to grapple with its underlying faults, many here say, that is exactly what it is doing.

A longa noite do Supremo - Percival Puggina

Recolho, do blog de meu colega Percival Puggina, esta pequena reflexão adaptada aos tempos que correm:

VEM AÍ A LONGA NOITE DO SUPREMO 
Percival Puggina


Por que os constituintes mantiveram o tradicional processo de escolha dos ministros do STF mediante indicação da presidência da República e sabatina para homologação pelo Senado? 


Primeiro, porque ninguém imaginou que algum presidente seria irresponsável a ponto de indicar para o STF um bacharel sem qualquer outro título acadêmico, reprovado em dois concursos para juiz de direito. 

Segundo, porque ninguém imaginou que, um dia, o Senado da República, viria a ser a Casa de Irene em que se converteu a Câmara Alta da República. 

Terceiro, porque todos imaginaram que da natural rotatividade dos partidos políticos no poder resultaria um equilíbrio entre as tendências políticas e filosóficas dos ministros. 

Quarto, porque todos se enganaram ao subestimar o PT. O partido vai para 12 anos no poder e, em breve, todo Supremo estará devidamente aparelhado.

domingo, 25 de agosto de 2013

Ai minha Nossa Senhora do Rio Branco, o que vai acontecer agora? - Nao contavam com a astucia do Senador...



  atualizado às 22h47

"Fuga" de senador pode afetar relações entre Brasil e Bolívia

Roger Pinto estava refugiado na embaixada brasileira em La Paz desde o dia 28 de maio de 2012



O senador boliviano Roger Pinto, em foto de 2008 Foto: EFE
O senador boliviano Roger Pinto, em foto de 2008
Foto: EFE


O senador opositor boliviano Roger Pinto, que estava refugiado na embaixada brasileira em La Paz desde o dia 28 de maio de 2012, deixou a delegação diplomática e está no Brasil, segundo confirmaram neste sábado à Agência Efe diversas fontes, que anteciparam uma "tempestade diplomática" entre ambos os países.
"Fuga" foi a palavra mais usada por fontes diplomáticas dos dois países frente a um fato com que, embora não tenha sido confirmado oficialmente, a Efe pôde constatar com diversas pessoas próximas ao caso, tanto em La Paz como em Brasília.
"Já está no Brasil e nas próximas 48 horas convocará uma entrevista coletiva, que possivelmente será em Brasília", disse o advogado de Pinto, o brasileiro Fernando Tibúrcio, que não quis dar detalhes sobre a saída do senador por "razões de segurança".
Essa versão foi confirmada por diversas fontes diplomáticas, que inclusive disseram que o senador estava neste sábado na cidade de Corumbá, muito próxima à fronteira entre ambos os países e em frente à cidade boliviana de Puerto Suárez. Por outro lado, a família do senador foi para Brasília, e planejava se reunir "nas próximas horas" com Pinto.
Outras fontes disseram que o governo brasileiro já foi informado sobre o assunto e que houve uma reunião de emergência na qual participaram altos cargos, como o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, sobre a qual nada foi informado.



Pinto, acusado de diversos crimes de corrupção na Bolívia, se apresentou na embaixada brasileira em La Paz no dia 28 de maio de 2012, que lhe deu amparo desde então.
Dez dias depois de ter sido recebido na embaixada, o governo da presidente Dilma Rousseff lhe outorgou a condição de asilado político, mas a Bolívia se negou a conceder-lhe o salvo-conduto necessário para viajar ao Brasil, sob a alegação que ele deve responder a diversas acusações de corrupção.
De fato, em junho passado, Pinto foi condenado a um ano de prisão por um tribunal boliviano que o declarou culpado de danos econômicos ao Estado calculados em cerca de US$ 1,7 milhão.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, que tinha previsto viajar neste sábado para a Finlândia para uma visita oficial, disse em junho que o Governo de Dilma "garantia" a "segurança" do senador boliviano. Ele também explicou que o Governo brasileiro prosseguia com "negociações confidenciais" com as autoridades bolivianas para tentar "solucionar" a situação de Pinto.
Algumas das fontes diplomáticas consultadas pela Efe disseram que a Bolívia prepara uma "resposta duríssima" para a saída de Pinto da embaixada e que em La Paz se considera que houve uma "ruptura" da "confiança" entre ambos os Governos.
O único pronunciamento oficial sobre o assunto foi feito, embora mediante sua conta na rede social Twitter, pela ministra de Comunicação boliviana, Amanda Davila, dizendo que a saída de Pinto "deve ser confirmada pelo Brasil via diplomática"
Amanda enfatizou que o salvo-conduto para que Pinto deixasse a Bolívia, que o governo de Evo Morales negava, "era imprescindível", por isso que se estaria frente a uma "suposta fuga". "O governo boliviano não deu, porque a lei o impede, nenhum salvo-conduto a Pinto, para o Brasil nem para outro país", ressaltou Amanda.
Também via Twitter, o vice-ministro de Gestão Comunicacional da Bolívia, Sebastián Michel, sustentou que "quem tem que oficializar a saída de Pinto é a embaixada do Brasil" e que as autoridades de La Paz não podem "especular".
Mas o ex-governador opositor da região amazônica boliviana de Beni Ernesto Suárez se uniu a quem confirma a saída de Pinto e, também nessa rede social, comemorou o fato de que "finalmente pôde se reunir com sua família um grande amigo, um perseguido político".


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Senador boliviano veio ao Brasil com Eduardo Sabóia

25 de agosto de 2013 | 20h 21
LISANDRA PARAGUASSU - Agência Estado
O senador boliviano Roger Pinto Molina foi trazido ao Brasil pelo encarregado de negócios da embaixada em La Paz, o ministro Eduardo Sabóia, que estava no comando da embaixada desde o início de julho. O diplomata foi chamado neste domingo (25) de volta a Brasília pelo Ministério das Relações Exteriores, que abriu inquérito para investigar a entrada do senador boliviano no Brasil - aparentemente, feita sem conhecimento do Itamaraty.
De acordo com o relato do presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Molina viajou em uma comitiva de dois carros da embaixada, com placas consulares, e acompanhado não apenas de Sabóia, mas de dois fuzileiros navais que fazem a segurança da embaixada. Nas missões no exterior, os militares respondem não ao Ministério da Defesa, mas ao chefe da representação consular - no caso, Saboia.
Ao final de uma viagem de 22 horas de carro, onde passaram por cinco controles militares, inclusive na fronteira, o diplomata teria ligado para Ferraço. "Ele me ligou e disse que estava com o senador em Corumbá mas não tinha como levá-lo até Brasília. Eu tentei falar com o presidente do Senado (Renan Calheiros) e com outras autoridades, sem sucesso. Então consegui um avião e fui buscá-lo e levá-lo para Brasília", contou Ferraço. Pinto Molina está desde a madrugada passada na casa do senador brasileiro e dará uma entrevista na CRE na próxima terça-feira.
Plano. Ferraço diz que Sabóia contou a ele que vinha conversando há algum tempo com o Itamaraty sobre a situação do senador boliviano. "Ele me disse que falou que a situação estava se tornando inadministrável, que Molina estava com depressão, que sua saúde estava se deteriorando. Ele se sentia frustrado com a falta de uma solução e disse que se tivesse uma oportunidade ia resolver", explicou Ferraço. "Não sei se o governo acreditou".
O senador brasileiro disse que não conversou sobre os detalhes de planejamento da fuga de Molina e não pode garantir, mas acredita que a iniciativa foi do diplomata, em uma atitude "ousada e corajosa". Se tomou a decisão sem esperar a aprovação do Itamaraty, Sabóia possivelmente criou um problema para sua carreira diplomática e pode ser responsabilizado por criar um constrangimento para o governo brasileiro.
Na última quinta-feira, em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Antonio Patriota afirmou que a libertação de Molina estava sendo "negociada no mais alto nível", mas que o governo brasileiro se recusava a tirá-lo da embaixada sem garantir sua segurança. Mas, no início de junho, o Itamaraty informava nos bastidores que negociava uma "saída discreta" para o caso, em que o presidente Evo Morales permitiria a saída de Molina em segurança, mas sem dar o salvo-conduto.
Hoje, diplomatas se recusaram a fazer qualquer comentário sobre o caso além das informações que constavam da nota divulgada pela manhã. 

Um retrato dos companheiros, talvez um pouco forte, mas verdadeiro - Mauro Pereira

MAURO PEREIRA
Blog Augusto Nunes, 25/08/2013

Ao longo desses mais de dez anos, o PT nos proporcionou a oportunidade ímpar de testemunharmos a introdução de sua renovada visão democrática, tese defendida desde a Fundação e que acelerou seu desembarque na presidência da República. Com o objetivo alcançado, durante esse tempo todo quis nos impor a democracia dele, parida no solo árido da egolatria e consubstanciada no desmesurado apego ao poder.

Candidato a latifundiário da política nacional, seu governo exercita um perverso e seletivo modelo de defesa dos direitos humanos, indignando-se apenas quando os direitos ultrajados dos humanos ocorrem em hostes inimigas. Quando os excessos acontecem nos seus quintais ou nos de seus aliados, dentro ou fora do Brasil, dá às costas aos direitos e não consegue definir como humanas as pessoas que padecem sob a violência de governos autoritários e ferozes.
Buscando a qualquer custo uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, jamais demonstrou o menor vestígio de pudor ao bajular ditaduras crueis e andar de braços dados com governos corruptos e autoritários. Perfeitamente à vontade, visitou os porões da inconsequência ao tramar a suspensão do Paraguai dos quadros do Mercosul para substituí-lo pela Venezuela, parceira de desmandos e desvarios. Na visão vesga de seu ministro das Relações Exteriores, a Venezuela é só um tipo diferente de democracia. Ele precisa saber que para os brasileiros de bem, qualquer tipo de democracia diferente é a versão mais ordinária de ditaduras iguais, exercido apenas por democratas de fachada e aplaudido somente por lacaios disponíveis.
Coerente com o seu ideário, sempre defendeu com veemência a pureza democrática de Fidel Castro, um dos mais truculentos ditadores da história recente da América Latina, e patrocinou uma das páginas mais desprezíveis da política internacional ao qualificar de bandido comum o ativista Orlando Zapata Tamayo, que morreu em decorrência da greve de fome em protesto contra a tirania da família Castro. Mostrou a dimensão de sua cumplicidade ao calar-se sobre a investida descaradamente absolutista de Cristina Kirchner contra a imprensa e o Judiciário argentinos.
Definitivamente, a prudência manda que jamais subestimemos a capacidade de acanalhar-se do PT. Com os olhos voltados para as eleições do próximo ano, decidido a reeleger Dilma Roussef e eleger o governador de São Paulo, mergulhou de vez nas águas revoltas da irresponsabilidade. Preocupado com o resultado das urnas, demorou mais de uma década para se dar conta da excepcional incompetência de seus gestores incumbidos de oferecer um serviço de saúde digno. Maquiavélico, fez o que sabe fazer de melhor: terceirizou seu fracasso escolhendo os médicos brasileiros como os vilões da vez, responsabilizando-os pela ruína de sua política de saúde pública representada na espera angustiante dos pacientes por exames laboratoriais que degrada, no calvário das filas nos hospitais que avilta e na perda de 41 mil leitos do SUS nos últimos oito anos, que revolta.
A indigência moral se concretiza nesse asqueroso convênio compactuado com o governo cubano para a importação de 4 mil médicos. É bom esclarecer que nada tenho contra a vinda desses profissionais. Seria até mesmo um fato corriqueiro se eles viessem por decisão pessoal e soberana, se submetessem às leis do país que escolheram para fixar residência e, depois de aqui instalados, gozassem da prerrogativa da igualdade e da plenitude das liberdades individuais garantidas pela Constituição. No entanto, a legitimidade se definha ao guardar na sua concepção o apelo eleitoreiro, trazer no seu viés a desconfiança da doutrinação ideológica e tratar seres humanos como mercadoria de propriedade do estado.
Eu estaria agredindo o princípio da honestidade se não considerasse a hipótese de que esses profissionais se apresentaram voluntariamente para a missão em terras brasileiras. Mas a presunção do fulgor ideológico se desmantela no sequestro de suas famílias que permanecerão reféns do governo cubano como moeda de troca de sua lealdade e a garantia de que a propalada devoção a Fidel Castro não vire fumaça no primeiro voo para Miami. Desgraçadamente, a ditadura castrista usa essa mão de obra como fonte de divisas. Sua commodity mais valorizada é gente. Seus produtos de importação mais bem cotados no mercado internacional são pessoas. Sem o menor trauma de consciência as oferece a quem estiver disposto a comprá-las. O PT estava. E foi às compras.
Por mais que se queira, é praticamente impossível para o cidadão que tem um mínimo de autonomia intelectual permanecer insensível à incompetência testada e comprovada do governo federal e à vocação para o desonesto – escancarada na memorável decisão da maioria dos ministros do STF no julgamento do mensalão. Raro é o bem feito que persevere na administração do PT. Pouco é o que não se corrompa no contato com o petismo. Torna-se difícil até mesmo recorrer à máxima da excepcionalidade. Veja-se a denúncia mais recente envolvendo o deputado federal paulista Vicente Cândido, que teria oferecido propina a agentes da Anatel para resolver a dívida de 10 bilhões de reais da Oi, resultante de multas aplicadas pela agência.

A obsessão pela hegemonia é da natureza do PT e está gravada em alto-relevo no seu DNA. Só acreditam na sua castidade os crédulos, os cúmplices e os oportunistas. Ninguém além deles.