O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Eleicoes 2014: comecou a campanha encoberta dos neobolcheviques - Reinaldo Azevedo

Que coisa bonitinha! A coordenação da campanha da presidente Dilma Rousseff resolveu enviar o pré-programa de governo já aprovado pelo partido à lavanderia para ver se ele fica com uma aparência melhorzinha. Segundo informa reportagem de hoje da Folha, sumiram da versão quer chegou à presidente a “democratização da mídia”, que é o outro nome para censura; o “financiamento público de campanha”, que todo mundo sabe no bolso o que é, e a Constituinte exclusiva para fazer a reforma política. Mas Dilma não abre mão, disto não!, da tal democracia direta por meio de conselhos — aquela estrovenga que ela meteu no decreto 8.243 (ver post).

Esses, digamos, “compromissos” estão no documento aprovado pelo PT, e chegou a se noticiar que a presidente havia se comprometido ao menos com a questão da mídia, que é central para o partido. Segundo informa aFolha, Rui Falcão e Franklin Martins (este ainda não se recuperou da demissão da Globo) queriam, sim, incluir no texto final o combate ao tal “monopólio”, mas foram votos vencidos. Afinal, o programa da presidente tem de contar com a aprovação dos demais partidos — e o PMDB, por exemplo, fez um congresso em que se definiu como diretriz o repúdio a qualquer forma de censura.

Será que os defensores da democracia podemos, então, ficar tranquilos caso Dilma seja reeleita? É claro que não! Os absurdos, na forma e no conteúdo, do Decreto 8.243 falam por si. Sem contar que é preciso deixar claro que o PT está em franca mobilização em favor da Constituinte exclusiva e do financiamento público de campanha — e é claro que vai tentar emplacar essa agenda. Aqui e ali já leio colunistas a vender com suas “ideias” que são do partido.

Até porque a campanha está na rua petista. O partido emitiu uma circular a seus filiados em que deixa claro que a prioridade é, sim, a Constituinte exclusiva — aquela mesma que a coordenação de Dilma tirou do programa para não assustar. O texto tem dois links que remetem para as orientações para os diretórios estaduais e para as redes sociais. Vejam:

A circular

comunicado do PT 1

Orientação para os diretórios:

Comunicado do PT 2

Orientação para as redes sociais:

comunicado do PT 3

Quanto à  tal “regulação da mídia”, que fique claro: todos os documentos oficiais do PT consideram essa uma pauta prioritária. O fato de o tema eventualmente não ser incluído no programa que Dilma vai entregar ao TSE não quer dizer absolutamente nada! De resto, constate-se: o partido decidiu fazer uma lista negra de jornalistas, como é sabido, e seus respectivos nomes costumam frequentar as conversas de alguns ministros do governo Dilma, inconformados com a liberdade de imprensa. Assim, não é verdade que o único controle admitido pela Soberana seja o remoto. Também vale a intimidação.

Para encerrar, destaco: não tenho a boa-vontade de alguns com o dito espírito democrático de Dilma. O Decreto 8.243 deixa claro como ele cede facilmente a tentações. Ademais, no que que concerne à reforma política, o seu programa de governo vai falar em plebiscitos — que podem ser uma boa forma de inflamar a sociedade com apelos demagógicos. Para começo de conversa e para encerrar este artigo, temas dessa natureza sempre vêm a público quando os governos esgotam o seu repertório e já não têm mais como engabelar a sociedade.

Rumos adequados à política externa brasileira na próxima década - Paulo Roberto de Almeida

Uma recompilação das publicações feitas em torno deste texto:

“Rumos adequados à política externa brasileira na próxima década” 
Portland, Maine, 31 Maio 2014, 7 p. 
Texto originalmente preparado a convite do 19° Encontro Nacional de Estudantes de Relações Internacionais (ENERI, 4-7 de junho de 2014, Balneário Camboriú, SC, organizado pela Universidade do Vale do Itajaí.
 Publicado nas colunas de Dom Total (12/06/2014; 
link: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=4276). 

Revisto inteiramente em Hartford (19/06/2014), com novo título:
Política externa brasileira, presente e futura: o que andou errado, o que se deveria corrigir?”
publicada, sob o título de “Política externa brasileira, presente e futura”, 
em 20/06/2014 no blog Amálgama
(link: http://www.amalgama.blog.br/06/2014/politica-externa-brasileira-presente-e-futura/). 

Dividido em quatro partes para o site do Instituto Millenium; 
publicado sob o título Política externa brasileira, presente e futura: o que andou errado, o que se deveria corrigir?” a partir de 27/06/2014: 
1a. parte: http://www.imil.org.br/artigos/poltica-externa-brasileira-presente-futura-andou-errado-se-deveria-corrigir/
2a. parte: http://www.imil.org.br/artigos/poltica-externa-brasileira-presente-futura-andou-errado-se-deveria-corrigir-parte-ii/ 
3a. parte: http://www.imil.org.br/artigos/poltica-externa-brasileira-presente-futura-andou-errado-se-deveria-corrigir-parte-iii/ 
4a. parte: http://www.imil.org.br/artigos/poltica-externa-brasileira-presente-futura-andou-errado-se-deveria-corrigir-parte-iv/

Going to Canada, to see a beautiful country: 147 years since its creation

Amanha vou visitar o Canadá, um país tranquilo, cujo saldo de benefícios à humanidade é enorme.
Aqui uma matéria sobre o seu estado de espírito atual.
Paulo Roberto de Almeida 

147 Years Since Its Birth, It’s Still Fleur-de-Lis and Maple Leaves for Canada

Today is Canada's 147th birthday and as a present to itself, the country might finally be putting its national identity crisis to rest. Since its birth, America's northern neighbor has been grappling with a conflict between its British and French roots. The residents of its French-speaking province, Quebec, have by and large felt no great deal of affection for their English-speaking countrymen, and have several times attempted to secede. But now, on the occasion of Canada's birthday, that split appears to be healing -- at least in the minds of Quebec residents.

According to a new poll from the Association for Canadian Studies, a Montreal-based think tank, some 64 percent of Quebecois, as natives of Canada's predominantly French-speaking province are known, say they no longer feel the need to choose between allegiance to Quebec and Canada, perhaps signaling the end of Canada's cultural divide.

Quebecois separatism and nationalism have long been defining features of Canadian politics, and Tuesday's finding marks a significant milestone for a region that has often resisted being part of Canada and has agitated for independence. Canadian territory was first colonized by France in the 16th century and remained under the French colonial yoke until 1763. Ever since, New France, now called Quebec, has existed as a distinct culture within Canada. This separate identity has often clashed with the rest of Canada, with its roots as a British colony. That conflict has spawned two popular referendums for independence, in 1980 and 1995, both of which failed.

But even as residents of Quebec are feeling less of a divide between their Canadian and Quebecois loyalties, they aren't exactly rushing into Canada's embrace. When the ACS pollsters asked Quebecois how attached they feel to the rest of Canada, they found that their level of attachment has remained mostly the same over the last 10 years.

For now, Quebec has largely put its ambitions for independence on ice. In April elections, the separatist Parti Quebecois, the main political vehicle for Quebecois nationalism, lost control of the provincial government to the more federally-minded Liberal party. Many observers saw it as a sign of a newfound fondness for Canada among the province's historically antagonistic residents.

Moreover, Quebec's young people aren't hankering for independence. According to the ACS poll, 65 percent of Quebecois between the ages of 18 and 24 say they are strongly or somewhat strongly attached to Canada. This finding is in line with a June poll from ACS that found 61 percent of Quebecois were not interested in separating from Canada.

Though Quebec's independence movement isn't gaining much traction, nationalist sentiment in Quebec is being channeled toward other expressions of the province's French-inspired identity. During its time in power from 2012 to 2014 at the provincial level, the Parti Quebecois pushed projects promoting the French language and religious secularism. Though it died in the provincial legislature, Bill 14 would have mandated that Quebec's business owners advertise in French and restricted the use of English in the workplace. The Parti Quebecois also tried to promote secularism through such things as the Quebec Charter of Values, which, if approved by the legislature, would have banned public employees from wearing religious symbols, such as the Muslim veil, at work.

Despite the dissipation of Quebec's identity crisis, there is still appetite for similar legislation. Among francophone respondents, 54 percent would like to see the charter become a topic of public debate once more after it effectively died with the Liberal party's electoral win.

That public sentiment is having an impact on Quebec's Liberal government. This fall, Premier Philippe Couillard is planning to introduce a diluted version of the charter at the provincial legislature.


Eric Blair, alias George Orwell, will have a museum in his birth place: India

George Orwell museum is planned in India

Orwell was born in India and the writer's former home in Motihari will reportedly be converted into a museum.

By  

  • View Caption

George Orwell fans will finally have a museum to call their own.

Plans are under way to open the world’s first Orwell museum – not in the United States or Britain but in India, where the writer was born.

The Bihar government is working to restore the dilapidated colonial bungalow where Orwell was born in 1903 in Motihari, India, with plans to convert it into a museum dedicated to the author, Britain’s The Guardianreported.

Recommended: 10 quotes from George Orwell on his birthday

Unlike many notable writers and literati, Orwell has no museum celebrating his life and works, in spite of his significant influence on popular culture, noted the paper.

"I am delighted that my father's old house is now under restoration and will be turned into a museum, a museum which will be the only one in the world," Orwell’s son, Richard Blair, told the Guardian. "For many decades the house was allowed to decay, so it's only to be applauded that the Bihar government now sees fit to put money into the project." 

Eric Blair – known by his pen name, George Orwell – was born in the Motihari house near the border between India and Nepal. The property comprised of a three-room house, a few small cottages, and an opium warehouse. Orwell’s father, Richard Blair, worked for the Indian Civil Service supervising poppy growers, whose opium was exported to China. 

Orwell lived in India only until he was a year old; he then moved to Oxfordshire, England, with his mother, Ida Blair. He never visited his birthplace again.

Orwell settled in Britain, where he went on to write a number of books, essays, and commentaries, the most famous of which were the dystopian novel “1984” and the allegorical novel “Animal Farm.” His work is known for its critique of authoritarian and totalitarian regimes.

The museum plans are under way thanks to a campaign launched by Motihari businessman Debapriya Mookherjee, who decided to save the derelict house and convert it into a museum.

Mookherjee’s son, Bishwajeet Mookherjee, made a film, “Orwell!...But Why?” to educate Indians about Orwell.

"The people of Motihari do not realize that even if Orwell was an Englishman, he was anti-imperialist and wrote against colonial exploitation," Bishwajeet Mookherjee told the Guaridan. "I made the film to educate Biharis about Orwell, to tell them that a great writer was born in my hometown. It's only right that we should honor his memory."

Husna Haq is a Monitor correspondent.

Recommended: 10 quotes from George Orwell on his birthday

Heranca maldita dos companheiros: uma das gasolinas mais caras do mundo...

Orlando Tambosi


A Bloomberg, portal americano especializado em economia, divulgou um estudo que compara o preço da gasolina em 61 países. Mesmo sendo o 13° maior produtor de petróleo do mundo, o Brasil tem a 16ª gasolina mais cara, quando se leva em conta o poder de compra do trabalhador nas diversas nações pesquisadas.

Em primeiro lugar no ranking, com a gasolina menos acessível para a população, está o Paquistão, enquanto a Venezuela aparece em último, como o país com o valor do combustível mais acessível (porque é altamente subsidiado pelo governo). (Veja, Impávido Colosso).

Venezuela: a crise mais terrivel de sua historia - Ernesto Selman e Rafael Fornet

Não a pior das ditaduras, ou talvez sim: as anteriores eram de militares ridículos, simplesmente assassinos, reprimindo e matando os opositores políticos. A atual está submetendo todo um povo, degradando-o segundo o modelo tirânico cubano, uma ditadura assassina ordinária.
Deve ser a pior das ditaduras, sim, inclusive porque as anteriores eram apenas políticas. A atual está desmantelando a economia de todo um país.
Paulo Roberto de Almeida

Orlando Tambosi, 1/06/2014

Ernesto Selman e Rafael Fornet analisam, em texto disponível no ElCato.org, a crise econômica enfrentada pela Venezuela (sob risco de hiper-inflação). Eis o resultado da ditadura bolivariana, que o governo petista considera amiga. Reproduzo abaixo a conclusão do estudo:

Venezuela está inmersa en una crisis económica, social y política sin precedentes por políticas públicas que han producido mayor pobreza, violencia y fricciones entre distintos grupos de la sociedad. La historia demuestra que las ideologías colectivistas implementadas en sociedades humanas requieren, necesariamente, de regímenes autoritarios o totalitarios para llevarlas a la práctica. En cambio, un sistema político, económico y social fundamentado en los derechos a la vida, la libertad y las propiedades individuales, son favorables a que cada quien alcance sus sueños con alta calidad de vida.

Un orden institucional que no protege los derechos de propiedad, ejercicio del poder altamente discrecional y que otorga privilegios de unos sobre otros con altos grados de corrupción es la verdadera explotación del hombre por el hombre. La tozudez del régimen chavista bajo la sombrilla de ideologías colectivistas, el dinero que maneja y la centralización del poder político y económico no son buenos augurios para una Venezuela libre en el corto plazo.

La posibilidad de una hiperinflación no está fuera del panorama en los próximos años, dados los altos déficit fiscales financiados por el BCV, las restricciones cambiarias y los controles de precios. Esto sucedería siempre que no haya un cambio radical en las políticas públicas para promover la economía de mercado. Parecería que la radicalización del grupo en el poder seguirá profundizándose. Actualmente, se destacan militares activos y retirados ocupando los principales cargos públicos y gran parte de la cúpula de las fuerzas armadas se ha politizado, combinándose esto con la influencia del régimen cubano. Todo ello bajo una corriente ideológica denominada “Socialismo del Siglo XXI” que no es más que un disfraz para regímenes autoritarios.


La obstinación de un grupo por aferrarse al poder mediante el uso o amenaza del uso de la fuerza no es sostenible en el tiempo. Hoy existe sed de libertad en Venezuela. La historia demuestra que un orden institucional que garantiza los derechos de las personas crean el ambiente para la colaboración pacífica e intercambio voluntario ente los miembros de una sociedad. Es precisamente esa colaboración e intercambio que va creando el tejido social. Lo que requiere Venezuela es una democracia liberal con una fuerte economía de mercado, donde las personas puedan alcanzar sus propios sueños colaborando con el prójimo, siempre buscando mejor calidad de vida. Este es el reto de la actual generación en Venezuela. (Na íntegra).

Politica brasileira: a podridao moral do guia genial dos povos - Reinaldo Azevedo

Não tenho nenhum prazer, nenhuma satisfação em postar certas coisas.
Aliás, para ser mais preciso, tenho asco de certas coisas que andam por ai, que se arrastam como zumbis morais na política brasileira, seres de moral tão degradada que só a menção de seus nomes corrompe os objetivos, o estilo, os conteúdos que costumam frequentar este espaço aberto.
Mas, certas coisas devemos considerá-las como uma espécie de dever ético.
Os cidadãos de bem, nas próximas eleições, têm o dever de contribuir para melhorar a política, atirando na lata do lixo os anões fraudulentos que andam por aí.
Devemos nos esforçar para arejar a política brasileira, e isso só pode ser feito afastando os fraudadores, os mentirosos, o sem caráter, os corruptos.
Tapando o nariz, coloco esta postagem, não pelo jornalista que a escreveu, ao contrário, mas pelo objeto degradante que é tratado no texto.
Paulo Roberto de Almeida

Reinaldo Azevedo, 1/07/2014

É… O mal que Lula faz à decência política do país é algo que será, se for, mensurado a longo prazo. Espero que as futuras gerações um dia se debrucem sobre este período, em que o país viveu sob a égide dos valores lulistas. O resultado certamente será espantoso. Não, senhores! É evidente que o chefão petista não inventou a corrupção, tampouco é ela uma criação de seu partido. Mas não é menos evidente que só Lula e seu partido têm a ousadia — nesse caso, entendida como a cara de pau e a vigarice intelectual — de fazer a defesa pública de que a falha moral é uma questão menor quando está em disputa o poder. Alguém ainda poderia ponderar: “Ah, Reinaldo, assim é com todos os políticos”. Em primeiro lugar, não é verdade. Em segundo, mas não menos importante, é preciso considerar que a defesa pública da lambança corresponde a um mal adicional, além do malfeito original. O crime contra o dinheiro público é coisa de gente deseducada para a democracia. A defesa pública do crime deseduca as gerações futuras. O crime, em si, é coisa de ladrões; a defesa do crime cria novos ladrões. O crime, em si, é um mal temporário; a defesa do crime é um mal permanente; o crime, em si, pode desafiar uma cultura da correção; a defesa do crime cria a cultura da corrupção do caráter.
E é nesse preciso sentido que Lula é um professor perverso, que continuará a procriar, para lembrar Fernando Pessoa, muito além do seu e dos nossos respectivos cadáveres. Por que isso? Lula foi ao Pará lançar a candidatura de Helder Barbalho (PMDB) ao governo do Estado. O vice é Paulo Rocha, do PT. Então vamos ver. Helder é filho do notório senador Jader Barbalho (PMDB), que, em 2002, chegou a ser preso pela Polícia Federal, junto com outras dez pessoas, todas acusadas de envolvimento no escândalo da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). No dia 4 de outubro do ano anterior, tinha renunciado ao mandato de senador, não resistindo a uma chuva de acusações, como desvio de recursos do Banpará e emissão fraudulenta de Títulos da Dívida Agrária. Há três semanas, Dilma chamou o senador de seu “querido”.
E Paulo Rocha? Também renunciou ao mandato de deputado federal em 2005 em razão do escândalo do mensalão. Uma assessora sua sacou R$ 620 mil de uma das contas de Marcos Valério. Ele justificou que o objetivo era pagar dívidas do PT do Pará, arrancou um empate no julgamento do Supremo e acabou absolvido da acusação de lavagem de dinheiro. Mas o saque houve. Dada a moral típica do petismo, ele admitiu que tudo não passou de caixa dois, como se isso fosse legal. Agora voltemos a Lula.
O homem foi ao Pará lançar a dupla intrépida ao governo. Poderia ter se calado sobre o pai de Helder, por exemplo, seguindo a máxima de que as penas pelos crimes do pai não podem recair sobre o filho — é um princípio do direito romano. Isso na hipótese, claro!, de Helder não ser um herdeiro também não virtuoso de Jader. Mas aí Lula não seria Lula. Sabem o que ele disse? Isto: “Helder, você tem de dizer que é filho do Jader com muito orgulho; Paulo, você tem de ir para esta eleição com a cabeça erguida”.
Entenderam? Lula vive a demonizar país afora um político como FHC. Alguém se lembra de alguma acusação moral contra o ex-presidente? Em São Paulo, promove as alianças as mais exóticas e improváveis contra Geraldo Alckmin. Alguém se lembra de alguma acusação moral contra o governador? No Pará, no entanto, ele pede que Helder se orgulhe de o pai ter sido preso pela PF e de ter renunciado ao mandato. E convida o petista Rocha a andar de cabeça erguida, apesar daqueles R$ 620 mil… Afinal, eram só caixa dois, certo?

Sim, é claro que é legítimo que Lula se oponha a tucanos e a outros que disputam com ele o poder. Asqueroso é o convite que ele faz para que seus aliados defendam as lambanças como se fossem virtudes.