Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
Politica externa: movimentos de esquerda determinam o que deve ser feito?
A diplomacia ficou refém de grupelhos esquerdistas?
Não é propriamente uma novidade, mas parece que ficou mais explícito...
Já é estranho que a concessão, ou não, de um agrément esteja sendo discutida em público, quando deveria ser um assunto reservado, totalmente confidencial. Trata-se de uma infração às normas mais elementares das relações diplomáticas.
Que se discuta em público, com movimentos sociais, se se vai conceder ou não, já um absurdo completo. O Brasil já não é mais o que era.
Paulo Roberto de Almeida
Left-wing Activists Ask Brazil Not to Accept Settler Leader's Ambassadorship
Barak Ravid, Haaretz Correspondent
Haaretz, September 21, 2015
Agreeing to Dani Dayan's appointment would be tantamount to legitimizing settlement enterprise, delegation including three former Israeli ambassadors tell Brazilian government.
A group of left-wing activists, including three former Israeli ambassadors, have asked the Brazilian government not to approve the appointment of Dani Dayan as envoy to Brazil. Dayan is a former chairman of the Council of Jewish Communities in Judea and Samaria.
In a meeting two weeks ago with the Brazilian ambassadors to Israel and the Palestinian Authority, the activists said that agreeing to Dayan’s appointment would be tantamount to legitimizing the settlement enterprise.
Those conducting this campaign belong to the diplomatic committee of the Peace NGO Forum, an organization that coordinates activities between Israeli and Palestinian NGOs that support a two-state solution. The forum is headed by former Meretz MK Mossi Raz.
The three senior diplomats lobbying against Dayan are former Foreign Ministry director-general Alon Liel, who is also a former ambassador to South Africa and was responsible for the Israeli Embassy in Turkey; former ambassador to South Africa Ilan Baruch, and former ambassador to France Eli Bar-Navi. They, together with Raz and former Meretz city councilman Meir Margalit, met with the Brazilian ambassadors shortly after Dayan’s appointment was approved by the cabinet.
Deputy Foreign Minister Tzipi Hotovely said late on Sunday that "Dani Dayan is the right man at this time to represent Israel in Brazil." Dayan's ideological beliefs, she said, are an advantage "when he comes as representative the policy of the government, which supports our right to settle Judea and Samaria (the West Bank)."
Under diplomatic protocol, a country interested in naming someone ambassador in another country must formally request that state’s written agreement to the appointment. If the country where the ambassador is to be posted does not issue a written agreement, the appointment cannot go through.
Liel told Haaretz that the group told the Brazilian ambassadors that Dayan, who lives in Ma’aleh Shomron is a settler who is ideologically committed to a policy that Brazil defines as illegal under international law. He added that the group related that Dayan opposes the two-state solution and that agreeing to his appointment would send a very negative message to all Palestinians and Israelis who support that solution, and would be a victory for those who support a binational state.
“We told them that Dayan is the foreign minister of the settlements,” Liel said.
Liel said that the Brazilian ambassador in Tel Aviv told the group that he would pass on their message to his foreign ministry in Brasilia, where Dayan’s appointment is currently being discussed. In addition to conveying the message through diplomatic channels, Liel said that he and the other two ambassadors are publishing an article this week against Dayan’s appointment in a large Brazilian newspaper.
Since Dayan’s posting was announced, groups in Brazil have also been working to scuttle the appointment. A group of pro-Palestinian activists have started to circulate a petition to the government asking not to accept Dayan as ambassador, and several Brazilian members of parliament are exerting pressure on President Dilma Rousseff to do the same.
At first Israel’s Foreign Ministry believed that Rousseff and the Brazilian Foreign Ministry would not yield to the pressure, but in recent weeks there have been signals suggesting concern from Brazil regarding Dayan’s appointment. Neither the Foreign Ministry nor the Prime Minister’s Office would comment for this report.
Lula vai processar o historiador Marco Antonio Villa: vamos apoia-lo emsua luta contra o chefe da quadrilha
Venezuela: um espanhol acusa a tirania sobre a qual silenciam os dirigentes latino-americanos
La Venezuela chavista “es peor” que era de Pinochet
El socialdemócrata Felipe González, respetado exjefe del Gobierno español, afirmó ayer, a propósito de la condena al opositor venezolano Leopoldo López, que en el Chile del dictador Augusto Pinochet se respetaban más los derechos humanos que en la Venezuela actual, sometida al gobierno chavista “arbitrario y tiránico”, como lo definió.
AFP, EFE, ABC Color (Paraguai), 20/09/2015
Durante una comparecencia pública junto a la esposa de López, Lilian Tintori, de visita en Madrid, el exmandatario socialista (1982-1996) recordó un viaje suyo a las cárceles de Chile durante el último régimen militar (1973-1990), y lo comparó con la Venezuela del presidente Nicolás Maduro.
“Visité a dos condenados por la dictadura, que salieron después, en pleno estado de sitio en Chile. Pues el estado de sitio del Chile de Pinochet respetaba más los derechos humanos que el ‘paraíso de paz y prosperidad’ de Maduro”, sentenció González.
El político español señaló que el Gobierno de Venezuela no ha dado garantías de que se vayan a celebrar las elecciones legislativas previstas para el próximo 6 de diciembre.
El expresidente español defendió que Leopoldo López no ha cometido ningún delito, que su juicio fue una burla a todas las garantías legales y que el de Maduro es “un régimen arbitrario y tiránico” que está “traicionando” a la democracia.
González, que participó en una rueda de prensa en Madrid junto a la esposa del opositor venezolano, Lilian Tintori, denunció el “escarnio” que suponen las palabras del presidente del Congreso venezolano, el chavista Diosdado Cabello, al considerar a López responsable de las muertes “que ellos mataron”.
González hizo referencia a las 43 personas que fallecieron en la manifestación del febrero de 2014 tras la que fue detenido y por lo que ha sido condenado a casi catorce años.
Denunció que en Venezuela hay una “justicia eventual, a la orden de los dirigentes” (políticos), y que el juicio a López se hizo sin tener en consideración las pruebas de la defensa, además de impedir la entrada a la sala pese a ser una vista pública.
Por su parte, la esposa de López contó que su marido está aislado desde hace cinco meses en un edificio carcelario de 30 celdas, donde solo él ocupa una. El habitáculo mide dos metros por dos y recibe continuamente “tratos inhumanos”, afirmó Tintori.
El político español destacó la importancia que tienen las elecciones del 6 de diciembre, pero expresó sus temores por las consecuencias del estado de excepción declarado en tres estados venezolanos fronterizos.
González achacó esa medida a la necesidad que tiene el Gobierno de Nicolás Maduro de buscar un enemigo exterior ante su mala posición política interna.
Destacó además la circunstancia de que es una región en la que los chavistas no tienen mayoría, pero insistió en que el objetivo es “preservar que haya elecciones” y que sean “limpias”.
Brasil: um noticiario deprimente - boletim de Polibio Braga
Morte, chantagem e propinas envolvem PT, Bumlai, Banco Shahin e Petrobrás no caso Celso Daniel
Posted: 20 Sep 2015 05:14 PM PDT
Tito Costa, ex-prefeito de São Bernardo - Carta aberta a Lula Posted: 20 Sep 2015 03:51 PM PDT Seu ex-amigo, companheiro e protetor, conta a breve trajetória traiçoeira de um farsante e mentiroso patológico. - Meu caro Lula, permito-me escrever-lhe publicamente diante da impossibilidade de nos falarmos em pessoa, com a franqueza dos tempos de nossos seguidos contatos –você na presidência do Sindicato dos Metalúrgicos e eu prefeito de São Bernardo do Campo. | ||||||
O grupo Shain pegou contrato de US$ 1,6 bilhão para pagar as contas de 2006 da campanha de Lula, PT Posted: 20 Sep 2015 11:26 AM PDT Até agora poupado no Lava Jato, Gabrielli aparece como protagonista no negócio sujo de US% 1,6 bilhão com a Shahin. - Saiu tudo sem licitação. A ordem foi de Lula, dada diretamente ao presidente Sérgio Gabrielli. "Veio um pedido do homem lá de cima", disse Gabrielli ao repassar a ordem. O PT devia R$ 60 milhoes para o banco Shahin, o mesmo da construtora, não tinha como pagar e usou o testa de ferro... | ||||||
Dr. Charles foi quem acertou o recebimento de R$ 2 milhões de dinheiro sujo para campanha de Dilma Posted: 20 Sep 2015 11:12 AM PDT No depoimento que prestou aos procuradores do MPF como prévia da delação que fechará na Operação Lava Jato, o lobista Fernando Baiano introduziu alguns nomes que até agora não tinham sido citados. A grande novidade é o surgimento do braço direito do coordenador geral da primeira campanha de Dilma, Antonio Palocci: Dr. Charles (veja foto e chamada para a reportagem de hoje de Veja).
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domingo, 20 de setembro de 2015
O Diplomatizzando vai hibernar (temporariamente): aviso aos leitores e navegantes
(na verdade, um quilombo da razão, mas solitário, individual, sem recursos)
Mais ou menos isso, ou não exatamente isso. Esta pequena aldeia de resistência aos invasores -- sim, considero os alienígenas do sistema político brasileiro que atualmente ocupam o poder como um punhado de invasores bárbaros de nossa institucionalidade, como os hunos e vândalos de outras épocas -- se vê obrigada a diminuir seu ritmo pelas razões que exponho abaixo.
Em respeito ao (aparentemente) grande número de "membros" (assim diz a coluna da direita) deste blog Diplomatizzando (mas não acredito que todos eles sejam leitores constantes) e às 728 pessoas (e organizações?, não sei, talvez o FSB, a CIA e o Mossad também) que me mantêm em seus "círculos" (como o Google+ designa essas vinculações unilaterais e aleatórias), gostaria de registrar, antecipadamente, que este distinto blog, que se mantém impávido desde meados de 2006 aproximadamente (mas ele teve várias encarnações anteriores, desde 2004 pelo menos, como registro na mesma coluna da direita, e nada a ver com orientações ideológicas, e sim com a organização do blog), gostaria de registrar, dizia eu, e de anunciar previamente que, tchan, tchan, tchan...
o Diplomatizzando vai hibernar por uns tempos...
Pois é, a despeito do seu relativo sucesso, com quase 4 milhões de acessos ao longo do período, como revelado nas estatísticas abaixo,
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o que significa mais ou menos, 35 mil acessos por mês, ou mais de mil acessos por dia (mas temos de descontar todos os acessos automáticos, e compulsórios, dos instrumentos de busca, e dos ditos serviços de informação, FSB, CIA, Mossad, e outros, que também são filhos de Deus e fazem o seu trabalho direitinho, menos a ABIN, que deveria ser fechada, por inoperante, ineficaz e castrada), e entendo que esse sucesso relativo se deva à variedade de matérias aqui postadas, como se pode também depreender da amostra abaixo (de várias épocas, embora a maior parte recente):
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Sep 16, 2015,
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218
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Sep 15, 2015,
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Sep 19, 2015,
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Sep 13, 2015,
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83
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Mar 28, 2012,
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79
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Nov 20, 2011,
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77
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Sep 13, 2015,
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75
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May 24, 2012,
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74
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Sep 13, 2015,
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72
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Sep 13, 2015,
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69
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Ou seja, nenhum, a rigor, tem a ver com o outro, cada um se destina a um público diferente, e não há especialização nas postagens, a não ser uma, ou duas: a matéria precisa trazer algo de relevante, ou seja, o que está no debate público no momento, e representar um ponto de vista inteligente. Mesmo quando eu coloco uma matéria estúpida -- e tem muito disso também -- a intenção é a de manter um debate inteligente sobre problemas reais da nossa época e do nosso país (o mundo entra de rabeira).
Mas, a despeito de uma interação razoável com o público leitor -- o que constato pelas mensagens enviadas e pelas retransmissões via Google+, além de muitos acessos não identificados -- eu vou ter de diminuir o ritmo de postagens, e isto por uma razão muito simples: preciso parar de ficar no computador para começar a arrumar a imensa bagunça em que estão meus livros, papéis e outros objetos, num escritório em que nem mais entro, pois tem livro espalhado por todo canto. Vou ter de começar a arrumar todo esse caos, para preparar a mudança, em mais ou menos um mês, e a volta ao Brasil, e tudo isso vai exigir um triste e infeliz afastamento dos meios de comunicação e de informação.
Digo isto tendo consciência de minha própria relutância em deixar de lado, ainda que temporariamente, o que eu próprio chamei de "quilombo de resistência intelectual" ao que considero ser um verdadeiro afundamento do Brasil pelos companheiros mafiosos, uma obra de Grande Destruição que não encontra paralelos em nossa história. Tivemos vários presidentes incompetentes em nossa história -- e Goulart certamente foi um deles, e acredito que ele caiu mais por ser um completo inepto do que por "comunista" ou amigo de esquerdistas -- e alguns francamente fraudulentos -- o que foi objeto de impeachment certamente se enquadra -- mas não me lembro de nenhum empreendimento tão vasto de destruição do país por uma organização criminosa.
Vou continuar minha obra de denúncia, de esclarecimento, de debate público, mas a um ritmo diminuído a partir de agora.
Nunca deixarei de expor o que penso e o que sinto a respeito dos problemas do país, à margem e independentemente de quaisquer outras conveniências funcionais, burocráticas ou administrativas. Posso ser qualquer coisa no mundo profissional, mas como cidadão ninguém conseguirá me fazer deixar de pensar e de expressar o que penso, e o que tenho a dizer sobre essas questões.
Esta é a função deste espaço de liberdade, de informação e de reflexão (em qualquer ordem que se queira arrumar essas noções), e esta é a minha intenção intelectual, um pequeno espaço sem grande importância na vastidão dos meios de informação e de comunicação, mas que cumpre o seu papel: ser o vetor de resistência ao empreendimento bárbaro a que estamos submetidos temporariamente.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 20 de setembro de 2015
A nave dos naufragos aumenta, assim como a solidao dos ladroes - Tito Costa
Devia ser mais explícito: devia dizer que o companheiro sancionou o maior roubo já ocorrido na história do Brasil, e um dos maiores do mundo, que o companheiro é um chefe de quadrilha e o principal animador de uma organização criminosa.
Simples assim, e assino embaixo.
Paulo Roberto de Almeida
"Meu amigo Lula, você perdeu a oportunidade..."
TITO COSTA
Folha de São Paulo, 20/09/2015
Carta aberta a Lula
Meu amigo Lula, você perdeu a oportunidade de se tornar o verdadeiro líder de um país ainda em busca de um caminho de prosperidade
Meu caro Lula, permito-me escrever-lhe publicamente diante da impossibilidade de nos falarmos em pessoa, com a franqueza dos tempos de nossos seguidos contatos –você na presidência do Sindicato dos Metalúrgicos e eu prefeito de São Bernardo do Campo.
Não vou falar das greves que ocorreram de 1979 a 1981, que projetaram seu nome no Brasil e no exterior. Não quero lembrar os dias angustiantes da intervenção no sindicato pelo ministro do Trabalho, em março de 1979, e da violência que se seguiu com prisões, processos e a sua detenção pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social).
Todos esses fatos sempre foram acompanhados por mim juntamente ao senador Teotônio Vilela, a Ulysses Guimarães e a numerosos políticos do então MDB.
Na véspera da intervenção no sindicato, você ligou ao meu gabinete me pedindo ajuda para retirar estoques de alimentos ali guardados. Enviei caminhões da prefeitura para retirá-los, e o material foi depositado na igreja matriz da cidade.
Não falo das reuniões, madrugadas adentro, em meu apartamento em São Bernardo, com figuras expressivas do mundo político e também de outras esferas, como dom Cláudio Hummes, nosso amigo, então bispo de Santo André, hoje pessoa de confiança do papa Francisco, em Roma. Éramos todos preocupados com a sua sorte, a do sindicato e também a das nossas instituições em pleno regime militar.
Prefiro não falar dos dias em que o acolhi em minha chácara na pequena cidade de Torrinha, no interior de São Paulo, acobertando-o de perseguições do poder militar da época: você, Marisa, os filhos pequenos, vivendo horas de aflição e preocupantes expectativas.
Nem quero me lembrar das assembleias do sindicato, depois da intervenção no estádio de Vila Euclides, cedido pela Prefeitura de São Bernardo, fornecendo os aparatos possíveis de segurança.
Eram os primórdios de uma carreira vitoriosa como líder operário que chegou à Presidência da República por um partido político que prometia seriedade no manejo da coisa pública e logo decepcionou a todos pelos desvios de comportamento e por abusos na condução da máquina administrativa do Estado.
E aqui começa o seu desvio de uma carreira política que poderia tê-lo consagrado como autêntico líder para um país ainda em busca de desenvolvimento. Você deixou escapar das mãos a oportunidade histórica de liderar a implantação de urgentes mudanças estruturais na máquina do poder público.
Como bem lembrou Frei Betto, seu amigo e colaborador, você, liderando o Partido dos Trabalhadores, abandonou um projeto de Brasil para dedicar-se tão somente a um ambicioso e impatriótico projeto de poder, acomodando-se aos vícios da política tradicional.
Assim, seu partido –em seus alargados anos de governo, com indissimulada arrogância– optou por embrenhar-se na busca incessante, impatriótica e irresponsável do aparelhamento do Estado em favor de sua causa, que não é a do país.
Enganou-se você com a pretensão equivocada de implantar uma era de bonança artificial pela via perversa do paternalismo e do consumismo em favor das classes menos favorecidas, levando-as ao engano do qual agora se apercebem com natural desapontamento.
Por isso, meu caro Lula, segundo penso, você perdeu a oportunidade histórica de se tornar o verdadeiro líder de um país que ainda busca um caminho de prosperidade, igualdade e solidariedade para todos. Alguma coisa que poderia beirar a utopia, mas perfeitamente factível pelo poder político que você e seu partido detiveram por largo tempo.
Agora, perdido o ensejo de sua consagração como grande liderança de nossa história republicana recente, o operário-estadista, resta à população brasileira o desconsolo de esperar por uma era de dificuldades e incertezas.
Seu amigo, Tito Costa.
ANTONIO TITO COSTA, 92, advogado, foi prefeito de São Bernardo do Campo (1977-1983) pelo MDB/PMDB, quando teve atuação destacada nas greves de metalúrgicos no ABC paulista, durante os movimentos de oposição à ditadura militar. Foi também deputado federal constituinte (1987-1988)
A Grande Fraude dos Artigos "Cientificos" publicados por dinheiro em revistas "cientificas
Transcrevo aqui a primeira mensagem enviada por esse professor:
"Trabalho como professor há 30 anos na Uxxx. Constatei que todas as instituições de pesquisa do Brasil estão publicando em revistas de editoras pseudo-científicas do tipo pagou-publicou. Voce abordou o problema em um dos seus posts sobre a Science Publishing Group (os fraudadores científicos). O Qualis da CAPES tem centenas (talvez milhares) de revistas desse tipo. O jornalista Mauricio Tuffani, que tem um BLOG na FOLHA apontou esse problema. Ninguém tomou qualquer providência. Procure no website da Science Publishing Group e encontrará vários artigos de autoria de professores da Uxxx e Uxxx, inclusive professores \"titulares\"."
Esse problema, grave sob qualquer ponto de vista, é o da publicação, por dinheiro ou mediante complacência mútua, de artigos não revisados (ou seja, isentos do julgamento por pares, desde que isso também seja feito seriamente) em veículos existentes de suposta divulgação científica ou, no sentido amplo, acadêmica.
Não tenho tempo, no momento, de escrever a respeito, mas me permito postar aqui as "evidências dos crimes", simples matérias de imprensa sobre repetidos casos nessa área. Não tive tempo de examinar cada um dos links, mas esta postagem é apenas um repositório, ou arquivo temporário, de fontes (primárias ou não, não importa no momento) que podem servir para continuar o debate nesse tema.
Eu mesmo já experimentei o fenômeno de diversas maneiras.
Primeiro, como examinador de artigos, ao receber material sem qualquer qualificação, e que tenho de recusar (mas alguns passam pelo meu moedor de carne e são publicados, a despeito de minha opinião negativa, sinal de que existem outros complacentes, que não leram, ou que simplesmente são coniventes com alguém que eventualmente conheçam).
Em segundo lugar, e ligado a este último fenômeno, a disseminação de veículos de faculdades, sobretudo na minha área, que "precisam" publicar artigos, para obterem, cursos e professores, e o próprio veículo, as famosas pontuações das organizações de fomento, basicamente Capes e CNPq. Acredito que em outros países isso também possa existir, mas não sei com que extensão.
Em terceiro lugar, tive a confirmação, menos de três anos atrás, ao participar de um congresso de história econômica. Na mesma noite de minha apresentação, ou um dia depois, recebi um email de uma "revista científica" pedindo para que eu publicasse minha apresentação naquela revista. Minha primeira reação foi de agradável surpresa: talvez um dos professores presentes, ali estivesse e achou que meu trabalho tinha mérito e queria publicar. Depois fui verificar o tal "veículo", e se tratava de uma arapuca: ou seja, eles garantiam o exame por pares e a publicação, desde que eu "contribuísse" com o empreendimento, ou seja, pagando, eles publicariam qualquer coisa. Imediatamente recuseim obviamente, e o artigo permaneceu inédito por mais dois anos, até ser acolhido por uma outra instituição que realmente o submeteu a exame dos pares, tendo de ser ajustado em diversos pontos formais e substantivos.
Sempre considerei que se tratasse de um problema dos meios acadêmicos da área de Humanidades, onde a ideologia e a "masturbação sociológica" (copyright Sérgio Mota) campeiam e imperam à solta, e com avassaladora extensão.
Mas parece que nos meios das hard sciences também prevalece a prática.
Recentemente li um artigo criticando a produção científica brasileira, justamente crescente, em quantidade, mas de qualidade abaixo do aceitável.
Enfim, não vou me estender agora sobre o problema, mas quero deixar registro das matérias abaixo, para informação dos incautos e eventual investigação dos jornalistas e dos colegas acadêmicos que prezam a qualidade do trabalho que fazem.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 20 de setembro de 2015
Brasil, republica dos ratos? - Gerhard Erich Boehme
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A Grande Destruicao petista, ou Vade Retro - Ruy Fabiano
Ruy Fabiano
O Globo, 19/09/2015
O PT é uma empresa de demolição – a melhor que o país já conheceu - a quem se incumbiu a tarefa de edificar. O resultado não poderia ser outro: a desconstrução do país. E não apenas na economia, mas em todos os demais campos da cena pública.
Diante dos destroços, com o pedido de impeachment já na Câmara, prepara-se para fazer o que sempre soube: demolição – isto é, oposição. A base petista não quer a saída de Dilma, mas condena o que ela vê como tábua de salvação: seu pacote fiscal.
Põe em cena, então, um modo singular de apoio: a favor do governo e contra seus projetos; a favor do moribundo, mas contra a medicação. No que isso vai dar, não se sabe, mas se imagina. Mais destruição. O presidente da CUT, Vagner Freitas, prometeu pegar em armas contra os que querem a saída da presidente, mas usou de igual veemência para condenar as armas que ela própria concebeu para livrar-se do impedimento, o pacote fiscal.
Cabe aí o chavão: com aliados assim, pra quê oposição? Lula et caterva sustentam que é possível continuar a crescer, manter benefícios, crédito e consumo a rodo, sem submeter a economia a remédios amargos. Não explicam como, até porque não sabem – e até porque não há como.
Mas são detalhes. Importa manter a massa inflamada, supondo que algum vilão a quer surrupiar. As elites, claro.
O partido se especializou em propaganda enganosa. Com ela, e subsidiado com propinas extorquidas da Petrobras, venceu as eleições, mas não entregou a mercadoria. Nem entregará.
Considera, mesmo assim, que o partido e sua eleita são detentores de um mandato intocável, não obstante as previsões legais e constitucionais para situações como essa.
O país está economicamente arruinado. Ainda que o pacote de Joaquim Levy fosse um achado genial – e, óbvio, não é -, não teria o governo meios de implementá-lo, por não dispor de credibilidade. Sem ela, nada feito. Economia não é ciência exata; tem forte e decisivo conteúdo psicossocial.
Se hoje Dilma dispusesse de outro Plano Real – ou de um ainda melhor -, fracassaria. Ninguém o levaria a sério. A credibilidade do governante e de seu entorno é fundamental. As pesquisas mostram que algo em torno de 7% é o que restou à presidente de apoio na sociedade. Menos que a taxa de inflação.
Se tivesse juízo, pediria o boné e voltaria para casa. Mas não tem – e isso é um dos componentes da tragédia. A presidente, no desespero de sua aridez mental, topa tudo, até a estatização do jogo do bicho e da roleta. “Não descarto nenhuma fonte de receita”, avisou semana passada. Até cobrança de IPTU para as sepulturas está em curso – parece piada, mas não é. Demolições S.A.
Antes de sair, há ainda alguns estragos à vista. A OAB, a CUT de gravata, conseguiu emplacar no STF a proibição de doações eleitorais por parte das empresas. O PT, como lembrou o ministro Gilmar Mendes, não tem com o que se preocupar: já tem doações suficientes para muitas eleições, como o demonstra o Petrolão.
O aparelhamento das instituições é de tal ordem que, antes das votações – não só no STF, mas no STJ, TCU e TSE -, a imprensa ocupa-se, com a maior naturalidade, em antecipar os resultados: tantos ministros votam com o PT, tantos são independentes. Costuma funcionar.
Poucos se deram conta da gravidade das palavras do ministro Gilmar Mendes, ao acusar o PT de ganhar as eleições com dinheiro público roubado. Do lado avesso de suas argumentações, o ministro Marco Aurélio Mello considerou ilegítimo receber dinheiro de empresas privadas, ainda que declarado. Ou seja, considerou todo o espectro político derivado das urnas ilegítimo, já que assim funcionaram as eleições passadas – e as que as precederam.
Nem tudo é como parece. A proibição soa como medida moralista, cuja ausência teria gerado a corrupção em curso. Mas não é. A proibição não suprirá a necessidade de as eleições serem financiadas, sobretudo num país-continente. O dinheiro virá agora do caixa dois e do Estado. Como este está vazio, resta o dinheiro clandestino. O STF legalizou o caixa dois – exceto, talvez, para o PT, que está abastecido para umas dez campanhas.
Tudo o que se sabe até aqui circunscreve-se à Petrobras e a uma pontinha da Eletrobras. Mas há bem mais: BNDES, Caixa Econômica, Banco do Brasil, fundos de pensão etc. Onde haja um cofre, há um arrombamento. Dos generosos empréstimos externos do BNDES, quanto retorna como caixa dois ao PT para os embates eleitorais futuros? Não se sabe. Ainda.
Ao final de 13 anos do PT, legenda de número 13, seu espólio está sendo julgado na 13ª vara federal de Curitiba, enquanto na Câmara dos Deputados 13 pedidos de impeachment foram reunidos em um só para dar início à reconstrução do país.
É uma numerologia macabra, em que o 13, mais que nunca, consolida sua reputação mítica de número do azar. Vade retro!
Por Ruy Fabiano, jornalista