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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 18 de setembro de 2016

Academia.edu, Analytics: relatorio do acessos a trabalhos Paulo Roberto de Almeida (2015-2016)

Analytics Academia.edu

 Your Impact from September 01, 2015 to August 31, 2016 - 12 months

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Atencao candidatos a prefeito: relatorios de gestao de Graciliano Ramos em Palmeira dos Indios (1929)

Nem preciso comentar:

O prefeito Graciliano Ramos e seus relatórios de gestão
Marcus Lopes
(atualizado 15/Set 14h34)

Um comerciante que é eleito com velhas práticas, adota políticas administrativas inovadoras, chama a atenção pela qualidade literária de suas prestações de contas e acaba desistindo do cargo. Se tornaria, tempos depois, um dos maiores escritores brasileiros

O Brasil realiza eleições municipais neste 2016, quando a população vai escolher novos prefeitos e vereadores em 5.570 cidades. Por ocasião da disputa, o Nexo resgata a história abaixo. Seu personagem principal reúne alguns elementos inusitados: um comerciante que é eleito com velhas práticas, adota políticas administrativas inovadoras, chama a atenção pela qualidade literária de seus relatórios de gestão e acaba desistindo do cargo. Se tornaria, tempos depois, um dos maiores escritores brasileiros.

Um candidato em meio a um banho de sangue#
Em outubro de 1927, a população da pequena Palmeira dos Índios, em Alagoas, elegeu um prefeito sem muito jeito para a coisa, que não participou da própria campanha nem fazia questão de ganhar. Mas ganhou e fez bonito na administração pública. Tempos depois ganharia projeção nacional não como político, mas como escritor. Seu nome era Graciliano Ramos.

Candidato único, um dos mais célebres nomes da literatura brasileira foi eleito prefeito de Palmeira dos Índios pelo extinto Partido Democrata. Sua gestão ficou conhecida pelas realizações na pequena cidade do agreste alagoano e, principalmente, pelo zelo com o dinheiro público. Conhecido pela sisudez, sua candidatura foi resultado de uma articulação política envolvendo os chefes locais.

Foto: Acervo Graciliano Ramos/Reprodução do livro Mestre Graciliano
Graciliano Ramos (direita) em um grupo de amigos nos tempos em que morava em Palmeira dos Índios

Palmeira vivia um período atribulado: o prefeito anterior, Lauro de Almeida Lima, fora assassinado a tiros um ano antes, após desentender-se com um fiscal de tributos. Este, por sua vez, foi fuzilado em seguida pelo delegado de polícia local. O banho de sangue traumatizou a população da cidade.

O vice-prefeito Manuel Sampaio Luz cumpriu o resto do mandato e, com a proximidade das eleições, os políticos começaram a se articular para escolher o sucessor e tentar dissipar o clima sombrio. Naquele ambiente típico da República Velha, os partidos interferiam pouco nas eleições locais, o que valia mesmo era o peso da botina dos caciques políticos, geralmente fazendeiros poderosos. Em Palmeira dos Índios, a cena política havia quatro décadas era dominada pela família Cavalcanti, aliados do governador alagoano Costa Rego, todos eles do Partido Democrata.

Após uma rodada de negociações, a cúpula se fixou no nome de Graciliano, um respeitado comerciante local que beirava os 35 anos, com fama de honesto, culto, austero e, principalmente, amigo dos caciques do partido. Aliado ao bom trânsito político, havia sido bem sucedido como presidente da Junta Escolar na gestão anterior, uma espécie de secretário municipal da educação. Chamado para uma reunião, Graciliano reagiu ao tomar conhecimento do projeto de torná-lo prefeito:

“Só se Palmeira do Índios estivesse com urucubaca.”
Após muita resistência, topou o desafio, movido mais pelos brios do que pela sede de poder. Os Cavalcanti, como bons coronéis, cuidaram para que tudo desse certo de acordo com o jeito de fazer eleição na época, conforme atestou o próprio prefeito eleito:

“Assassinaram meu antecessor. Escolheram-me por acaso. Fui eleito naquele velho sistema de atas falsas, os defuntos votando.”
A eleição ocorreu com velhas práticas. A administração de Graciliano, porém, inovou. Ao assumir, em janeiro de 1928, o novo prefeito cortou gastos, elaborou projetos, abriu estradas, construiu escolas, cuidou da limpeza pública e vetou apadrinhamentos políticos.

Enfrentou o trabalho com punho forte, mas não escondeu um certo desânimo diante do caos administrativo encontrado na prefeitura pouco tempo depois de assumir o cargo, conforme escreveu em carta à futura esposa, Heloísa, que nessa época ainda morava em Maceió:

“Para os cargos de administração municipal escolhem de preferência os imbecis e os gatunos.  Eu, que não sou gatuno, que tenho na cabeça uns parafusos de menos, mas não sou imbecil, não dou para o ofício e qualquer dia renuncio.”
Não renunciou naquele momento. E levou adiante seus projetos. Criou um Código de Postura Municipal, em agosto de 1928, que estabelecia uma série de normas dos cidadãos para dar fim à sujeira e aos caos urbano. Com 82 artigos, quase tudo era proibido: mendigar, vender remédio sem receita, jogar lixo em terrenos, deixar animais soltos nas ruas etc. Numa dessas, multou o próprio pai, Sebastião Ramos, que costumava criar porcos e cabras soltos em via pública. Ao reclamar, o filho foi direto:

“Prefeito não tem pai. Eu posso pagar a sua multa. Mas terei de apreender seus animais toda vez que o senhor os deixar na rua.”
É claro que as medidas moralizadoras desagradaram a muitos cidadãos, em especial os das classes mais altas. O prefeito descontentava os poderosos, inclusive os correligionários, mas a arraia miúda o adorava, pois colocou fim aos privilégios. Além de obras como a construção de estradas que ligavam a cidade ao distrito de Palmeira de Fora e à cidade de Santana do Ipanema, reformou escolas, cuidou da saúde pública e melhorou o salário dos professores.

“Em dois anos ele conseguiu avançar Palmeira dos Índios em uma velocidade impensável naquele contexto de República Velha e de um município pequeno no interior do Nordeste”, diz o escritor Dênis de Moraes, autor de “O Velho Graça - Uma biografia de Graciliano Ramos” (Boitempo Editorial). “Além do novo Código de Postura estabelecer novos parâmetros para a conservação da cidade, ele revisou todo o sistema tributário e fechou as brechas para sonegação. Colocou o serviço público a bem do público”, completa Moraes.

Relatórios eram tão bons que chamaram a atenção de jornais#
Foto: Acervo Graciliano Ramos/Reprodução do livro Viventes das Alagoas

Capa de um relatório de Graciliano Ramos ao governador de Alagoas (1929-1930)

Naquele tempo, os prefeitos prestavam contas de suas administrações diretamente aos governadores dos Estados. O jovem prefeito de Palmeira dos Índios transformou o que seria um relatório burocrático recheado de números em peça literária. Foram dois relatórios anuais enviados ao governador de Alagoas –  1929 e 1930 – relatando de uma maneira especial o exercício do mandato. No primeiro, explica como encontrou a prefeitura:

“Havia em Palmeira inúmeros prefeitos: os cobradores de impostos, o Comandante do Destacamento, os soldados, outros que desejassem administrar. Cada pedaço do município tinha a sua administração particular, com prefeitos coronéis e prefeitos inspetores de quarteirões. Os fiscais, esses, resolviam questões de polícia e advogavam.”
Em seguida, afirma que realizou uma reforma administrativa que resultou em uma verdadeira limpeza dos quadros do funcionalismo e fim dos cabides de emprego:

“Dos funcionários que encontrei em janeiro do ano passado restam poucos: saíram os que faziam política e os que não faziam coisa nenhuma. Os atuais não se metem onde não são necessários, cumprem as suas obrigações e, sobretudo, não se enganam em contas.”
No texto, o autor usa e abusa de uma ironia fina para criticar questões como o nepotismo e os contratos públicos suspeitos.

“Convenho que o dinheiro do povo poderia ser mais útil e estivesse nas mãos, ou nos bolsos, de outro menos incompetente do que eu. Em todo o caso, transformando-o em pedra, cal, cimento, etc, sempre procedo melhor que se o distribuísse com os meus parentes, que necessitam, coitados.”
No segundo relatório, de 1930, o prefeito levanta suspeitas em contratos firmados pelos seus antecessores ao citar o gasto com iluminação pública.

“A Prefeitura foi intrujada quando, em 1920, aqui se firmou um contrato para fornecimento de luz. Apesar de ser um negócio referente à claridade, julgo que assinaram aquilo às escuras. É um bluff. Pagamos até a luz que a lua nos dá.”
Os textos escritos por um prefeito sertanejo tiveram grande repercussão. Foram publicados em diversos jornais de Alagoas e ecoaram até no Rio de Janeiro, com trechos destacados pelo “Jornal do Brasil”. Por ironia do destino, os textos, que por vezes se transformam em um verdadeiro desabafo diante das dificuldades administrativas, alavancaram sua carreira literária. “Graciliano passou a ter uma visibilidade intelectual a partir dos relatórios”, afirma o cientista político Rodrigo Prando, professor da Universidade Mackenzie.

Escritores e poder#
Estudioso das relações dos intelectuais com o poder público, Prando explica que, geralmente, os intelectuais criticam ou participam do poder. “Graciliano está numa terceira categoria, mais rara, a dos que exerceram o poder”, diz Prando, que em sua tese de doutorado estudou o lado intelectual do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

“Apesar da cultura patrimonialista da época, exercida pelos coronéis, Graciliano Ramos exerceu a política de uma maneira ética e sem se envolver com atos ilícitos”, diz o cientista político, lembrando que estamos em um ano de eleições municipais. “É o momento de trazer a experiência de Palmeira dos Índios para os dias atuais”, completa.

Uma renúncia após ‘empobrecer’#
Graciliano não chegou a cumprir o seu mandato. Cansado das pressões políticas contra seu trabalho na prefeitura e com dificuldades financeiras privadas decorrentes agravadas pela crise de 1929, que afetou os negócios da família, renunciou ao mandato dois anos após assumir e entregou o cargo ao vice-prefeito. “As dificuldades financeiras acumulavam-se na medida em que ele ganhava subsídios simbólicos como prefeito e não se locupletava com a corrupção. Empobrecera em dois anos de mandato”, explica o biógrafo do escritor.

Mas esse foi o começo de uma nova carreira para Graciliano. Além de receber um convite do governador para dirigir a Imprensa Oficial de Alagoas, em Maceió, os relatórios chamaram a atenção do editor Augusto Frederico Schmidt, no Rio de Janeiro. Ele queria saber se aquele prefeito que escrevia balanços burocráticos daquela maneira tinha algum livro guardado na gaveta. Acertou na mosca: “Caetés”, seu primeiro romance, foi publicado pela editora Schmidt, em 1933.

Eduardo Dutra Aydos pedia o impeachment de Lula desde 2006: livro disponivel

Dez anos antes que se consumasse a tão esperada, necessária e indispensável extirpação do poder central da gangue de meliantes políticos chefiada pelo grande mafioso que aparece na capa desse livro, Eduardo Dutra Aydos corajosamente já denunciava os crimes cometidos pela quadrilha, que infelizmente ainda não foi eliminada da vida pública do país, tendo sido apenas apeada do comando do Estado. Enquanto os quadrilheiros não gozarem de merecidas e longas férias em prisões do Estado, a democracia no Brasil corre perigo, assim como os cofres de quaisquer instituições pública e privadas, tal a sanha criminosa do bando de delinquentes políticos (e bandidos comuns, também). 


Não conhecia esse livro, que agora passo a ler, depois de ter percorrido a apresentação de Augusto de Franco e o prefácio de José Giusti Tavares, e que recomendo a todos os interessados na vida política do Brasil. Foram dez longos anos, desde o alerta inicial sobre os crimes perpetrados pela maior organização criminosa que já assaltou o Estado e a nação, período delongado pela ineficácia, covardia e inépcia dos partidos ditos de oposição (vergonhosamente auto-castrados), fase sombria na vida da nação, mas cujos elementos de corrupção e de impunidade, aliás presentes no título deste livro, foram pioneiramente desvendados, denunciados e até preparados, de modo claro e correto, para impeachment por este corajoso gaúcho democrata. 
O fato de termos tido de suportar uma década inteira de desmandos, mais corrupção e inúmeros crimes da gangue de trapaceiros que se esconde sob a bandeira de um partido totalitário só agregou ao quadro de Grande Destruição perpetrados pelos celerados, tempo que lhes permitiu deformar ainda mais as instituições, infiltrar aliados e sabujos nas mais altas esferas da administração, e continuar roubando quase impunemente. 
Além dos crimes comuns, a quadrilha procedeu ao desmantelamento da ética pública no país, provocando uma onda de corrupção jamais vista em todas as esferas e níveis da federação, já que o exemplo vinha de cima. Foram tempos muito tristes para o país, que teriam sido abreviados se as instituições públicas e os partidos políticos (meio) decentes tivessem lido estas páginas e tomado as providências que se impunham. Vamos terminar a obra de extirpação dos criminosos do poder, aposentando-os também da vida política e levando-os ao lugar que lhes pertence: a cadeia.

Leiam o livro neste link.
 

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

O Brasil pos-impeachment: politica e economia - palestras do ILCO


Com a recente concretização do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Michel Temer assume, em caráter definitivo, a presidência da república para um mandato de aproximadamente dois anos e meio. A conclusão do julgamento da presidente anterior pelo Senado Federal também acarretou na saída do Partido dos Trabalhadores do governo, que, após 13 anos no poder, retorna à oposição.

Quais serão as perspectivas para o País até o final de 2018? O ajuste fiscal será bem sucedido? Haverá reformas econômicas e políticas? O desemprego será reduzido, a inflação controlada e o PIB voltará a crescer? Como serão os próximos passos dos principais atores políticos até o ano eleitoral de 2018?

​Para discutir esses e outros questionamentos, o Instituto Liberal do Centro Oeste (ILCO) realizará, nos dias 21 e 22 de setembro, duas palestras de análise de conjuntura e perspectivas futuras da política e da economia brasileiras do pós-impeachment.
Os eventos são totalmente gratuitos, abertos a todos públicos e emitem certificado de comparecimento aos interessados.

# Dia 21 de setembro, quarta-feira (Política):

Palestra “O BRASIL PÓS-IMPEACHMENT: O QUE HÁ A TEMER”, com Raul José de Abreu Sturari, vice-presidente do Instituto Sagres e consultor de gestão e planejamento estratégico.

# Dia 22 de setembro, quinta-feira (Economia):

Palestra “ECONOMIA NO PÓS-IMPEACHMENT: MAIS DESAFIOS PARA O BRASIL”, com Adolfo Sachsida, economista e pesquisador do IPEA.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Historia oral financeira e monetaria: Richard Cooper (Center for Financial Stability)

Professor Richard N. Cooper - advisor to many U.S. Presidents on international monetary affairs - was recently interviewed by the Center for Financial Stability on his decades of experience at the center of international monetary policy.

Highlights include:

- Evolution of the international monetary system,
- Insights into Nixon Shock (cessation of the gold standard),
- System of floating exchange rates,
- Recent revelations regarding the 1944 Bretton Woods Conference,
- China and measures to move forward,
- Proposals for the future.

We thank Kurt Schuler and Robert Yee for such a wonderfully insightful exchange and Richard Cooper - Maurits C. Boas Professor of International Economics at Harvard and formerly Under-Secretary of State for Economic Affairs, and Chairman of the Federal Reserve Bank of Boston.

To view the full interview:
http://centerforfinancialstability.org/research/Cooper_Yee_0916.pdf

With best regards,
Larry Goodman

Revista Brasileira de Política Internacional, 2/2016: como sempre na vanguarda

Many Worlds, many theories – uma edição especial da RBPI

O Instituto Brasileiro de Relações Internacionais – IBRI informa a publicação da edição especial “Many Worlds, Many Theories”  (Vol. 59 – 2/2016) da:
Esta edição especial teve como editoras convidadas as Professoras Cristina Inoue (Universidade de Brasília) e Arlene Beth Tickner (Universidad del Rosário, Colômbia).
A partir de 2016 a RBPI é publicada exclusivamente on line, na Coleção Scielo Brasil, seguindo modelo de publicação continuada. Esta edição receberá novos artigos continuamente até o final de dezembro do corrente ano. Marque a edição entre os seus favoritos para verificar novas adições à edição.
Pelo momento, estão publicados os seguintes artigos:
Clique aqui para conhecer a edição.

Mercosur: At the Mercy of Other Markets - Diego Solis (Stratfor)

Mercosur: At the Mercy of Other Markets
Diego Solis
Analysis SEPTEMBER 13, 2016
(Stratfor)

Summary
Editor's Note: This is the second installment of a seven-part series examining how the world's regional economic blocs are faring as the largest of them — the European Union — continues to fragment.

The Common Market of the South, better known by its Spanish acronym Mercosur, emerged in the early 1990s as a small bloc with a big goal: to ease the movement of people and goods throughout South America. The continent's leaders hoped that by bringing together South America's biggest economies, Brazil and Argentina, they could someday unite the entire Southern Cone. Much like France and Germany in the European Union, Brazil and Argentina have led their bloc since its inception, albeit unequally. (Because the Brazilian economy is notably larger than Argentina's, Brasilia has far greater clout within Mercosur than Buenos Aires.) By comparison, the economies of Mercosur's three remaining members — Venezuela, Uruguay and Paraguay — are too small or too specialized to claim much influence over the bloc's decision-making.

Given Brazil and Argentina's advanced economic development relative to their fellow Mercosur members, the distribution of power within the bloc is unlikely to change any time soon. The same cannot be said for Mercosur's policies. With demand from the bloc's largest buyers stagnating or declining, Mercosur members are pushing to open the traditionally protectionist trade union to new markets. But doing so would also risk inciting protests as local industries unaccustomed to external competition struggle to adapt, a pill few South American governments are eager to swallow. Even so, Mercosur will continue to mull the idea of liberalizing its policies in the coming decade, leaving the bloc's fate to fluctuations in commodity prices and regional trade in the meantime.

Analysis
Mercosur owes much of its design to South America's geography and the economic opportunities that arose from it. The sheer size of Brazil, for example, guaranteed it a prominent spot among the continent's economies, while terrain favorable to agriculture enabled Argentina to become an important part of international trade routes. Uruguay, located at the mouth of the Rio de la Plata, similarly used its trade advantages to industrialize rapidly. Yet to the north, landlocked Paraguay developed more slowly, hampered as it was by its landscape and inaccessibility.

Brazil’s Geographic Challenge
Isolated from the rest of the continent both geographically and linguistically and lacking internal cohesion, Brazil has traditionally been inward looking. Watch the video

Geopolitics created the conditions for an economic partnership between Brazil and Argentina, but domestic politics dictated the institutional framework that shaped its formation. Starting in the mid-20th century, the two giants adopted a policy of import substitution industrialization (ISI), raising trade barriers to foreign goods entering the country in order to expand their own industrial bases and reduce their reliance on costly imports of inputs and finished products. In practice, Brasilia and Buenos Aires gave their domestic industries a chance to compete for a slice of the Brazilian and Argentine markets, and in some ways it worked. Several higher-value industries, such as the automotive sector, sprang up in both countries and were shielded from the most damaging effects of foreign competition.

Free Trade Gains Traction
But after a few decades, the ISI strategy had run its course. Though it had created domestic industries as Brazil and Argentina had intended, both nations still relied heavily on revenue generated by agricultural and mineral exports, which made them vulnerable to spikes and dips in commodity prices. Fiscal instability from the 1950s to the 1980s also made it more difficult for the Brazilian and Argentine governments to fund their ISI policies. Deep deficit spending led to occasional bouts of high inflation, and by the late 1980s, the two countries had begun to move away from the ISI approach altogether. In the wake of a sharp decline in the global commodities market and a series of Latin American debt crises, they began to search for a lifeline to bail out their sinking economies. The solution they settled on was freer trade, and they started to lower the barriers between their economies in the hope of striking an eventual trade agreement.

At the same time, the rest of the world's perception of trade was changing. Many protectionist countries, having encountered problems similar to Brazil's and Argentina's, began to weigh the virtues of free trade, and in 1991, Uruguay and Paraguay joined their larger neighbors to form the Mercosur customs union. Under the terms of membership, all four states agreed to lower tariffs and implement a common tax of up to 35 percent on certain imports. They also prohibited Mercosur states from signing preferential trade deals with other countries or blocs without first obtaining the unanimous approval of their fellow members. (Some notable exceptions were made for pre-existing trade agreements, including those between Mercosur members and Mexico.)

Pressure Builds
As an economic union, Mercosur has succeeded at more closely integrating South American economies, which historically have been focused overseas. In many ways this is unsurprising, considering the size and complexity of the two markets that anchor the bloc, and its members continue to coordinate their trade policies to some degree. Moreover, citizens of a full Mercosur member state can live and work freely throughout the bloc, so long as they do not have a criminal record. Political integration, however, has lagged. Though Mercosur was conceived as an organization that would someday develop political unity akin to that of the European Union, it has primarily functioned as a simple trade bloc.

But institutional changes are on the horizon. In the coming years, Mercosur will likely come to depend more on commodity exports, even in spite of the tighter industrial integration that trade among its members has encouraged. Brazil and Argentina have experienced considerable economic growth over the past two decades, much of which has been driven by China's rising demand for agricultural and mineral products — not for industrial outputs. Manufacturing's share of both economies has consequently fallen from 20 percent to 12 percent in Argentina and from 17 percent to 9 percent in Brazil since 1990. The erosion of these manufacturing sectors has made the effects of diminishing growth in Chinese demand for commodities all the more acute in recent years. This, combined with dwindling consumption, scandals and persistent economic troubles inside the bloc, has slashed Mercosur's overall growth.

This, in part, explains the need to diversify the bloc's trade options. Brazil currently accounts for the most trade and wealth within Mercosur. It absorbs one-fifth of Argentina's exports and contributes 42 percent of the bloc's gross domestic product. Free trade among it and other Mercosur members has proved beneficial to all parties involved, but it has also made them more vulnerable to downturns in one another's economies. Now that the "bust" portion of the commodities trade cycle has hit, Mercosur's members need to reach trade deals with other partners to revive their economies. But because those deals would first need to survive the lengthy process of gaining unanimous approval from other Mercosur states, they may not come soon enough.

Members will likely try to loosen the organization's restrictive regulations in the coming years. In fact, some nations have already begun to take steps to look for buyers abroad that could help bolster their manufacturing exports. Brazil and Argentina, for instance, are expanding their existing trade agreements with other Latin American states such as Mexico, while several of the countries' high-ranking officials have called for the bloc to relax trade restrictions on individual members.

Nevertheless, independently forging new free trade agreements with other states or blocs is not possible for Mercosur countries, at least currently. Members will continue to float the idea of liberalizing the bloc's trade agreement process, but making substantive progress on the issue would require the buy-in of every member and would likely take several years of negotiations. Actually implementing such changes, should they be passed, would create additional problems. Opening sectors that are currently protected by Mercosur's policies would undoubtedly harm some political constituencies, cutting into member governments' support bases and inciting protests across the bloc.

As Mercosur's de facto leaders, Brazil and Argentina will be at the forefront of any change that does take place in the bloc's trade deal policies, though the chances of one occurring in the immediate future are slim. Until then, the bloc's fortunes will continue to be determined by commodity prices and internal trade rather than by newfound access to the lucrative markets outside its borders.
--
Diego Solis
Latin America Regional Director
STRATFOR - Global Intelligence
P.O. Box 92529
Austin, Texas 78709-2529
Phone: 512.925.8631
 www.stratfor.com

Joaquim Nabuco Diplomata - livro de Leslie Bethell

Acaba de sair:

Anti-golpistas internacionalizados: o PT e seus aliados no mundo - aglobalização da resistência

Já são mais de seis ou sete livros contra o impeachment (sorry guys, mas já passou) e contra o golpe. E não apenas no Brasil, mas no mundo, o que não é pouca coisa. Com tantos amigos no mundo todo, como é que o PT vai ainda perder eleições?
E como é que todos esses amigos não encontram nada para dizer sobre o festival de corrupção, roubalheiras, falcatruas e fraudes generalizadas no reino dos companheiros?
Publicidade na edição atual do boletim da BRASA, Brazilian Studies Association, decididamente anti-golpista:

International Resistance to the Brazilian Coup of 2016
The volume entitled International Resistance to the Brazilian Coup of 2016 has been launched in Brazil and other countries. It includes texts by a number of internationally renowned intellectuals, Brazilianists, journalists, writers and politicians. This book represents the third installment of the trilogy A Resistência ao Golpe de 2016 (The Resistence to the Brazilian Coup of 2016), an immediate response to the recent political machinations that plunged the country into a tumultuous parliamentary coup. This third volume, which focuses on the international response beyond Brazil, offers a collection of essays, official documents, interviews and poetry, a body of work that serves to document the injustice being committed in Brazil and to diagnose solutions for the current crisis, which will only become more dire should the democratically elected president of Brazil, Dilma Rousseff, be impeached. At this critical time, the book is itself evidence of the tremendous international solidarity that has arisen in response to the coup and in support of democracy. International Resistance to the Brazilian Coup of 2016 will soon appear in bookstores around the globe. Here is the list of participants, more than 100 authors, most of them from outside of Brazil, denouncing the coup:
Here is the list of participants, more than 100 authors, most of them from outside of Brazil, denouncing the coup:
Adolfo Perez Esquivel (ARGENTINA) ● Alberto Filippi (ITALY/ARGENTINA) ● Aline Dell’Orto Carvalho Romon (BRAZIL/FRANCE) ● Amílcar Salas Oroño (ARGENTINA) ● André Gonçalo Dias Pereira (PORTUGAL) ● Andreas Novy (AUSTRIA) ● Antonio Baylos (SPAIN) ● António José Avelãs Nunes (PORTUGAL) ● Armelle Enders (FRANCE) ● Atilio A. Boron (ARGENTINA) ● Azadeh N. Shahshahani (USA) ● Baltasar Garzón Real (SPAIN) ● Bernardo Kucinski (BRAZIL) ● Bernie Sanders (declaração) (USA) ● Bethania Barry (IRELAND ● Boaventura de Sousa Santos (PORTUGAL) ● Camila Vollenweider (SPAIN) ● Carlos Augusto Gálves Argote (COLOMBIA) ● Carol Proner (BRAZIL) ● Charlotth Back (BRAZIL) ● CLACSO (LATIN-AMERICA) ● Costas Douzinas (ENGLAND) ● Edileny Tomé da Mata (SAN-OME AND PRINCIPE) ● Enrique Cabero Morán (SPAIN) ● Eric Nepomuceno (BRAZIL) ● Esther Solano Gallego (SPAIN) ● Fabiana Rousseaux (ARGENTINA) ● Fernando Nogueira da Costa (BRAZIL) ● Filipe Galvon (FRANCE)● Flávio Aguiar (BRAZIL/GERMANY) ● Francisco Delgado (CUBA) ● Francisco Louçã (PORTUGAL) ● Francisco Sierra Caballero (ESPANHA) ● François Houtart (BELGICA) ● Friedrich Müller (GERMANY) ● Gabriel Rocha Gaspar (BRAZIL/FRANCE) ●Giacomo Marramao (ITALY) ● Giani Tognoni (ITALY) ● Giovanni Alves (BRAZIL) ● Gisele Cittadino (BRAZIL) ● Greg Grandin (USA) ● Héctor Olasolo Alonso (SPAIN/COLOMBIA) ● Helga Dressel (GERMANY) ● Henrique Paiva (BRAZIL) ● Hilary Wainwright (ENGLAND) ● Ignacio Ramonet (FRANCE) ● Jaime Fernando Cárdenas Gracia (MEXICO) ● James N. Green (USA) ● Joana Mortagua (PORTUGAL) ● João Ricardo Wanderley Dornelles (BRAZIL) ● Johnny Lorenz (USA) ● José A. Zamora (SPAIN) ● José Carlos Moreira da Silva Filho (BRAZIL) ● José Luís Fiori (BRAZIL) ● José Manuel Pureza (SPAIN) ● Juan Sebastián Medina Canales (EQUADOR) ● Juarez Tavares (BRAZIL) ● Juliana Neuenschwander (BRAZIL) ● Juliette Dumont (FRANCE) ● Julio Peña y Lillo E. (EQUADOR) ● Katarina Peixoto (BRAZIL) ● Larissa Ramina (BRAZIL/FRANCE) ● Laurence Cohen (FRANCE) ● Leandro Gavião (BRAZIL) ● Leandro Monk (ARGENTINA) ● Leonardo Padura (CUBA) ● Ligia Chiappini (BRAZIL/GERMAY) ● Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira (BRAZIL/GERMANY) ● Manifesto Senadores Franceses (FRANCE) ● Manifesto de Políticos e Intelectuais Britânicos (ENGLAND) ● Manifesto SPD (GERMANY) ● Manuel E. Gándara Carballido (VENEZUELA) ● Marcelo Ribeiro Uchôa (BRAZIL) ● Maria José Fariñas Dulce (SPAIN) ● Maria Luiza Pereira de Alencar Mayer Feitosa (BRAZIL) ● Marília Carvalho Guimarães (BRAZIL) ● Marilza de Melo Foucher (FRANCE) ● Martonio Mont’Alverne Barreto Lima (BRAZIL) ● MBSocial (SWITZERLAND) ● Michael Löwy (FRANCE) ● Michele Carducci (ITALY) ● Miriam Madureira (BRAZIL) ● Montserrat Ponsa Tarrés (CUBA) ● Naomi Klein (USA) ● Noam Chomsky (USA) ● Nora Merlin (ARGENTINA) ● Oscar Guardiola-Rivera (INGLATERRA/COLOMBIA) ● Movimento Democrático 18 de março (MD18) (FRANCE) ● Paulo Pimenta (BRAZIL) ● Paulo Sérgio Pinheiro (BRAZIL) ● Paulo Teixeira (BRAZIL) ● Pedro Carlos da Silva Bacelar de Vasconcelos (PORTUGAL) ● Pedro de la Hoz (CUBA) ● Raúl Veras (MEXICO) ● Renan Quinalha (BRAZIL) ● Ricardo Franco Pinto (BRAZIL) ● Ricardo Lodi Ribeiro (BRAZIL) ● Samuel Pinheiro Guimarães (BRAZIL) ● Sérgio Costa (BRAZIL/GERMANY) ● Sue Branford (ENGLAND) ● Tânia Maria S. de Oliveira (BRAZIL) ● Tarso Genro (BRAZIL) ● Tatyana Scheila Friedrich (BRAZIL) ● Vanessa Oliveira (BRAZIL/FRANCE) ● Wadih Damous (BRAZIL) ● Walter Antillón Montealegre (COSTA RICA) ● Wilson Ramos Filho (BRAZIL) ● Yara Frateschi (BRAZIL)

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Programa Fulbright de bolsas nos EUA: informacao

Programa de Doutorado Sanduíche nos EUA 2017/2018

As inscrições estão abertas até o dia 17 de outubro de 2016 e são destinadas a doutorandos nas áreas de Ciências Humanas, Sociais, Letras e Artes.

Os pré-requisitos para o programa, o manual de instruções para auxiliar no preenchimento da aplicação e o link de inscrição estão disponíveis no website:
http://fulbright.org.br/edital/doutorado-sanduiche-nos-eua-2/

Chamada realizada apenas pela Comissão Fulbright.

Guerra civil espanhola (1936-1939): um conflito seminal, aos 80 anos - Paulo Roberto de Almeida

Ao se completarem 80 anos da guerra civil internacional da Espanha, repostei meu artigo sobre a participação de voluntários brasileiros no conflito, corrigindo os links da revista e indicando o da plataforma Academia.edu:


BrasileIROS Na Guerra Civil Espanhola, 1936-1939:
combatentes brasileiros na luta contra o fascismo
Paulo Roberto de Almeida

Publicado em:
revista Sociologia e Política (Curitiba, PR; ano 4, nº 12, junho 1999, Dossiê: Política Internacional, pp. 35-66; ISSN 0104-4478, impressa; 1678-9873, online; DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rsocp.v0i12.39262; links: http://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/39262; pdf: http://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/39262/24081).
Postado em Academia.edu, em 14/09/2015 (link: http://www.academia.edu/28496518/608_Brasileiros_na_Guerra_Civil_Espanhola_1936-1939_1999_). Relação de Trabalhos n° 608. Relação de Publicados nº 238.
  
RESUMO
Artigo de natureza histórica sobre a participação de brasileiros, majoritariamente pertencentes ao Partido Comunista, na guerra civil espanhola e sobre o contexto político-diplomático do conflito espanhol. Baseado em pesquisa original feita em fontes primárias, sobretudo em entrevistas e questionários com ex-combatentes e seus familiares, e em consulta às fontes secundárias disponíveis sobre o assunto, o trabalho constitui um dos primeiros levantamentos sobre o envolvimento de combatentes voluntários brasileiros nos episódios militares daquela guerra civil, com destaque para sua participação nas Brigadas Internacionais.

PALAVRAS-CHAVE: Guerra civil espanhola, 1936-39; Brigadas Internacionais; participação de brasileiros voluntários.

Texto inédito, servindo como introdução a um novo trabalho, ainda em fase de redação: 

A guerra civil espanhola tem uma característica muito especial, e tem isso de peculiar, em que ela não foi, apenas ou simplesmente, uma guerra civil espanhola. Ela foi, basicamente, uma guerra civil internacional, ainda que travada essencialmente no território espanhol (algumas operações se passaram no norte da África, de onde partiu Francisco Franco para liderar a rebelião nacionalista contra os republicanos).
À diferença de outras guerras civis – como a inglesa do século 17, por exemplo, que surgiu de um conflito entre o rei, de tendências absolutistas, e o parlamento – ou de revoluções políticas e sociais – como a francesa, que colocou o absolutismo em cheque, tanto por razões de representação política da burguesia, como classe ascendente, quanto por uma aguda crise de abastecimento atingindo as camadas mais pobres da população –, a guerra civil espanhola foi uma revolução política e social, ademais de um golpe contra o governo constituído, dentro de um conflito ideológico radical. De fato, se tratou de uma dos mais graves enfrentamentos entre projetos alternativos de sociedade, que marcaram um dos séculos mais brutais e destruidores da história da humanidade.
A guerra civil espanhola é inseparável do contexto internacional que prevaleceu na Europa e no mundo durante a primeira metade do século 20, colocando em confronto não apenas ideologias autoritárias bastante similares em seu formato – ainda que não em suas substâncias respectivas – como também concepções completamente opostas de organização política, como podem ser governos democráticos de um lado e regimes autocráticos do outro, ademais de modos diferentes de organização social da produção, ou seja, economias de mercados mais ou menos livres de um lado, regimes coletivistas ou estatizantes do outro, como eram o socialismo soviético e o corporativismo fascista.
Ela foi o produto combinado de diversas rupturas daquele conjuntura, desde a Grande Guerra e a revolução bolchevique, de 1917, que dela deriva diretamente, da tomada do poder pelas milícias fascistas de Mussolini, em 1922, e das crises seguidas na ordem econômica do entre-guerras, a começar pela quebra da Bolsa de Nova York em 1929, pelas insolvências bancárias a partir de 1931, e pela depressão que se seguiu. Aquela fase da história também assistiu à ascensão dos expansionismos militaristas nos anos 1930, a começar pela invasão da Manchúria pelo Japão em 1931, continuando pelo rearmamento agressivo da Alemanha sob Hitler, a partir de 1933, e a invasão, pela Itália fascista em 1935, da Abissínia (Etiópia), o único Estado africano membro da Liga das Nações. Mas ela também foi o resultado das estratégias e táticas contraditórias de Stalin, via III Internacional, nomeadamente a política de “classe contra classe” adotada a partir de 1928 – que viu os comunistas bolcheviques hostilizarem bem mais os socialdemocratas e os trotsquistas do que os fascistas, num primeiro momento –, mas depois recomendar uma política de “aliança de classes”, ou de Frentes Populares, inclusive na própria Espanha e na França, mas apoiar, contraditoriamente, tentativas insurrecionais, como a experimentada no próprio Brasil, em 1935, quando buscaram ultrapassar os compromissos “burgueses” que também foram ensaiados na China e em outros países simultaneamente.
Finalmente, a guerra civil espanhola é fruto, também, e essencialmente, da própria crise política e social espanhola do início dos anos 1930, que levou à abdicação do rei, em 1931, e à instalação de um novo regime republicano, erigido em frágeis bases partidárias e parlamentares. Já se vivia, então, um contexto no qual apelos autoritários e claramente fascistas estavam sendo abertamente promovidos, entre outras regiões, um pouco em toda a Europa e na América Latina: depois de Mussolini, Portugal deu início a um “Estado Novo” em 1928, diversos países latino-americanos conheceram golpes de Estado ou mudanças de regime depois da crise de 1929, e o próprio Japão, que tinha iniciado uma democracia parlamentar “burguesa” no bojo da revolução Meiji, começou uma descida para o fascismo militarista e expansionista no mesmo período.
A Espanha acumulou todos esses elementos ideológicos e institucionais na primeira metade dos anos 1930, tanto quanto se ressentia, desde muitas décadas, de suas próprias contradições econômicas, sociais e políticas; o outrora mais poderoso império do início da era moderna tinha se convertido numa economia atrasada, num país muito dividido num contexto de outros exemplos mais pujantes de capitalismo industrial e financeiro, sob o controle das novas burguesias triunfantes em diversos países europeus. Não se pode descurar, tampouco, a importante esfera das mentalidades: uma Contra Reforma particularmente “bem sucedida”, o que deixou a Igreja Católica especialmente retrógrada, e um conservadorismo político e social claramente reacionário, todos esses elementos caracterizados por altas doses de intolerância recíproca no seio de movimentos políticos à esquerda – inclusive um forte anarquismo sindicalista – e à direita do espectro ideológico então predominante numa Europa em crise generalizada.
A Guerra Civil Espanhola começou em julho de 1936 e terminou em março-abril de 1939: durante todo o período do conflito ambas as partes em luta, os republicanos governamentais de um lado, os monarquistas e direitistas revoltosos de outro, contaram com apoio internacional e solidariedade política e material de suas correntes de adesão respectivas, o movimento democrático e comunista internacional os primeiros, as forças organizadas do nazi-fascismo europeu os segundos. A ajuda ativa, para ambos os lados, traduziu-se também no envio de contingentes de combatentes estrangeiros — voluntários e profissionais — que foram integrados às diversas forças e exércitos em presença nos campos de batalha, embora desproporcionais em número e em organização e, sobretudo, dispondo de logísticas militares diferenciadas e de suprimentos bélicos desiguais, quando comparados entre si.  
Do lado republicano, a solidariedade internacionalista para com o governo legal de Frente Popular manifestou-se pela criação, em quase todo o mundo, do “comitês de ajuda à Espanha republicana”, em especial pelo afluxo de voluntários estrangeiros, vários milhares deles, que se agrupariam nas “Brigadas Internacionais”. O Brasil também se fez presente, embora modestamente, nesse movimento internacional de solidariedade, através do envio irregular e clandestino — pois que coordenado pelo Partido Comunista, então na ilegalidade — de um pequeno grupo de combatentes experimentados que, apesar de dispersos em diferentes unidades militares, distinguiram-se nas várias frentes de luta em que estiveram engajados em defesa da causa legalista, que também era identificada com a luta antifascista e com a causa do socialismo internacional.
  
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revista Sociologia e Política (Curitiba, PR; ano 4, nº 12, junho 1999, Dossiê: Política Internacional, pp. 35-66; ISSN 0104-4478, impressa; 1678-9873, online; DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rsocp.v0i12.39262; links: http://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/39262; pdf: http://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/39262/24081).
Postado em Academia.edu, em 14/09/2015 (link: http://www.academia.edu/28496518/608_Brasileiros_na_Guerra_Civil_Espanhola_1936-1939_1999_).  

Um mafioso execravel, enfim exposto: o chefe da quadrilha denunciado pelo MPF - texto e slides

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A ÍNTEGRA DA APRESENTAÇÃO DE DELTAN
 
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Veja aqui.
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Mercosul: Venezuela suspensa de fato, em dezembro de direito - Nota MRE


Nota 337, Ministério das Relações Exteriores

Aprovação da "Declaração Relativa ao Funcionamento do Mercosul e ao Protocolo de Adesão da República Bolivariana da Venezuela"
13 de setembro de 2016

Os Chanceleres dos quatro países fundadores do Mercosul – Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai – aprovaram, neste 13 de setembro de 2016, "Declaração Relativa ao Funcionamento do MERCOSUL e ao Protocolo de Adesão da República Bolivariana da Venezuela".

A Declaração foi adotada em razão do descumprimento, pela Venezuela, dos compromissos assumidos no Protocolo de Adesão ao Mercosul, assinado em Caracas em 2006, especificamente no que se refere à incorporação ao ordenamento jurídico venezuelano de normas e acordos vigentes no Mercosul.

O prazo para que a Venezuela cumprisse com essa obrigação encerrou-se em 12 de agosto de 2016 e entre os importantes acordos e normas que não foram incorporados ao ordenamento jurídico venezuelano estão o Acordo de Complementação Econômica nº 18 (1991), o Protocolo de Assunção sobre Compromisso com a Promoção e Proteção dos Direitos Humanos do Mercosul (2005) e o Acordo sobre Residência para Nacionais dos Estados Partes do Mercosul (2002).

A Declaração estabelece que a presidência do Mercosul no corrente semestre não passa à Venezuela, mas será exercida por meio da coordenação entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, que poderão definir cursos de ação e adotar as decisões necessárias em matéria econômico-comercial e em outros temas essenciais para o funcionamento do Mercosul. O mesmo ocorrerá nas negociações comerciais com terceiros países ou blocos de países.

Em 1º de dezembro de 2016, a persistir o descumprimento de obrigações, a Venezuela será suspensa do MERCOSUL.

A Declaração foi adotada no espírito de preservação e fortalecimento do Mercosul, de modo a assegurar que não haja solução de continuidade no funcionamento dos órgãos e mecanismos de integração, cooperação e coordenação do bloco.

José Serra, Ministro das Relações Exteriores