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sábado, 23 de março de 2019

Neofitos da política externa se envolvem em política domestica (OESP)


Assessor de Bolsonaro pede apoio contra ‘velha política’

Filipe Martins diz que ação é necessária para defender grupo ‘anti-establishment’

Renata Agostini, Naira Trindade e Julia Lindner,
O Estado de S.Paulo, 22 de março de 2019 | 14h10

BRASÍLIA - O assessor especial do presidente Jair Bolsonaro para assuntos internacionais, Filipe Martins, usou o Twitter nesta sexta-feira, 22, para defender que alas do governo se unam e articulem uma mobilização popular para proteger a Lava Jato, promover reformas econômicas e quebrar “a velha política”.
Em uma série de postagens na rede social e sem citar nomes, Martins afirmou que “há uma flagrante tentativa de isolar” o grupo “anti-establishment” do governo, no qual ele se insere.

Segundo ele, é “ilusão” acreditar que será possível avançar sem “romper com a forma convencional de fazer política no Brasil”. Por isso, em sua avaliação, é preciso que o governo trabalhe para aquecer seu eleitorado. “A única forma de ativar a lógica da sobrevivência política é por meio da pressão popular, por meio da mesma força que converteu a campanha eleitoral do PR Bolsonaro em um movimento cívico e tornou possível sua vitória. É necessário, em suma, mostrar que o povo manda no País”, escreveu. 
As publicações foram feitas no momento em que a relação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com o Executivo ficou estremecida por causa de ataques ao deputado postados nas redes sociais por partidários do presidente.
Considerado um discípulo do escritor Olavo de Carvalho e ligado ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), Martins se tornou um dos principais auxiliares e uma espécie de conselheiro de Jair Bolsonaro. As mensagens foram publicadas por ele enquanto estava no Chile acompanhando o presidente em missão oficial.
Na postagem, ele alerta que há em curso uma tentativa de isolar sua ala com o objetivo de torná-la “tóxica e mal vista” pelos demais grupos. “A situação revela a urgência de uma coordenação efetiva entre as diferentes alas do governo para trazer o apoio popular para dentro da equação, de modo que o povo tenha um papel ativo na proteção da Lava Jato, na promoção das reformas econômicas e na quebra da velha política.”
Martins não nomeou quais seriam esses grupos, mas fez menção direta à equipe econômica, comandada pelo ministro Paulo Guedes, e à equipe do Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandada pelo ministro Sérgio Moro. Segundo ele, “tentam vender” a esses dois grupos que o caminho mais adequado é o que passa pelo diálogo e pela negociação política – o que ele considera um erro.
A declaração contribuiu para aumentar a cizânia entre governo e Maia. “Uma pessoa que afronta a democracia brasileira nas redes sociais, você me desculpa, ou ele é autoritário, ou ele tem algum problema. E nós não podemos aceitar. A gente não pode brincar com a democracia no Brasil”, disse Maia ao Estado ao ser questionado sobre a publicação.
“É por isso que o Twitter é tão importante para eles. Essa disputa do mal contra o bem, do sim contra o não, do quente contra o frio é o que alimenta a relação deles com parte da sociedade. Só que agora eles venceram as eleições. Num país democrático, não é essa ruptura proposta que vai resolver o problema”, completou Maia.
As mensagens também repercutiram mal no Congresso. Deputados cobraram do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, explicações sobre o conteúdo publicado por Martins.
O Palácio do Planalto tentou minimizar o impacto da mensagem. Segundo um integrante do governo, a publicação feita no momento em que o governo tenta debelar uma crise com o Congresso “não ajudou”, mas não vai modificar a estratégia da articulação política. Essa fonte afirmou que “a grande força da natureza”, capaz de moldar decisões do governo, chama-se Carlos Bolsonaro. Martins, argumentou essa fonte, tem maior influência em assuntos internacionais e não internos.
Interlocutores do assessor afirmaram que o intuito com as mensagens não foi criticar membros do Congresso, mas questionar a estratégia de comunicação do próprio Bolsonaro. A ideia é defender que o presidente use o seu “diferencial” da campanha, com forte atuação e mobilização na internet, e não aceite o discurso de que apenas a articulação política pode viabilizar a aprovação de reformas e outras medidas relevantes para o governo.
Martins é hoje um dos funcionários civis no terceiro andar do Palácio do Planalto com mais acesso a Bolsonaro. Atualmente, a maioria das salas próximas ao gabinete presidencial é reservada a militares que compõem o governo. Ele e Bolsonaro mantêm clima amistoso.
NOTÍCIAS RELACIONADAS

Meus trabalhos no IPRI: disponíveis em Academia.edu

Como encontra-se em curso um processo de desconstrução de tudo o que produzi, com a ajuda de Marco Tulio Scarpelli Cabral, e outros colaboradores no IPRI, resolvi consolidar em alguns documentos as listas de eventos realizados, com seus respectivos links.
Pode ser que permaneçam, mas pode ser que sejam suprimidos.
Nesse caso, é bom tomar conhecimento do conjunto de arquivos compilando o essencial dos trabalhos efetuados no IPRI, entre 3 de agosto de 2016, quando fui convidado novamente a trabalhar na Secretaria de Estado – depois de 13,5 anos de longa travessia do deserto sob o lulopetismo diplomático –, e 4 de março de 2019, quando fui exonerado gentilmente numa chuvosa manhã de Carnaval: 

1) Relação de arquivos ainda existentes no site do IPRI
2) Percursos Diplomáticos IRBr-IPRI
3) Diálogos Internacionais
4) Relações Internacionais em Pauta
5) Cronologia de eventos, processos e bibliografia em RI, 1954-2014
6) Links para outros arquivos no IPRI e meus relatórios de trabalho

Eles se encontram na seção "Varia" da minha página na plataforma Academia.edu, e o arquivo inicial é este aqui; seguem-se outros materiais como descrito acima:

https://www.academia.edu/38611325/Página_do_IPRI_na_internet

Paulo Roberto de Almeida

Como impulsionar o seu Academia.edu: seja despedido - PRAlmeida

No dia seguinte à minha exoneração do IPRI, por capricho do chanceler atual, os registros de acesso à minha página na plataforma Academia.eduderam um salto jamais visto na trajetória de visualizações de meus trabalhos e consultas a meu perfil. Depois voltou ao normal...

Deve ter sido a febre provocada pela demissão numa manhã de Carnaval...
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Tout le monde a son coeur a Paris, y compris Fabio Pereira Ribeiro (livro)

Meu amigo Fabio Pereira Ribeiro acaba de lançar seu mais novo livro, depois de sua primeira aventura em Paris, na companhia de Ernest Hemingway (e muitos drinques, claro).
Transcrevo sua nota de apresentação, e depois capa, contracapa e orelhas desta nova obra de um parisiense de coeur...
Paulo Roberto de Almeida

Logo aí.... meu novo livro de contos sobre Paris... o mesmo foi finalista do Prêmio SESC de Literatura 2018... honrado e feliz com as palavras do Embaixador Paulo Roberto de Almeida, da Historiadora Carmen Lícia Palazzo e do Professor Felipe Chiarello de Souza Pinto.... mais um pedaço de mim da boa e velha literatura... como o bom e velho rock and roll🌹Pela Editora Simonsen do meu querido editor Rodrigo Simonsen! — com Paulo Roberto de Almeida,Felipe Chiarello e Carmen Lícia Palazzo emSantos.






















Nestor Forster cotado para embaixador em Washington (FSP)

Nome de diplomata para embaixada brasileira nos EUA ganha força

Consultor com maior acesso investidores e empresários também é cogitado

A atuação do diplomata Nestor Forster durante a viagem de Jair Bolsonaro aos EUAfortaleceu sua possível indicação para o cargo de embaixador do Brasil em Washington, que deve ser anunciada até o fim de abril.
Com a bênção de Olavo de Carvalho —guru ideológico do governo e de quem é amigo há mais de 20 anos— Forster teve a chancela do grupo de confiança de Bolsonaro para tomar decisões estratégicas na visita a Donald Trump.
Foi o diplomata, por exemplo, quem sugeriu que os presidentes trocassem camisetas de suas seleções de futebol no Salão Oval da Casa Branca.
Bolsonaro levou a Trump uma de número 10, o mesmo usado pelo ex-jogador Pelé, que encerrou sua carreira em um time de Nova York. Em troca, recebeu uma da seleção americana.
Forster também deu a ideia de mudar o destino de Bolsonaro após o encontro com Trump na terça-feira (19). 
Inicialmente, o brasileiro iria ao Memorial Nacional da Segunda Guerra.
O diplomata, porém, avaliou que seria mais interessante uma visita ao Cemitério Nacional de Arlington, que homenageia veteranos de todas as guerras travadas pelos americanos —lá, o presidente foi recebido por dezenas de militares sob o Hino Nacional do Brasil.
Ao lado do chanceler Ernesto Araújo, outro entusiasta de seu nome para o cargo, Forster organizou ainda a lista do jantar de recepção a Bolsonaro na capital americana. 
Na residência do atual embaixador, Sérgio Amaral, pensadores, jornalistas e financistas conservadores debateram temas relacionados à política externa no que foi chamado de “Santa Ceia” da direita.
Discreto, Forster não falou durante o evento no domingo (17). Aliados afirmam que ele não queria ofuscar os discursos de Araújo e de Amaral —que ali anunciou sua aposentadoria, acatada simbolicamente pelo presidente.
O jantar deu o tom do alinhamento ideológico que Bolsonaro queria imprimir em sua primeira viagem bilateral e fez com que Forster ganhasse créditos com a equipe mais próxima e o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro.
Foi de Eduardo, inclusive, o spoiler público da possível indicação de Forster.
Em vídeo divulgado nas suas redes sociais, o deputado —eleito presidente da comissão de Relações Exteriores da Câmara— identifica o diplomata como “embaixador Forster” em uma das legendas.
No Itamaraty, a preferência é por alguém da carreira diplomática —o que afasta as chances de o consultor Murilo de Aragão assumir o posto. Como mostrou a Folha, seu nome —apoiado pelo general Augusto Heleno (GSI)—havia ganhado força às vésperas da viagem de Bolsonaro a Washington.
Forster, porém, é ministro de segunda classe na carreira diplomática —é necessário que chegue à primeira para apresentar credenciais e se tornar embaixador. Mas ele já está no chamado quadro de acesso, que lista diplomatas que serão promovidos, e sua ascensão deve sair até junho.
Se confirmada, a indicação de Forster será mais uma vitória do núcleo ideológico do governo —do qual fazem parte Araújo e os filhos do presidente.