O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 6 de setembro de 2020

Uma certa ideia do Itamaraty: a reconstrução da política externa e a restauração da diplomacia brasileira - livro de Paulo Roberto de Almeida

Meu livro está pronto, com apenas um detalhe a ser agregado; assim que estiver pronto, vou torná-lo disponível aos interessados. Aqui o índice...
Paulo Roberto de Almeida




Índice:

Prólogo:
Uma certa ideia do Itamaraty

1. Bases conceituais de uma política externa nacional
1.1. Introdução: natureza do exercício
1.2. Quanto aos métodos
       1.2.1. Clareza quanto às intenções
       1.2.2. Interação entre a diplomacia e a economia
       1.2.3. Aferição precisa quanto aos meios disponíveis
       1.2.4. Flexibilidade e abertura às inovações
1.3. Quanto aos propósitos
       1.3.1. A questão do interesse nacional
       1.3.2. O problema das prioridades nas relações exteriores
       1.3.3. As “parcerias estratégicas”: possibilidades e limites
       1.3.4. A ordem econômica internacional e os blocos de integração
       1.3.5. Problemas da segurança internacional, regional e nacional
       1.3.6. A representação dos interesses no exercício da política externa
       1.3.7. Instrumentos de ação de uma política externa nacional
1.4. Conclusões: fundamentos empíricos de uma diplomacia concreta

2. Quais são as nossas verdadeiras ameaças? 
2.1. Uma situação depressiva, no mundo todo, com a pandemia
2.2. Um novo inimigo na frente diplomática: o globalismo
2.3. A “revolução cultural” em curso no Itamaraty
2.4. As contradições da diplomacia bolsolavista

3. Política externa e diplomacia no contexto das liberdades democráticas 
Introdução: como a diplomacia interage com as liberdades e a democracia
3.1. As conferências da paz da Haia de 1899 e de 1907: Rui Barbosa e a igualdade soberana das nações; Corte Arbitral Internacional; possibilidades e limites
3.2. A Grande Guerra e os 14 Pontos de Wilson; a denúncia bolchevique dos acordos secretos;
3.3. A Liga das Nações e o Acordo Briand-Kellog: o recurso obrigatório a meios pacíficos de solução de controvérsias e de disputas entre os Estados 
3.4. O nascimento oligárquico da ordem internacional do pós-Segunda Guerra: a ONU
3.5. O processo de multilateralização da ordem política e econômica internacional
3.6. A descolonização, o fim do socialismo e a triplicação dos Estados membros da ONU
3.7. A busca de justiça nas relações internacionais: de Nuremberg ao TPI, passando pelas guerras civis nos Balcãs, na África e no Oriente Médio
3.8. A responsabilidade de proteger (R2P), limites da soberania estatal e a responsabilidade ao proteger
3.9. Progressos limitados da ordem democrática no contexto internacional
3.10. O Brasil no contexto global das liberdades democráticas: da ditadura à democracia e aos retrocessos do antimultilateralismo

4. O Brasil no cenário internacional e o futuro da diplomacia brasileira 
4.1. Qual é o cenário internacional atual?
4. 2. Como o Brasil se situa nesse cenário?
4.3. Quais foram, quais são, atualmente, os posicionamentos da diplomacia brasileira?
4.4. Os sete pecados capitais da diplomacia bolsolavista
       4.4.1. Ignorância
       4.4.2. Irrealismo
       4.4.3. Arrogância
       4.4.4. Servilismo
       4.4.5. Miopia
       4.4.6. Grosseria
       4.4.7. Inconstitucionalidade
4.5. A diplomacia brasileira tem futuro? Certamente, mas ainda não sabemos qual será

5. Duas diplomacias contrastadas: a do lulopetismo e a do bolsolavismo
5.1. Similaridades e diferenças entre uma e outra diplomacia
5.2. O que distingue, basicamente, a diplomacia lulopetista da bolsolavista? 
5.3. Contrastes e confrontos entre a diplomacia lulopetista e a bolsolavista
(a) Multilateralismo e cooperação internacional: a quadratura do círculo
(b) OMC e questões comerciais em geral: muito barulho por quase nada
(c) Terrorismo: o que os EUA determinarem, está bem
(d) Globalização e “globalismo”: quando o besteirol chega ao Itamaraty
(e) Brasil na América do Sul e a questão da liderança regional
(f) Mercosul: supostamente relevante, mas de fato deixado de lado
(g) Argentina, o parceiro incontornável (mas contornado)
(h) Europa, União Europeia: esperanças e frustrações
(i) A relação bilateral com os Estados Unidos: subordinação em toda a linha
(j) relações com a China: entre o saldo comercial e o “comunavirus”
5.4Instrumentos diplomáticos e características gerais das duas diplomacias

6. Política externa e diplomacia brasileira no desenvolvimento nacional
6.1. Introdução: a natureza do exercício
6.2. Do Império à velha República: o lento desenvolvimento social
6.3. A modernização conservadora sob tutela militar: 1930-1985
6.4. As insuficiências sociais da democracia política: 1985-2020
6.5. Dúvidas e questionamentos sobre o futuro: o que falta ao Brasil?

6.5.1. Estabilidade macroeconômica (políticas macro e setoriais)

6.5.2. Competição microeconômica (fim de monopólios e carteis)
6.5.3. Boa governança (reforma das instituições nos três poderes)
6.5.4. Alta qualidade do capital humano (revolução educacional)
6.5.5. Abertura ampla a comércio e investimentos internacionais
6.6. Conclusões: o que falta ao Brasil?

Epílogo: 
Preparando a reconstrução da política externa 
  
Apêndices: 
Dez regras sensatas para a diplomacia profissional
A reconstrução da política externa brasileira (“manifesto dos chanceleres”)
Programa Renascença (Instituto Diplomacia para Democracia)

Livros publicados pelo autor
Nota sobre o autor



Em tempos de grandes mentiras, o ato de falar a verdade torna-se revolucionário.
George Orwell
  

The fact that men and women gain governing power
– whether by democratic elections or extraconstitutional means –
is no guarantee of wise leadership.
Robert Dallek, Prefácio a The Lost Peace: leadership in a time of horror and hope, 1945-1953
(New York: Harper Collins Publishers, e-books, 2010)


sábado, 5 de setembro de 2020

Grupo de diplomatas propõe política externa pós-Bolsonaro - Carolina Marins (UOL)

Eu nunca chamaria os diplomatas que rejeitam a atual política externa, do governo Bolsonaro, de "desalentados". Ao contrário, se trata de resistentes à subissão da diplomacia bolsolavista ao governo Trump, suas posturas antidiplomáticas em praticamente todas as vertentes da agenda internacional, multilateral, regional e bilateral. 
Esse trabalho de resistência vai continuar.
Eu mesmo pretendo lançar mais um livro proximamente.
Paulo Roberto de Almeida

"Desalentados", grupo de diplomatas propõe política externa pós-Bolsonaro

Carolina Marins
Do UOL, em São Paulo
05/09/2020 04h00


Os atritos entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e outros líderes mundiais, o alinhamento aos EUA e a maneira como o governo tem lidado com a Amazônia e a pandemia de covid-19 têm deixado um grupo de diplomatas preocupado com a reputação do país no exterior. Por isso, lançarão na próxima semana um documento com sugestões para "reconstruir" a política externa após o fim do atual governo.
Na próxima terça-feira (8), às 15h, os ex-embaixadores Celso Amorim e Rubens Ricupero, que não participaram da construção do documento, mas interpretam a iniciativa como uma forma de demonstrar "desalento" com o momento atual vivido pelo Itamaraty, participam de debate virtual para o lançamento da carta de metas. A mediação será da professora Suhayla Khalil, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, e a transmissão ocorrerá pelo YouTube, Facebook e no UOL.
"Isso reflete um momento de tremendo desencanto com o que está ocorrendo na política externa", opina o ex-chanceler Celso Amorim em entrevista ao UOL. "A gente tem visto outros diplomatas veteranos que estão todos muito chocados com os rumos que o Brasil tem tomado. Eu acho que isso chegou aos jovens diplomatas também. Os jovens estão muito desalentados."
Antonio Cottas, diplomata licenciado que idealizou o projeto, explica que o documento reúne sugestões de outros diplomatas, servidores públicos e especialistas na área de relações internacionais para "recuperar" a reputação do Itamaraty. "O primeiro projeto público de uma política externa pós-bolsonarista parte da constatação de graves danos à reputação e aos interesses do Brasil causados pelo atual governo", diz a nota de divulgação do evento.
"Já passado um ano e meio, o governo não tem sido capaz de apresentar resultados concretos. Pelo contrário, tem colocado o Brasil em grandes dificuldades com países parceiros", afirma Cottas.
"Esse pessoal de agora fez uma mudança radical no organograma logo no começo do mandato. Isso causou uma dor de cabeça enorme para um monte de gente, para o funcionamento do ministério, e obteve resultados muito duvidosos. Muitas pessoas estão se sentindo constrangidas em defender algumas políticas desse governo e estão preferindo ir para postos ou designações um pouco mais 'low profile'".
Entre os descontentamentos, o diplomata aponta o alinhamento automático aos Estados Unidos, defendido pelo presidente brasileiro. Segundo ele, o comportamento do país arranha a imagem até mesmo aos olhos dos EUA.
"Vamos ter uma política externa sensata. Nada de alinhamento automático e submissão aos Estados Unidos. Primeiro porque eles não respeitam isso. Para um país com as dimensões do Brasil, não tem como você se alinhar a uma grande potência. Fora que isso é constrangedor e humilhante", diz.
"Isso não é um alinhamento. Alinhamento foi na época do Castelo Branco, do Juracy Magalhães. Isso é submissão", concorda Amorim. "Nas grandes questões globais, que o Brasil não teria um grande interesse, ele seguia os Estados Unidos. Agora não. Mesmo em coisas importantes. Por exemplo, o Brasil tinha um candidato ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Os EUA, rompendo com uma tradição de 60 anos, lançam um candidato e o Brasil solta uma nota elogiando. Isso aí não tem paralelo", exemplifica.
A questão ambiental é outro ponto citado pelos diplomatas que afeta, inclusive, o acordo Mercosul-União Europeia, celebrado pelo governo. Países europeus se mostram inseguros de firmar o acordo após o episódio das queimadas na floresta Amazônica, negadas pelo presidente. O próprio vice-presidente Hamilton Mourão já disse que vê o acordando "naufragando".
"Eu creio que nem os europeus, nem o Mercosul deseja propriamente liquidar a possibilidade de que o acordo venha a existir no futuro. Mas ele está condicionado a que haja uma mudança real na política de meio ambiente do Brasil", diz Rubens Ricupero, que também foi ministro do meio ambiente durante o governo Itamar Franco.
"Quem criou o problema foi o Brasil, porque o acordo estava indo muito bem. A Alemanha tinha interesse em levar adiante, mas o que aconteceu na Amazônia, evidentemente, paralisou tudo. E já houve dois parlamentos, o da Holanda e o da Irlanda, que votaram resoluções contrárias ao acordo", completa.
"O governo todo festejou o acordo Mercosul-União Europeia. O próprio chanceler festejou porque estávamos negociando há vinte anos. Depois, tudo o que o Brasil fez foi para sabotar o acordo. Brigou com a França. Brigou com a Alemanha. Tratam de mudança climática de maneira vexatória que nos expõe no mundo inteiro. Tudo isso torna o acordo impossível", opina Amorim.
Segundo os embaixadores, o histórico pragmatismo do Itamaraty, que antes tornava o Brasil um país amigável para participar de inúmeras discussões sensíveis da política internacional, se perdeu com a chegada da ideologia encampada por Bolsonaro, em especial em temas de direitos humanos, desmatamento e saúde. Com a pandemia de covid-19 e a consolidação do país como epicentro da doença, a reputação foi novamente afetada.
"Já tínhamos uma imagem péssima por muitas razões", diz Ricupero. "O fato de que o presidente faz apologia da ditadura e da tortura; que tem essa atitude hostil à política de gênero; o problema dos povos indígenas; os incêndios da Amazônia. E agora em cima de tudo isso, é o país percebido como o pior do mundo no combate à pandemia. Nenhum país do mundo mudou três vezes de ministro da Saúde em plena pandemia. E agora, como se não faltasse ainda, essa declaração sobre a vacina, que é a única esperança que se tem agora."
O ex-embaixador diz que recuperar a reputação pode ser um processo lento. "Ainda que daqui dois, três anos se tenha outro governo e uma política externa muito superior à atual, as pessoas no exterior vão sempre lembrar deste momento de mergulho e vão dizer 'que confiança nós podemos ter um país que teve oscilações tão grandes?'".
Ambos os embaixadores enfatizam que leram o documento a ser divulgado e não concordam necessariamente com todos os pontos, mas consideram importante a ação. "Eu fico com muita admiração pela coragem desses jovens. Entendo que muitos deles provavelmente estão em serviço ativo", completa Amorim.

RELACIONADAS

Dia da Amazônia - revista Gama

De seus povos, de sua água, dos animais, daquela imensidão toda. Como transformar esse patrimônio em motivo de orgulho e preservação? Líderes indígenas, cientistas e fotojornalistas indicam caminhos possíveis para evitar que ela seja devastada.
Neste dia 5 de setembro celebramos a Amazônia, um dos maiores patrimônios naturais da humanidade.
A seguir, conteúdos de Semana da Gama e indicações de leitura do Nexo Jornal que falam sobre preservação, desmatamento, os povos tradicionais que ali habitam, passado, presente e futuro da maior floresta tropical do planeta.
 
PUBLICIDADE

Grandes filmes de temática conservadora, segundo a Gazeta do Povo

Gazeta do Povo é um jornal declaradamente conservador, e até pode ser acusado de direita e reacionário. Os filmes que o jornal considera como sendo conservadores, não precisam ter essa vertente política ou filosófica para serem grandes filmes, basta serem grandes obras de arte para que se possa apreciá-los.
Paulo Roberto de Almeida


 

“Onde Está Segunda?”

Com ares de superprodução, este título da Netflix traz um futuro distópico muito parecido com o período da política do filho único da China . Ninguém pode ter mais que um filho e o Estado totalitário controla todos de forma rígida para que isso seja cumprido. Um bom exemplo de um filme cheio de ação e com grandes atores que pode funcionar como um alerta para algo que pode ocorrer no futuro. Duvida? Pergunte aos chineses que conviveram com esse regime entre 1980 e 2016.
 

“A Morte de Stalin”

Como retratar um dos piores tiranos da história da humanidade? Como fazer um filme sobre alguém que matou milhões de pessoas? Assim como Charles Chaplin fez o retrato definitivo de Hitler como caricatura, “A Morte de Stalin” usa o humor da mesma forma com o regime soviético, ao revelar sua mesquinhez e a maneira sórdida como seus líderes agiam. Funcionou tão bem que o governo Putin proibiu seu lançamento nos cinemas russos.
 

“Estrada Sem Lei”

À primeira vista, “Estrada Sem Lei” é apenas mais uma obra sobre o casal de ladrões e assassinos Bonnie e Clyde, que aterrorizaram os EUA nos anos 1930 . Ao contrário de outros filmes que pintaram um retrato simpático ao casal, esta obra não faz nenhum tipo de relativismo moral: define bem os heróis e vilões da história. O diretor John Lee Hancock mostra como Bonnie e Clyde, apesar de bonitos e bem-vestidos, não passam de assassinos cruéis, dispostos a matar por sadismo e preocupados apenas com o próprio bem-estar.
 

“Uma Vida Oculta”

A história do heroísmo na Segunda Guerra Mundial não se conta apenas com os milhares de soldados que lutaram para enfrentar o nazismo. Há histórias de pessoas que não precisaram pegar em armas para desafiar Hitler. Este é o caso do austríaco Franz Jägerstätter, que, convocado a lutar pelo exército nazista, se recusou a ir para o campo de batalha. Obedecer à própria consciência custou a Franz um preço que poucas pessoas se disporiam a pagar. Por isso seu exemplo, retratado neste belíssimo filme, vale tanto.
 

“O Destino de Uma Nação”

Como as coisas mudam em três anos. Em 2017, quando estreou, “O Destino de Uma Nação” fez justiça com a história de Winston Churchill , um homem que, apesar de todos os seus defeitos, guiou a Inglaterra, praticamente sozinho por um bom tempo, contra o domínio alemão na Europa. Foram tempos difíceis, que o filme mostra com precisão. Por isso, em tempos nos quais autoproclamados antifascistas atentam contra a estátua de Churchill em Londres, “O Destino de Uma Nação” tenha seu valor renovado justamente por enaltecer o maior antifascista de todos os tempos.
 

“A Promessa”

O Holocausto promovido pelos nazistas é lembrado, com razão, como uma atrocidade imperdoável e inapagável. Mas poucas pessoas sabem que, duas décadas antes, os armênios foram vítimas de uma barbárie semelhante perpetrada pelo Império Otomano, no território da atual Turquia. “A Promessa” mostra, de forma comovente e até chocante, como 1,5 milhão de armênios foram exterminados, no episódio que motivou a criação do termo “genocídio”. Bom como entretenimento, o filme é ainda mais valioso como peça de educação.
 

“Missão de Honra”

A História da Segunda Guerra Mundial costuma ser contada pela perspectiva dos americanos e dos britânicos – com razão, já que, ao lado dos soviéticos, eles deram a maior contribuição para a vitória dos aliados. “Missão de Honra” apresenta uma perspectiva diferente: a dos pilotos poloneses que, com sua terra-natal já dominada pelos alemães, foram incorporados à Força Aérea Britânica . O filme mostra como, sob desconfiança, eles obtiveram o respeito dos ingleses e se tornaram peças importantes na estratégia militar dos aliados. É uma história de perseverança, lealdade e coragem em meio à destruição da guerra.
 

“O Anjo do Mossad”

Parece pura ficção, mas é baseado em uma história real: “O Anjo do Mossad” conta a história de Ashraf Marwan, que era genro do presidente do Egito e se transformou em um espião a serviço do Mossad, o serviço secreto de Israel . Os dois países haviam entrado em guerra anos antes, com uma derrota humilhante para o Egito. Marwan queria evitar um novo conflito do tipo. Apesar de mostrar o esforço de Israel por sua sobrevivência rodeado por vizinhos pouco amigáveis, o filme tem o mérito de não adotar um tom simplista diante de um assunto tão complexo quanto a geopolítica do Oriente Médio.
  

“Fire on the Hill”

Um bairro negro na periferia de Los Angeles provavelmente não é o primeiro lugar que vêm à mente das pessoas quando alguém fala em caubóis americanos. Mas, como mostra o documentário “Fire on the Hill”, o bairro de Compton, um dos mais violentos do país, é um celeiro de peões de rodeio . O filme conta a história do estábulo conhecido como “The Hill”, formado para dar uma alternativa de vida aos jovens da comunidade. Além de mostrar que a força moral do indivíduo é capaz de superar a influência negativa do meio, o documentário desmonta alguns mitos da esquerda americana sobre o chamado racismo sistêmico. Vale a audiência.
 

“Nada é Para Sempre”

Conhecido como o filme que alçou Brad Pitt à fama, “Nada é Para Sempre” é muito mais do que isto: a obra lançada em 1992 consta da lista dos clássicos do diretor Robert Redford . O filme conta a história dos irmãos Norman e Paul MacLead, criados em meio às belas paisagens do estado de Montana. “Nada é Para Sempre” não traz reviravoltas imprevisíveis: em vez disso, flui suavemente, permitindo ao telespectador contemplar a beleza da existência e a inevitabilidade da passagem do tempo enquanto os protagonistas tomam rumos diferentes em suas vidas. As duas horas de filme valem a pena.
 

“A Geração da Riqueza”

Quanto dinheiro é dinheiro demais? O documentário “A Geração da Riqueza” mergulha no universo dos super-ricos – ou dos super-fúteis – para explorar essa pergunta. A diretora Lauren Greenfield, reuniu 25 anos de material neste filme, o que permite acompanhar a evolução de algumas das pessoas retratadas. Spoiler: a obsessão pelo dinheiro, pela fama e pela aparência não costuma levar a grandes resultados. E, embora essa crítica seja feita mais pela esquerda do que pela direita, é bom lembrar que existe uma longa tradição conservadora contra o materialismo exacerbado. Como dizia Aristóteles, a felicidade não depende do acúmulo de dinheiro, mas do cultivo das virtudes.
 

“Mr Jones”

Dos muitos crimes cometidos por Stalin no comando da União Soviética, o mais terrível talvez tenha sido o Holodomor, a “Grande Fome” que ceifou a vida de aproximadamente 4 milhões de ucranianos nos anos 30. O filme “Mr Jones”, baseado numa história real, faz justiça ao jornalista Gareth Jones, que enfrentou não apenas a ditadura comunista quanto o ceticismo dos próprios colegas para denunciar o genocídio ao mundo. Ilustrado por cenas aterradoras, o filme é recomendado a todos, sobretudo, aos que ainda enxergam algo de positivo no comunismo soviético.
 

“Milada”

Pouco conhecida fora da República Checa, Milada Horakova foi uma heroína cuja história ainda impressiona: perseguida por nazistas e por comunistas, ela não se dobrou - e pagou caro por isso. “Milada”, que conta esta história, também funciona como uma alegoria da então Checoslováquia, que foi violada tanto pelo exército de Hitler quanto pelos soviéticos (embora estes, em tese, se apresentassem como libertadores). Poucas pessoas enfrentaram tão abertamente os dois regimes mais assassinos que a Europa já conheceu. “Milada” é, por isso, uma ode ao valor da convicção individual e do amor à pátria diante do totalitarismo.
 

“Uma Viagem Extraordinária”

São poucos os filmes que conseguem retratar a riqueza do universo infantil sem, entretanto, serem filmes infantis. “Uma Viagem Extraordinária” está nesta lista. A obra gira em torno de T.S. Spivet, um garoto de inteligência rara que vive em uma fazenda em Montana. Ao ganhar um prêmio científico, ele decide atravessar o país sozinho para receber a comenda. Com uma fotografia belíssima e atuações cativantes, “Uma Viagem Extraordinária” mostra que as luzes da cidade grande não são capazes de substituir o afeto da família.
 

“O Contador de Auschwitz”

Um dos grandes debates morais provocados pelo terror do Holocausto envolveu os limites da responsabilidade individual. Se uma engrenagem oficial foi montada para exterminar judeus, cada indivíduo é apenas uma peça nesse sistema. O mal se torna banal, como descreveu a filósofa Hannah Arendt. O documentário “O Contador de Auschwitz” acompanha o julgamento de Oskar Gröning, que aos 93 anos de idade finalmente foi levado ao tribunal por ter atuado no campo de concentração . A pergunta-chave do filme vem de um dos entrevistados: “Se você pune um homem de 93 anos por algo que ele fez quando tinha 23, você ainda está punindo a mesma pessoa que cometeu o crime?” O documentário responde a pergunta mostrando o depoimento de vítimas do nazismo.
  

“Partida Fria”

Em plena Crise dos Mísseis (o momento mais tenso da Guerra Fria), o melhor enxadrista americano viaja à Polônia para enfrentar o campeão soviético. Esta é a trama de “Partida Fria”, que é menos sobre o jogo de xadrez e mais sobre os subterfúgios das duas potências para descobrir segredos de Estado do inimigo. Embora a história seja fictícia, o filme dirigido pelo polonês Lukasz Kosmicki retrata com realismo a brutalidade e falta de princípios do regime comunista. Além disso, tomando a partida de xadrez como uma metáfora da Guerra Fria, a obra também destaca o papel da Polônia no jogo de interesses da geopolítica do pós-guerra.
 

“Dezessete”

O filme “Dezessete”, é uma espécie de Dom Quixote da Espanha pós-recessão econômica . Nele, dois irmãos desajustados, acompanhados pela avó moribunda, viajam pelo território espanhol em busca de um cachorro desaparecido. Na jornada, eles acabam estreitando os laços e se deparando com os próprios defeitos. O filme retrata, com um certo ar de desolação, uma geração sem vínculos com o lugar de origem e sem grandes propósitos na vida. Ao seu modo, “Dezessete” reforça o argumento conservador em favor de famílias fortes e comunidades fortes - e demonstra que é possível aprimorar as virtudes mesmo em situações pouco propícias.
 

“18 presentes”

Inspirado em uma história real, mas com uma boa dose de ficção, o filme italiano “18 presentes” conta a história de uma mãe que, ao ser diagnosticada com câncer, decide comprar um presente para ser dado à sua filha até que ela atinja 18 anos . Centrada na vida familiar e na ternura materna, a obra dá testemunho da permanência do amor materno, que ultrapassa até mesmo a própria vida. A interpretação comovente de Vittoria Puccini, uma das musas do cinema italiano, é outro ponto positivo do filme, que tem potencial para arrancar lágrimas dos espectadores mais sensíveis.