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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Bolivar Lamounier trata da morte anunciada dos regimes liberais

 Admirável análise realista das agruras temporárias da liberal democracia e das ameaças autoritárias, quando não tentações totalitárias, como alertou Jean-François Revel, e agora Bolívar Lamounier. Nossa democracia de baixa qualidade, a despeito dos arreganhos caudilhescos do genocida no poder, vai perdurar, e sempre de baixíssima qualidade, pois esta é a nossa infeliz condição. Vai demorar para construirmos um sistema representativo decente e um capitalismo razoável, vai demorar. A razão da demora? Insisto na responsabilidade principal: nossas elites — todas elas, não só o Grande Capital, sindicatos e corporações de Estado também— são muito MEDIOCRES!

Paulo Roberto de Almeida 

UM ABOMINÁVEL MUNDO NOVO?

Bolívar Lamounier - 29.06.2021


A democracia liberal mal se iniciava e sua morte já era anunciada dia sim e outro também. Um caso de mortalidade infantil.

No momento atual, com o mundo engolfado nessa monstruosa pandemia, ninguém se surpreenderá com o reaparecimento do tema. Agora, já mais que centenária, não há dúvida de que ela integra um grupo de altíssimo risco. Os fatores cogitados como causas do anunciado óbito variam, é claro, e é com eles que nos devemos preocupar. O mais invocado é uma reversão da interdependência mundial, cada país ensimesmando-se, concentrando-se em seus problemas internos  e deixando o resto ao Deus dará. Outra tecla continuamente martelada é a perda de hegemonia dos Estados Unidos, vale dizer, a  debilitação da grande potência do norte em relação às demais – à China, notadamente. Semanas atrás, Henry Kissinger discorreu longamente sobre esse tema, frisando que tal hipótese significaria a liquefação do ideário liberal frente ao férreo totalitarismo asiático. Tudo isso soa razoável no campo das hipóteses, mas se queremos pensar a sério sobre o futuro da democracia  liberal, precisamos de um recuo histórico maior e de mais cuidado com os conceitos.

Nunca é demais lembrar que a democracia liberal-representativa só começa a se configurar plenamente por volta da quarta década do século 19. Até então, com as exceções parciais  da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, o mundo se dividia em países desabridamente autoritários  e em embriões de democracia. Estes existiam em sociedades oligárquicas, nas quais o jogo político limitava-se a pequenos grupos  de elite – proprietários de terra, comerciantes e uns poucos profissionais liberais, como advogados e médicos. A  população habilitada a votar era uma minúscula parcela imersa numa vasta maioria analfabeta, empregada em atividades rurais e completamente excluída da vida pública. 

Um ponto importantíssimo, raramente ressaltado mesmo por renomados acadêmicos, é que esse era o cenário invocado pelos primeiros  críticos do liberalismo, que atestavam o óbito da democracia quando ela apenas engatinhava. Tomando a nuvem por Juno, tais críticos julgavam estar vendo um cemitério, e não o início de uma caminhada cheia de opções e possibilidades.

Tomando só os pontos mais importantes, a segunda pretensão de atestar o óbito da democracia surgiu entre a segunda e a terceira décadas do século XX, na esteira da Revolução Russa e da marcha fascista sobre Roma. O horizonte que agora se descortinava compunha-se de um elenco muito mais complexo, protagonistas sociais de maior peso, entre os quais os sindicatos e partidos ideológicos se destacava. Nesse novo enredo, o leit-motiv era o confronto entre o capital e o trabalho. Resumidamente, podemos pois afirmar que a traço distintivo desse novo quadro era uma abrupta elevação do nível dos conflitos. O segundo atestado de óbito parecia emergir praticamente pronto: a colisão de interesses agigantara-se a tal  ponto que a   capacidade de resistência das “débeis” instituições da democracia não era maior que casquinhas de sorvete. O futuro pertenceria, de um lado,  a ditaduras comunistas, assentadas em sistemas de partido único e, do outro, na violência nua e crua contra a resistência e na organização compulsória dos contendores em corporações, próprias do fascismo. 

No Brasil, o modelo corporativista foi experimentado para inglês ver por Getúlio Vargas, que nunca quis organização nenhuma e sim uma ditadura personalista respaldada pelo Exército. Mas quem lhe deu o cartão vermelho foi o próprio Exército – especificamente os “pracinhas” que haviam combatido na Itália e retornaram convencidos de que o regime de Mussolini era uma grande farsa. 

Finda a Segunda Guerra Mundial, os problemas e atores eram ainda basicamente esses, mas a ideia-força sob a qual a sociedade internacional se reorganizou foi o liberalismo (político e econômico). Desde então, apesar de seus avanços e retrocessos, a democracia liberal permanece como o mais importante princípio internacional para a legitimação do poder. O fascismo do tipo italiano sumiu do mapa e  o comunismo soviético cambaleou por mais 45 anos.       

O segundo pós-guerra, marcado pela Guerra Fria, permanece vivo em nossa memória. Rachou como fendas tectônicas quase todos os países democráticos,   turbinando fatores internos de radicalização política, como foi o caso, no Brasil, da contraposição entre o lacerdismo e o getulismo. Fato é que mesmo países autoritários (como Portugal e Espanha) e outros, democráticos, que haviam recaído temporariamente no  autoritarismo se reergueram. Os elementos internos de conflito que havia em todos eles foram bem ou mal equacionados através da retomada do sistema representativo. 

Nos últimos anos, temos visto por toda parte uma legião de coveiros ansiosos por atestar, dia sim, outro também, o “fim da democracia representativa”. Claro, nada é impossível. Um dia o mundo democrático poderá  sucumbir de vez. 

Mas três afirmações podem ser feitas sem temor de errar. Em escala mundial, essa alternativa antidemocrática será um “abominável mundo novo”, pois será necessariamente totalitário, experiência sobre a qual a Alemanha e a URSS nos ensinaram o suficiente no transcurso do século 20. 

A segunda afirmação é que, por si sós, crises econômicas e baboseiras ideológicas, com ou sem pandemias não provocam rupturas profundas na ordem constitucional  democrática. Estas decorrem da gana de poder de líderes desmiolados, que não se furtam a ameaçar o convívio civilizado nas sociedades que governam. Também aqui, o exemplo brasileiro é relevante. Apeado do poder pelos militares em 1945, Getúlio Vargas, numa entrevista famosa a Samuel Wainer, mandou este recado ao país: “Eu voltarei. Mas não como político. Como líder de massas”. Não é exagero dizer que tal declaração, respondida no mesmo tom por Carlos Lacerda, foi o estopim da radicalização dos anos cinquenta, que desaguou no golpe militar de 1964.       

Aqui chegamos à minha terceira afirmação, referente a um velho equívoco do debate sobre a democracia e o liberalismo. À capenga suposição de que o sistema político liberal só é concebível em sociedades que hajam atingido um elevado nível de desenvolvimento econômico, social e educacional. Ora, nenhum teórico liberal sério jamais afirmou que o regime democrático só seria possível numa sociedade igualitária, constituída por unidades iguais em massa e peso, como bolas numa mesa de bilhar. 

Desde seus primórdios, a democracia, como qualquer outro sistema, teve que enfrentar os dilemas da acumulação de capital (ou seja, o crescimento econômico) e a ordenação ou regulamentação institucional dos conflitos (instituições respeitadas), com as desigualdades e enfrentamentos que deles decorrem. 

Salta aos olhos que o mundo pós-pandêmico terá de enfrentar grandes desafios, mas não necessariamente desafios que ponham em xeque a própria sobrevivência da ordem liberal-democrática. No Brasil, por exemplo, os últimos sessenta ou setenta anos evidenciam equívocos monumentais. O mega-endividamento externo do general-presidente Ernesto Geisel e mais recentemente o criminoso desperdício de recursos com a construção de estádios da era Lula-Dilma, por exemplo. 

Na  citada sequência de tolices, não nos demos conta de que nossas prioridades tinham que ser o fortalecimento do setor privado da economia e a destinação  de vultosos recursos para os setores de ciência e tecnologia, saneamento básico, saúde e, naturalmente, educação básica.  Essa reorientação será um imperativo inarredável, em relação ao qual a transparência e as divergências inerentes à  democracia serão uma grande alavanca, e não um obstáculo, como não se cansam de afirmar os idiotas incuráveis e os pregoeiros do autoritarismo.


Devemos homenagear e honrar o capitalismo? Não creio - Paulo Roberto de Almeida, Steve Horwitz, Joaquim Neto,

 Leiam primeiro, se desejarem, o texto abaixo de Steve Horwitz, uma espécie de In Praise of Capitalism.

O debate é relevante, e  tem a ver com a “natureza” das coisas. Acadêmicos em geral tendem a tratar o capitalismo e o socialismo (o verdadeiro, não a social-democracia) como dois “sistemas”, geralmente contrapostos: ou seja, de um lado, o capitalismo de livre mercados e propriedade privada, de outro o regime coletivista de propriedade estatal e planejamento centralizado. 

Essa contraposição é totalmente errada, pois se existe um sistema concebido e implementado pelo homem, este é o socialismo, e é por isso mesmo que não funciona. O capitalismo, ou o que passa por ele, é apenas uma das formas da economia de mercados, de preferência totalmente livre e anárquico, e assim deve continuar (do contrário não funcionaria).

Meu comentário “em resposta” ao pequeno texto começa por dizer que ele é muito interessante, mas me parece  heuristicamente incorreto. Trata o capitalismo como se fosse uma construção social, uma instituição que pode ser moldada por seres conscientes do funcionamento da engrenagem, segundo uma racionalidade deliberada. 

Não me parece ser assim: a economia de mercado complexa — não o capitalismo, que é uma de suas formas — é um processo multiforme, não guiado intencionalmente, mas construído gradualmente, por via de ensaios e erros repetidos ao longo dos séculos. 

Não cabe elogiar o capitalismo, pois ele é completamente indiferente e inconsciente dessas querenças e malquerenças dos homens, ele vai atravessando a história e se moldando e se transformando de maneira um tanto errática. Observe que existem “n” tipos de “capitalismos” ao redor do mundo, cada um diferente do outro. 

Portanto, NÃO EXISTE um capitalismo a ser defendido ou atacado, apenas a economia de mercado, que deve ser deixada a mais livre possível. É assim que vejo as coisas. Paulo Roberto de Almeida

Steve Horwitz:

“ If what we care about are actual results and not intentions, there is no system more compassionate than capitalism. 

Nothing else has been more responsible for lifting humanity out of poverty and misery, and nothing else has made it so possible for us to care for each other intentionally in all of the ways that we do. No other system has enabled humans to engage in compassion through charity toward strangers to anywhere near the degree we do under capitalism.

Whether you want to talk about compassion as generalized benefits for the least well off or as intentional assistance for those in need, capitalism is the most compassionate system we have.”

Grato a Joaquim Neto pela transcrição, postagem e tradução:

Achei interessante repostar.

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Mais um belo e sucinto comentário do Steve Horwitz, dessa vez bem na linha do Steven Pinker, da Deirdre McCloskey, e do Frédéric Bastiat das "Harmonias Econômicas". 

É interessante notar que, talvez por causa do clima político atual (especialmente no Brasil e nos EUA), os liberais modernos tendem a enfocar o aspecto negativo da natureza humana, contrariando assim uma característica importante do Liberalismo Clássico. Nisso fazem coro com os conservadores, que batem, incessantemente, na tecla do suposto defeito de fábrica do ser humano, que é por eles conhecido como "o pecado original". 

Alguns entre os liberais modernos alertam que o otimismo perante a vida e o futuro da humanidade precederam o advento do Nazismo na Alemanha. Outros, ainda mais apocalíticos, insistem que uma Terceira Guerra Mundial nos espreita. Outros ainda, insistem que estamos cada vez menos livres (o que é uma falácia). Parecem estar seduzidos por aquilo que Ayn Rand chamou de *premissa do universo malevolente*.

O resultado prático de tudo isso é que o Capitalismo (assim como o Liberalismo) deixa de inspirar as pessoas comuns, que passam a encarar a sua defesa como um mero passatempo de intelectuais de classe média e da elite, ou seja, algo que oferece vantagens para os ricos e para os milionários em detrimento do pobre e do miserável.

Está na hora do chamado "intelectual de direita" abandonar o discurso negativo e de confronto, falar menos para a sua própria tribo, e se ocupar mais em persuadir o povão, que no frigir dos ovos, é o que realmente importa.

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"Se o que nos interessa são os resultados reais e não as intenções, [devemos concluir que] não existe sistema mais compassivo do que o capitalismo.

Nada foi mais responsável por tirar a humanidade da pobreza e da miséria, e nada nos tornou tão capazes de cuidar uns dos outros, intencionalmente, e de todas as maneiras como fazemos hoje. Nenhum outro sistema permitiu que os seres humanos se envolvessem em compaixão, por meio da caridade para com os estranhos, em um grau próximo ao que fazemos sob o capitalismo.

Quer você fale sobre compaixão como benefícios generalizados para os menos favorecidos, ou como assistência intencional para os necessitados, o capitalismo é o sistema mais compassivo que temos."


As roupas novas do novo imperador do Império do Meio - Frederic Lemaitre (Pekin, Le Monde)

 


Bustes de Mao Zedong et affiches à la gloire de la révolution à Yan’an (Shaanxi), berceau du Parti communiste chinois, le 12 juin 2021.
ROMAN PILIPEY / EPA

Xi Jinping, ultime tête pensante du destin chinois

Par Frédéric Lemaître (Pékin, correspondant)
Aujourd’hui à 05h52.
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RÉCIT « Les 100 ans du Parti communiste chinois » (3/3). Après son arrivée à la tête du parti, en 2012, le président chinois a vite douché les espoirs d’ouverture que sa nomination avait pu faire naître. Xi Jinping a montré qu’il n’entendait laisser à personne d’autre que lui le soin de réfléchir à la Chine de demain, pas plus qu’à celle d’hier. 

Ses films font le tour du monde, mais lui vit reclus. Qualifié de « Claude Lanzmann chinois » depuis Les Ames mortes (2018), ce documentaire de neuf heures sur les victimes du goulag maoïste à la fin des années 1950, Wang Bing reste un inconnu dans son pays. Les œuvres de ce cinéaste n’ont en effet jamais passé la censure. Si ce banni de l’intérieur accepte de rencontrer Le Monde, il souhaite que l’on ne divulgue pas son adresse. Pas question d’attirer l’attention des autorités locales. Pis, peu après l’entretien, un de ses proches nous recontacte et nous dit en substance : « S’il vous plaît, ne parlez pas non plus de ses projets, c’est trop sensible. »

Star internationale, Wang Bing fait, chez lui, figure de paria. Et pourtant, il tourne. Dans le magistral A l’Ouest des rails (2003), il avait chroniqué la fin d’un monde, la fermeture des immenses complexes sidérurgiques du nord-est du pays. Cette fois, c’est dans une usine textile du sud qu’il a posé sa caméra, pour suivre pendant cinq ans de jeunes ouvriers, âgés de 18 à 27 ans, contraints de trimer quatorze heures par jour sans contrat de travail et uniquement payés au rendement. Quelque 85 % des vêtements pour enfants made in China seraient produits dans ces conditions. Un film social ? Politique ? Wang Bing le nie farouchement. Sans doute est-ce trop risqué. C’est un film « sur une génération », martèle-t-il. Le titre en atteste : Une jeunesse.

Difficile pourtant, en visionnant une (infime) partie des 4 000 heures de rushes de ne pas y voir la confirmation des propos d’un autre empêcheur de penser en rond, l’historien Qin Hui. Pour lui, « l’avantage comparatif de la Chine lors de son entrée dans l’Organisation mondiale du commerce était de ne pas avoir de droits de l’homme aussi développés »« En Chine, le peuple n’a ni liberté ni protection sociale », nous expliquait cet universitaire dans l’arrière-salle d’un café pékinois, en 2019.

Face à un Occident qui estime parfois que ce pays n’est pas une économie de marché, ce provocateur opposait un contre-argument percutant : « Pendant la crise du sida, les paysans allaient jusqu’à vendre leur sang. Si ce n’est pas du libéralisme, ça ! » Autant de propos iconoclastes qui ont valu à l’un de ses livres d’histoire, Sortir du système impérial, d’être retiré de la vente dès sa sortie, en décembre 2015. Lui-même a été mis à la retraite anticipée par son employeur – l’université Tsinghua –, mais continue d’écrire et de s’exprimer, en critiquant la Chine mais sans attaquer directement le Parti communiste chinois (PCC), et encore moins son leader.

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Uma visita do além-túmulo: Frank D. McCann visita minha página em Academia.edu depois de falecido? Mistério...

 Uma surpresa: verificando a lista dos que acessaram meus trabalhos no período recente, encontro estes registros: 

Recent Activity
Read 11/10/20

Ou seja, a leitura mais recente desse "visitante" foi em 30 de junho de 2021
E quem foi o visitante?
Este aqui: 

map

University of New Hampshire
History
Emeritus
Dover, United States
Natural Resources Management + 4
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Ora, o meu grande amigo Frank D. McCann faleceu algum tempo ANTES de 30 de junho: 

Frank McCann

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Frank McCann
NascimentoFrancis Daniel McCann
15 de dezembro de 1938
Morte2 de abril de 2021 (82 anos)
CidadaniaEstados Unidos
Ocupaçãohistoriador, professor universitário

Francis Daniel McCann, mais conhecido como Frank McCann (15 de dezembro de 1938 — 2 de abril de 2021) foi um historiador dos Estados Unidos, especialista na atuação do Brasil durante a Segunda Guerra Mundial.[1] Foi professor da Universidade de Nova Hampshire.

Professor emérito de Relações Internacionais na UFF, foi chamado de "um grande americano e um grande amigo do Brasil".

Brasilianista militar

Generalleutnant Otto Fretter-Pico (à esquerda) rendendo-se ao General Olímpio Falconière da Cunha (ao centro) da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária.

Brasilianista famoso, escreveu o livro Soldados da Pátria,[7] sobre a mentalidade e políticas internas do Exército Brasileiro durante o período formativo após a Guerra do Paraguai e a proclamação da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas em 1937. Frank também escreveu outra grande obra, o livro Aliança Brasil-Estados Unidos 1937-1945,[8] estudando as relações entre Brasil e Estados Unidos;[1] publicado pela primeira vez em 1974, concorreu com menção honrosa ao Prêmio Bolton e vencedor do Prêmio Bernath de 1975.[9] Ele foi editado no Brasil pela Biblioteca do Exército (Bibliex).[8] Um dos comentários feito por McCann foi o convite ao Brasil para participar da administração da Áustria ocupada ao fim da Segunda Guerra.[10][11][12][13]

Além de bibliografia de referência, Frank McCann também publicou diversos periódicos e foi convidado a escrever capítulos em livros, geralmente voltados para a Força Expedicionária Brasileira. Dentre essas várias contribuições, está o último capítulo na 3ª edição (revisada e aumentada) do livro A Luta dos Pracinhas: A FEB 50 anos depois - uma visão crítica, de Joel Silveira e Tassilo Mitke. Em seu periódico Brazil and World War II: The Forgotten Ally. What did you do in the war, Zé Carioca?,[3] McCann traz uma visão global sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, analisando o pensamento estratégico das lideranças brasileiras, como Góes Monteiro e Getúlio Vargas, atuação no Atlântico Sul e na Itália. O texto analisa brevemente a aviação brasileira, mas o seu foco principal é no elemento terrestre. Sobre a divisão expedicionária, McCann concluiu:

A FEB cumpriu todas as missões que lhe foram confiadas e comparou-se favoravelmente com as divisões americanas do Quarto Corpo (en). Infelizmente, o forte simbolismo de Monte Castello obscureceu a vitória da FEB em Montese em 16 de abril, na qual tomou a cidade após uma batalha exaustiva de quatro dias, sofrendo 426 baixas. Nos dias seguintes, lutou contra a 148ª Divisão alemã e as divisões italiana fascistas Monte RosaSan Marco e Italia, que se renderam ao General Mascarenhas em 29-30 de abril. Em questão de dias, os brasileiros prenderam e receberam a rendição de 2 generais, 800 oficiais e 14.700 soldados. A 148ª foi a única divisão alemã intacta a se render nessa frente. Embora tivessem pouca preparação e servissem sob comando estrangeiro, contra um inimigo experiente em combate, os "Smoking Cobras" (Cobras Fumantes), como era apelidada a FEB, haviam mostrado, como dizia uma de suas canções, a "fibra do exército brasileiro" e a "grandeza de nossa gente". (McCann, 1995, pg.15)[13]

A canção mencionada por McCann é a Fibra de Herói.[14][15] Outros livros menos conhecidos incluem Modern Brazil: Elites and Masses in Historical Perspective (Brasil Moderno: elites e massas em perspectiva histórica, ainda sem tradução para o português), em coautoria com Michael L. Conniff, e A Nação Armada: Ensaios sobre a História do Exército Brasileiro.[4] Seu último livro foi Brazil and the United States During World War II and Its Aftermath: Negotiating Alliance and Balancing Giants, publicado em 6 de outubro de 2018 pela editora Palgrave MacMillan.[4]

O governo brasileiro reconheceu seu compromisso com o estudo do país, conferindo-lhe o título de Comendador da Ordem do Rio Branco (1987) e a Medalha do Pacificador (1995).[4] O professor Frank McCann era fluente em português.[16]

Bibliografia

  • Soldados da Pátria: História do Exército brasileiro de 1889 a 1937, Companhia das Letras, 2004 e 2009.[7]
  • Aliança Brasil-Estados Unidos 1937-1945, Biblioteca do Exército (Bibliex), 1995.[3][8]
  • A Nação Armada: Ensaios sobre a História do Exército Brasileira, Editora Guararapes, 1982.[4]
  • Modern Brazil: Elites and Masses in Historical Perspective, University of Nebraska Press, 1989.[4][5]
  • Brazil and the United States During World War II and Its Aftermath: Negotiating Alliance and Balancing Giants, Palgrave MacMillan, 2018.[4]

Periódicos

  • Brazil and World War II: The Forgotten Ally. What did you do in the war, Zé Carioca?, University of New Hampshire, 1995.[3]
  • Airlines and Bases: Aviation Diplomacy; The United States and Brazil, 1939-1941, Inter-American Economic Affairs, 1968.[3]
  • The Rise and Fall of the Brazilian-American Military Alliance, 1942-1977, University of New Hampshire, 2015.[17]


Um mistério a resolver: quem acessou minha página a partir da identidade de Frank McCann?



Academia.edu: menções a trabalhos de Paulo Roberto de Almeida

Visualização no item "Mentions" na plataforma Academia.edu, em 1/07/2021: 

https://www.academia.edu/mentions?from_navbar=true&from=navbar&from_navbar=true

317 papers mention “Paulo Roberto de Almeida”

All Mentions: 900

High Confidence: 317

This is Me: 819

This is Not Me: 1.104 


Some exemples: 

Brasilia, FUNAG, 2016
...reira Júnior. Eleições e política externa. Mundorama, 19 abr. 2010. 2075 ALMEIDA, Paulo Roberto de. Uma nova “arquitetura” diplomática? – Interpretações divergentes sobre a política externa do governo Lula (2003 ‑2006). Revista Brasileira de Política Internacional, 49(1), 2005, p. 6; FARIA, Carlos Aurélio Pimenta de...

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...pre acogió los capitales extranjeros, firmó más de una docena de 14. Cf. Paulo Roberto DE ALMEIDA: “Uma nova ‘arquitetura’ diplomática?: interpretações divergentes sobre a política externa do Governo Lula (2003-2006)”, Revista Brasileira de Política Internacional, IBRI: año 49, nº 1, Brasilia, 2006, pp. 95-116. Re...

A highly followed author
...o da Diplomacia Econômica no Brasil: As Relações Econômicas Internacionais no Império (2001; 2005); Os Primeiros Anos do Século XXI: O Brasil e as Relações Internacionais Contemporâneas (2002); O Brasil e o Multilateralismo Econômico (1999). Website: www.pralmeida.org. A Bachelor of Law, fr...

by Lopes, Dawisson Belém
O artigo busca examinar, desde a realização da primeira eleição direta para a Presidência da República após a redemocratização (1989) até o último ano do segundo termo presidencial de Lula da Silva (2010), a progressiva politização da Política Externa Brasileira (PEB), sob a égide das instituições democráticas no plano doméstico e a renovada influência jogada por atores e processos internacionais.
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by Christensen, Steen Fryba
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by Monteiro, Leonardo Valente
Este artigo identifica e analisa os diferentes tipos de política revisionista, e suas gradações, desenvolvidos pelos governos progressistas da América do Sul em relação aos Estados Unidos nos últimos 13 anos. Para isso, tem como ponto de partida conceitos fundamentais para o melhor entendimento sobre o comportamento dos países da região em relação à grande potência: ambos de Helio Jaguaribe. A partir dos desdobramentos desses conceitos foi desenvolvido um modelo teórico com diferentes tipos de revisionismos periféricos, o que permitiu uma espécie de sintonia fina de classificações das políticas externas do período.
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by Tom Long
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Resumo O presente artigo pretende apresentar uma análise sintética acerca das mudanças observadas na concepção da Defesa Nacional, particularmente a partir da última década do século XX, considerando a criação do Ministério da Defesa (MD) no Brasil. Para atingir o objetivo proposto, o desenvolvimento do presente trabalho encontra-se subdividido nas seguintes seções: a concepção da Defesa Nacional a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988; a criação do MD; a concepção da Defesa Nacional após a criação do MD; e, por fim, algumas considerações sobre o tema. O artigo apresenta conceitos básicos relacionados à Defesa Nacional, a fim de facilitar a compreensão da análise desenvolvida. Para isso, emprega revisão bibliográfica e documental, priorizando à legislação normativa produzida pelo MD e estudos relacionados ao assunto. A partir da constatação de impactos provenientes da criação do MD, o trabalho apresenta o surgimento de inquietações acerca das mudanças que foram originadas por esse fenômeno, apresentando a seguinte pergunta de pesquisa: Como evoluiu o pensamento sobre Defesa no Brasil desde a criação do Ministério da Defesa em 1999? Nesse sentido, o presente artigo buscou encontrar respostas quanto a identificação das mudanças ocorridas no Setor de Defesa do País, a partir da criação do MD. Palavras-chave: Brasil; Ministério da Defesa;
...debate sobre o tema. Outrossim, sobre o mesmo tema, o diplomata Paulo Roberto de Almeida (2009) observa que a END (2008) inicia o debate “[...] sobre onde...

ste trabalho tem por objetivo dissertar sobre a historiografia de Manuel de Oliveira Lima tendo em vista a representação dos imperadores do Brasil como heróis nacionais durante a Primeira República. Para tanto, nossa ênfase é analisar algumas obras do historiador Oliveira Lima nas quais seu discurso historiográfico se volta ao passado imperial brasileiro destacando a atuação dos governantes como heroica e enaltecendo-os de forma épica em sua narrativa. Metodologicamente, concebemos a historiografia como um discurso, para fins de analisá-lo em sua historicidade, isto é, abordar seu contexto de produção e sua articulação interna. A reflexão por nós realizada se volta, portanto, à questão da constituição da nacionalidade brasileira, recorrente na produção letrada dos fins do século XIX e no início do século XX. Na análise, estabelecemos um diálogo com outros historiadores que se dedicaram à pesquisar a trajetória de vida de Oliveira Lima e, sobre outros aspectos, sua historiografia.
...Oliveira Lima e a Diplomacia Brasileira no Início da República...

FUNAG launches, in the Diplomatic History collection, the English version of the work "Brazilian Diplomatic Thought", composed of three volumes. "Brazilian Diplomatic Thought - Formulators and Agents of Foreign Policy (1750-1964)" deals with the founding conceptions and protagonists of the diplomatic thinking from Alexandre de Gusmão, passing through the Empire and Republic until the beginning of the 1960s, covering a wide period Modernization of national diplomacy. Twenty-six authors, academics and diplomats, analyzed the contributions of some of the main characters in Brazil's diplomatic history. The work enriches the literature on international relations and Brazilian foreign policy. Organizer: José Vicente de Sá Pimentel

...o da Diplomacia Econômica no Brasil: As Relações Econômicas Internacionais no Império (2001; 2005); Os Primeiros Anos do Século XXI: O Brasil e as Relações Internacionais Contemporâneas (2002); O Brasil e o Multilateralismo Econômico (1999). Website: www.pralmeida.org. 1143 Authors Brazilia...

This article carries out an analysis of the territorial policies for the implementation of the Mercosur Waterway. The study seeks to contribute to the existing gap regarding the repercussions of the territorial policy of the Mercosur Waterway. Initially, the context is set around the border between Brazil and Uruguay within its relations to South America and Mercosur. Next, the cooperation is analyzed in the scope of Mercosur with its developments and obstacles. Following, the Border Strip between Brazil and Uruguay is analyzed, and finally the Mercosur Waterway as a Brazil-Uruguay integration strategy is commented. It has been observed that commercial relations between southern Brazil and Uruguay are closely connected to their productive basis dependent on production, commodities, and imports, where cargos are not regular. It is concluded that the strategic meaning of the Waterway still needs to be reinforced in an integration context since efforts have not yet been sufficient so that it could be prioritized in the strategic agenda of the countries
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...A diplomacia da era Lula: balanço e avaliação...

...O Brasil e o futuro do mercosul: dilemas e opções...

A presente tese se propõe a contribuir para a discussão sobre a integração regional na América do Sul, objetivando avaliar a efetividade da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) sob uma perspectiva institucionalista. A Unasul é uma organização internacional governamental com uma estrutura institucional em construção, em processo de amadurecimento, transferindo o hiperpresidencialismo que a caracterizou, quando da sua criação, para uma estruturação mais ampla, envolvendo seus conselhos de ministras e ministros das relações exteriores, seu secretário-geral, seu conselho de delegadas e delegados e seus doze conselhos setoriais. Para essa análise, demonstrou-se relevante compreender os conceitos de região e regionalismo para chegar a um entendimento mais amplo da gênese do conceito de integração regional. Buscou-se também identificar o processo histórico da integração regional na América Latina, aludindo à criação de outras organizações internacionais e culminando num estudo sobre a estrutura da instituição Unasul. Em seguida, pretendeu-se interpretar o papel da instituição no contexto de uma inserção internacional orientada para o desenvolvimento do Brasil, para isso, ainda, investigando ligações com a política externa brasileira no período de vigência da organização. Posteriormente, avaliou-se a efetividade da Unasul com base na análise do funcionamento de suas agendas e de seus órgãos, analisando sua documentação e suas cúpulas de chefas e chefes de Estado e de Governo. Por fim, buscou-se interpretar as dificuldades pelas quais a Unasul passa em um contexto de mudanças nas relações internacionais, em âmbito global, regional e nacional. Para fazer avançar ainda mais a organização, é preciso ter em conta essa multidimensionalidade escalar na qual ela está inserida. Defende-se que, apesar do pouco tempo de existência, a Unasul cumpre um papel importante na região e desempenha efetividade. A instituição demonstra sua importância principalmente nas áreas de saúde, infraestrutura, defesa e na possibilidade de ser um fórum alternativo para a promoção da democracia regional. Identificou-se uma intensa atividade na organização, no período de 2011 a 2014, atestada pela produção documental. Portanto, pretende-se requalificar a periodização habitual que a literatura especializada faz da Unasul, passando a compreender o período de 2008 a 2011 como o período de gênese da instituição, o período de 2011 a 2014 como um período de consolidação, com uma forte institucionalização e complexificação da estrutura existente, e o período de 2014 a 2017 como período de estagnação. Conclui-se que a Unasul encaminha sua institucionalização de forma compatível ao seu tamanho, ao seu tempo de criação e as suas condições, estando sujeita ao impacto dos acontecimentos globais e ao transbordamento da turbulência doméstica dos países da região. This thesis aims to contribute to the discussion on regional integration in South America, and to evaluate the effectiveness of the Union of South American Nations (Unasur) in an institutionalist overview. Unasur is an international governmental organization with an institutional structure underway, going through a maturation process, from the hyper-presidentialism which has characterized it since its creation, to a broader structure, involving its councils of foreign ministers, its general secretary, its council of delegates and its twelve sectoral councils. It was an important part of the analysis to understand the concepts of region and regionalism in order to reach a broader understanding of the genesis of the regional integration concept. Efforts have been made to identify the historical process of regional integration in Latin America, indicating the creation of other international organizations and resulting in a study on the Unasur institution structure. Subsequently, the role of the institution was interpreted in the context of an international insertion geared towards the Brazilian development, investigating connections with Brazilian foreign policy during the organization's validity. Later, the effectiveness of Unasur was evaluated based on the analysis of its agendas and bodies, investigating its documentation and its Heads of State and Government summits. Finally, the problems that Unasur faces in a context of changes in international relations at global, regional and national levels have been interpreted. To further advance the organization, the scalar multidimensionality in which it is inserted must be taken into account. Despite its short existence, Unasur is effective and plays an important role in the region. The institution is especially important in health, infrastructure, and defense fields, and due to the possibility of becoming an alternative forum for the promotion of regional democracy. An intense activity in the organization, from 2011 to 2014, was identified and attested by documentary production. Therefore, the intention is to reclassify Unasur¿s traditional periods proposed by the specialized literature, considering the period from 2008 to 2011 as the period of institutional genesis, the period from 2011 to 2014 as the period of consolidation, with the existing structure becoming more institutionalized and complex, and the period from 2014 to 2017 as the period of stagnation. The conclusion is that Unasur conducts its institutionalization in a way that is compatible with its size, time and conditions of creation, subject to the impact of global events and the domestic turbulence in the region.
...Integração Regional: uma introdução...