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quarta-feira, 12 de junho de 2024

A extrema-direita europeia, suas relações com as duas grandes autocracias - Rodrigo da Silva, apresentação Paulo Roberto de Almeida

A extrema-direita europeia, suas relações com as duas grandes autocracias

Rodrigo da Silva (no X)


Apresentação e comentários iniciais de Paulo Roberto de Almeida


Copio, de um longo thread postado por Rodrigo da Silva no X, em 12 de junho de 2024, esta longuíssima postagem, extremamente (êpa, desculpem o termo) esclarecedora, sobre o reforço e a expansão da extrema-direita, sobretudo na Europa – mas com vínculos com os EUA e o próprio Brasil – e as relações extremamente (êpa, sic) amigáveis, talvez dependentes, em todo caso em grande medida clandestinamente (porque permeadas por dinheiro, adesão doentia e por ideologia), com as duas grandes autocracia do mundo atual, Rússia de Putin e China de Xi.

Meus cumprimentos ao Rodrigo da Silva por esta magnífica postagem. Muitas informações não eram do meu conhecimento, mas o cenário geral sim, eu tinha uma perfeita percepção desse tipo de promiscuidade, contaminação e aliança objetiva e subjetiva, direta e indireta, entre a extrema direita europeia e seus "mestres" no Kremlin, especificamente Putin, desde que o tirano de Moscou financiou Marine Le Pen em muitos milhões de euros, o que tornou seu partido um servo fiel de Moscou, assim como líderes do AfD. 

Estamos em face de uma situação bastante preocupante, na atualidade e também para os próximos anos. O mundo da extrema-direita é, de certa forma, o retorno do bolchevismo e do nazismo combinados a um mundo que se esperava liberto dos dois totalitarismos da primeira metade do século XX, ou seja, toda a destruição, opressão, genocídio e intolerância que caracterizaram a "segunda guerra de Trinta Anos". O não combate a essa ameaça no presente momento implica em enormes riscos nos anos e décadas seguintes, assim como o mundo nazista e soviético representou o triunfo momentâneo do extermínio da opressão, o nazismo por 12 anos terríveis, o bolchevismo durante setenta anos, cobrindo toda a Europa central por 45 anos dentro do totalitarismo soviético. Putin representa tudo isso, ao passo que a China representa um mundo "orwelliano normalizado" (explicarei o que é isso em outra postagem).

A despeito das deficiências formais da transcrição que aqui faço – resultado da cópia improvisada a partir de algumas dezenas de postagens separadas – o texto abaixo merece leitura atenta e reflexão aprofundada, pois estamos falando do futuro do mundo e do Brasil. Um último comentário: 

As postagens de Rodrigo da Silva se referem basicamente à extrema-direita europeia e seus "amores" com a Rússia e a China, mas não deixa de ser curioso, bizarro ou talvez extremamente (êpa!, tri-sic) constatar que a diplomacia lulopetista, especificamente a diplomacia presidencialista, personalista, megalomaníaca de Lula, exibe os mesmos "amores" (talvez por outras razões) com as duas grandes autocracias contemporâneas, muito pelas mesmas razões da extrema-direita europeia, que é o antiamericanismo e os impulsos autoritários, que esquerda e direita compartilham. Isso, repito, é extremamente preocupante, pois significa um distanciamento preocupante em relação a valores e princípios da nossa diplomacia e, mais do que isso, de cláusulas de relações internacionais que figuram em nossa constituição.

Tendo em vista a importância das informações e argumentos abaixo transcritos pretendo divulgá-los neste canal e por outras vias, sempre dando todo o crédito a Rodrigo da Silva, um intelectual que respeito muito.

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 12 de junho de 2024

 

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Thread

Conversation

Rodrigo da Silva - @rodrigodasilva

 

Nessa semana, fui provocado no X a falar sobre a extrema-direita. Muitos usuários dessa rede social não acreditam sequer que ela existe. Será verdade? O que é a extrema-direita? Essa é a maior thread que eu já publiquei aqui:

 

Em linhas gerais, esses são os maiores partidos de extrema-direita na Europa: 

Rassemblement National (conhecida até pouco tempo como “Front National”), da França. 

Alternative für Deutschland (AfD), da Alemanha. 

Lega Nord, na Itália.

Freiheitliche Partei Österreichs (FPÖ), na Áustria. 

E o Fidesz, na Hungria, sob a liderança de Viktor Orbán, o primeiro-ministro do país. 

 

Por que eles são considerados de extrema-direita – e o que define a extrema-direita – eu falarei mais à frente. Mas é um fato que muitos dos eleitores conservadores brasileiros se sentem pessoalmente ofendidos quando esses partidos são chamados de extrema-direita. A ironia é que essas organizações, e as suas lideranças políticas, estão umbilicalmente conectados a dois adversários geopolíticos históricos da direita: a Rússia e a China. Como eu mostrarei na sequência, muitos dos militantes conservadores brasileiros estão tão cegos por ideologia que são incapazes de perceber, mas espalham propaganda russa e chinesa nessa rede social sob a pretensa desculpa de defender o pensamento político conservador.

 

Vamos à Alemanha. Maximilian Krah, um dos líderes do Alternative für Deutschland (AfD), membro do Parlamento Europeu, alimentou nos últimos anos laços inegáveis com a China. https://t-online.de/nachrichten/deutschland/innenpolitik/id_100247784/afd-maximilian-krah-das-geld-aus-china-und-die-geheimdienste.html

No último mês de abril, o chinês Jian Guo, o seu assistente no parlamento, foi preso em Dresden, acusado de espionar para Pequim. Jian passava informações sobre as negociações e as decisões do Parlamento Europeu para o serviço de inteligência chinês. https://bbc.com/news/world-europe-68880086 Para os alemães, nada disso impressiona. Ao contrário dos líderes da direita alemã, Maximilian Krah é um defensor de longa data de Pequim. Para ele, a Alemanha deveria usar o dinheiro chinês para se fortalecer numa zona de livre comércio com a Rússia e fazer frente aos Estados Unidos. Ele acusa a União Europeia de ser “vassala” dos americanos. Krah diz publicamente que todas as acusações que a China recebe da imprensa e de organizações internacionais não passam de “propaganda anti-chinesa”. Diferentes pessoas que trabalharam com Krah nos últimos anos já receberam financiamento chinês. Jian Guo, o assistente preso, chegou a se infiltrar em grupos anti-Pequim na Alemanha para relatar o que acontece nesses movimentos para a inteligência chinesa.

Muitos dos líderes do AfD falam mandarim e visitam a China com frequência. Alguns até já moraram na China. https://rnd.de/politik/alice-weidel-in-peking-warum-chinas-kommunisten-die-afd-hofieren-7PVFD7LHPVBU5NFFNBVDRMRGTU.html O próprio Maximilian Krah vive dando entrevistas para os jornais estatais chineses. E já produziu diferentes vídeos dando felicitações para o Partido Comunista Chinês (um deles pelo 70º aniversário da ocupação chinesa do Tibete). https://globaltimes.cn/page/202211/1278554.shtmlhttps://europeantimes.news/2021/05/member-of-the-european-parliament-maximilian-krah-congratulates-the-tibet-autonomous-region-on-its-70th-anniversary/ No Parlamento Europeu, Krah foi o vice-presidente de um grupo chamado “EU-China Friendship Group”, que defendia uma cooperação mais estreita dos europeus com os chineses, financiado diretamente pelo Partido Comunista Chinês. Uma reportagem publicada pelo Politico, de 2020, denunciou as intenções do grupo e, desde então, as suas atividades foram suspensas. https://politico.eu/article/china-influence-european-parliament-friendship-group/ O grupo ficou impedido de usar o logotipo e o nome do Parlamento Europeu. https://politico.eu/article/eu-china-friendship-group-suspended/ Adivinha só de onde vinha a maior parte dos seus membros? Pois é: da extrema-direita. https://sinopsis.cz/wp-content/uploads/2019/11/ep.pdf Em 2018, Maximilian Krah foi até a China palestrar para a Silk Road Think Tank Association (SRTA), uma organização liderada pelo Departamento Internacional do Comitê Central do Partido Comunista da China. https://spiegel.de/netzwelt/netzpolitik/maximilian-krah-und-sein-verdaechtiger-mitarbeiter-verkauft-die-afd-unser-land-kolumne-a-03df390a-8f59-47df-a88b-c3d939938335 Segundo o Bundesamt für Verfassungsschutz (BfV, Gabinete Federal para a Proteção da Constituição), esse organismo é parte do aparelho dos serviços secretos chineses e desempenha um papel fundamental na “obtenção de informação política de alta qualidade e na influência dos processos de tomada de decisão no exterior”. Em 2019, Krah voou até Pequim, na classe executiva, e passou seis dias em hotéis luxuosos. Essa viagem foi financiada por empresas chinesas ligadas ao Estado, como a Huawei e a China National Petroleum Corporation (CNPC). Krah foi até o país para se reunir com o Departamento Internacional do Comitê Central do Partido Comunista da China.

No mês passado, Krah disse que o Ocidente não governa o mundo e deveria parar de ter paranoia com a China. Ele defende publicamente que a China reconquiste Taiwan e diz que as críticas contra os abusos de direitos humanos no país são “irrelevantes”. https://ft.com/content/712a4abd-66b3-4b83-bba1-012d5cc12f02 https://dw.com/en/china-courts-germanys-far-right-populist-afd/a-66504263 Maximilian Krah, como muitos membros do AfD, nasceu na Alemanha Oriental e, há muitos anos, estudou na China. Ele é acusado por outros membros do Parlamento Europeu de ser o “vassalo mais barulhento” de Pequim na instituição. https://barrons.com/news/maximilian-krah-german-mep-hit-by-china-russia-claims-cf1d90f1 Como relata a imprensa asiática, a China encontrou na extrema-direita europeia uma aliada no continente. O AfD não é o único grupo próximo de Pequim. https://asia.nikkei.com/Politics/International-relations/China-finds-unlikely-allies-in-Germany-s-far-right-and-far-left Viktor Orban, amigo de Trump e Bolsonaro, é um dos principais aliados da China na Europa. Sob o seu governo, a Hungria virou uma espécie de modelo de relacionamento para Pequim. https://politico.eu/article/xi-jinping-viktor-orban-china-hungary-diplomacy-love-letter-cooperation/ https://ft.com/content/5b55ef85-b884-449a-8ccc-c9273cc5e9ffhttps://nytimes.com/2024/05/09/world/europe/xi-jinping-china-hungary-orban.html Orban vive elogiando Pequim e diz que a China é “um dos pilares estruturais da nova ordem mundial”https://miniszterelnok.hu/en/statement-by-prime-viktor-orban-after-his-talks-with-xi-jinping-president-of-the-peoples-republic-of-china/ No mês passado, Xi Jinping foi recebido na Hungria literalmente num tapete vermelho. Ele e Orban assinaram 16 acordos de cooperação e Orban o chamou de “amigo de longa data”. https://eunews.it/en/2024/05/09/orban-rolls-out-the-red-carpet-for-longtime-friend-xi-jinping-china-and-hungary-sign-16-cooperation-agreements/

 

O presidente sérvio Aleksandar Vučić, outro líder da direita populista europeia, já chegou até a beijar a bandeira chinesa num evento público. https://news.cgtn.com/news/2020-03-22/Serbian-president-kisses-Chinese-flag-as-support-team-arrives--P3FlpiEMBa/index.html https://thetimes.com/uk/politics/article/serbian-president-vucic-regularly-spoke-to-leader-of-violent-far-right-group-mp-claims-r8m35kbnd No mês passado,Vučić disse que nenhum outro país no mundo reverencia tanto Xi Jinping como a Servia: https://politico.eu/article/xi-jinping-belgrade-serbia-china-aleksandar-vucic-investments/ “Eu disse a ele que, como líder de uma grande potência, ele será recebido com respeito em todo o mundo, mas a reverência e o amor que ele encontra na nossa Sérvia não serão encontrados em nenhum outro lugar.” Da perspectiva chinesa, a cooperação com a extrema-direita do leste e da região central da Europa é uma grande oportunidade. Mas falarei sobre isso mais adiante.

 

Pequim não é o principal governo alimentando relações com a extrema-direita europeia. A extrema-direita europeia é umbilicalmente ligada à Rússia. Vou contar uma história que ajuda a ilustrar como esse vínculo funciona. Em abril desse ano, a República Tcheca anunciou o congelamento dos bens de dois homens que o governo tcheco acusa de dirigir uma operação de influência na Europa para apoiar “os interesses de política externa da Federação da Rússia”– as palavras são do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país. https://mzv.gov.cz/jnp/en/issues_and_press/press_releases/the_czech_government_approves_listings.html A primeira pessoa listada se chama Viktor Medvedchuk. A segunda é Artem Marchevsky. Medvedchuk é um magnata ucraniano pró-Rússia, e por muito tempo foi o aliado mais próximo de Vladimir Putin na Ucrânia. Por uma década, Medvedchuk foi o fundador e presidente da organização política pró-Rússia Escolha Ucraniana (Український вибір), criada para se opor a uma eventual adesão do país à União Europeia. Medvedchuk chegou a comparar o bloco europeu ao Terceiro Reich. https://ukrainianweek.com/kremlin-imposed-ukrainian-choice/ https://rbc.ua/rus/news/evropa-pryachet-svoi-istinnye-namereniya-za-tak-nazyvaemymi-24092013105000 Em 2021, a Ucrânia acusou Medvedchuk de financiar atos terroristas no país. Ele estava canalizando dinheiro para separatistas em Luhansk e Donetsk, no leste do país. Medvedchuk chegou a ser condenado à prisão domiciliar em Kyiv, acusado de alta traição, mas escapou pouco depois da Rússia invadir a Ucrânia, em 2022, numa troca de prisioneiros entre os dois países.

 

Em abril, a República Tcheca disse que reprimiu uma “operação de influência russa dirigida por Viktor Medvedchuk diretamente da Rússia”. O objetivo de Medvedchuk “era espalhar narrativas pró-Rússia que minavam a soberania da Ucrânia enquanto se infiltravam no Parlamento Europeu”. Como ele fez isso? Com a ajuda de Artem Marchevsky, um cidadão ucraniano-israelense, diretor de um site chamado Voz da Europa, registrado na República Tcheca. Não se engane com o nome. O Voz da Europa é uma plataforma de propaganda e desinformação que ecoa a voz da Rússia em inglês. Medvedchuk financiou a operação do site a partir da Rússia. A inteligência da República Tcheca descobriu que o Voz da Europa era bem mais que um site de propaganda: era uma estrutura robusta de propaganda usado pelo governo russo para financiar políticos da Alemanha, da França, da Polônia, da Bélgica, da Holanda e da Hungria para promover os interesses russos no Parlamento Europeu. Entre os políticos na lista do Voz da Europa estão Maximilian Krah (o mesmo ligado à China, citado anteriormente) e Petr Bystron, membro do parlamento alemão. Os dois estão entre as principais lideranças do Alternative für Deutschland. https://spiegel.de/politik/deutschland/afd-spendenaffaere-neue-enthuellungen-ueber-geldfluesse-aus-russland-a-0633977a-c07f-484b-b6f7-b826b52ed8ad?sara_ref=re-so-app-sh Krah e Bystron recebiam dinheiro russo através de bolsas de criptomoedas ou em espécie, em reuniões secretas em Praga. Há até uma gravação de Bystron contando as cédulas de dinheiro que recebeu de Medvedchuk em Praga: 20 mil euros para espalhar propaganda russa no parlamento. https://spiegel.de/politik/deutschland/afd-verdacht-auf-russische-geldzahlungen-videoaufnahmen-sollen-petr-bystron-belasten-a-9722ca66-9ddd-4027-8ea5-b115ac57c9d4

Segundo a investigação tcheca, pelo menos 500 mil euros foram gastos por Moscou para sustentar a operação. Mas a casa caiu para Bystron. No mês passado, a polícia alemã invadiu o seu escritório no parlamento, e o acusou de lavagem de dinheiro e suborno ligados à Rússia. Quase 70 policiais e 11 promotores estiveram envolvidos na operação. O Bundestag concordou em retirar a imunidade parlamentar de Bystron para permitir que ele fosse processado. https://bbc.com/news/articles/cd13114xwkqo

Enquanto esteve no ar, o canal no YouTube do Voz da Europa apresentou entrevistas com diferentes políticos europeus de partidos de extrema-direita da Bélgica, França, Alemanha, Itália, Polônia e Holanda.

Há anos, a Rússia é acusada de financiar as operações de grupos de extrema-direita na Europa. Petr Bystron é só mais uma das lideranças dessa lista. Grande parte do Alternative für Deutschland apoia a Rússia. O serviço secreto alemão acusa a Rússia (e a China) de tentar desestabilizar a Alemanha (e a Europa) usando o AfD. https://tagesschau.de/inland/verfassungsschutz-sabotage-russland-china-afd-100.htmlhttps://zeit.de/politik/deutschland/2023-05/thomas-haldenwang-afd-russische-propaganda Essa reportagem do Organized Crime and Corruption Reporting Project, de 2023, mostra como a Rússia gastou um caminhão de dinheiro nos últimos para comprar o apoio de políticos europeus. Diferentes membros e ativistas do AfD são citados na reportagem. https://occrp.org/en/investigations/kremlin-linked-group-arranged-payments-to-european-politicians-to-support-russias-annexation-of-crimea Por anos, líderes do Alternative für Deutschland foram flagrados viajando para Moscou em aviões particulares. https://dw.com/en/report-afd-members-flight-sponsored-with-russian-money/a-43872774 A ala jovem do AfD chegou a estabelecer uma aliança com o movimento juvenil do partido Rússia Unida, controlado por Putin. https://spiegel.de/politik/wie-putin-die-afd-fuer-seine-zwecke-missbraucht-a-00000000-0002-0001-0000-000163279501Markus Frohnmaier, membro do parlamento alemão e fundador do movimento juvenil do Alternative für Deutschland em Baden-Württemberg, é uma das figuras centrais dessa história. Frohnmaier é um russófilo de carteirinha, casado com uma jornalista russa, funcionária de um jornal pró-Putin. No passado, ele defendeu ferozmente a anexação da Crimeia pela Rússia como uma “conquista da independência” e colaborou para um site russo ligado a Alexander Dugin. https://kritiknetz.de/images/stories/texte/Umland_Dugin.pdf Frohnmaier e Marcus Pretzell (ex-membro do Parlamento Europeu pelo Alternative für Deutschland) chegaram a ir à Crimeia ocupada numa viagem financiada por uma fundação russa. https://spiegel.de/politik/deutschland/marcus-pretzell-russische-stiftung-bezahlte-krimreise-des-afd-politikers-a-1130921.html Frohnmaier foi, por anos, muito próximo de Manuel Ochsenreiter, o seu assistente no parlamento alemão. https://zdf.de/politik/frontal-21/der-fall-frohnmaier-100.html Manuel Ochsenreiter era um pupilo de Alexander Dugin (a quem já descreveu como uma figura parental e um amigo de longa data) e o fundador da revista de extrema-direita alemã “Zuerst!”, além de membro frequente de fóruns neofascistas. https://zeit.de/2017/34/osteuropa-wahlbeobachtung-afd-wladimir-putin/seite-2

Ochsenreiter também já foi ligado a Yevgeny Prigozhin, o fundador do Wagner Group. Frohnmaier e Ochsenreiter, junto com o polonês Mateusz Piskorski (preso na Polônia acusado de trabalhar, por anos, como espião para a Rússia e a China na Europa) fundaram, em 2016, o “Centro Alemão de Estudos Eurasiáticos” (Deutsche Zentrum für Eurasische Studien). https://vsquare.org/leak-emails-mateusz-piskorski-kremlin-plans/ Foi com essa organização que Ochsenreiter organizou viagens para membros do Alternative für Deutschland para o leste da Ucrânia ocupada pela Rússia. https://tagesschau.de/investigativ/ochsenreiter-afd-russland-101.html

No dia 18 de agosto de 2021, Ochsenreiter morreu em Moscou vítima de um ataque cardíaco. https://endstation-rechts.de/news/rechter-publizist-manuel-ochsenreiter-gestorben Poucos anos antes, ele havia participado de um atentado terrorista na Ucrânia, numa operação de false flag russa no país. https://welt.de/politik/deutschland/article187288076/Vorwuerfe-AfD-Mitarbeiter-im-Bundestag-nach-Berichten-ueber-Anschlag-entlassen.html Em seu obituário, Dugin o descreveu como seu “filho espiritual” e um “inimigo da sociedade aberta”https://zeit.de/2022/19/afd-russland-krieg-manuel-ochsenreiter Markus Frohnmaier ainda é membro do parlamento alemão pelo Alternative für Deutschland.

Diferentes líderes políticos do Alternative für Deutschland são próximos da Rússia. Dá pra dizer que a relação do partido com Moscou não é nada discreta. Ontem mesmo, Zelensky discursou no parlamento alemão e, em protesto, os membros do Alternative für Deutschland se retiraram do parlamento. Políticos de todos os outros partidos – da esquerda à direita alemã – aplaudiram o discurso do presidente ucraniano. https://politico.eu/article/germany-russia-friendly-parties-afd-bsw-skip-zelenskyy-ukraine-speech/ Em 2023, Steffen Kotré, membro do parlamento alemão pelo AfD, foi convidado para participar de um programa de tv russo, em meio à guerra na Ucrânia, e disse, no ar, que a grande mídia alemã estava fazendo de tudo para virar os alemães contra a Rússia. Ele aproveitou a ocasião para criticar o envio de armas da Alemanha para a Ucrânia. https://insightnews.media/deputy-of-the-political-party-alternative-for-germany-on-russian-state-television/

Dias depois, Tino Chrupalla, outro membro do parlamento alemão pelo AfD, apareceu em um talk show russo, ao lado do embaixador da Rússia na Alemanha, defendo uma aproximação do país com Moscou. https://tagesschau.de/inland/ukraine-krieg-russland-afd-101.html Chrupalla disse que os Estados Unidos eram os responsáveis ​​pela guerra e os maiores aproveitadores do conflito. https://aspistrategist.org.au/how-germanys-far-right-politicians-became-the-kremlins-voice/ E ainda há a história de Eugen Schmidt, outra figura eleita para o parlamento alemão pelo Alternative für Deutschland. Schmidt, nascido na União Soviética, passou anos reproduzindo propaganda estatal russa na Alemanha, ao mesmo tempo em que acusava a Alemanha, nos programas de tv da Rússia, de não ser uma democracia. https://tagesschau.de/investigativ/kontraste/afd-ukraine-russland-101.html

Por anos, Schmidt empregou um cidadão russo chamado Vladimir Sergiyenko no seu escritório no parlamento alemão. https://spiegel.de/international/germany/germany-pro-russian-afd-worker-moscow-s-man-in-the-bundestag-a-5fb8d1ef-ee5b-44d2-9cce-850d19651be8 Em fevereiro desse ano, Sergiyenko foi acusado de trabalhar para o Serviço Federal de Segurança da Rússia (o FSB, substituto do KGB soviético). E renunciou ao cargo no parlamento após a acusação. https://meduza.io/en/news/2024/02/04/advisor-to-german-lawmaker-steps-down-after-allegations-of-working-for-russian-fsb Nos últimos anos, Sergiyenko trabalhou escrevendo discursos para diferentes parlamentares do Alternative für Deutschland. Os discursos eram corrigidos e aprovados pelo Kremlin.https://theins.ru/politika/268808 Ele também persuadiu o Alternative für Deutschland a abrir uma ação judicial contra o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha para impedir o fornecimento de tanques à Ucrânia. Além do apoio à Rússia, muitos membros do AfD também apoiam os aliados da Rússia. Por exemplo: Udo Hemmelgarn, membro do parlamento alemão pelo Alternative für Deutschland de 2017 a 2021, passou anos apoiando o governo Assad e exigindo o apoio alemão ao envolvimento russo na Síria. Assad é o maior parceiro de Putin no Oriente Médio. Em 2019, Hemmelgarn organizou uma viagem de membros do AfD até a Síria, onde o AfD foi recebido com pompas de Estado pelo governo Assad. https://corporate.dw.com/en/far-right-german-afd-lawmakers-meet-assad-representatives-in-syria/a-51376553 https://spiegel.de/politik/ausland/syrien-afd-politiker-verbruedern-sich-mit-grossmufti-hassun-a-1196698.htmlUm dos membros do partido elogiou a Síria dizendo que se sente mais inseguro quando visita o Brasil. https://spiegel.de/politik/deutschland/afd-politiker-erklaeren-ihre-syrien-reise-zum-assad-regime-a-1198854.html

Ao longo do seu mandato, Hemmelgarn esteve intimamente associado à Rússia. Em 2019, ele viajou até a Crimeia ocupada pela Rússia com outros membros do AfD. https://brusselswatch.org/udo-hemmelgarn-a-pro-russian-influence-in-german-politics/ Há um zilhão de histórias como a dele no Alternative für Deutschland.

 

Nem todos os líderes da extrema-direita europeia estão associados ao Kremlin, mas há um grande número deles nessa direção. Como contou o Le Monde na semana passada, desde 2023, sete países da União Europeia investigam uma operação russa que visava desestabilizar as eleições para o Parlamento Europeu do último dia 9 de junho. Parte importante das forças políticas utilizadas pelo Kremlin estavam na extrema-direita europeia. https://lemonde.fr/en/international/article/2024/06/06/europe-russian-connections-of-several-far-right-meps-become-clearer_6674028_4.html Além da Alemanha, a Rússia influencia movimentos de extrema-direita na Áustria, República Checa, França, Hungria, Itália, Polônia, Sérvia, Eslováquia e Suéciahttps://icct.nl/publication/russia-and-far-right-insights-ten-european-countries O Partido da Liberdade da Áustria tem um “tratado de amizade” assinado com o Rússia Unida, de Putin, desde 2016. https://lemonde.fr/europe/article/2016/12/20/l-extreme-droite-autrichienne-s-allie-a-russie-unie-le-parti-de-vladimir-poutine_5051746_3214.html A Liga Norte, da Itália, assinou um acordo com o Rússia Unida em 2017. https://ilpost.it/2017/03/07/lega-nord-accordo-cooperazione-russia-unita-putin/ Esse aqui é Matteo Salvini, do Liga Norte, o vice-primeiro-ministro de Itália:

 

A Hungria de Orban, amigo de Trump e Bolsonaro, é a maior aliada de Vladimir Putin na União Europeia. https://politico.eu/article/kremlin-russia-hungary-viktor-orban-oil-gazprom-media-gabor-kubatov-fidesz-party/https://dw.com/en/vladimir-putin-and-viktor-orbans-special-relationship/a-45512712https://edition.cnn.com/2024/01/28/europe/orban-hungary-eu-unity-ukraine-russia-intl-cmd/index.html Orbán é indiscutivelmente uma quinta-coluna na União Europeia e na Otan, obstruindo há anos, com o apoio de Putin, os esforços do Ocidente para conter Moscou.

 

Marine Le Pen é outra figura próxima de Putin. Em 2023, um inquérito multipartidário produzido pelo parlamento francês – que tomou seis meses e mais de 50 audiências para ser finalizado – concluiu que o Rassemblement National, de Le Pen, serviu nos últimos anos como um “canal de comunicação” para o Kremlin. O inquérito diz que as posições políticas de Le Pen ecoam a “linguagem oficial do regime de Putin”. https://france24.com/en/france/20230603-le-pen-s-far-right-served-as-mouthpiece-for-the-kremlin-says-french-parliamentary-report Em 2014, o seu partido recebeu um empréstimo milionário (de 9,4 milhões de euros) de um banco russo para financiar a campanha para as eleições regionais de 2015 – algo que, segundo Le Pen, só aconteceu porque nenhuma entidade europeia queria emprestar o dinheiro.https://euractiv.com/section/politics/news/le-pens-party-claims-to-have-repaid-russian-loan/ Em 2017, às vésperas das eleições presidenciais francesas, Le Pen, candidata à presidente, viajou a Moscou para se reunir com Vladimir Putin. Na época, ela se vangloriou do apoio que recebeu dele à sua candidatura. https://edition.cnn.com/2017/03/24/europe/putin-le-pen-kremlin/index.html

Desde a invasão da Rússia à Ucrânia, Le Pen vem fingindo moderar os seus discursos em relação a Moscou como parte de uma estratégia eleitoral – do contrário, seria engolida pela opinião pública francesa. Mas a relação do seu partido com Moscou permanece inabalada. Nesse mês, às vésperas do 80º aniversário do Dia D, Sébastien Chenu, o vice-presidente do Rassemblement National, lamentou que Putin não tivesse sido convidado para o evento. https://x.com/dimpolitique/status/1797250335150317995?s=46 Em maio, Le Pen criticou a postura crítica de Macron contra Putin. https://trt.net.tr/portuguese/europa/2024/05/31/marine-le-pen-presidente-macron-pretende-que-a-franca-entre-em-guerra-com-a-russia-2146929 Há dois anos, ela já havia dito que as sanções contra a Rússia “não têm outro propósito senão fazer o povo da Europa sofrer”. E no ano passado, chamou de “irresponsáveis” as entregas francesas de armas à Ucrânia. https://politico.eu/article/french-far-right-marine-le-pen-cabal-after-new-report-on-russian-ties/ Assim como ocorre com outros movimentos de extrema-direita, o Rassemblement National, de Le Pen, é o porta-voz do Kremlin na França. https://washingtonpost.com/world/2023/12/30/france-russia-interference-far-right/

 

Ok, mas como definir o que é extrema-direita? E por que esse grupo é tão próximo da Rússia e da China? Antes de mais nada: é verdade que figuras influentes do debate político brasileiro – sobretudo no campo da esquerda e nas colunas de opinião da imprensa – costumam jogar qualquer posição conservadora para o campo do extremismo fascista, buscando deslegitimar a direita política em nome de uma falsa proteção à democracia, como se nenhuma posição conservadora fosse democraticamente válida (o que é, por si só, uma postura antidemocrática). Mas se há um oportunismo à esquerda para julgar tudo que há de ruim no universo político como ação de uma extrema-direita fantasiosa, também há um constante estado de negação à direita (sobretudo no Brasil) para fingir que a extrema-direita não existe. De fato, nem tudo é extrema-direita. Pelo contrário. Nesse momento, a direita e a centro-direita governam Reino Unido, Suécia, Portugal, Finlândia e inúmeros outros países da Europa. Em 2024, há mais países europeus governados por conservadores do que por progressistas e socialistas. Ninguém chama esses governos de extremistas. Mas isso não significa que não haja lideranças autoritárias à direita na Europa.

 

O que difere a direita da extrema-direita? Considere a história recente da direita americana. Desde a década de 1950 – e especialmente desde a eleição de Ronald Reagan em 1980 – os conservadores americanos têm aderido a um consenso de quatro princípios: 1) livre mercado, 2) antitotalitarismo, 3) defesa de valores cristãos e 4) governo limitado. Por décadas, o Partido Republicano sustentou uma visão internacional muito clara: a promoção da segurança e do poder econômico dos Estados Unidos através da construção do exército mais poderoso do mundo, da cooperação com aliados para viabilizar interesses em comum e de um aumento do poder de Washington nas instituições internacionais (quase todas construídas pelos próprios americanos). Por décadas, isso significou a defesa do livre comércio, a promoção do Estado de direito na política de imigração e a oposição ao autoritarismo (sobretudo quando os autocratas desafiavam diretamente os interesses americanos). Como os Estados Unidos foram o principal vetor ideológico do Ocidente na segunda metade do século 20, estes foram os preceitos que estiveram ligados à direita política mundo afora nas últimas décadas. Mas isso já não é mais verdade. Nesse momento, inúmeros figurões conservadores americanos enxergam a Rússia como a grande defensora do mundo livre, e não os Estados Unidos. Para a direita americana, o livre comércio já não é mais tão popular quanto o protecionismo. O desejo de projetar o poder americano no mundo foi suplantado por um isolacionismo que enxerga qualquer integração entre os povos como um “globalismo” arquitetado por vilões de desenho animado. E autocratas declaradamente antiamericanos, como Putin, são exaltados nos mesmos bolsões ideológicos conservadores que juram trabalhar dia e noite para proteger os valores ocidentais.

Hoje, na essência, a direita americana é muito mais parecida com a extrema-direita europeia que com o partido de Lincoln e Reagan. 

 

Mas o que é a extrema-direita europeia?

A filosofia que rege a visão da extrema-direita é conhecida como organicismoO organicismo é a ideia de que toda sociedade funciona como um ser vivo – um organismo completo, organizado e homogêneo. Na Europa, a extrema-direita é o grupo político mais avesso à livre imigração e aos fóruns internacionais (como a ONU e a União Europeia). O grupo rejeita esses princípios – e qualquer forma de universalismo – porque está interessado em proteger a sociedade de influências externas (consideradas “estranhas” e até “doentias” para o corpo social). Essa rejeição neurótica à influência externa não é parte da tradição do pensamento político conservador. Mas sempre esteve presente na extrema-direita (basta lembrarmos a história dos judeus na Europa no século 20).

 

Direita e extrema-direita também divergem na definição de nacionalismo. Para a direita, o nacionalismo é uma ferramenta ideológica de promoção da soberania, do orgulho e dos interesses nacionais, comprometido com o convívio harmônico com a comunidade internacional. Para a extrema-direita, o nacionalismo é uma ferramenta de controle político e social para construir uma pureza nacional hostil à influência estrangeira. A diferença não é pequena. Em linhas gerais: 1) o principal adversário da extrema-direita não é a extrema-esquerda, mas o globalismo e o multiculturalismo(leia-se: políticas que enfatizam a cooperação internacional e a mistura de culturas e identidades); 2) a extrema-direita está disposta a apoiar partidos e governos autoritários, inclusive de extrema-esquerda, para enfrentar o globalismo e o multiculturalismo; 3) a principal bandeira da extrema-direita europeia é o eurocentrismo – a rejeição à integração da Europa; e 4) a extrema-direita é cética em relação a qualquer organismo internacional (ONU, FMI, Banco Mundial, etc). O problema dessa identidade isolacionista é que a ênfase na harmonia e na ordem organicista é um vetor de governos autoritários, onde a violência política é encarada como um mal necessário para manter a integridade, a pureza e a saúde do “organismo” social contaminado. Quando Trump disse, em 2023, que muitos imigrantes alcançavam os Estados Unidos trazendo “doenças” e “contaminando o sangue americano”, estava expressando genuinamente a sua concepção racialista de construção de nação. https://nbcnews.com/politics/2024-election/trump-says-immigrants-are-poisoning-blood-country-biden-campaign-liken-rcna130141 A extrema-direita justifica essa postura fingindo que não é contrária à imigração, mas à imigração ilegal e o radicalismo islâmico. O problema é que líderes de extrema-direita têm um farto histórico de declarações racistas em defesa de uma unidade nacional étnica. A justificativa não condiz com o mundo real. Nas eleições desse final de semana para o Parlamento Europeu, o Alternative für Deutschland ficou em primeiro lugar no leste da Alemanha.

Não é uma coincidência que o partido seja tão popular numa região com décadas de passado autoritário (seja com o nazismo ou o comunismo), com muito menos imigrantes que a parte ocidental do país. Quase 70% dos alemães que moram no leste da Alemanha dizem que os estrangeiros – qualquer estrangeiro, de qualquer nacionalidade – só se mudam para a Alemanha para explorar o Estado de bem-estar social; e quase um em cada três diz que a influência dos judeus é grande demais no país. https://dw.com/en/half-of-eastern-germans-want-authoritarian-rule/a-66068519 Quase 1/4 dos entrevistados também diz que o nacional-socialismo tinha o seu lado bom, e 33% dos entrevistados concordam com a afirmação: “deveríamos ter um líder que governe a Alemanha com mão forte para o bem de todos”. A pesquisa identificou a presença de uma “mentalidade conspiratória” generalizada (muito comum entre os eleitores de extrema-direita e de partidos populistas) e o desejo de um “Estado autoritário”.

 

Outra característica que diferencia a extrema-direita da direita é o uso do populismo. Políticos de direita costumam adotar discursos mais moderados e pragmáticos porque o conservadorismo, em essência, valoriza a ordem e a estabilidade institucional. A direita faz parte do establishment político do Ocidente. Historicamente, partidos de direita defendem a importância das instituições democráticas e do Estado de direito (sobretudo nos países desenvolvidos). Historicamente, na contramão, a extrema-direita adota um discurso anti-establishment, se posicionando como a única voz genuína dos interesses da população contra as elites políticas, econômicas e culturais, menosprezando as outras identidades políticas. A extrema-direita recorre ao populismo para mobilizar sentimentos de insatisfação popular contra os seus inimigos (imigrantes, minorias, elites políticas e culturais, etc), apresentando soluções simplistas e autoritárias para proteger a pureza do organismo social (leia-se: a manutenção da sociedade fechada). E é tão boçal que, com frequência, acusa partidos tradicionais de direita de serem, na verdade, de esquerda, como se ela – longe de representar uma posição extrema – fosse, de fato, a única posição genuína de direita. Da mesma forma, ao contrário dos políticos de direita – que historicamente defendem o liberalismo econômico – políticos de extrema-direita levantam bandeiras protecionistas, supostamente em defesa das classes mais pobres. Nos Estados Unidos, esse grupo (da ala trumpista do Partido Republicano) é conhecido como populistas “de colarinho azul”. “Colarinho azul” (do inglês “blue-collar”) faz referência aos operários que desempenham trabalhos que exigem esforço físico. No contexto americano, a expressão é usada para descrever os trabalhadores de setores como manufatura, construção, mineração e manutenção, famosos por usarem uniformes azuis. Os populistas de colarinho azul, como Trump, prometem defender os interesses desses trabalhadores e entendem que os imigrantes – não apenas os ilegais – ameaçam a estabilidade das suas famílias. Trump foi eleito, em 2016, graças ao apoio desses trabalhadores, no Rust Belt americano – um grupo de eleitores altamente ressentido e conspiracionista.

 

O ressentimento, aliás, é uma arma poderosa da extrema-direita. Se na primeira metade do século 20, a extrema-direita alemã explorava o ressentimento generalizado no país pela derrota na Primeira Guerra Mundial, a extrema-direita alemã deste século alcança bons índices de popularidade no leste do país explorando o ressentimento pós-reunificação. A ampla maioria dos alemães do leste não se sentem inteiramente integrados à Alemanha e entendem que preenchem a parte perdedora da reunificação (todos os indicadores da região estão bem abaixo da parte ocidental do país). Nos territórios da extinta Alemanha Oriental há um sentimento generalizado anti-Ocidente, anti-União Europeia e anti-Estados Unidos, com uma população altamente ressentida e vulnerável aos discursos populistas do Alternative für Deutschland. Se a direita alemã pretende conservar as políticas que transformaram a Alemanha num dos países mais bem sucedidos da Terra, o Alternative für Deutschland quer literalmente uma Alternativa para a Alemanha, como se a maior economia da Europa precisasse da extrema-direita para se tornar um país respeitável. A presunção não surpreendente. A extrema-direita prospera mediante a interpretação de que a sociedade vive num estado de decadência projetado pelas elites dominantes – forasteiras e artificiais (como os judeus no passado) – e a promessa de que os membros da própria extrema-direita são uma elite natural perspicaz, comprometida com a missão redentora de salvar a sociedade da sua destruição e devolver o país à grandeza de um passado idílico inventado, quando os imigrantes ainda não haviam dado as caras e as minorias viviam presas a um silêncio clandestino.

 

Por que a Rússia e a China mantêm um vínculo umbilical com a extrema-direita? 

1) Porque Moscou e Pequim são os maiores interessados no processo de isolamento que a extrema-direita promove no Ocidente. Quanto mais frágil for a aliança dos países ocidentais, e mais isolada estiver a Europa e os Estados Unidos, distante dos fóruns internacionais, melhor para Moscou e Pequim. Quanto maior for a rejeição popular à União Europeia e à OTAN, melhores são as condições de russos e chineses projetarem os seus poderes. 

2) Porque Moscou e Pequim são os maiores interessados no processo de imbecilização que a extrema-direita promove no Ocidente. Se no passado, os eleitores conservadores debatiam as grandes questões da humanidade, dando um peso importante à influência da geopolítica e da economia na vida cotidiana, hoje preferem combater a “cultura woke” dedicando longos discursos sobre temas exóticos repetidíssimos, como banheiro trans, feminismo e a produção cinematográfica americana, presos a uma guerrinha cultural de hashtags nas redes sociais. Para boa parte dos eleitores desses grupos políticos, a Parada Gay é uma ameaça mais perigosa à sociedade ocidental que o Kremlin. 

3) Porque Moscou e Pequim são os maiores interessados no processo de deterioração que a extrema-direita promove nas instituições políticas do Ocidente. A extrema-direita vive num profundo estado de mau humor em rejeição à imprensa, à classe artística, à democracia, às minorias, à livre imigração, às empresas, ao sistema educacional, à justiça e a qualquer valor da sociedade aberta. E quanto mais popular for essa sensação generalizada de mal-estar com os valores da sociedade aberta – e mais polarizada for a sociedade – melhor para Moscou e Pequim. 

4) Porque Moscou e Pequim são os maiores interessados no processo de banalização dos direitos humanos que a extrema-direita promove no Ocidente. E quanto menos popular for a defesa dos direitos humanos no Ocidente, menor será a rejeição nos organismos internacionais a Moscou e Pequim, dois dos maiores violadores de direitos humanos da Terra. 

5) Porque Moscou e Pequim são os maiores interessados no processo de disputa que a extrema-direita promove contra a própria direita no Ocidente. Nos últimos cem anos, os eleitores conservadores representaram o maior grupo adversário de russos e chineses no mundo. Quanto maior é a influência de Moscou e Pequim nas lideranças políticas que alcançam esses eleitores, menor será a resistência ocidental contra Rússia e China. 

 

Por que a extrema-direita mantém um vínculo umbilical com Rússia e China? 

1) Porque Moscou e Pequim financiam as suas operações.

2) Porque a extrema-direita não é coerente com a tradição do pensamento político conservador.

3) Porque esses grupos – lotados de eleitores ressentidos – têm fascínio pelo autoritarismo como uma expressão de imposição de um respeito que eles não encontram em outras áreas da vida.

4) Porque Moscou e Pequim, ao contrário de Washington, prometem respeitar o isolamento que esses grupos almejam em seus países, protegendo a sociedade da ameaça do “globalismo” e da “cultura woke”.

5) Porque, em muitos grupos, já não é mais possível separar o que é propaganda russa do que é ideologia de extrema-direita.

 

Foi o conservador Ronald Reagan, num discurso definidor da Guerra Fria, em 1983, quem disse que a Rússia era oImpério do Mal. Segundo ele: https://voicesofdemocracy.umd.edu/reagan-evil-empire-speech-text/ “O maior mal não é feito agora naqueles 'covis de crime' sórdidos que Dickens adorava pintar. Não é nem mesmo feito em campos de concentração e campos de trabalho forçado. Nesses lugares vemos o seu resultado final, mas ele é concebido e ordenado; movido, apoiado, realizado e registrado em escritórios limpos, acarpetados, aquecidos e bem iluminados, por homens tranquilos com colarinhos brancos e unhas cortadas e bochechas bem barbeadas que não precisam levantar a voz.”“Bem, porque esses ‘homens tranquilos’ não ‘levantam a voz’, porque às vezes falam em tons suaves de fraternidade e paz, porque, como outros ditadores antes deles, estão sempre fazendo a sua ‘última demanda territorial’, alguns nos fariam aceitá-los em sua palavra e nos acomodar aos seus impulsos agressivos. Mas, se a história ensina algo, ensina que apaziguamento simplista ou pensamento ilusório sobre os nossos adversários é uma tolice. Isso significa a traição do nosso passado, o desperdício da nossa liberdade.” Seria cômico se não fosse trágico. Nem Ronald Reagan poderia imaginar do que os russos eram capazes. Como não é segredo para qualquer pessoa minimamente informada, há um século, Moscou exerce influência sobre diferentes movimentos e partidos políticos à esquerda. Mas essa não é a notícia de última hora. A grande manchete política da nossa geração é o exército de idiotas úteis que o Kremlin conseguiu formar do outro lado do espectro político. O estrago que a Rússia fez na direita precisará de décadas para ser reparado.

 

Parte do que escrevi aqui, já havia dito para os assinantes do Spotniks nos últimos meses. Todas as semanas, escrevo sobre Rússia, China e Estados Unidos no Spotniks, e envio esse conteúdo por email aos assinantes. Quer ler mais sobre esses assuntos?

 Spotniks.com 

 

Rodrigo da Silva (copyright)

Organização e apresentação: 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 12 de junho de 2024


 

Chanceler venezuelano participa em cúpula do BRICS e reforça rumores sobre entrada no bloco - Opera Mundi

Chanceler venezuelano participa em cúpula do BRICS e reforça rumores sobre entrada no bloco

Opera Mundi | política e economia

10 de junho de 2024 

Os rumores sobre o ingresso da Venezuela como um dos novos membros do BRICS a partir de 2025 se fortaleceram nesta segunda-feira (10/06) devido à presença do chanceler do país sul-americano Yván Gil, na cúpula de ministros de Relações Exteriores do bloco, realizada na cidade russa de Nizhny Novgorod.

A presença de ministro venezuelano no evento realizado na Rússia foi significativa, já que ele foi um dos quatro chanceleres presentes que não é representante de um país membro do BRICS - os outros três foram os representantes da Bielorrúsia, Sergei Aleinik, da Turquia, Hakan Fidan, e de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla.

A aproximação de Gil dos demais chanceleres do BRICS vai se encontro a uma das promessas de campanha de Nicolás Maduro, que buscará sua segunda reeleição no pleito que ocorrerá na Venezuela no próximo dia 28 de julho.

Em diversos comícios, e também em seu programa de televisão semanal "Con Maduro +", o mandatário venezuelano vem afirmando que atuará pessoalmente para conseguir o aval do líder russo Vladimir Putin para que seu país seja aceito no BRICS, para o lugar que a Argentina rechaçou em dezembro passado, por decisão de Javier Milei.

Mauro Vieira
A cúpula dos chanceleres dos BRICS foi a primeira desde o ingresso ao bloco de cinco novos membros, em janeiro deste ano: além dos representantes mais antigos, como Brasil, Índia, China e África do Sul, além da anfitriã Rússia, também estiveram presentes os ministros de Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã.

O Brasil foi representado pelo chanceler Mauro Vieira, cujo discurso no evento enfatizou que o BRICS "materializa a crescente influência do Sul Global nos assuntos internacionais".

Vieira também questionou a inação das entidades a nível global com relação ao massacre que Israel vem promovendo contra os civis palestinos residentes na Faixa de Gaza.

"As Nações Unidas e outras instituições multilaterais estão marginalizadas ou paralisadas, e o direito internacional, incluindo princípios humanitários básicos, está sendo flagrantemente desconsiderado, como estamos testemunhando em Gaza", reclamou o chefe do Itamaraty.


terça-feira, 11 de junho de 2024

Preparação para a carreira diplomática: uma conversa com candidatos (2020) - Paulo Roberto de Almeida

Em 2020, concedi uma entrevista a candidatos à carreira diplomática, tendo antes preparado uma lista de antigos trabalhos sobre a questão que poderiam ser úteis aos jovens aspirantes ao Itamaraty. Infelizmente não disponho da entrevista concedida, apenas daa minha lista, que reproduzo depois da ficha de registro desse trabalho:

3683. “Preparação para a carreira diplomática: uma conversa com candidatos”, Brasília, 29 maio 2020, 2020, 6 p. Conversa online com candidatos à carreira diplomática, coordenada por Amanda do “Keep it blue podcast”, sobre as seguintes questões: 1) O que fez o senhor decidir ser diplomata?; 2) Como foi sua jornada para passar o CACD?; 3) Quais são os diferenciais para passar o concurso?; 4) Como o candidato deve abordar as atualidades em seus estudos?; 5) Como deveria ser o mindset para o estudo dos idiomas?; 6) Como foi o Instituto Rio Branco?; 7) O que se aprende por lá?; 8) Como é a vida no exterior?; 9) Como muda em relação a Brasília? Elaborada lista de 37 trabalhos que se encaixam nos critérios solicitados. Divulgado no blog Diplomatizando (29/05/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/preparacao-para-carreira-diplomatica.html); disponível na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/43192887/Preparacao_para_a_carreira_diplomatica_uma_conversa_com_candidatos_2020_). 

Preparação para a carreira diplomática: uma conversa com candidatos

  

Paulo Roberto de Almeida

(www.pralmeida.orghttp://diplomatizzando.blogspot.com)

 [Objetivo: informação preliminar; finalidade: destinado a debate online]

 

 

Tendo recebido um convite para interagir online com grupo de estudantes candidatos à carreira diplomática, comecei por proceder a um levantamento sumário, a partir de minhas listas de trabalho, de tudo o que eu já havia escrito sobre este tema, usando unicamente o conceito de “carreira”, e constatei que já foi muita coisa, ao longo das últimas duas décadas. Alinhei as fichas desses textos na listagem abaixo, muitos deles já divulgados em meus blogs, o que facilitará a consulta. Fica à disposição dos interessados.

As questões que recebi para interagir estão reproduzidas abaixo, mas ainda não me dediquei a responde-las. Provavelmente, vou proceder apenas oralmente, por falta de tempo.

 

- O que fez o senhor decidir ser diplomata?

- Como foi sua jornada para passar o CACD? 

- Quais são os diferenciais para passar o concurso? 

- Como o candidato deve abordar as atualidades em seus estudos? 

- Como deveria ser o mindset para o estudo dos idiomas? 

- Como foi o Instituto Rio Branco? O que se aprende por lá? 

- Como é a vida no exterior? Como muda em relação a Brasília?

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 29 de maio de 2020

 


Fontes: 

1)      475. “O Serviço Exterior Francês: História, Estrutura e Recrutamento”, Paris, 15 fevereiro 1995, 15 p. Elaboração da história e situação atual do serviço exterior francês, com vias de acesso à carreira, estrutura interna e fluxos ascensionais. Destinado ao Boletim ADB, revisto e resumido devido à extensão. Inédito. Disponibilizado na plataforma Academia.edu (28/05/2020; link: https://www.academia.edu/43192012/O_Servico_Exterior_Frances_Historia_Estrutura_e_Recrutamento_1995_); anunciado no blog Diplomatizzando (28/05/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/o-servico-exterior-frances-historia.html).

2)      848. “Entrevista Internews Unisul”, Orlando, 11 jan. 2002, 9 p. Respostas a questões colocadas pelo Centro Acadêmico Paulo Roberto de Almeida, do Curso de Relações Internacionais da Unisul, para o Boletim Internews. Publicado no site da Unisul: http://www.unisul.br/. Relação de publicados n. 310. Publicado no blog Diplomatizzando(20/08/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/uma-entrevista-sobre-carreira-de.html).

3)      885. “As relações internacionais do Brasil e a profissionalização da carreira”, Washington, 29 mar. 2002, 17 p. Palestra proferida no UniCeub, em 2/04/2002, e na Universidade Católica de Brasília, em 3/04/2002, elaborada com base em partes do livro Os primeiros anos do século XXI.

4)      915. “Profissionalização em relações internacionais: exigências e possibilidades”, Washington, 26 jun. 2002, 6 p. Trecho retirado das “Leituras complementares”, do capítulo 11: “A diplomacia econômica brasileira no século XX: grandes linhas evolutivas” do livro Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas (p. 244-248). Para divulgação no website do Centro de Serviços de Carreiras do Curso de Relações internacionais da PUC-Minas. Postado no blog Diplomatizzando (20/08/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/profissionalizacao-em-relacoes.html).

5)      1156. “A formação do diplomata: uma preparação de longo curso”, Brasília, 13 dez. 2003, 3 p. Texto preparado para o Guia para a Formação de Profissionais do Comércio Exterior, das Edições Aduaneiras. Encaminhada igualmente para jornal do Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito da PUC-Campinas. Postado no blog Diplomatizzando(27/05/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/preparacao-para-carreira-diplomatica.html). 

6)      1181. “A formação e a carreira do diplomata: uma preparação de longo curso e uma vida nômade”, Brasília, 14 jan. 2004, 3 p. Reelaboração ampliada do trabalho 1156 para o jornal acadêmico da Faculdade de Direito da PUC-Campinas. Postado no blog Diplomatizzando (27/05/2016; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/preparacao-para-carreira-diplomatica.html).

7)      1374. “Concurso de Admissão à Carreira Diplomática: Comentários ao Guia de Estudos”, Brasília, 20 jan. 2005, 8 p. Comentários ao programa do concurso do IRBr, para atender solicitação do Diretor do IRBr, Emb. Fernando Guimarães Reis.

8)      1377. “História Mundial Contemporânea”, Brasília, 23 jan. 2005, 6 p. Nota de revisão e comentários ao programa de preparação ao concurso à carreira diplomática, encaminhada ao Diretor do IRBr, Emb. Fernando Guimarães Reis. 

9)      1481. “Recomendações Bibliográficas para o concurso do Itamaraty”, Brasília, 13 out. 2005, 6 p. Indicações resumidas a partir do Guia de Estudos do Concurso de Admissão à Carreira Diplomática, versão 2005, para atender às demandas de candidatos à carreira diplomática. Circulada em listas de estudos internacionais. Divulgado no blog Diplomatizzando (29/05/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/guia-de-estudos-do-concurso-de-admissao.html). 

10)   1563. “As relações internacionais como oportunidade profissional”, Brasília, 23 março 2006, 9 p. Respostas a algumas das questões mais colocadas pelos jovens que se voltam para as carreiras de relações internacionais. Contribuição a matéria da FSP, suplemento Folhateen, matéria “Os internacionalistas”, por Leandro Fortino (Folha de São Paulo, 27 março 2006, p. 6-8; divulgado no blog Diplomaticas, link: http://diplomaticas.blogspot.com/2006/03/303-os-novos-internacionalistas.html#links); divulgado em sua integralidade no boletim de relações internacionais Relnet e, em cinco partes, no blog Cousas Diplomáticas, do post 282 ao 286 (link inicial: http://diplomaticas.blogspot.com/2006/03/282-as-relaes-internacionais-como.html#links). Publicado, sob o título de “As relações internacionais como oportunidade profissional: Respostas a algumas das questões mais colocadas pelos jovens que se voltam para as carreiras de relações internacionais”, no boletim Meridiano 47 - Boletim de Análise da Conjuntura em Relações Internacionais (Brasília: Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, ISSN 1518-1219, nº 67, fevereiro 2006, p. 5-10). Reformatado e publicado no boletim Via Política (27.05.2007). Publicado no site MundoRI; disponível no blog Diplomatizzando (24/03/2013; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2013/03/as-relacoes-internacionais-como.html). Relação de Publicados n. 627. 

11)   1670. “Dez obras fundamentais para um diplomata”, Brasília , 29 setembro 2006, 2 p. Lista elaborada a pedido de aluno interessado na carreira diplomática: obras de Heródoto, Maquiavel, Tocqueville, Pierre Renouvin, Henry Kissinger, Manuel de Oliveira Lima, Pandiá Calógeras, Delgado de Carvalho, Marcelo de Paiva Abreu e Paulo Roberto de Almeida, para uma boa cultura clássica e instrumental, no plano do conhecimento geral e especializado. Colocada no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/09/625-dez-obras-fundamentais-para-um.html). Revisto e ampliado, com explicações e links para cada uma das obras, em 14 de outubro de 2006 (6 p.) e publicado em Via Política em 15/10/2006 (link descontinuado). Relação de Publicados n. 709.

12)   1704. “Um autodidata na carreira diplomática”, Brasília, 26 dezembro 2006, 4 p. Respostas a questões colocadas por jovem candidato à carreira diplomática. Colocada no blog Diplomatizzando; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/12/667-um-autodidata-na-carreira.html#links.

13)   1705. “Carreira Diplomática: dicas e argumentos sobre uma profissão desafiadora”, Brasília, 27 dezembro 2006, 6 p. Consolidação e compilação de meus trabalhos relativos à carreira diplomática e à profissão de internacionalista, para atender às muitas consultas que me são feitas nesta época. Colocada no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/12/669-carreira-diplomatica-dicas.html) e incorporada ao site pessoal, seção “Carreira Diplomática”. 

14)   1739. “Carreira diplomática: uma trajetória”, Brasília, 27 março 2007, 5 p. Respostas a perguntas colocadas pela Carta Forense, para caderno especial sobre concursos, sobre diplomacia. Publicado, sob o título “Minha trajetória como concursando”, na revista Carta Forense (ano 5, n. 47, abril 2007, Caderno de Concursos, p. C2-C3; link: www.cartaforense.com.br). Postado no blog Diplomatizzando (12.07.2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/07/como-no-caso-de-textos-anteriores-que.html).

15)   1780. “Aspectos da carreira diplomática: algumas considerações pessoais”, Brasília, 10 de agosto de 2007, 1 p. Palestra feita em Brasília, no curso preparatório à carreira diplomática O Diplomata em 11.08.07, com links para sites e blogs de informação. Exposição desenvolvida oralmente em torno dos seguintes pontos, depois ilustrados com remessa a textos meus, em meus blogs, e a outros blogs de preparação à carreira: 1. O ingresso: estudos preparatórios e exames de entrada; 2. Estrutura da carreira e fluxos da mobilidade ascensional; 3. Trabalho na SERE e nos postos do exterior: nomadismo vertical e horizontal; 4. Gostosuras e travessuras: os bônus e malus da carreira diplomática; 5. Uma experiência pessoal: combinando diplomacia e academia.

16)   1812. “Academia e diplomacia: um questionário sobre a formação e a carreira”, Brasília, 1 outubro 2007, 5 p. Respostas a questionário colocado por estudante da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Postado no blog Diplomatizzando (10.07.2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/07/academia-e-diplomacia-um-questionario.html).

17)   1837. “Cartas a um Jovem Diplomata: conselhos a quem já se iniciou na carreira e dicas para quem pretende ser um dia”, Brasília, 17 novembro 2007, 1 p. Esquema de um novo livro, sobre a base do trabalho 800 (Novas Regras de Diplomacia). Nunca desenvolvido. Postado no blog Diplomatizzando (19/08/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/cartas-um-jovem-diplomata-como-seria-se.html).

18)   1885. “Questionário sobre a carreira diplomática”, Brasília, 10 maio 2008, 5 p. Respostas a questões colocadas por estudante de administração, sobre a carreira diplomática. Postado no Blog DiplomataZ (2.07.2009; link: http://diplomataz.blogspot.com/2009/07/19-mais-um-questionario-sobre-carreira.html#links).

19)   1901. “Questionário sobre a carreira diplomática”, Brasília, 25 junho 2008, 3 p. Respostas a questionário submetido por candidata à carreira diplomática. Postado no Blog DiplomataZ (2.07.2009; link: http://diplomataz.blogspot.com/2009/07/16-questionario-sobre-carreira.html#links). Postado no Blog Diplomatizzando (28.05.2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/05/um-questionario-sobre-carreira.html).

20)   1937. “Gênero e Carreira Diplomática”, Brasília, 11 outubro 2008, 3 p. Entrevista concedida a estudante graduação em Direito Unigranrio-RJ, para pesquisa sobre igualdade de gêneros na diplomacia brasileira. Postado no blog Diplomatizando (29/05/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/genero-e-carreira-diplomatica-2008.html).

21)   2007. “Carreira Diplomática: respondendo a um questionário”, Brasília, 21 maio 2009, 8 p. Respostas a questões colocadas por graduanda em administração na UFSC. Postado no blog Diplomatizzando (21.05.2009; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2009/05/1112-carreira-diplomatica-respondendo.html). Reproduzido no blog MondoPost (27.05.2009, link: http://www.mondopost.com.br/2009/05/27/carreira-diplomatica-respondendo-a-um-questionario/). Postado novamente no blog Diplomatizzando em 8/01/2016 (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/01/um-questionario-sobre-carreira.html).

22)   2102. “Carreira Diplomática: Geral ou Especializada? Respondendo a dúvidas legítimas”, Brasília, 16 janeiro 2010, 4 p. Respostas a questões colocadas por uma candidata à carreira diplomática. Postado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/01/1700-carreira-diplomatica.html).

23)   2126. “Carreira Diplomática: um questionário acadêmico”, Florença (Itália), 28 março 2010, 3 p. Respostas a perguntas de alunos de curso de Relações Internacionais da USP. Postado no blog Diplomatizzando (3.04.2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/04/1016-carreira-diplomatica-um.html). Postado no Facebook (19/08/2017; link: https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1627717170625060).

24)   2136. “Entrevista sobre Minha Carreira Diplomática”, Shanghai, 25 abril 2010, 5 p. Respondendo a um aluno do curso médio. Postado no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/04/2076-mais-uma-entrevista-sobre-carreira.html).

25)   2222. “Respondendo a questões sobre a carreira diplomática”, Shanghai, 5 novembro 2010, 32 p. Introdução a compilação de respostas a questões colocadas por leitores do blog sobre a carreira diplomática, estudos preparatórios e o concurso de ingresso. Postado no blog Diplomatizzando (5/11/2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/11/carreira-diplomatica-respondendo.html), inclusive com as questões e comentários submetidos a seguir.

26)   2328. “Carreira Diplomática e Carreira Acadêmica: vidas paralelas ou linhas que não se tocam?”, Brasília, 9 outubro 2011, 4 p. Respostas a questionário; postado, sem identificação, no blog Diplomatizzando(http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/10/carreira-diplomatica-e-carreira.html).

27)   2382. “Questionário sobre a carreira diplomática”, Paris, 10 abril 2012, 2 p. Respostas para trabalho universitário. Blog Diplomatizzando (19/08/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/questionario-sobre-carreira-diplomatica.html).

28)   2409. “Grande estratégia e idiossincrasias corporativas: uma reflexão baseada em George Kennan”, Brasília, 14 julho 2012, 7 p. Considerações sobre posturas na carreira diplomática, com base em trecho da biografia do diplomata e historiador americano por John Lewis Gaddis: George F. Kennan: An American Life (New York: The Penguin Press, 2011), lida na edição Kindle. Postado no blog Diplomatizzando(http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2012/07/uma-reflexao-baseada-em-george-kennan.html). Postado novamente no Diplomatizzando em 4/01/2016 (link: http://www.diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/01/george-kennan-era-um-contrarianista.html).

29)   2608. “Carreira diplomática e formação”, Hartford, 19 maio 2014, 9 p. Respostas a questões colocadas por aluna de RI do IESB, com base em trabalhos anteriores sobre o mesmo assunto. Postado no blog Diplomatizzando em 15/08/2015 (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2015/08/carreira-diplomatica-e-formacao-do.html).

30)   2829. “Entre o internacionalismo e a diplomacia: questões de carreira e de vocação”, Brasília, 28 maio; Anápolis, 30 maio 2015, 10 p. Respostas a questionário colocado por estudante de RI da Universidade do Sagrado Coração. Postado no Blog Diplomatizzando, 20/08/2016 (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/08/internacionalista-sou-um-ou-apenas-um.html).

31)   2977. “O Itamaraty e a diplomacia profissional brasileira em tempos não convencionais”, Brasília, 15 maio 2016, 10 p. Entrevista concedida por escrito a graduando na Faculdade de Direito da USP, e animador do blog Jornal Arcadas,um jornal independente totalmente produzido por estudantes do Largo de São Francisco (http://www.jornalarcadas.com.br/), sobre aspectos da carreira e do funcionamento do Itamaraty na fase recente. Publicado, sob o título de “Entrevista: a crise e o anarco-diplomata”, no blog Jornal Arcadas (15/05/2016; link: http://www.jornalarcadas.com.br/acriseeoanarcodiplomata/); reproduzido no Diplomatizando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/um-anarco-diplomata-fala-sobre.html). Relação de Publicados n. 1220.

32)   2984. “Uma carreira diplomática: Paulo Roberto de Almeida”, Brasília, 11-27 maio 2016, 16 p. Entrevista redigida para o site “Diplowife, Diplolife”. Respostas ampliadas e revistas na sequência, com links para os trabalhos mais importantes nessa categoria. Postada no site “Diplowife-Diplolife” (link: http://diplowife-diplolife.blogspot.com.br/2016/05/entrevista-com-paulo-roberto-de-almeida.html). Transcrito no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/05/entrevista-sobre-carreira-atividades.html). Relação de Publicados n. 1226.

33)   3153. “A carreira diplomática: questionário pessoal e consolidação de trabalhos produzidos por Paulo Roberto de Almeida”, Brasília, 19-20 agosto 2017, 22 p. Respostas a questionário submetido por grupo de alunos de Relações Internacionais do IESB, acompanhadas de listagem de trabalhos identificados sob a rubrica da diplomacia em minha produção entre 2001 e 2016, para entrevista audiovisual (efetuada em 31/08/2017). Postado na plataforma Academia.edu (link:https://www.academia.edu/34279860/A_carreira_diplomatica_questionario_pessoal_e_consolidacao_de_trabalhos_produzidos_por_Paulo_Roberto_de_Almeida), e em Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/319184080_A_carreira_diplomatica_questionario_pessoal_e_consolidacao_de_trabalhos_produzidos_por_Paulo_Roberto_de_Almeida) e no Twitter (https://shar.es/1S2F5K). Trabalho aproveitado para palestra sobre “Opções de Mercado para o Profissional de RI”, na Semana de Relações Internacionais organizada pelo Diretório Acadêmico do UniCEUB, em 21 de agosto de 2017, no campus de Taguatinga pela manhã, e no campus da Asa Norte. Feita nova informação em 31/08/2017 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/carreira-diplomatica-questionario-e.html).

34)   3154. “Carreira diplomática: lista seletiva de trabalhos de Paulo Roberto de Almeida”, Brasília, 22 agosto 2017, 6 p. Revisão e correção do apêndice do trabalho 3153, para divulgação independente. Postado no blog Diplomatizzando (22/08/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/carreira-diplomatica-lista-seletiva-de.html). Feita nova informação em 31/08/2017 (link: https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/carreira-diplomatica-questionario-e.html).

35)   3292. “Duas pedras no meio do caminho... (a propósito de uma promoção tardia)”, Estoril, 26 junho 2018, 4 p. Esclarecimento a propósito de minha promoção tardia na carreira. Postado no blog Diplomatizzando (26/06/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/06/duas-pedras-no-meio-do-caminho-paulo.html). 

36)   3304. “Carreira na diplomacia: ingresso, requerimentos, desempenho”, Brasília, 20 julho 2018, 8 p. Listagem dos trabalhos relativos à carreira diplomática, para divulgação ampla. Divulgado na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/37089699/Carreira_na_diplomacia_ingresso_requerimentos_desempenho); Blog Diplomatizzando (https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/07/carreira-na-diplomacia-ingresso.html).

37)   3543. “Pesquisa sobre carreira diplomática”, Brasília, 25 novembro 2019, 3 p. Resposta a questionário sobre a carreira diplomática, encaminhada por formulário online. Divulgado no blog Diplomatizzando (29/05/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/pesquisa-sobre-carreira-diplomatica.html).

 

 

Brasília, 3683: 29/05/2020

Divulgado no blog Diplomatizando (29/05/2020; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2020/05/preparacao-para-carreira-diplomatica.html).