O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 25 de agosto de 2024

Timothy Snyder on the non-sensical war of aggression by Putin against Ukraine


Moedas mundiais: foram poucas…

 A primeira “dolarização” ocorreu sob as moedas do império romano e seu sucesso se deu pelos mesmos motivos da atual: ordem e prosperidade. Durou alguns séculos. 

O dólar só domina há cem anos. Quanto tempo mais terá? Seu declínio talvez tenha os mesmos motivos: inflação e perda dos atributos básicos de uma moeda.




Grandes benfeitores da humanidade: o ranking é dispensável e ridículo

 Todos foram absoluta ou relativamente importantes, alguns para a humanidade, outros para certos povos. O Ranking é enganoso, desnecessário e ridículo. Não há escala uniforme entre eles, e seu impacto é muito diferenciado. O segundo lugar de George Washington, por exemplo, só revela a arrogância americana de quem elaborou esse Ranking. PRA

Ranking of people whose actions have most changed the course of human history:


1. 🇬🇧 Isaac Newton

2. 🇺🇸 George Washington

3. 🇬🇧 Charles Darwin

4. 🇮🇹 Galileo Galilei

5. 🇬🇷 Alexander the Great

6. 🇫🇷 Napoleon Bonaparte

7. 🇮🇹 Leonardo da Vinci

8. 🇺🇸 Thomas Edison

9. 🇮🇳 Mahatma Gandhi

10. 🇨🇳 Confucius

11. 🇫🇷 Louis Pasteur

12. 🇫🇷 Joan of Arc

13. 🇬🇷 Socrates

14. 🇨🇳 Qin Shi Huang

15. 🇩🇪 Albert Einstein

16. 🇮🇳 Siddhartha Gautama (Buddha)

17. 🇬🇧 William Shakespeare

Privatizar Petrobras, Caixa e Banco do Brasil - Editorial Folha de S. Paulo

Privatizar Petrobras, Caixa e Banco do Brasil

Editorial Folha de S. Paulo, 25/08/2024

https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2024/08/privatizar-petrobras-caixa-e-banco-do-brasil.shtml

Trio de gigantes deve ser o próximo tabu a ser derrubado no bem-sucedido programa brasileiro de desestatização

Conduzido ao longo de mais de três décadas por governos democraticamente eleitos, o programa brasileiro de privatizações derrubou sucessivam ente tabus, preconceitos e teses catastrofistas.

Na década perdida de 1980, quando o país se viu impelido a reformar o Estado empresário ineficiente e concentrador de renda, parecia impensável a venda de companhias portentosas como a Embraer e a Vale; dos setores de telefonia e energia elétrica; da vasta e deficitária rede de bancos estaduais.

Tudo isso foi feito —e com grande sucesso. O inconcebível hoje é que tais atividades e serviços públicos já tenham estado à mercê da ineficiência da gestão pública e das conveniências políticas dos governos de turno, em vez de regulados por agências autônomas e pela concorrência.

Mesmo administrações à esquerda, que mantêm oposição ideológica e corporativista à alienação de empresas, reconheceram as vantagens da concessão de estradas, ferrovias, portos e aeroportos. Promessas de reestatização, ademais, foram esquecidas.

Também resistências na sociedade vão sendo dissipadas. O Datafolha mostrou, no ano passado, que as opiniões favoráveis a privatizações já realizadas ou em curso —da telefonia ao saneamento, de rodovias e aeroportos à energia— superam as contrárias.

Espanta que remanesçam sob controle direto ou indireto do Tesouro Nacional nada menos que 123 empresas, entre as quais é difícil citar um exemplo além da Embrapa, de pesquisa agropecuária, em que o interesse público possa justificar tal condição.

Nesse conglomerado anacrônico, apenas três gigantes —Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal— reúnem em torno de si 75 subsidiárias no Brasil e no exterior. Quase dois terços, portanto, do universo das estatais federais.

Esse aparato é custosamente mantido sob o comando do Estado, sobretudo, por interesses políticos e sindicais. Invocam-se pretextos nacionalistas e estratégicos para preservar o poder de lotear cargos, distribuir favores e bancar projetos de retorno duvidoso, para nem falar em lisura.

Petrobras e Caixa, especialmente, são assíduas no noticiário sobre aparelhamento e má gestão. Ajustes legislativos nos últimos anos trouxeram melhora da governança, sim, mas continuam sob assédio das forças reacionárias e intervencionistas à esquerda e à direita, sujeitos a retrocessos.

O caminho a seguir é a privatização criteriosa, com modelos que incentivem a competição e regulação que salvaguarde os interesses dos consumidores. Há um trabalho de convencimento a fazer e um longo processo de conhecimento a ser aproveitado.


O novo ordenamento internacional: China e Rússia; os chineses do Sudeste Asiático e os russos do “exterior próximo - Paulo Pinto (Linkedin)

 

O NOVO ORDENAMENTO INTERNACIONAL -CHINA E RÚSSIA Os chineses do Sudeste Asiático e os russos do “exterior próximo

Embaixador do Brasil aposentado. Percursos diplomáticos diferenciados.

São frequentes as referências a novo ordenamento internacional, seguidas de menções a formas de governança vigentes na China e Rússia, bem como à possível influência que estas poderiam exercer em outras partes do mundo.

Nesse contexto seria oportuna a reflexão sobre diferenças entre a evolução das formas de convivência entre a RPC e os chineses que incluem significativa população no Sudeste Asiático (overseas chinese), e as dificuldades nas relações da Rússia, com países vizinhos onde vivem, como herança da União Soviética, russos do “exterior próximo”.

Isto é, a interação conquistada na antiga área periférica da China aconteceu através de sucessivas formas de articulação entre sociedades civis de identidades culturais variadas. No caso dos países que compunham a ex-URSS, desde sua extinção, deixou de ocorrer o mesmo tipo de relacionamento entre as nações que foram então emancipadas, oprimidas por regimes opressivos impostos por Moscou. A questão da Ucrânia, como consequência deste sistema disfuncional será mencionada, com referências às tentativas de negociação, na moldura dos Acordos de Minsk, na parte final deste artigo.

I

Assim, o sistema de governança no Sudeste Asiático absorveu influência chinesa, com base em tradições confucionistas. Não se buscou a segregação ou mesmo a eliminação de uma ou outra etnia. Assistiu -se, ao contrário, a uma organização regional, não ao redor de blocos ou polos alternativos, mas em redes concomitantes de cooperação, rivalidades e, por vezes, conflito.

Muitos tópicos da agenda de preocupações, daquela região, então vigentes, têm influência no papel agregador que a ASEAN exerce, agora, entre o Sudeste Asiático e demais países da Ásia Pacífico. Recorro, a propósito da evolução do relacionamento entre os países daquela região, a conversa que mantive, em Jacarta, com o Professor Jasuf Wanandi, então Diretor do Instituto de Estudos Estratégicos Internacionais da Indonésia, em 1994 – período durante o qual a ASEAN começava a consolidar seu papel de força motora e moderadora no Sudeste Asiático.

Naquela ocasião, ouvi longa e prazerosa explicação a respeito do conceito regional sobre resiliência, que predominava nas discussões entre centros de estudos naquela parte do mundo. Wanandi me explicou que: “Resiliência nacional, no plano interno, significa a habilidade de uma nação assegurar a evolução social necessária, enquanto mantém uma identidade própria. No plano externo, é expressa na capacidade de encarar ameaças com características diversas.”

A resiliência nacional, portanto, comporta o fortalecimento de todos os elementos que compõem o desenvolvimento de uma nação, incluindo os setores ideológico, político, econômico, social, cultural e militar. Se cada nação, de um grupo geográfico determinado, desenvolver sua própria resiliência nacional, gradativamente, uma resiliência regional emergirá.

Isto é, os países membros desenvolverão a habilidade de resolver, em conjunto, seus problemas em comum, bem como criarão uma visão de futuro e bem-estar compartilhada.

Esse esclarecimento me foi transmitido por ocasião de périplo que realizei por centros de estudos estratégicos em capitais do Sudeste Asiático (Manila, Bangkok, Kuala Lumpur, Singapura e Jacarta), Pequim e Hong Kong, de primeiro a 25 de março de 1994, por proposta minha e patrocínio do Itamaraty (então sob o comando do Embaixador Celso Amorim, em sua primeira encarnação como Chanceler, durante a Presidência de Itamar Franco).

O objetivo do esforço de estabelecimento de vínculos com essas instituições acadêmicas foi o de criar canais de interlocução com aquela parte do mundo, onde acontecia, no final do século passado, evolução econômica e política acelerada.

Nesse processo, desenvolvia-se reflexão sobre estratégia própria, com a utilização crescente de núcleos de pesquisa específicos, como os visitados. Isso acontecia, fosse como reação a desafios de seu próprio desenvolvimento autônomo, fosse como resposta a questões impostas do exterior.

Propostas semelhantes, a propósito, constam de discursos recentes do presidente chinês Xi Jinping, no que diz respeito a forma de governança “com características chinesas”, como o que consta do enunciado de uma Comunidade de Nações com Destino Comum.

II

A Comunidade de Nações com Destino Comum

O conceito da comunidade de destino comum da humanidade, que Xi Jinping tem proposto, articularia a experiência chinesa de convívio pacífico e solução negociada de conflitos internos e externos com sua própria concepção de cooperação econômica.

Em seus pronunciamentos, Xi ressalta que “a China, nação com mais de cinco mil anos de história, enfrentou conflitos diversos ao longo dos tempos. A pacificação do Império só foi possível pelo estabelecimento de acordos entre a China e os povos que conviviam no mesmo território. Como resultado, hoje convivem, na China, mais de 50 etnias, 24 idiomas e cinco sistemas de escrita. Há ainda templos budistas, igrejas cristãs e mesquitas por todo o território.”

Ainda segundo o dirigente da RPC, “essa experiência aplicou-se também no nosso tempo, especialmente na questão dos territórios de Hong Kong e Taiwan, onde funcionam sistemas diferentes do restante do país, mas mantém-se a unidade nacional por meio de negociações”.

“A fórmula “um país dois sistemas” vem permitindo o convívio pacífico apesar das diferenças e de alguns retrocessos, como a atual hostilidade de autoridades de Taiwan, eleitas pelo “Partido Democrático Progressista”. É certo que a parte continental da China teria meios suficientes para submeter as ilhas pela força. Mas essa via não é do interesse do Estado chinês, que mantém o entendimento de que a ação militar é sempre a pior solução.”

A economia tem papel destacado no conceito de comunidade de destino da humanidade: “ao contrário dos países imperialistas” (uma vez que a China sofreu, no século 19 e primeiras décadas do século 20, com a ação imperialista de europeus, japoneses e estadunidenses, que invadiram e dividiram seu território para explorar seu povo), que impõem seus próprios termos para o comércio entre as nações, o gigante asiático propõe a cooperação econômica de tipo ganha-ganha com países em desenvolvimento.

No momento, a China está expandindo seus interesses por acesso a recursos naturais e a novos mercados, ao Pacífico Ocidental, ao redor da periferia dos países do Sudeste Asiático, e ao sul da Ásia, bem como em direção à Ásia Central e crescentemente sobre o “continente eurasiano”.

Com respeito ao relacionamento da RPC com o Sudeste Asiático, Pequim formula discurso com o realce de laços históricos que têm sido capazes de garantir a inserção internacional chinesa atual em universo de influência cultural do antigo Império do Centro.

Procura, então, dar versão benigna às viagens do Almirante Zheng He, ocorridas há 600 anos, aos mares austrais do continente asiático. Quanto à Ásia Central e Eurásia, registram-se formulações quanto ao ressurgimento de uma Nova Rota das Sedas. Assim, a China está empenhada na frenética construção de ferrovias, estradas e dutos para a importação de recursos energéticos, através da Eurásia. Tais vias de transporte substituirão as caravanas de camelos da antiga Rota das Sedas. Da mesma forma, a moderna Marinha da RPC substitui a frota de Zheng He, nas costas da África e do Mediterrâneo.

O objetivo – segundo Pequim - é estabelecer um fluxo de livre comércio e futura integração internacional de mercados. Com essa iniciativa, a China almeja novas oportunidades de comércio, estabelecendo “network” de integração e cooperação (conectividade, para empregar o termo preferido de seu governo atual) com vários países que se dispuserem a participar.

Assim se materializaria a iniciativa de um cinturão e uma rota, lançada por Pequim, em 2013, ambicionando a modernização da massa terrestre eurasiana, onde vive (incluindo chineses e indianos) cerca de sessenta por cento da população mundial. Ademais, tendo em vista a fragilidade do sistema de poder internacional vigente, o projeto de “Belt and Road” poderia indicar um novo ordenamento nas relações entre os países a serem incluídos.

Os dirigentes chineses pretendem, de qualquer forma, resgatar as referidas expedições marítimas históricas como registro de suas intenções pacíficas e exemplo da permanente busca de harmonia – em oposição a hegemonia – nas relações da China com seus vizinhos ao sul de suas fronteiras. O Partido Comunista Chinês (PCC), portanto, se esforça, tanto no plano interno, quanto no das relações com o exterior, no sentido do convencimento de que, em todos os momentos de emergência do país – há 600 anos, como agora – a China pode ser forte, sem representar ameaça ou interferência regional ou mundial.

III

Moscou e os Russos do Exterior Próximo

São distintas da situação dos “overseas chinese”, no entanto, as relações entre Moscou e pessoas que conservam a identidade cultural russa, em países vizinhos, ex-integrantes da URSS. Desnecessário lembrar que, ao contrário do deslocamento de chineses para o Sudeste Asiático, resultado de ações da sociedade civil e ocorrido há centenas de anos, os russos do exterior próximo foram estabelecidos por decisão do Governo em Moscou, no século passado, a partir da criação da União Soviética.

Existiria, a propósito, uma visão de futuro que sugeriria novos vínculos para um espaço pós-soviético, seguindo caminho no sentido de uma União das Repúblicas do Exterior Próximo. Isto é, o Presidente Vladimir Putin, em documento publicado em 2008, propôs “Um novo projeto de integração para a Eurásia: o futuro que nasce hoje”. Sugeria, em suma, algo mais parecido com roteiro de um bem-organizado retorno a passado saudoso (para ele) do que movimento em direção a objetivo inovador.

Como se sabe, durante a existência da URSS, Moscou dirigia todos os detalhes da organização político-socioeconômica das Repúblicas Soviéticas. A réplica desse mesmo projeto permeia a referida proposta do Presidente da Federação Russa. Assim, Vladimir Putin retomava, com o conceito da União Eurasiática, a defesa da fusão de mecanismos de integração existentes, com vistas à criação de um polo de poder no mundo contemporâneo, com sede na capital russa, situada cartograficamente entre a Europa e a região da Ásia e do Pacífico.

O líder russo revelava que a meta era chegar a patamar superior de integração. Na prática, isso significaria a reconstrução de relações com países do exterior próximo, que integraram tanto o Império Russo, quanto a União Soviética.

O processo desordenado e irresponsável como foi dissolvida a União Soviética, em 1991, a propósito, provocou turbulências além das ora sofridas na Ucrânia, bem como temidas em outras ex- Repúblicas que pertenceram à URSS, como a Moldova, Lituânia, Estônia e Letônia. Em todos esses Estados que se emanciparam de Moscou, permaneceram cidadãos que utilizam o idioma russo e são chamados, pelo Presidente Putin, como exterior próximo.

A forma de governança adotada a partir da criação da União Soviética, como se sabe, não favoreceu o florescimento de ideologias em competição entre si, no âmbito de fronteiras definidas no período pós-independência, em 1991. Havia que prevalecer, segundo essa maneira de pensar, apenas o conjunto de ideias-forças definidas pelas autoridades centrais. Esse processo facilitaria o congelamento de lideranças que, à maneira antiga de pensar, não admitiam contestação.

Como resultado, esse sistema autoritário permeou as estruturas básicas desses novos Estados, ainda sob influência do estilo de governança soviético, e facilitou, em certa medida, que projetos de poder pessoais viessem a ser consolidados. Lembra-se que, durante a existência da URSS, enquanto novas Repúblicas, traçadas a partir de Moscou, foram se consolidando, classes dirigentes fortaleceram-se com métodos de governança soviéticos, tais como julgamentos e execuções sumários, e desaparecimentos.

Na medida em que essas modalidades de controle social iam se incorporando aos hábitos locais, vínculos de cumplicidades congelavam elites que se mantinham no poder, às custas do emprego da violência contra seus próprios nacionais e minorias de russos do exterior próximo (inclusive na Ucrânia, conforme será mencionado na sequência deste artigo).

Crises atuais, como a da invasão militar da Ucrânia e o conflito congelado no Cáucaso (entre Armênia e Azerbaijão), têm sua origem na forma desordenada como ocorreu o processo de desintegração da União Soviética. Na medida em que o mecanismo ideológico que a sustentava desapareceu, sobreviveram rivalidades criadas e consolidadas pelo modelo de governança stalinista.

Este privilegiava lideranças das chamadas repúblicas soviéticas que, após o desaparecimento da URSS, insistem em defender prerrogativas próprias que lhes foram outorgadas pelo velho regime.

Tais privilégios diziam respeito, principalmente, ao conceito de autodeterminação, que veio a provocar o surgimento de repúblicas soviéticas –etapa intermediária para a consolidação do socialismo – com capacidade de decisões próprias, com o emprego, até mesmo, de forças armadas a sua disposição. O objetivo final, após aquele período, seria a inserção de todos esses minis governos na moldura de governança maior da então poderosa União Soviética. A etapa posterior ocorreria com a universalização do poder do proletariado.

A dialética marxista garantiria que, com o desaparecimento da luta de classes, as referidas repúblicas se dissolveriam, em favor do interesse maior compartilhado por todos, “ansiosos por serem conduzidos ao comunismo”. Nessa perspectiva, a origem dos problemas que ainda permanecem nas antigas Repúblicas Soviéticas encontra-se na complexa interpretação stalinista sobre o significado de nação.

Em termos reconhecidamente simplificados, é possível entender que, para aquele líder soviético, caberia distinguir nação de raça, tribo, grupo linguístico ou pessoas que simplesmente habitassem o mesmo território. A nação, segundo Stalin, seria uma comunidade que teria “evoluído historicamente e se tornado estável”. Tal conceito poderia ser definido em termos de uma cultura comum, a incluir “idioma, território, vida econômica e características psicológicas semelhantes”.

Coerente com o raciocínio do materialismo histórico, Stalin identificaria, como contradição principal, o surgimento do nacionalismo, principalmente como resposta à opressão por algum outro grupo social. Isto é, a consciência nacional – da mesma forma que a de classe – surgiria em função da circunstância de que uma comunidade nacional se encontrasse subordinada a outra.

A diferença entre o conceito stalinista de nação e o pensamento burguês sobre o tema seria, que, para este “o nacionalismo seria o caminho para a guerra e o imperialismo”. Para os seguidores do líder soviético, no entanto, apenas um sistema político, que permitisse a nações exprimirem seu desejo de autodeterminação evitaria conflitos e eliminaria a burguesia do poder. Tal autodeterminação, contudo, deveria ser claramente percebida como sendo “em benefício dos interesses do proletariado”.

Dessa forma, por exemplo, não seria permitido a líderes religiosos reivindicarem autodeterminação de uma área, apenas para satisfazer anseios de muçulmanos ou cristãos. “Os interesses dos trabalhadores, como um todo, deveriam ser levados em conta para obter o benefício em questão.”

Seria a conveniência da promessa de estabilidade – cabe ressaltar – oferecida pela proposta de Putin que agradaria autoridades dessas ex-Repúblicas Soviéticas. Afinal, acena-se com um patamar superior de integração com a reconstrução das relações com os países do exterior próximo, que integravam o Império Russo e a URSS.

O encanto desse projeto vem sendo diluído pela intervenção russa na Ucrânia. Outros países que integraram a URSS passaram a temer o mesmo destino. Assim, cabe não esquecer quais eram os objetivos originais de Moscou, no sentido de projetar imagem positiva de uma Federação de Nações do Exterior Próximo. Na prática, tratava-se de reviver o antigo Império Russo.

IV

A Questão da Ucrânia e os Acordos de Minsk

A atual questão da Ucrânia é o exemplo maior de tragédia criada em país vizinho da Rússia, como resultado da forma desordenada como aconteceu, em 1991, a implosão da União Soviética e da presença de russos do exterior próximo, em território ucraniano.

Para a solução do conflito, foram concebidos os Acordos de Minsk. Assinados em 2014 e 2015 por representantes de Ucrânia, Rússia, França, Alemanha e das chamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, onde predominavam russos do exterior próximo. Os referidos documentos não conseguiram solução pacífica para o conflito em Donbass, na fronteira russo-ucraniana.

Em 22 de fevereiro de 2022, dois dias antes de começar sua operação militar especial, Moscou reconheceu a independência de Donbass e Putin esclareceu que a medida fora adotada porque Kiev afirmara publicamente que não cumpriria os Acordos de Minsk. Lembra-se que, em fevereiro de 2014, o governo democraticamente eleito da Ucrânia fora derrubado pelo chamado movimento Euromaidan, que teria sido apoiado por potências ocidentais.

O golpe desencadeou um conflito sangrento nas regiões orientais do país, onde parte da população – predominantemente de expressão russa – recusou a nova liderança de Kiev. Formaram-se, então, as Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk (RPD e RPL, respectivamente). Kiev, então, tentou subjugar rapidamente as repúblicas recém-formadas por meios militares, sem sucesso.

Não tendo conseguido vitória decisiva no campo de batalha, visto o apoio militar da Rússia aos dissidentes e o apelo das potências europeias por uma solução pacífica para o conflito, a Ucrânia recorreu a negociações. Estas foram dificultadas pela relutância do governo ucraniano em falar diretamente com os líderes da RPL e RPD. Foram, então, formados o Grupo de Contato Trilateral sobre a Ucrânia, composto por Kiev, Moscou, Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e o Formato Normandia, incluindo Ucrânia, Rússia, Alemanha e França.

Chegou-se, assim, ao que ficou conhecido como os Acordos de Minsk, por terem as negociações sido realizadas na capital bielorrussa, considerada, então, um terreno neutro. O primeiro desses acordos, o Protocolo de Minsk, foi assinado em 5 de setembro de 2014. Diante da ausência de resultados positivos, foi realizada nova versão, conhecida como Acordos de Minsk-2, assinada em 12 de fevereiro de 2015. O acordo Minsk-2 foi firmado durante uma reunião do Formato da Normandia, que incluiu o presidente russo, Vladimir Putin, a então Chanceler alemã Angela Merkel, o então presidente francês, François Hollande, e o então presidente ucraniano, Pyotr Poroshenko.

As partes prometeram: cessar-fogo e retirar suas forças da linha de contato; a presença de armas pesadas na área da zona-tampão foi estritamente proibida; os sistemas de foguetes de lançamento múltiplo Uragan e Smerch, bem como o sistema de mísseis balísticos de curto alcance Tochka, deveriam ser retirados a 70 km da linha de contato; observadores da OSCE deveriam monitorar a implementação dessas regras; além da troca de prisioneiros de acordo com o princípio “todos por todos”, os lados foram obrigados a realizar a anistia dos capturados durante os confrontos armados; o lado ucraniano também deveria adotar a lei sobre o status especial dos distritos separados de RPL e RPD e realizar eleições locais, levando em consideração o posicionamento dos representantes de ambas as repúblicas de Donbass.

No dia seguinte às eleições, Kiev deveria assumir o controle total da fronteira estatal ucraniana; além disso, os Protocolos de Minsk estipulavam a implementação de uma reforma na Ucrânia, que previa a introdução de um conceito de descentralização na Constituição do país, que deveria ter levado em consideração as especificidades de “certos distritos das regiões de Donetsk e Lugansk”. Segundo Moscou, contudo, durante os cinco anos seguintes, “o lado ucraniano simplesmente se absteve de implementar as cláusulas políticas dos Acordos de Minsk, exigindo, em vez disso, que o controle da fronteira entre os territórios da RPL e RPD fosse entregue primeiro a Kiev”.

Essas exigências, no entanto, foram rejeitadas pelas autoridades das ditas repúblicas e por Moscou, que suspeitava que, uma vez que as forças ucranianas assumissem o controle da fronteira e isolassem efetivamente as repúblicas do mundo exterior, Kiev poderia então tentar esmagar toda a oposição por meios militares. A RPD e a RPL, assim como a Rússia, também acusaram o governo ucraniano de ocupar assentamentos ilegalmente na zona-tampão e de colocar equipamento militar pesado na região.

A situação foi ainda mais agravada pelo fato de que as potências ocidentais repetidamente fecharam os olhos à recusa de Kiev em aderir aos Acordos de Minsk, ao mesmo tempo em que repreendiam constantemente a RPD e a RPL por supostas violações dos mesmos acordos. Em 21 de fevereiro de 2022, Putin assinou um decreto para reconhecer a independência das repúblicas de Donbass, que mais tarde “se tornaram parte da Rússia”. A iniciativa resultou em ataques ucranianos crescentes de bombardeios e sabotagem contra a RPL e a RPD. O decreto foi seguido por anúncio de Putin quanto ao início de uma “operação militar especial russa” na Ucrânia em 24 de fevereiro.

V

Experiências pessoais

Durante os nove anos em que servi no Sudeste Asiático (1986 a 1995), sucessivamente, em Kuala Lumpur (Malásia), Singapura, e Manila (Filipinas), notei que eram cordiais as relações sociais entre pessoas de origem chinesa e malaios e hindus (outros grupos predominantes). Mesmo diante do conceito de resiliência, explicado acima, verificava-se, contudo, uma certa tensão latente, quando um grupo ou outro sentisse que sua identidade cultural fosse ofendida.

Como Embaixador em Baku, Azerbaijão (entre 2009 e 2012), registrei, em diferentes ocasiões, que após reuniões tensas e agressivas, entre representantes oficiais armênios e azeris sobre disputas territoriais herdadas da ex-URSS, havia aparente confraternização entre os delegados dos dois países. Isso porque, tratando-se de povos originalmente voltados para atividades pastoris (criação de ovelhas), houvera interação frequente entre os habitantes das regiões em conflito, em virtude de deslocamentos de seus rebanhos ao território vizinho. As disputas armadas por território, na verdade, eram impostas pelos dirigentes de seus respectivos países.

Daí as pessoas se conhecerem, possuírem laços familiares e terem cultivado parcerias. A criação das Repúblicas Soviéticas, conforme se procurou demonstrar, os separou, com o fortalecimento de elites, que herdaram privilégios, concedidos pelo período de dominação da URSS.

De qualquer forma, proponho um ganbei (saúde, em chinês) aos que se expressam nesse idioma no Sudeste Asiático e uma nasdrovia, (em russo) como forma de brindar e preservar sua convivência ou encerrar conflito com a potência maior de suas respectivas regiões. Conversar é preciso.


sábado, 24 de agosto de 2024

Vergonhosa entrevista do assessor presidencial internacional - CNN

 Poucas vezes fomos confrontados com afirmações tão desonestas, tão deformadas em seu vies pró-chavista. PRA

Venezuela: Não é correto reconhecer presidente com “atas nas mãos da oposição”, diz Amorim à CNN 

Celso Amorim destaca problemas na eleição venezuelana, sugere nova votação com supervisão da União Europeia e alerta para a necessidade de diálogo e reconciliação nacional 

Da CNN

Leia abaixo uma versão editada da entrevista que a CNN fez com Amorim:

CNN: O que o senhor está lendo sobre o que está acontecendo na Venezuela hoje, levando em conta que já se passaram várias semanas desde as eleições?

Celso Amorim: Estive na Venezuela durante as eleições, inclusive com o presidente Maduro, no dia seguinte; também estava presente o presidente da Assembleia Nacional, e falei sobre a necessidade de ter as atas.

Isso faz parte do acordo de Barbados, aceitar a transparência da parte deles e, para dirimir qualquer dúvida, seria importante ter as atas.

Ele me disse que seria uma questão de dias, de alguns dias, ele até acrescentou, “como sempre ocorre”. Mas, bem, ainda não as temos.

Do outro lado, temos as atas da oposição, mas também não me parece correto basear o reconhecimento de um presidente em atas que estão nas mãos da oposição, de um partido, não do Conselho Nacional Eleitoral. Embora saibamos que são cópias, não me parece correto.

CNN: Essa promessa de que em poucos dias as atas apareceriam, Nicolás Maduro fez diretamente ao senhor?

Amorim: Vamos ter que pensar com imaginação.

Enfrentamos uma situação, não era idêntica, os fatos não eram os mesmos, mas uma situação muito difícil após a tentativa de golpe de Estado em 2002, e em 2003 criamos um grupo de amigos que analisaram a situação e fizeram propostas que os dois lados aceitaram e, naquele caso, foi um referendo revogatório.

Agora não é o caso, mas será necessária alguma imaginação e também tolerância de ambas as partes, pois é um problema muito sério. Não se trata apenas de quem venceu uma eleição; há uma divisão muito profunda, e me parece que é necessária uma reconciliação nacional.

Uma pessoa vota durante as eleições presidenciais na Escola Ecológica Bolivariana Simon Rodriguez em 28 de julho de 2024 em Fort Tiuna, Caracas, Venezuela • Jesus Vargas/Getty Images

CNN: Esse exercício de imaginação poderia chegar ao ponto de pedir novas eleições na Venezuela?

Amorim: Já se falou sobre isso, mas não podem dizer que é uma proposta do Brasil, porque não deve ser uma proposta do Brasil ou de outro país, deve haver um diálogo do qual possa surgir uma solução.

Poderia ser isso, não sei se seria suficiente, teria que fazer parte de um pacote, como disse o presidente (Gustavo) Petro no X, que tenha garantias recíprocas entre o governo e a oposição. Não só a garantia de não perseguição, mas também garantias de participação no processo eleitoral.

No próximo ano, estão programadas as eleições parlamentares e regionais. É muito importante que… São mais de dois partidos, mas que os dois lados principais possam participar livremente.

CNN: Essa ideia de repetir as eleições, pelo menos em uma primeira reação oficial da oposição, por exemplo, no caso de María Corina Machado, não foi bem aceita. Há outro caminho?

Amorim: O fundamental é o diálogo, e no diálogo deve haver um pacote. Por exemplo, a UE seria uma boa entidade para acompanhar as eleições. Eles estavam convidados, mas o convite foi retirado porque a UE manteve as sanções.

Então, deve haver tolerância, não deve haver arrogância daqueles que querem ajudar, porque é fundamental lembrar que a Venezuela é um país independente. Estamos tentando ajudar, como fizemos há 20 anos com o referendo revogatório, mas não para intervir, não para dar uma prescrição, dizendo “façam isso”.

CNN: A principal líder da oposição, María Corina Machado, não quer novas eleições. O que o senhor acha disso?

Amorim: Não consigo compreender. Se ambos os lados dizem que venceram, por que não realizar outra eleição em que se possam evitar os problemas que, dizem, contaminaram essa eleição? Se ela ganhou, provavelmente ganhará de novo, não?

Não estou questionando a Corina (Machado) nem nada parecido, estou dizendo que o diálogo é importante, a tolerância é importante.

No caso da Venezuela, há uma divisão muito profunda, parece que são quase dois países, não é possível isso. Deve haver um diálogo, e os amigos do diálogo podem estar presentes.

Para Amorim, diálogo com o país vizinho é essencial • ANDRE VIOLATTI/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Naquela época… Não estou dizendo que as soluções são as mesmas, mas foi criado o grupo Amigos da Venezuela, que incluía o Brasil, por exemplo, que tinha um bom diálogo com (Hugo) Chávez, mas também os Estados Unidos ou a Espanha, que tinham reconhecido, inclusive, o golpe de Estado.

CNN: O senhor acredita que Maduro eventualmente reconheceria uma derrota em uma segunda eleição?

Amorim: Se houver uma supervisão real… Mas, para isso, seria importante que a UE suspendesse as sanções. Se houver uma supervisão real, o problema não surgirá, porque a própria supervisão evitará as dúvidas que existem agora.

CNN: Vou fazer uma pergunta que parece pessoal, mas é política. Quando o senhor viu cara a cara Nicolás Maduro e ele lhe prometeu que em poucos dias as atas eleitorais apareceriam, o senhor acreditou nele?

Amorim: Tenho 82 anos, tenho um grau suficiente de ceticismo político, mas também tenho confiança no ser humano, então preferi acreditar. Não estou acusando de nada, mas esse é o fato.

CNN: Qual é a sua opinião e a do Brasil sobre as denúncias de detenções arbitrárias e até mesmo de pessoas cujo paradeiro ainda é desconhecido após as eleições?

Amorim: Não conheço os detalhes das detenções. Claro que somos contra todo tipo de detenção política e espero que isso seja resolvido também em um contexto de reconciliação e diálogo, porque não há outra maneira de enfrentar isso.

Países como Colômbia, Brasil, México também — mas o México agora está em uma transição, então é mais difícil –, mas estamos lá. E qualquer país de fora da região, desde que não seja com arrogância.

CNN: A posição histórica do Brasil em relação à Venezuela pode mudar se tudo continuar como está e as atas eleitorais não aparecerem?

Amorim: A posição histórica do Brasil é ajudar a encontrar uma solução.

Na época, Chávez nos procurou porque queria que o ajudássemos; ele queria mais um grupo de amigos de Chávez do que de amigos da Venezuela, e o presidente (Lula) lhe disse isso, exatamente com essas palavras, ao presidente Chávez.

O assessor especial da presidência, Celso Amorim, e o presidente Lula
O assessor especial da presidência, Celso Amorim, e o presidente Lula • Fábio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil – 26/06/2023

Finalmente, foi criado um grupo que era composto pelo Brasil, mas também pelos Estados Unidos, México, Chile, Espanha e Portugal. Então, havia pessoas mais próximas de Chávez e pessoas mais próximas da oposição.

Isso permitiu que se chegasse a uma conclusão que foi justamente, naquele caso, aplicável, o referendo revogatório. Chávez ganhou com uma margem bastante grande.

Agora, não sei, você perguntou sobre novas eleições, talvez, quem sabe? Não posso dizer com certeza que seja isso, mas sim o diálogo, que pode ser um diálogo com facilitadores, pensado um pouco fora da caixa, pode-se chegar a esse acordo.

Você me pergunta se sou otimista, nesse caso… A gente tem que ser otimista sempre, mas é muito difícil. Não quero simplificar a situação.

CNN: Esse otimismo ao qual o senhor se refere também é compartilhado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

Amorim: Isso é muito pessoal, mas se Lula não fosse otimista, não estaria onde está agora, depois de ser colocado de maneira totalmente injusta na prisão.

Ele conseguiu provar que era inocente e foi eleito pela terceira vez pelo povo brasileiro. É o primeiro presidente reeleito pela terceira vez no Brasil, sem mudar nenhuma regra.

CNN: É possível continuar sendo amigo de um país que não tem eleições transparentes, se isso for comprovado?

Amorim: A Venezuela é vizinha do Brasil. Os amigos (sic) são amigos dos vizinhos. Os vizinhos devem se tratar bem. Tenho esperança de que encontremos uma solução que permita uma boa relação com o governo da Venezuela.

CNN: Mas você tem vizinhos que são amigos com uma parte importante da população dizendo que essas eleições não terminaram com Maduro como presidente.

Amorim: Somos amigos da Venezuela, não de uma parte ou outra, somos amigos da justiça, da verdade, e isso é o que queremos.

Ata eleitoral da Venezuela • Luciana Taddeo/CNN

CNN: O que o senhor acha que aconteceu com o processo eleitoral que o governo dizia que seria completamente transparente? Em que momento tudo se complicou tanto?

Amorim: Não tenho elementos para dizer em que momento isso aconteceu. O que sei é que, quando estive com o presidente, ele disse claramente que o CNE publicaria as atas em poucos dias e isso não aconteceu.

Eles alegam que houve hackeamento, eu não tenho como julgar isso. Mas, de qualquer forma, não cabe a nós fazer um julgamento de valor sobre cada coisa. Temos que fomentar um diálogo do qual possa surgir uma solução.

CNN: O senhor estaria disposto a voltar se o presidente do Brasil lhe pedisse?

Amorim: Sou assessor de Lula, não sou assessor nem de Maduro nem de Edmundo (González Urrutia), mas se Lula me pedir, pode ser.

CNN: Mas o senhor poderia ser um dos negociadores, um dos interlocutores válidos para tentar encaminhar esse processo?

Amorim: Vamos deixar o tempo passar e ver como as coisas acontecem.

CNN: Quanto tempo seria razoável?

Amorim: Quando se fala em tempo, parece que há um ultimato. Isso é sempre negativo, porque fazer um ultimato a um país e obrigá-lo a algo é invadir sua soberania. Por outro lado, se for feito um ultimato e não for cumprido, perdemos a credibilidade.

Vamos continuar conversando, haverá um momento em que haverá um cansaço, não sei, mas ainda não chegamos exatamente a isso.


David Ogilvy, The Godather of Advertising, sold BILLIONS of dollars with his pen

 

From: yousawnts (August 23, 2024)

David Ogilvy, The Godather of Advertising, sold BILLIONS of dollars with his pen.

He was a marketing genius, a business magnate, and a darn good writer.

On April 19, 1955, Ogilvy wrote a letter to Mr. Ray Calt outlining his creative process in 12 simple steps — the same process that took him from dishwasher to business tycoon and legendary adman.

Number 12 is the secret to great writing, and it has nothing to do with writing 🧵

Dear Mr. Calt:

On March 22nd you wrote to me asking for some notes on my work habits as a copywriter. They are appalling, as you are about to see:

1. I have never written an advertisement in the office. Too many interruptions. I do all my writing at home.

2. I spend a long time studying the precedents. I look at every advertisement which has appeared for competing products during the past 20 years.

3. I am helpless without research material—and the more “motivational” the better.

4. I write out a definition of the problem and a statement of the purpose which I wish the campaign to achieve. Then I go no further until the statement and its principles have been accepted by the client.

5. Before actually writing the copy, I write down every conceivable fact and selling idea. Then I get them organized and relate them to research and the copy platform.

6. Then I write the headline. As a matter of fact I try to write 20 alternative headlines for every advertisement. And I never select the final headline without asking the opinion of other people in the agency. In some cases I seek the help of the research department and get them to do a split-run on a battery of headlines.

7. At this point I can no longer postpone the actual copy. So I go home and sit down at my desk. I find myself entirely without ideas. I get bad-tempered. If my wife comes into the room I growl at her. (This has gotten worse since I gave up smoking.)

8. I am terrified of producing a lousy advertisement. This causes me to throw away the first 20 attempts.

9. If all else fails, I drink half a bottle of rum and play a Handel oratorio on the gramophone. This generally produces an uncontrollable gush of copy.

10. The next morning I get up early and edit the gush.

11. Then I take the train to New York and my secretary types a draft. (I cannot type, which is very inconvenient.)

12. I am a lousy copywriter, but I am a good editor. So I go to work editing my own draft. After four or five editings, it looks good enough to show to the client. If the client changes the copy, I get angry—because I took a lot of trouble writing it, and what I wrote I wrote on purpose.

Altogether it is a slow and laborious business. I understand that some copywriters have much greater facility.

Yours sincerely,

D.O.