segunda-feira, 3 de março de 2025

A Europa é capaz de enfrentar sozinha a Rússia de Vladimir Putin? - The Economist

 A Europa é capaz de enfrentar sozinha a Rússia de Vladimir Putin? 

A Europa é capaz de enfrentar sozinha a Rússia de Vladimir Putin?

Um exército independente, uma força aérea e uma bomba nuclear teriam um alto custo 

The Economist, 03/03/2025 


Poucas horas depois de seu partido vencer as eleições nacionais, Friedrich Merz, o provável próximo líder da Alemanha, soltou uma bomba. Donald Trump “não se importa muito com o destino da Europa”, disse ele. A prioridade era “passo a passo... alcançar a independência em relação aos EUA”. Este não era um objetivo distante. Ele não tinha certeza, disse ele, se a Otanainda existiria “em sua forma atual” em junho, quando os líderes devem se reunir nos Países Baixos, “ou se teremos que estabelecer uma capacidade de defesa europeia independente muito mais rapidamente do que isso”.

Quem pensou que Merz estava sendo alarmista foi rapidamente despertado para a realidade. Em 24 de fevereiro, em uma resolução da ONU que culpava a Rússia por invadir a Ucrânia, os Estados Unidos votaram contra seus aliados europeus, ficando ao lado da Rússia e da Coreia do Norte.

Merz não é o único “transatlanticista” convicto preocupado com o ataque de Donald Trump à Otan, a aliança que manteve a paz na Europa por quase oito décadas. “A arquitetura de segurança na qual a Europa confiou por gerações se foi, e não vai voltar”, escreve Anders Fogh Rasmussen, ex-secretário-geral da Otan, em um ensaio para a Economist. “A Europa deve aceitar o fato de que não somos apenas existencialmente vulneráveis, mas também estamos aparentemente sozinhos.”

Na verdade, pode levar uma década até que a Europa consiga se defender sem a ajuda dos Estados Unidos. A enormidade do desafio pode ser vista na Ucrânia. Os países europeus estão atualmente discutindo a perspectiva de uma mobilização militar ali para impor qualquer futuro acordo de paz. As negociações, lideradas pela França e pelo Reino Unido, preveem o envio de uma força relativamente modesta, de talvez dezenas de milhares de soldados. Eles não seriam mobilizados no leste na linha de frente, mas em cidades ucranianas, portos e outras infraestruturas importantes, de acordo com uma autoridade ocidental.

Qualquer implementação desse tipo, no entanto, exporia três fraquezas sérias. Uma delas é que isso sobrecarregaria as forças europeias. Há aproximadamente 230 brigadas russas e ucranianas na Ucrânia, embora a maioria esteja abaixo do efetivo previsto. Muitos países europeus teriam dificuldade para produzir uma única brigada com capacidade de combate cada. Segundo, isso abriria sérias lacunas nas próprias defesas da Europa.

Uma implantação britânica na Ucrânia, por exemplo, provavelmente engoliria unidades já destinadas à Otan, deixando buracos nos planos de guerra da aliança. Acima de tudo, os europeus reconhecem que qualquer implantação precisaria de apoio americano significativo, não apenas na forma de “facilitadores” específicos, como inteligência e equipamento de defesa aérea, mas também a promessa de apoio, caso a Rússia atacasse.

O fato de que a Europa teria dificuldade para gerar uma força independente do tamanho de uma divisão para a Ucrânia expõe a dimensão da tarefa prevista na visão de Merz. Atender aos planos de guerra existentes da Otan — com a presença dos Estados Unidos — exigiria que a Europa gastasse 3% do PIB em defesa, muito acima dos níveis existentes para a maioria dos países.

O Reino Unido deu um passo nessa direção em 25 de fevereiro, anunciando um plano para gastar 2,5% do PIB até 2027, mas mesmo isso pode ser insuficiente. Dizem que Mark Rutte, o secretário-geral da Otan, está propondo uma meta de 3,7%. No entanto, compensar os déficits americanos exigiria um valor bem acima de 4%.

Pagar por isso já seria difícil o suficiente. Traduzir dinheiro em capacidade também é mais difícil do que parece. A Europa precisaria formar 50 novas brigadas, calcula o centro de estudos estratégicos Bruegel, sediado em Bruxelas, muitas delas unidades “pesadas” com blindagem, para substituir as 300.000 tropas americanas que, estima-se, que seriam enviadas ao continente no caso de uma guerra. Os requisitos de mão de obra seriam proibitivos.


Fileiras de tanques

Esses números são estimativas. A sugestão do Bruegel de que a Europa precisaria de 1.400 tanques para impedir um avanço russo nos estados bálticos reflete suposições de planejamento tradicionais e provavelmente ;é um pouco exagerada. Em todo caso, esse tipo de contagem mostra apenas metade da história.

A Europa tem forças aéreas impressionantes, com muitos jatos modernos. Mas esses jatos não têm um estoque significativo de munições capazes de destruir as defesas aéreas inimigas ou atingir alvos distantes em terra ou no ar, explica Justin Bronk do Royal United Services Institute (RUSI), um centro de estudos estratégicos em Londres, em um artigo a ser publicado futuramente.

Apenas algumas forças aéreas, como a da Suécia, têm treinamento suficiente para guerra aérea de alta intensidade. Além disso, guerra eletrônica aerotransportada e inteligência, vigilância, aquisição de alvos e reconhecimento (ISTAR), ou a capacidade de encontrar e avaliar alvos, “são quase exclusivamente fornecidos pelos EUA”, observa Bronk.

Outro problema gritante é de comando e controle, ou as instituições e indivíduos que coordenam e lideram grandes formações militares na guerra. A Otan tem um amplo conjunto de quartéis-generais por toda a Europa, com o Quartel-General Supremo das Potências Aliadas da Europa em Mons, Bélgica, no topo da hierarquia, liderado pelo general Chris Cavoli que, como todos os Comandantes Aliados Supremos da Europa antes dele, é americano. “A coordenação da Otan é frequentemente um eufemismo para oficiais do estado-maior dos EUA”, diz Matthew Savill, um ex-oficial de defesa britânico agora no RUSI.

A experiência europeia na gestão de grandes formações é esmagadoramente concentrada em oficiais britânicos e franceses — ambos os países supervisionam dois “corpos” de reserva, que são quartéis-generais de altíssimo nível. Mas o Reino Unido provavelmente seria incapaz de executar uma operação aérea complexa na escala e intensidade da guerra aérea de Israel em Gaza e no Líbano. “Que eu saiba, não há nada que a Europa tenha que realmente se aproxime da escala do que os israelenses supostamente fizeram”, diz Savill.

Se os europeus forem capazes de gerar e comandar suas próprias forças, a próxima questão é se seria possível mantê-las alimentadas com munição. A produção de artilharia da Europa disparou nos três anos mais recentes, embora a Rússia, auxiliada pela Coreia do Norte, continue à frente. A Europa também tem fabricantes de mísseis: a MBDA, uma empresa pan-europeia com sede na França, fabrica um dos melhores mísseis ar-ar do mundo, o Meteor. França, Noruega e Alemanha fabricam excelentes sistemas de defesa aérea. A Turquia está se tornando uma séria potência industrial de defesa.

Entre fevereiro de 2022 e setembro de 2024, os estados europeus da Otan adquiriram 52% dos novos sistemas dentro da Europa e compraram apenas 34% dos EUA, de acordo com um artigo recente do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), outro centro de estudos estratégicos. Mas esses 34% costumam ser vitais. A Europa precisa dos EUA para artilharia de foguetes, defesa aérea de longo alcance e aeronaves furtivas. Mesmo para armas mais simples, a demanda supera em muito a capacidade, uma das razões pelas quais os países europeus se voltaram para o Brasil, Israel e Coreia do Sul.

O nível de dependência em relação aos EUA não é uniforme em todo o continente. O Reino Unido, por exemplo, está unicamente interligada às forças armadas, máquinas de inteligência e indústria dos Estados Unidos. Se os Estados Unidos cortassem o acesso a imagens de satélite e outras informações geoespaciais, como mapas de terreno, as consequências seriam profundas.

Talvez a principal razão pela qual o Reino Unido exigiu o consentimento dos Estados Unidos para deixar a Ucrânia disparar mísseis de cruzeiro britânicos Storm Shadow contra a Rússia no ano passado é que os mísseis dependiam de dados geoespaciais americanos para direcionamento eficaz. A Grã-Bretanha teria que gastar bilhões para comprar imagens de substituição, diz Savill, ou recorrer à França. Por outro lado, o envolvimento britânico com os Estados Unidos também pode fornecer uma forma de pressão. Cerca de 15% dos componentes do jato F-35 usado pelos Estados Unidos são feitos na Grã-Bretanha, incluindo peças difíceis de substituir, como o assento ejetor.

Como se a tarefa de construir forças convencionais independentes não fosse assustadora o suficiente, a Europa enfrenta outro desafio. Por 80 anos, ela se abrigou sob o guarda-chuva nuclear dos Estados Unidos. Se a Europa estiver realmente “sozinha”, como Rasmussen afirma, então a questão não é apenas que as forças americanas não lutariam por ela, mas também que não sew poderia contar com as armas nucleares americanas.

“Precisamos ter discussões com os britânicos e os franceses — as duas potências nucleares europeias”, disse Merz em 21 de fevereiro, “e saber se o compartilhamento nuclear, ou pelo menos a segurança nuclear... também poderia se aplicar a nós”. Na prática, o Reino Unido e a França não podem replicar o escudo nuclear americano sobre a Europa com seus arsenais relativamente pequenos — cerca de 400 ogivas no total, em comparação com mais de 1.700 ogivas russas mobilizadas.

Os insiders americanos torcem o nariz para a ideia de que isso seja adequado para uma dissuasão, pois acreditam que a Rússia seria capaz de limitar os danos a si mesma (não importa a possibilidade de Moscou ter desaparecido) enquanto infligiria um estrago pior à Europa. Dobrar ou triplicar o tamanho dos arsenais anglo-franceses provavelmente levaria anos e canibalizaria o dinheiro necessário para construir forças convencionais; a dissuasão britânica já consome um quinto dos gastos com defesa.


Pensamento estratégico

Outro problema é que, embora a França tenha armas nucleares a bordo de submarinos e aviões, o Reino Unido tem apenas as primeiras, o que limita sua capacidade de se envolver em “sinalização” nuclear em uma crise, por exemplo, usando armas nucleares de baixo poder de destruição, pois isso arriscaria expor a posição de seus submarinos e, portanto, colocaria sua capacidade de dissuasão estratégica em risco.

Além disso, embora o Reino Unido possa disparar suas armas nucleares sem a permissão americana, ela aluga os mísseis dos EUA — aqueles que não estão a bordo de submarinos são mantidos em um pool conjunto no estado da Geórgia — e depende da cooperação americana para componentes-chave.

Esses problemas não são necessariamente insuperáveis. Conversas silenciosas a respeito da dissuasão nuclear europeia entre ministros da defesa europeus se intensificaram nos meses mais recentes. “O debate alemão está amadurecendo em alta velocidade”, observa Bruno Tertrais, um dos principais pensadores da Europa em questões nucleares. “Os britânicos e os franceses precisarão enfrentar o desafio.”

A dissuasão nuclear não é apenas um jogo de números, ele diz, mas uma questão de vontade. Putin pode levar mais a sério as ameaças nucleares vindas do Reino Unido ou da França, que têm mais em jogo do que os EUA. Essas são as questões que preocuparam os pensadores europeus durante a Guerra Fria; seu retorno marca um novo e sombrio período para o continente. “Agora”, pronunciou Merz em 24 de fevereiro, “é como se realmente faltassem cinco minutos para a meia-noite para a Europa”. 


TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

domingo, 2 de março de 2025

Industriais, economistas e diplomatas: o Brasil e as negociações comerciais multilaterais (1946-1967) - Rogério de Souza Farias (Academia.edu)

Industriais, economistas e diplomatas: o Brasil e as negociações comerciais multilaterais (1946-1967)

1239 Views

480 Pages

Academia.edu, link: 

https://www.academia.edu/1777649/Industriais_economistas_e_diplomatas_o_Brasil_e_as_negocia%C3%A7%C3%B5es_comerciais_multilaterais_1946_1967_

Ao longo desses quase cinco anos de pesquisa, incorri em muitos débitos. Antes de tudo devo agradecer ao meu orientador, Antônio Carlos Lessa, por toda ajuda e compreensão. Sem sua confiança e suas recomendações não conseguiria finalizar essa importante etapa da minha vida acadêmica. Outros professores do IREL/UNB também prestaram valorosa ajuda e orientação. Em especial, no tema específico da tese, devo citar Carlos Pio, Norma Breda dos Santos, Eiiti Sato e Maria Izabel Valladão. Odalva e Anderson, na área administrativa, foram igualmente importantes. Pude contar com vários colegas que me estimularam e ajudaram na pesquisacurta passagem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Margarete Gandini concedeu-me a tranquilidade para compatibilizar meus estudos com a agenda atribulada do governo; no compound da Embaixada do Brasil no Mali, tive durante dois anos e meio o privilégio de contar com o abnegado apoio do embaixador Jorge Ramos, seus funcionários e sua família. A tese é produto de ampla pesquisa em fontes primárias de mais de duas dezenas de arquivos e bibliotecas localizados em cinco países. Em todas as instituições, tive a assistência de dedicados arquivistas e bibliotecários. Alguns merecem menção especial: na Biblioteca da Na fase final do doutorado, tive a oportunidade de entrevistar várias pessoas que possibilitaram ajustes profundos na redação da tese -os diplomatas Antônio Patriota (pai), Luiz Felipe Lampreia e Jório Dauster. Sou particularmante grato ao embaixador Dauster pela leitura e pelos comentários ao sexto capítulo. Entrevistei também Marcílio Marques Moreira, que deu informações preciosas não só da área econômica do Itamaraty na década de 1950 como de seu pai, o embaixador Mário Moreira da Silva. O professor Alfredo da Gama e Abreu Valladão, além de conceder-me entrevista sobre seu pai, o embaixador Alfredo Teixeira Valladão, gentilmente franqueou-me acesso a documentos de sua biblioteca particular.

INDUSTRIAIS, ECONOMISTAS E DIPLOMATAS: O BRASIL E AS NEGOCIAÇÕES COMERCIAIS MULTILATERAIS (1946-1967)




Ukraine's partners gather for key London summit after White House fallout - by Martin Fornusek (The Kyiv Independent)

'Once in a generation moment' — Zelensky, Ukraine's partners gather for key London summit after White House fallout

by Martin FornusekThe Kyiv Independent , March 2, 2025 3:40 PM  (Updated: )


Editor's note: This is a developing story and is being updated.

Ukraine's President Volodymyr Zelensky, French President Emmanuel Macron, Italian Prime Minister Giorgia Meloni, Polish Prime Minister Donald Tusk, and other top Western officials gathered for a London summit to discuss support for Kyiv, the Guardian reported on March 2.

They are among the leaders and senior representatives of 15 countries invited to the U.K. by British Prime Minister Keir Starmer to discuss a path toward a just and lasting peace in Ukraine in the face of Russian aggression.

President Volodymyr Zelensky landed in London already on March 1, following his trip to the U.S. Ukraine's leader left Washington without signing the much-anticipated natural resources deal following a public spat with U.S. President Donald Trump, which caused a shock across Europe.

NATO Secretary General Mark Rutte, European Commission President Ursula von der Leyen, European Council President Antonio Costa, and leaders or senior representatives of Germany, Canada, Czechia, Spain, Denmark, Norway, Finland, Sweden, the Netherlands, Romania, and Turkey have also arrived for the crucial summit.

"On my way to London to highlight Europe’s ongoing support to Ukraine that can lead to just and lasting peace in Ukraine," von der Leyen said on X ahead of her trip.

"The path to peace is strength. Weakness breeds more war. We will support Ukraine while undertaking a surge in European defense."

The Baltic countries, which have been among Ukraine's staunchest supporters throughout the full-scale invasion, were not among the invitees, reportedly leading to Starmer issuing an apology.

"We gather here today because this is a once-in-a-generation moment for the security of Europe and we all need to step up," Starmer saidas the summit kicked off, according to Sky News.

The summit is seen as a last-ditch effort to revive Western unity after seismic foreign policy shifts in Washington under the Trump administration. 

Both Starmer and Macron visited the U.S. earlier this week to convince Trump to continue playing a role in Ukraine's post-war stability, but their diplomatic efforts were overshadowed by the unprecedented public spat in the White House on Feb. 28.

The humiliating treatment Zelensky received from the U.S. president and Vice President JD Vance prompted Europe's leaders to speak out in support of the Ukrainian president.

At the same time, a number of top Western officials, including Starmer and Rutte, have openly or privately appealed to Zelensky to mend ties with Trump to ensure continued U.S. engagement. 

Speaking ahead of the summit, the British prime minister revealed that the U.K., France, and Ukraine will spearhead efforts to create a joint ceasefire plan to present to Trump. 

The London meeting is also a chance for Ukraine's EU allies to coordinate strategy ahead of the European summit on March 6, which is under threat of being derailed by Moscow-friendly Hungary and Slovakia.


TRUMP QUER UM MUNDO SEGURO PARA OS AUTOCRATAS - GIDEON RACHMAN (Financial Times)

 Grato a Marcelo Halberg pela transcrição:

TRUMP QUER UM MUNDO SEGURO PARA OS AUTOCRATAS - GIDEON RACHMAN

Financial Times / Valor Econômico, 1/03/2025

A dura verdade é que Vladimir Putin e Donald Trump estão unidos em seu desprezo pelas democracias europeias

"O mundo deve se tornar seguro para a democracia. Sua paz deve ser estabelecida sobre os comprovados fundamentos da liberdade política." Essas foram as palavras do presidente Woodrow Wilson em abril de 1917, às vésperas da entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial.

Mais de um século depois, Donald Trump embarcou em uma missão global muito diferente. O presidente dos EUA está tornando o mundo seguro para a autocracia.

A afirmação de Trump de que a Ucrânia foi responsável por sua própria invasão e que Volodymyr Zelensky é um ditador trouxe clareza.

Ao se alinhar tão perfeitamente com a propaganda do Kremlin, o presidente americano demonstrou que os Estados Unidos de Trump estão perfeitamente satisfeitos em ver a Rússia vencer esta guerra e esmagar a Ucrânia.

Diplomatas europeus e ucranianos — excluídos das negociações entre EUA e Rússia — seguem verificando se é possível obter dos Estados Unidos apoio a garantias de segurança confiáveis para a Ucrânia. Mas o único interesse restante de Trump na Ucrânia parece ser predatório — basta observar sua exigência de que o país entregue grande parte de sua riqueza mineral aos EUA.

Reconhecendo que dinheiro é uma das poucas coisas que realmente motivam Trump, os russos chegaram às negociações na Arábia Saudita com uma longa lista de negócios tentadores. Espera-se que as sanções dos EUA contra a Rússia sejam suspensas em breve.

Ainda há quem, na Europa, tente racionalizar tudo isso. Argumentam, com base em muito poucas evidências, que Trump não deseja que a Rússia vença a guerra. Outros alegam que tudo isso faz parte de uma manobra inteligente dos EUA para isolar a China.

Mas a dura verdade é que Vladimir Putin e Trump estão unidos em seu desprezo pelas democracias europeias. No início de fevereiro, Putin disse que Trump "vai restaurar a ordem" na Europa e que os países europeus "se ajoelharão diante do mestre e abanarão o rabo docemente". Essas declarações foram republicadas por Trump nas redes sociais.

Admiração por Xi

Quanto à China, Trump expressou sua admiração por Xi Jinping quase tantas vezes quanto adulou Putin. Ele parece querer fechar um acordo com o ditador chinês. Portanto, parece altamente provável que Trump acabará traindo Taiwan do mesmo modo que traiu a Ucrânia.

O círculo de rumores em Washington já está fervilhando com conversas de que os EUA ameaçarão impor tarifas sobre Taiwan, a menos que este concorde em vender uma parte significativa da TSMC, a principal empresa de semicondutores do mundo, para um comprador americano. Se os EUA conseguirem reduzir sua dependência dos semicondutores taiwaneses, o caminho estará aberto para que abandone Taiwan.

Um mundo em que Rússia, China e Estados Unidos sejam hostis à democracia liberal (democracia constitucional) é inegavelmente intimidador para os europeus. Mas, embora haja motivos para alarme, não há necessidade de desespero. Os países europeus ainda têm recursos formidáveis para se proteger — e estão começando a perceber a realidade e a reagir a ela.

As fraquezas e os pontos fortes da Europa

Friedrich Merz, que está prestes a se tornar o novo primeiro-ministro após as eleições de domingo (23) para o Parlamento alemão, disse recentemente: "Devemos nos preparar para a possibilidade de que Donald Trump não mantenha mais incondicionalmente o compromisso de defesa mútua da Otan". Merz quebrou outro tabu ao sugerir que a Alemanha deveria conversar com a França e o Reino Unido sobre "compartilhamento nuclear" — para que os alemães não fiquem mais à mercê da proteção nuclear americana.

As fraquezas da Europa são bem conhecidas: crescimento lento, altas dívidas, exércitos pequenos, uma UE de movimento lento — e a ascensão de partidos extremistas inclinados para Putin e Trump.

Mas uma Europa unida também tem forças tremendas das quais precisa se lembrar e às quais deve recorrer. A UE e o Reino Unido, juntos, possuem uma economia cerca de 12 vezes maior que a da Rússia. A UE é a maior exportadora mundial de bens manufaturados e serviços e tem um poder comercial consideravelmente maior do que os EUA.

A Europa produz ciência de ponta. Tem uma base industrial sólida. Que os países europeus sigam o Estado de direito é crucial para os negócios e atrairá investimentos, na medida em que o desprezo da administração Trump pela lei se torna cada vez mais evidente.

O aumento acelerado dos gastos com defesa em uma base pan-europeia é totalmente viável. A cooperação entre Reino Unido, França e Alemanha está se intensificando e pode complementar a UE, que se move mais lentamente.

A Europa se sente perigosamente isolada no momento. Mas há uma rede de democracias liberais avançadas ao redor do mundo que desejará trabalhar com a Europa e o Reino Unido — incluindo Japão, Coreia do Sul, Austrália e Canadá.

Os europeus também devem considerar a ideia de que este período sombrio nos EUA não durará para sempre. As forças de esquerda nos EUA estão em retração, mas não desapareceram. A imprudência e a arrogância da administração Trump tornam perfeitamente possível que o movimento Maga imploda rapidamente.

Eles e seus aliados democráticos ao redor do mundo precisam resistir, confiantes de que, no final, seus valores prevalecerão, como aconteceu no passado.

Como Wilson disse em 1917: "Lutaremos pelas coisas que sempre trouxemos mais próximas aos nossos corações — pela democracia, pelo direito daqueles que se submetem à autoridade de ter voz em seus próprios governos, pelos direitos e liberdades das pequenas nações".

Os Estados Unidos estão do lado errado dessa luta, por enquanto. A UE e o Reino Unido podem — e devem — continuar a luta.

O “Ocidente” dos últimos 80 anos está temporariamente aposentado, Trump oblige - Amilton Aquino (via FB)

 Copiando postagem de Amilton Aquino, graças à boa atenção de Walmyr Buzatto:

“Não queria escrever mais um post sobre Trump, mas o que aconteceu nesta sexta é de uma importância tão grande que será lembrado nos livros de história como o dia em que a ordem internacional do pós-guerra foi definitivamente sepultada. Na verdade, isso já vinha acontecendo desde a campanha presidencial dos EUA, quando Trump começou a normalizar Putin. A constrangedora situação a que Zelensky foi submetido apenas ratificou da forma mais vil possível aquilo que muitos defensores de Trump se recusavam a enxergar: os EUA abriram mão de seu papel de liderança das democracias. A OTAN já não garante a segurança do bloco ocidental. Agora, a lei é cada um por si, a lei do mais forte, um novo mundo onde EUA, China e Rússia ditam as regras conforme seus interesses geopolíticos e comerciais, passando por cima de valores e consensos que o mundo levou décadas para amadurecer depois de muito sofrimento.

A partir de hoje, países até então problemáticos para a paz mundial, como Alemanha e Japão, que se tornaram dois dos países mais pacíficos do mundo em troca do escudo norte-americano, podem iniciar corridas para desenvolver seus próprios arsenais nucleares. O mesmo pode acontecer com a Ucrânia, que hoje lamenta ter aceitado o acordo de 1994, no qual entregou seu arsenal à Rússia em troca de proteção da OTAN de uma eventual agressão russa.

Portanto, ao contrário do discurso hipócrita de Trump, que se diz muito preocupado em “promover a paz” a qualquer custo, igualando agressor e agredido (o mesmo discurso de Lula e Bolsonaro, vale lembrar), o mundo ficará muito mais perigoso nos próximos anos. Inclusive para os EUA, que hoje estão protegidos por um oceano, como argumentou Zelensky. Ou seja, ele não falou nada demais, mas Trump transformou algo óbvio em uma agressão aos EUA, afirmando com o dedo em riste que Zelensky não tinha o direito de dizer “como os norte-americanos se sentirão”. E encerrou a conversa, negando-lhe o pedido de falar, e ainda o cutucou dizendo que ele “já tinha falado demais”, sugerindo que tudo aquilo que aconteceu seria uma festa para a imprensa. De longe, o maior desastre para a história da diplomacia mundial.

Embora muita gente tenha achado que Zelensky não foi hábil o suficiente para se desvencilhar da má vontade de seus dois detratores, me parece muito claro que, se o evento não foi uma arapuca previamente armada para humilhá-lo, na prática foi o que Trump e Vance fizeram.

Conseguiram? Pela reação mundo afora, acho que o tiro saiu pela culatra, pois os representantes das principais democracias se manifestaram em peso em solidariedade a Zelensky. Na minha timeline pipocam a apoios a Zelensky, contrastando com algumas postagens que tentam “justificar” o xadrez 4D de Trump. Curiosamente, essas justificativas vêm da direita iliberal, trumpista/bolsonarista, ou da esquerda jurássica, saudosa da antiga URSS, que vê em Putin um desafiador da hegemonia norte-americana.

Narrativas à parte, o fato é que, horas antes do evento, Trump foi questionado sobre por que achava Zelensky um ditador e respondeu, com a maior cara de pau do mundo, que não lembrava de ter dito isso. Ou seja, acredito que ele de fato queria assinar um acordo com Zelensky, e que a reunião descambou de forma natural, não planejada. O problema é: qual acordo ele queria assinar? A julgar pelo que foi vazado para a imprensa, a Ucrânia seria praticamente extorquida pelos EUA sem qualquer garantia de proteção, incluindo a concessão à Rússia das terras invadidas e a negação de entrada da Ucrânia na OTAN. Praticamente uma rendição. Ora, se é para se render e ser extorquido, melhor Zelensky ir direto a Moscou. Não precisaria passar pelo constrangimento de ouvir de Trump que “seu ódio a Putin é um obstáculo à paz”.

No mais, a Europa tem agora a obrigação moral de arregaçar as mangas e continuar apoiando a Ucrânia em seu esforço de guerra. Esta não é uma guerra qualquer, mas sim a linha que separa um mundo regido pelo direito internacional de um mundo dominado pelos mais fortes, ao qual Trump resolveu aderir.”

Trump's Pivot to Putin - Jordan Schneider, Lilly Ottinger, Shashank Joshi, Mike Horowitz (China Talk)

Trump's Pivot to Putin

+ AGI and the Future of War

Why is Trump appeasing Russia? What lessons can we learn from the battlefield in Ukraine? How will AI change warfare, and what does America need to do to adapt?

To discuss, we interviewed Shashank Joshi, defense editor at the Economist on a generational run with his Ukraine coverage, and Mike Horowtz, professor at Penn who served as Biden’s US Deputy Assistant Secretary of Defense for force development and emerging capabilities in the Pentagon.

We discuss….

  • Trump’s pivot to Putin and Ukraine’s chances on the battlefield,

  • The drone revolution, including how Ukraine has achieved an 80%+ hit rate with low-cost precision systems,

  • How AI could transform warfare, and whether adversaries would preemptively strike if the US was on the verge of unlocking AGI,

  • Why Western military bureaucracies are struggling to adapt to innovations in warfare, and what can be done to make the Pentagon dynamic again.

This episode was recorded on Feb. 26, two days before the White House press conference with Zelenskyy, Trump, and JD Vance. Listen now on iTunes, Spotify, YouTube, or your favorite podcast app.

Jordan Schneider: Shashank, it seems you had a lot of fun on Twitter this week?

Shashank Joshi: I was in a swimming pool with my children on holiday in the middle of England and didn’t notice until 18 hours after the fact that the Vice President of the United States had been rage-tweeting at me over my intemperate tweets on the subject of Ukraine. I provoked him into this in much the same way that he believes Ukraine provoked the invasion by Russia.

Jordan Schneider: What does it mean?

Shashank Joshi: It means the Vice President has far too much time on his hands, Jordan.

This is a pretty significant debate. Fundamentally, this was about whether Ukraine is fated to lose. His contention is that Russian advantages in men and weapons or firepower meant that Ukraine’s going to lose no matter what assistance the United States provides.

My argument was that while Ukraine is not doing well — I’m not going to sugarcoat that, I’ve written about this and it’s made me pretty unpopular among many Ukrainians — it’s not true that advantages in manpower and firepower always and everywhere result in decisive wins. Indeed, Russia’s advantage in firepower is much narrower than it was. The artillery advantage has closed. Ukraine’s use of strike drones — which we’ll talk about later — has done fantastic things for their position at the tactical level.

On the manpower side, Russia is still losing somewhere in the region of 1,200-1,300 men killed and wounded every single day. While it can replenish those losses, it can’t do that indefinitely. I’m not saying Vance is completely wrong — I’m just saying he is exaggerating the case that Ukraine has already lost and that nothing can change this.


My great worry is this is driving the Trump administration into a dangerous, lopsided, inadequate deal that is going to be disastrous for Ukraine and disastrous for Europe. I’m worried profoundly about that at this stage.

Michael Horowitz: Quantity generally sets the odds when we think about what the winners and losers are likely to be in a war. Russia has more and will probably always have more. But there are lots of examples in history of smaller armies, especially smaller armies that are better trained or have different concepts of operation or different planning, emerging victorious. Most famously in the 20th century, perhaps Israel’s victory in 1967.

Jordan Schneider: We have three years of data. It’s not like you’re playing this exercise in 2021. You’re doing this exercise in February of 2025. By the way, Mr. Vice President, your government actually has a ton of the cards here to change those odds and change the correlation of forces on the ground, which just makes the argument that this is a tautology so absurd coming from one of the people who is in a position to influence and who has already voted for bills that did influence this conflict.

Shashank Joshi: Wars are also non-linear. You can imagine a war of attrition in which pressures are building up on both sides, but it isn’t simply some mathematical calculation that the side with the greatest attrition fails. It depends on their political cohesion, their underlying economic strength, their defense industrial base, and their social compact.

The argument has been that although Russia feels it has the upper hand — it has been advancing in late 2024 at a pace that is higher than at almost any time since 2022 — there’s no denying that to keep that up, it would have to continue mobilizing men by paying them ever higher salaries and eventually moving to general mobilization in ways that would be politically extremely unpalatable for Vladimir Putin. War is not just a linear process. It’s a really complicated thing that waxes and wanes, and you have to think about it in terms of net assessment.

Michael Horowitz: That’s especially true in protracted wars. I’m teaching about World War I right now to undergraduates at Penn. One of the really striking things about World War I is if you look at the French experience, the German experience, and the Russian experience in particular, given the way that World War I is one of the triggers for the Russian Revolution, how their experience plays out in World War I is in some ways a function of political economy — not just what’s going on on the battlefield, but their economies and the relationship to domestic politics and how it then impacts their ability to stay in and fight.

Jordan Schneider: America has levers on both sides of the political economy of this war. There was a point a few weeks ago when Trump said he was going to tighten the screws on Putin and his economy. The fact that we are throwing up our hands and voting with Putin in the United Nations, saying that they were the aggressor, just retconning this entire past few years is really mind boggling. There was a line in a recent Russia Contingencypodcast with Michael Kofman, where he says “The morale in Munich was actually lower than the morale I saw on the front in Ukraine,” which is a sort of absurd concept to grapple with.

Michael Horowitz: If you were to mount a defense here, what I suspect some Trump folks might say is that they believe this strategy will give them more leverage over Russia to cut a better deal. That involves saying things that are very distasteful to the Ukrainians, but they think as a negotiating strategy, that’s more likely to get to a better outcome.

Shashank Joshi: That’s right, Mike. Although they’ve amply shown they are willing to tighten the screws on Zelenskyy. If you were looking at this from the perspective of the Kremlin, would you believe General Keith Kellogg when he says, “If you don’t do a deal, we’re going to ram you with sanctions, batter you with economic weapons"? Or do you listen to Trump’s rhetoric on how we’re going to have a big, beautiful economic relationship with Russia and we’re going to rebuild economic ties, lift sanctions?

You’re going to be led into the belief that the Americans are really unwilling to walk away from the table because the Vice President and others are publicly saying we don’t have any cards, that the Ukrainians are losing, and if we don’t cut a deal now, then Russia has the upper hand. It puts them in a position of desperation.

My big concern is not just that we get a bad deal for Ukraine, it’s that the idea of spheres of influence appeals to Trump, dealing with great men one-on-one, people like Kim Jong Un, Vladimir Putin, Xi Jinping — and that what will be on the table is not just Ukraine, but Europe. Putin will say, “Look, Mr. President, you get your Nobel Peace Prize, we get a ceasefire, we do business together and lift sanctions. And you can make money in Moscow, by the way. Just one tiny little thing, that NATO thing. You don’t like it, I don’t like it. Just roll it back to where it was in 1997, west of Poland. That would be great. You’ll save a ton of money here. I’ve prepared a spreadsheet for you.” 

That is the scenario that worries us — a Yalta as much as a Munich.

Jordan Schneider: We have a show coming out with Sergey Radchenko where we dove pretty deep into Churchill’s back-of-a-cocktail-napkin split. At least Churchill was ashamed.

It’s so wild thinking about the historical echoes here. I was trying to come up with comparisons, but the only ones I could do were hypotheticals. Like McClellan winning in 1864, or — I mean, Wendell Willkie was actually an interventionist. There was some Labor candidate that the Nazis were trying to support in the Democratic Party in 1940, but he never made it past first base. Has there ever been a leadership change that shifted a great power conflict this dramatically?

Shashank Joshi: From the Russian perspective, that’s Gorbachev. Putin would look back at glasnost, perestroika, and Gorbachev at the Reykjavik summit as moments where a reformist Soviet leader sold the house to the Americans and threw in the towel.

Michael Horowitz: You also see lots of wars end with leader change, with leadership transitions, when wars are going poorly for countries and you have leaders that are all in and have gambled for resurrection. If you think about the research of someone like Hein Goemans back in the day, then you have to have a leadership transition in some ways to end wars in some cases if leaders are sort of all in on fighting.

Jordan Schneider: The Gorbachev-Trump comparison is a really apt one because it really is like a true conceptual shift in the understanding of your country’s domestic organization as well as role in the world. Gorbachev, for all his faults, at least had this universalist vision of peace, trying to integrate in Europe — he wanted to join NATO at one point. But going from that to whatever this 19th century mercantilism vision is, is really wild to contemplate.

Shashank Joshi: The other thing to remember is Gorbachev’s reforms eventually undid the Soviet empire. They undid its alliances and shattered them. In the American case, the American alliance system is not like the Soviet empire. France and the UK are not the Warsaw Pact. We bring something considerably more to the table. It’s a voluntary alliance. It’s a technological, cultural alliance. These are different things.

I worry sometimes that this administration or some people within it — certainly not everybody — views allies just as blood-sucking burdens. What they don’t fully grasp is how much America has to lose here. I want to say a word on this because Munich — and I heard this again — the FT reported recently that some Trump administration official is pushing to kick Canada out of the Five Eyes signals intelligence-sharing pact.

Now okay, the Americans provide the bulk of signals intelligence to allies. There’s no surprise about that. But if you lost the 25% provided by non-US allies, it will cost the US a hell of a lot more to get a lot less. It will lose coverage in places like Cyprus, in the South Pacific, all kinds of things in the high north, in the Arctic in the Canadian case. This administration just doesn’t understand that in the slightest.

Michael Horowitz: Traditionally what we’ve seen is regardless of what political hostility looks like, things like intelligence sharing in something like the Five Eyes context continues — in some ways the professionals continue doing their jobs. If you see a disruption in that context, that would obviously be a big deal.

Jordan Schneider: Just staying on the Warsaw Pact versus NATO in 2025 today, America plus its allies accounted for nearly 70% of global GDP during the Cold War. The economic outflows that were needed to sustain Soviet satellites eventually bankrupted the USSR. America isn’t facing anything resembling that situation by stationing 10,000 people in Poland and South Korea.

Michael Horowitz: We are in a competition of coalitions with China, and it is through the coalition that we believe we can sustain technological superiority, economic superiority, military power, et cetera. Look at something like semiconductors and the role that the Netherlands plays in those supply chains, that Japan plays in those supply chains. There are interconnections here. We have thought that we will win because we have the better coalition.


Shashank Joshi: That’s an interesting question to ask more conceptually — does this administration want a rebalancing of its alliances or does it want a decoupling? You could put it in terms of de-risking and decoupling if you want to echo the China debate here. Does it simply want more European burden-sharing? But fundamentally the US will still maintain a presence in Europe, underwrite European security, and provide strategic nuclear weapons as a backstop. That is what many governments are trying to tell themselves.

The more radical prospect is that whilst there are some people who envision that outcome — Marco Rubio, Mike Waltz (the National Security Advisor), and John Ratcliffe (the head of the CIA) — the President and many of the people around him view things in considerably more radical terms. It’s more of a Maoist cultural revolution than a kind of “I’m Eisenhower telling the Europeans to spend more.”

Jordan Schneider: There’s this quote from Marco Rubio that’s really stuck with me from a 2015 Evan Osnos profile where he talks about how he has not only read but is currently rereading The Last Lion, which is this truly epic three-part series. The middle book alone is most famous, which is what Rubio was referring to, where Churchill saw the Nazis coming when no one else did and did everything he could in the 30s to wake the world up and prepare the UK to fight.

Rubio is referring to this moment by comparing it to how he stood up to the Obama administration when they were trying to do the JCPOA nuclear deal with Iran. To go from that to having to sit on TV and blame Ukraine for starting the war, I think is just the level of cravenness. There are different orders and degrees of magnitude.

Shashank Joshi: You have to think about this not in terms of a normal administration in which people do the jobs assigned to them by their bureaucratic standing. You have to think about it like the Kremlin, where you have power verticals, or an Arab dictatorship where you have different people reporting up to the president. Think of this like in Russia, where you have Sergey Naryshkin, the head of the Foreign Intelligence Service, who may say one crazy batshit thing, but actually has no authority to say it. In which Nikolai Patrushev may say another thing, in which Sergey Lavrov may lay down red lines, but they have no real meaning because there’s a sense of detachment from the brain, the power center itself. Ultimately, it’ll still be Putin who makes the call. I think it’s a category error if we try to think about this administration as a normal system of American federal government.

Michael Horowitz: I will say, I can’t believe I’m now going to say this, but let me push back and say that there’s a lot of uncertainty about what the Trump administration wants to accomplish here, given the way they have embraced the notion that Trump is a master negotiator. To be professorial about it, in a Thomas Schelling “threat that leaves something to chance” way, or like madman theory kind of way, they think that there’s a lot of upside here from a bargaining perspective.

Most of Trump’s national security team is not yet in place. We just had a hearing for the Deputy Secretary of Defense yesterday. Elbridge Colby, who’s the nominee for undersecretary, has a hearing coming up, I think either next week or the following week. So a lot of the team is still getting in place.

Jordan Schneider: The thing about Trump 1.0 is there weren’t wars like this. You had two years of sort of normal people who were basically able to stop Trump from doing the craziest stuff. Then the COVID year was kind of a wash. But Trump 2.0 matters a lot more, it’s fair to say, over the coming four years than it did 2016-2020.

Shashank Joshi: It’s much more radical. In the first term, John Ratcliffe had his nomination pulled as DNI because he was viewed as inexperienced and not up to the job. Today, John Ratcliffe looks like Dean Acheson compared to the people being put into place. We have to pause and make sure that we recognize the radicalism of what is being put into place around us.

When you look at the sober-minded people who thought about foreign policy — and I include amongst this people I may disagree with, like Elbridge Colby, who will be probably the Pentagon’s next policy chief — what is the likely bureaucratic institutional political strength they will bring to bear when up against those with a far thinner history of thinking about foreign policy questions?

Jordan Schneider: I haven’t done a Trump-China policy show because I don’t think we have enough data points yet. But what, if anything, from the past few weeks of how he’s thinking and talking about Russia and Ukraine, is it reasonable to extrapolate when thinking about Asia?

Shashank Joshi: Two quick things. One is I see significant levels of concern among Asian allies. The dominant mood is not, “Oh, it’s fine, they’re going to just pull a bunch of stuff from Europe, stick it into Asia and it’ll be a great rebalancing.”

Number two, I think this is important: there is a strong current of opinion that views a potential rapprochement with Russia as being a wedge issue to drive between Russia and China, the so-called reverse Kissinger. Jordan, you know much more about China than I do. I’m not going to comment further on that, but I will say I believe it is an idea that is guiding and shaping and influencing current thinking on the scope of a US-Russia deal.

Michael Horowitz: You certainly have a cast of officials who are pretty hawkish on China, which will be a continuation in some ways of the last administration and the first Trump administration. I think the wild card will be the preferences of the president. There was a New York Times article a few days ago that talked about Trump’s desire for a grand bargain with China — his desire to do personal face-to-face diplomacy with Xi as a potential way to obtain a deal.

Now I think the reality is that every American president that has tried to do that kind of deal, whether in person or not over the last decade, has found that there are essentially irreconcilable differences. There’s a reason why there is US-China strategic competition and why that has been the dominant issue in some ways of the last several years and probably will be over the next generation. But Trump may wish to give it a shot — and it sounds like, at least from that article, that he might.

Jordan Schneider: We’ve also had every administration in the 21st century try to start their term by trying to reset relations with Russia. “Stable and predictable relationship” was Biden’s line. Maybe this stuff is just a blip, but I think Shashank’s right. We’re in really uncharted territory.

Jordan Schneider: Let’s talk about the future of war. There is this fascinating tension which is playing out in the Silicon Valley, newly national security-curious community where corporate leaders like Dario Amodei and Alex Wang, both esteemed former ChinaTalk guests, talk about AGI as this Manhattan Project-type moment where war will never be the same after one nation achieves it. What’s your take on that, Mike?...

(...)

Paid subscribers get access to the rest of the conversation, where we discuss…

  • AI as a general-purpose technology with both direct and indirect impacts on national power,

  • Whether AGI will cause instant or continuous breakthroughs in military innovation,

  • The military applications of AI already unfolding in Ukraine, including intelligence, object recognition, and decision support,

  • AI’s potential to enable material science breakthroughs for new weapons systems,

  • Evolution of drone capabilities in Ukraine and “precise mass” as a new era of warfare,

  • How China’s dependence on TSMC impacts the likelihood of a Taiwan invasion,

  • Whether AGI development increases the probability of a preemptive strike on the US,

  • How defense writers and analysts help shape policy and build bureaucratic coalitions,

  • Ukraine as a real-world laboratory for testing theories about warfare, and what that means for Taiwan’s defense.


A pdf version of this matter is available at: 

https://www.academia.edu/127962074/Trump_Pivot_To_Putin_China_Talk

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...