sexta-feira, 25 de julho de 2025

Azerbaijão – Existe Seda em Rota Futura? - Paulo Pinto, embaixador

Existe Seda em Rota futura

Causa surpresa a notícia de que conferência entre Azerbaijão e Armênia tenha acontecido, durante o mês em curso nos Emirados Árabes, ao invés de na Rússia, conforme vinha ocorrendo tradicionalmente, em virtude da disputa territorial, entre Baku e Ierevan, que, nas últimas décadas tem levado estas capitais a recorrer à arbitragem de Moscou.
A maioria do noticiário disponível sobre o Azerbaijão, a propósito, o reduz cartograficamente ao grupo de três pequenos estados emancipados da extinta União Soviética, em 1991, na região do Cáucaso, junto com a Georgia e a Armênia.
Os dois textos iniciais abaixo, escritos durante o período em que fui Embaixador em Baku, entre 2009 e 2012, recuperam observações, sobre o término da Guerra Fria, o esfacelamento da URSS e a emergência de nações, sempre antagônicas, ao Sul da cadeia de montanhas do Cáucaso, cujas culturas foram sufocadas, durante 70 anos de ocupação soviética. Estas são, ademais, algumas condicionantes da disputa territorial entre os vizinhos azeris e armênios.
O Azerbaijão vive, hoje, momento de crescente inserção econômica e política internacional, em virtude da importância estratégica de seus recursos energéticos. Este esforço, no entanto, não é descolado do exercício de resgate de sua identidade cultural. O texto abaixo inspira-se no fato de que, após muito tempo esquecidos e na obscuridade, a Ásia Central e o Cáucaso voltam às atenções mundiais, em novo “Great Game”.

Azerbaijão – Existe Seda em Rota Futura?


24 de julho de 2025

A região ao Sul da Cordilheira do Cáucaso, onde se situa o Azerbaijão, era mais bem conhecida, na Antiguidade Greco-Romana e no auge da Rota das Sedas, do que no mundo atual. Segundo a mitologia grega, foi no alto daquelas montanhas que Zeus mandou acorrentar Prometeu, para que seu fígado fosse comido por abutres, como punição por ter entregado o fogo prometido aos humanos.

Até hoje – e visitei o local – há uma chama eterna que brota do chão, perto de Baku, que seria aquela fogueira inicial. Ao escurecer, adquire um tom azulado. É um prazer observar o fenômeno – entendido pela óbvia presença de gás subterrâneo – sorvendo chá com iguarias locais. Imagine-se, no entanto, a popularidade daquele fogaréu todo, inexplicado através de séculos, favorecendo o surgimento de crenças e credos como os seguidores de Zaratustra, que adoram o fogo (os seguidores do Zoroastrismo, hoje, vivem principalmente na área de Mumbai, Índia).

No auge da Rota das Sedas, que ligava a Europa à Ásia e foi popularizada por Marco Polo, a área hoje ocupada pelo Azerbaijão era grande tema de conversas – segundo consta – nos dois continentes. A parte antiga de Baku preserva muralhas do Século XIV que defendiam os comerciantes que por lá transitavam, naquela época, com suas caravanas de camelos.

Há restaurantes, sempre subterrâneos para proteger dos ventos – se o Azerbaijão é conhecido como a “Terra do Fogo”, Baku o é como a “Cidade do Vento” – onde se pode degustar cozinha local, lembrando aqueles tempos idos. Parece que o assunto preferido era os já então famosos tapetes azeris, objetos de troca, no comércio das sedas, entre europeus e asiáticos. Os bazares continuam vendendo este produto, perto de onde se situava a Residência da Embaixada.

Hoje, o Azerbaijão, quando reconhecido, é identificado por situar-se na “esquina do mundo”.

Especialistas e simpatizantes o situam geograficamente como fronteira entre a Europa e a Ásia, entre o Ocidente e o Oriente, entre o Mundo Cristão e o Muçulmano e entre áreas de influências atuais da Rússia, Irã e Turquia.

A maioria das avaliações disponíveis sobre o papel deste país no cenário mundial, no entanto, o reduzem, cartograficamente, ao grupo de três pequenos estados emancipados na região do Cáucaso, junto com a Geórgia e a Armênia.

A seguir, são feitas observações, sobre o término da Guerra Fria, o esfacelamento da União Soviética e a emergência de nações, sempre antagônicas, ao Sul daquela cadeia de montanhas, cujas diferentes culturas foram sufocadas, durante os 70 anos de opressão socialista.

O interesse pela inserção internacional do Azerbaijão pode ser maior, contudo, quando se verifica a crescente importância estratégica das margens do Mar Cáspio. Compartilham da mesma situação geopolítica a Rússia, o Irã, o Cazaquistão e o Turcomenistão.

Verifica-se, a propósito, que o Azerbaijão tem merecido atenção diferenciada do exterior, pelas conhecidas riquezas energéticas que compartilha, na área ribeirinha ao Cáspio.

O maior mar interior do mundo situa-se, é sabido, na confluência de conflitos étnicos, religiosos, nacionais e extrarregionais históricos. Durante o Século XIX, travou-se disputa, nesta parte da Ásia Central, por conquistas territoriais e acesso a mercados e recursos naturais, entre o Império Russo e a Grã-Bretanha, também conhecida como “The Great Game”[1].

Com o término da Guerra Fria, a vizinhança do Cáspio ressurge como espaço a ser cobiçado em novo “Grande Jogo” (ou “new deals”, segundo a linguagem trumpista), em virtude agora, principalmente, de suas reservas de petróleo e gás, por Estados Unidos, Europa Ocidental e Rússia, além de potências menores.

Trata-se, no entanto, de área situada no percurso da antiga “Rota das Sedas”. Esta era o longo e inóspito caminho a ser percorrido, entre a Europa e a Ásia. Apesar de conter, no nome, a ideia de intercâmbio comercial, as principais trocas foram de caráter cultural, sobrepondo diferentes religiões, hábitos e costumes.

Coloca-se, portanto, o desafio do mapeamento de tendências e estruturas regionais em construção e identificação de principais atores regionais.

Assim, é possível utilizar, a título de reflexão da evolução política e econômica da área, o enfoque de sucessivos círculos concêntricos, a partir da vizinhança mais próxima do Azerbaijão, ao redor do Mar Cáspio, até a esfera mais ampla onde se situam influências dos atores do “Grande Jogo” do momento.

Isto é, o círculo inicial situar-se-ia a nível micro, onde se encontra mosaico de comunidades heterogêneas, que convivem no espaço geográfico ocupado por aqueles cinco países, ao redor do Mar Cáspio, divididas por rivalidades tribais, diferenças linguísticas, hostilidades religiosas e disputas territoriais de longa data.

O segundo círculo é o composto pela interação entre os cinco estados ribeirinhos citados acima: Azerbaijão, Rússia, Irã, Cazaquistão e Turcomenistão. Com exceção do Irã, os demais foram membros da União Soviética e encontram-se, ainda, em processo de construção nacional, em virtude de transição de sistema econômico centralmente planificado. Por consequência, estes países sofrem de incertezas políticas que podem afetar suas respectivas posições quanto à exploração dos recursos energéticos regionais.

O terceiro abrange estados periféricos ao Mar Cáspio, a saber, Turquia, Geórgia, Uzbequistão, Afeganistão e Armênia. A vizinhança lhes concede importância crucial para as exportações dos recursos energéticos dos estados ribeirinho caspianos, isolados dos mercados europeus, norte-americanos e asiáticos. Os acontecimentos políticos neste “inner circle”, ademais, afetam a situação interna daqueles incluídos, para fins desta análise, no círculo inicial, pela dependência do acesso de seus produtos ao exterior.

A seguir, em quarto patamar, formando um “outer circle”, encontram-se potências da magnitude de China e Índia, bem como atores regionais de peso, como Paquistão, Arábia Saudita e Estados do Golfo, Israel, Grécia, Bulgária, Romênia e Ucrânia. Há fatores em comum, que os relacionam com a área do Cáspio. Alguns são grandes importadores de petróleo, outros exportam o mesmo produto e, portanto, receiam a competição dos ribeirinhos caspianos, enquanto o território de alguns serve de via de trânsito para exportações.

O quinto círculo abrange as potências extra-regionais, como Estados Unidos, União Europeia, Japão e países da Ásia Oriental, cujos interesses, no que diz respeito à área do Mar Cáspio são complementares e competitivos.

Compartilham, por um lado, da preocupação quanto à estabilidade desta região, que lhes fornece recursos energéticos e tem crescente poder aquisitivo para seus produtos industrializados. Por outro, disputam condições mais favoráveis para garantir o fornecimento de petróleo e gás, bem como o acesso a seus mercados para seus bens e máquinas.

Verifica-se, portanto, que os países às margens do Mar Cáspio não podem escapar, como na época do “Great Game”, a condicionantes externas. No século XIX, eram vítimas ou protagonistas de disputas por territórios e consumidores, conforme mencionado acima. Hoje, o Azerbaijão e seus vizinhos são influenciados por forças mais abrangentes de um mercado globalizado não apenas por fontes e consumo de energia, mas também de ideias, instituições e tendências socioeconômicas.

Nesse processo, segundo a perspectiva estratégica que se pode adotar, análises da evolução política e econômica do Azerbaijão não se devem esgotar na condição cartográfica do país, situado ao Sul da Cordilheira do Cáucaso.

Caberia, então, realizar o esforço de identificação de tendências e estruturas regionais em construção que afetem os principais atores ao redor do Mar Cáspio. Estas são determinadas por realidades locais e forças regionais, situadas em patamares distintos e descritos acima como sucessivas áreas concêntricas, que interagem e se condicionam mutuamente.

O observador em Baku defronta-se, portanto, com cenário de crescente inserção econômica internacional do Azerbaijão, em virtude da importância estratégica de seus recursos energéticos. Este desafio, contudo, não pode ser descolado do exercício de interpretação de como, nesta região ribeirinha do Cáspio, pretende-se preservar hábitos, práticas e valores locais, diante das condicionantes do atual “Great Game”, em disputa por influência sobre a antiga Rota das Sedas.

Já ia me esquecendo: após o Dilúvio, foi no alto da Cordilheira do Cáucaso que “Noé aportou com sua arca”. Este foi, mesmo, antigamente um destino de viagens bem mais popular, do que no mundo atual.

Azerbaijão: a esquina de Dede Korkut na Rota das Sedas

Quem são, no Azerbaijão, os azeris: turcos iranianos ou iranianos turcos? Consta que, no início de formação desta nacionalidade, lá pelo Século XIV, o ancião Dede Korkut ficava, em área hoje ocupada pelo país, na esquina da Rota das Sedas, e “narrando, espalhava por toda a parte” a epopeia deste povo tão antigo.

A questão não tem apenas o interesse literário sobre a principal narrativa oral dos “povos turcos” – entre eles os azeris, que reverenciam a imagem de Dede Korkut.

Isto porque, o Azerbaijão, como outros novos estados que se emanciparam da União Soviética, a partir da década de 1990, enfrentam, entre muitos, problemas do estabelecimento de identidades nacionais viáveis e da reconstrução de suas instituições culturais e educacionais.

O Azerbaijão é palco de história rica e antiga e, da mesma forma que seus vizinhos no Cáucaso, tem sido cenário de batalhas há mais de um milênio. Há evidência de ocupação humana em seu território, desde a Idade da Pedra.

Localizada na convergência de diferentes civilizações, a região foi invadida e disputada por grandes impérios e personagens famosos, como Alexandre o Grande, o General Romano Pompeu, o conquistador mongol Genghis Khan, e o Tsar Pedro o Grande.

Cartograficamente, o Azerbaijão estende-se do Noroeste do Irã, ao Mar Cáspio, a Leste. Faz fronteira, a Oeste, com a Armênia e Turquia. Ao Norte, situam-se a Geórgia e a Rússia. A nação azeri encontra-se, hoje, dividida em duas partes. A que ocupa o território do país hoje independente, a partir de 1991. E ao Sul, a que habita na parte meridional iraniana. Esta divisão ocorreu em 1828, a partir de tratado entre os Impérios da Pérsia e o da Rússia.

Apenas cerca de oito milhões dos nacionais azeris vivem no Azerbaijão. Entre 20 e 30 milhões habitam, ao Sul, no Irã. Estima-se, ainda, que quase dois milhões se encontrem na Turquia e número idêntico na Rússia. Grupos significativos residem na Geórgia, Iraque e Ucrânia.

Há versões distintas sobre a origem étnica desta população, cuja língua é conhecida como azeri e, hoje, segue, majoritariamente o Islã Xiita.

Daí, para o observador em Baku, ser importante encontrar algo que defina a identidade cultural azeri. Este esforço leva, inevitavelmente, ao estudo do personagem Dede Korkut.

Trata-se da figura maior da história épica dos oguzes, que  formaram um dos principais ramos dos povos túrquicos, entre os séculos VIII e XI, e são considerados  ancestrais dos turcos modernos. Estes incluem, entre outros: azeris, turcos da Turquia, turcomenos, turcos qashqais do Irã, turcos do Khorassan e gagaúzes, que, em conjunto, representam mais de 100 milhões de pessoas.

As narrativas místicas fazem parte da herança cultural dos “Estados turcos”, que incluem, hoje, a Turquia, o Azerbaijão e o Turcomenistão, e, em menor grau, o Casaquistão e o Kyrgystão. Para os povos que se consideram turcos, especialmente os que se identificam como oguzes, o livro Dede Korkut é o principal registro de sua identidade étnica, história, costumes e de seus sistemas de valores, através da História.

Nos contos, lugares, batalhas, armas, intrigas, cavalos, palácios, fontes e jardins saltam à imaginação. O leitor, então, passa a sonhar como se estivesse assistindo a um filme. Trata-se, como já foi dito, de uma película épica, a definir a consciência coletiva de um povo. Segundo especialistas no assunto, Dede Korkut teria, para o mundo turco e, nesse contexto, para a nacionalidade azeri, o mesmo papel de definição de uma identidade unificadora, que, no Ocidente teriam tido epopeias como a Ilíada e a Odisseia.

Várias datas são sugeridas para o desenrolar das narrativas de Dede Korkut. A maioria dos estudiosos concordaria que o período mais provável seria o do século XV, na medida em que as tradições mencionadas registrariam conflitos entre os oguzes e seus rivais turcos na Ásia Central. Outros autores, no entanto, situam os acontecimentos como ocorridos ainda nos século VIII. A grande dificuldade para o estabelecimento mais preciso das datas deve-se ao fato de que os povos em questão eram nômades, sem deixarem registros por escrito, prevalecendo as narrativas orais.

Os contos épicos de Dede Korkut encontram-se entre os melhores, registrados oralmente, na língua turca. Para especialistas, não há dúvida de que os fatos ocorridos teriam acontecido no território, hoje ocupado pelo Azerbaijão. Na esquina da Rota das Sedas, conforme já foi dito, por ser Baku, então, centro comercial da maior importância, no intercâmbio de bens e convergência de culturas, entre a Europa e a Ásia Central.

Tratam de lutas pela liberdade em época durante a qual os oguzes eram um povo pastoril, em fase de transição para o conceito de uma etnia turca mais ampla. Ocorria, mais uma vez, de um ponto de inflexão na história da região – enquanto o Islã começava a predominar na região, coincidindo com a adoção de um estilo de vida mais sedentário, possivelmente no século XIV.

Hoje publicado em diferentes idiomas, o Dede Korkut registra, como já mencionado, narrativas orais, seja com escritos em prosa, seja em versos. Conclui-se, hoje, que a epopeia é composta por dezesseis histórias. As doze principais compreendem período posterior à adoção do Islã, pelos turcos. Os heróis, portanto, são retratados como “bons muçulmanos”, enquanto há referências aos infiéis, como vilões. Mas há referências, também a mitologia prevalecente no período anterior à introdução do Islã.

O personagem Dede Korkut é entendido como o “Vovô Korkut”, uma mistura de curandeiro, profeta e narrador de estórias. É desenhado como um respeitável idoso, de cabelos e barbas brancos. O décimo segundo capítulo faz a compilação de dizeres atribuídos a ele. Representa, portanto, um líder mais velho – conselheiro ou sábio – resolvendo as dificuldades com as quais se confrontam os membros da tribo.

No Brasil, foi publicado um primeiro livro de autor azeri, “O Manuscrito Inacabado”, escrito pelo Prof. Kamal Abdullayev[2], tendo, como pano de fundo, tramas da referida epopeia. Segundo o Prof. Claude Allibert, a obra relata parte desta tradição oral “neste momento em que, a nação azerbaijana reencontra sua identidade, resgata o passado épico e o articula com o presente de um povo que recupera suas raízes”.

Sempre de acordo com o já citado Prof. Claude Allibert, a epopeia Dede Korkut é recitada desde o século IX “atualizada através de técnicas narrativas modernas: micronarrativas, pluralidade de narradores, mudanças de épocas repentinas, retomada de uma mesma passagem que se completa em seguida, adoção de diferentes pontos de vista em torno de uma mesma situação, o que deixa um importante trabalho de compreensão ao leitor, que deve construir sua própria interpretação. A astúcia, a crueldade, e a beleza de certa violência guerreira, nem sempre contida, podendo explodir de modo brutal nos confrontos e nos castigos demoníacos, recobrem a atmosfera oriental arcaica que remete o leitor europeu à história mongol.”

Retorna-se, neste ponto, ao argumento citado acima sobre a problemática atual dos estados emancipados da URSS, no que diz respeito à recuperação de suas identidades nacionais e reconstrução de mecanismos institucionais.

Cabe recordar, a propósito, que, na década de 1960, quando se tornaram independentes a maioria das ex-colônias europeias, na Ásia e África, havia um mundo bipolarizado com escolhas de sistemas de governança mais simples e bem definidos: o socialista ou o capitalista. Era, então, possível a um país recém-independente escolher, como modelo, um ou outro. Como consequência, um poderoso aliado e grupo significativo de simpatizantes era imediatamente adquirido.

Quando emergiram da União Soviética, no entanto, as novas repúblicas tiveram que inserir-se, a partir de 1991, em emaranhado de “geometrias político-econômicas variáveis”, que não lhes garantia aliados automáticos.

Além disso, com a globalização já em vigor, receberam prontas cobranças sobre como adotar modernas legislações para formas de governança que respeitassem direitos humanos, meio ambiente, propriedades industriais e intelectuais e outras maneiras de comportamento internacional aceitável.

Conforme já foi dito, o Azerbaijão vive momento de crescente inserção econômica internacional, em virtude da importância estratégica de seus recursos energéticos. Este esforço, no entanto, não é descolado do exercício de resgate de sua identidade cultural.  Daí, a reflexão sobre suas tradições, como narrativas orais, não desperta apenas curiosidade literária.

Há historiadores que afirmam ter Dede Korkut vivido, no século XIV, ao Sul do Cáucaso, por 295 anos. Chego a acreditar, pois, visitei a região de montanhas de Lerik, na parte meridional do Azerbaijão, onde existe uma povoação conhecida pela longevidade de seus habitantes, vários com mais de 100 anos de idade. Isto seria explicado por um microclima que combinaria umidade, tipo de alimentação, um determinado chá, mel de abelhas raras, muitas caminhadas e qualidade de água.

Lá encontrei um cidadão que alegava ter 137 anos. Entre as perguntas rotineiras que lhe formulei, ficou a relativa à melhor época de sua vida. Criticou, a propósito, a parte final do Império Russo, no início do século passado, que abraçava então o Sul do Cáucaso, sem oferecer boas condições materiais à população azeri.

Bom mesmo, para sua vizinhança, alegou politicamente correto, tem sido o período iniciado com a liderança atual da família Aliyev, no poder em Baku, a partir de 1993.

Em suma, os atuais governantes, segundo o referido ancião, seriam capazes de “make Azerbaijan great again”.


[1] “The Great Game”, por Peter Hopkirk.

[2]  O Manuscrito Inacabado. Por Kamal Abdullayev. Ideia. João Pessoa. 2009.

Paulo Antônio Pereira Pinto, embaixador aposentado.


Duas almas gêmeas, sombrias… - Paulo Roberto de Almeida

Duas almas gêmeas, sombrias…
Paulo Roberto de Almeida 

Em 2016, alegando fraude, roubo, interferências eleitorais, Donald Trump ganhou as eleições, ele mesmo fraudando extensivamente contra as regras, ofendendo jornalistas, mentindo descaradamente.
Continuou falando em fraude eleitoral nos quatro anos seguintes.
Bolsonaro seguiu inescrupulosamente esse roteiro, alegando fraude antes mesmo de ganhar as eleições de 2018 e continuou mentindo vergonhosa e descaradamente, antes, durante e depois, ou seja, imitando servil e acintosamente o seu modelo americano.
Trump fez todo o possível para roubar as eleições de 2020, mas perdeu e não se conformou: incitou uma turba de bárbaros (muitos o eram, de fato, supremacistas e terroristas eleitorais)  e tentou derrubar a certificação de modo violento em 6 de janeiro de 2021 (com mortes entre o pessoal da segurança do Capitólio). Nunca reconheceu a sua derrota e continuou alegando fraude nas eleições.
Bolsonaro fez de tudo no seu mandato de 2019 a 2022 para desacreditar as eleições, alegando fraude na tentativa de reeleição, perdeu e montou um golpe canhestro, como é da sua natureza doentiamente mentirosa e incompetente. Achou que as FFAA daria um golpe para ele, incitou uma turba de desordeiros d designou outros incompetentes para dar o golpe em seu lugar. Fugiu antes do término do mandato para a Flórida, terra dos seu modelo “I love you, Trump”. A tentativa de golpe trapalhão ocorreu em 8 de janeiro de 2023, mas o covarde escafedeu-se naquele dia.
Trump ganhou as eleições de 2024, e anistiou, perdoou e liberou todos os criminosos golpistas do 6 de janeiro. Mas já está alegando as próximas fraudes, nas mid-term elections de 2026, e vai preparar a maior confusão para o término de seu mandato: certamente vai querer fraudar para continuar ilegalmente com um terceiro mandato em 2029.
O patético Bolsonaro, se não estiver preso vai querer disputar em 2030, e ainda tem muito idiota a seu favor.
Que desgraça é essa que se abateu sobre os dois maiores países do hemisfério americano? Que pecado cometemos para merecer tão sinistros personagens, loucos e autoritários?
Virão outros desequilibrados imitando o mesmo modelo tresloucado? 
Acho que está na hora de se exigir um exame psicológico, neurológico, psiquiátrico, e de conhecimentos mínimos de História, Matemática, Economia, Geografia, Direito e Língua pátria de qualquer candidato a cargos eletivos: não é possivel continuar elegendo idiotas, imbecis, ignorantes, depravados e criminosos ao mais alto cargo de qualquer nação, e também a todos os demais cargos públicos.

Paulo Roberto de Almeida
Brasilia, 25/07/2025

quinta-feira, 24 de julho de 2025

A retórica e os limites do novo Brics: Entre a ambição do Sul Global e as contradições geopolíticas - Karine Stange Clandrin (Portal Interesse Nacional)

A retórica e os limites do novo Brics – Entre a ambição do Sul Global e as contradições geopolíticas
Karine Stange Clandrin
Portal Interesse Nacional, 21/07/2025
https://interessenacional.com.br/portal/a-retorica-e-os-limites-do-novo-brics-entre-a-ambicao-do-sul-global-e-as-contradicoes-geopoliticas/

Declaração da Cúpula do grupo revela uma seletividade que compromete o potencial do Brics como articulador legítimo de uma ordem internacional mais justa e arrisca transformar o grupo em um espelho invertido do Ocidente que critica: uma coalizão de conveniência disposta a defender “direitos” quando isso convém, mas indiferente quando os abusos partem de seus próprios aliados

A Declaração do Rio de Janeiro, resultado da XVII Cúpula dos BRICS realizada em julho de 2025, é extensa e ambiciosa. Intitulado Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável, o documento representa o esforço dos países do bloco em moldar uma nova narrativa sobre o papel do Sul Global no cenário internacional. No entanto, por trás da linguagem diplomática e dos compromissos retóricos, permanecem contradições estruturais e ambiguidades políticas que limitam o alcance prático das propostas.

A ampliação do Brics e a incorporação de novos países parceiros, como Indonésia, Belarus, Bolívia e Nigéria, é apresentada na Declaração do Rio de Janeiro como símbolo de um novo multilateralismo inclusivo, fundado na solidariedade Sul-Sul e na busca por uma ordem internacional mais representativa.

‘Trata-se de um bloco cuja identidade comum é marcada mais pela contestação da ordem vigente do que por uma agenda propositiva convergente’

Em tese, trata-se de uma tentativa de dar maior densidade política ao grupo, ampliando sua legitimidade e capacidade de articulação perante os fóruns multilaterais. No entanto, esse processo de expansão, longe de consolidar um polo de coesão geoestratégica, acentua a já conhecida heterogeneidade do Brics. Trata-se de um bloco cuja identidade comum é marcada mais pela contestação da ordem vigente do que por uma agenda propositiva convergente.

A diversidade dos países-membros e parceiros vai além da geografia: inclui sistemas políticos que vão de democracias liberais a regimes autoritários consolidados, modelos econômicos centrados em alta tecnologia e inovação, como o da China, ao extrativismo de commodities, como no caso da Bolívia, além de prioridades geopolíticas que muitas vezes se chocam.

‘Em vez de um “núcleo duro” de interesses comuns, o Brics+ opera como uma colcha de retalhos de reivindicações nacionais’

A presença simultânea de países como Índia e China, rivais estratégicos na Ásia, e de Estados sob sanções internacionais, como Irã e Belarus, evidencia os limites do grupo enquanto instância de formulação de consensos robustos. Em vez de um “núcleo duro” de interesses comuns, o Brics+ opera como uma colcha de retalhos de reivindicações nacionais, muitas vezes desconectadas entre si.

Esse quadro evidencia uma das fragilidades centrais da narrativa multipolar promovida pelo Brics: a ausência de um projeto coerente de governança global alternativa.

A “multipolaridade” evocada no documento é mais um signo de resistência ao unilateralismo ocidental do que uma proposta estruturada de substituição da ordem vigente. Falta ao grupo uma arquitetura normativa própria, com regras, instituições e mecanismos que traduzam em práticas concretas os valores que proclama, como democracia, inclusão, desenvolvimento sustentável e justiça internacional.

‘A crescente complexidade do grupo tende a produzir mais declarações de intenção do que ações coordenadas’

Além disso, a ampliação do grupo não é acompanhada de um aprofundamento institucional correspondente. O Brics permanece com baixa densidade institucional, sem secretariado permanente, regras de decisão vinculantes ou mecanismos efetivos de resolução de disputas. A governança é guiada pelo consenso informal, o que, embora mantenha a coesão superficial, dificulta a operacionalização de políticas conjuntas e compromissos duradouros. Na prática, isso significa que a crescente complexidade do grupo tende a produzir mais declarações de intenção do que ações coordenadas.

O documento reitera a defesa da reforma das instituições de Bretton Woods e do Conselho de Segurança da ONU, pautas históricas do Brics desde sua criação, como forma de corrigir a sub-representação do Sul Global e democratizar as estruturas de governança global. Contudo, mais uma vez, esse compromisso aparece revestido de uma retórica protocolar, progressista no tom, mas frágil em conteúdo.

‘A Declaração evita enfrentar os reais bloqueios políticos à concretização dessas reformas’

A Declaração do Rio de Janeiro reafirma “aspirações legítimas” de maior participação de países como o Brasil e a Índia, mas evita enfrentar os reais bloqueios políticos à concretização dessas reformas, inclusive os que partem de dentro do próprio grupo.

É notório, por exemplo, o silêncio sobre a resistência da China em aceitar a ampliação dos assentos permanentes do Conselho de Segurança da ONU com direito a veto. Ao mesmo tempo, a Rússia, embora tenha reiterado seu apoio nominal à reivindicação brasileira e indiana, permanece alinhada à defesa do status quo que lhe garante poder privilegiado no sistema das Nações Unidas. Não há qualquer indício de que o país esteja disposto a abrir mão de prerrogativas estratégicas, como o veto no CSNU, ou a apoiar reformas que, mesmo indiretamente, possam diluir sua centralidade geopolítica. Em outras palavras, os dois membros permanentes do grupo tendem a instrumentalizar a defesa da reforma como ferramenta de soft power perante o Sul Global, ao mesmo tempo em que protegem zelosamente seus próprios privilégios institucionais.

‘O grupo permanece mais reativo do que propositivo frente à hegemonia financeira ocidental’

No caso das instituições financeiras de Bretton Woods, o padrão se repete. A demanda por maior representação dos países em desenvolvimento no FMI e no Banco Mundial é justa e urgente, mas novamente esbarra na falta de mecanismos políticos concretos para sua implementação. A ausência de um fundo próprio do Brics, ou de uma proposta de alternativa real ao dólar como moeda de reserva global, demonstra que o grupo permanece mais reativo do que propositivo frente à hegemonia financeira ocidental.

Além disso, o apoio do Brics à “transparência e meritocracia” nos processos de nomeação em organismos internacionais, embora desejável, torna-se contraditório quando se observa o comportamento de alguns membros do grupo, como a Rússia, que têm reiteradamente contestado ou obstruído instâncias multilaterais quando estas são desfavoráveis aos seus interesses, inclusive com acusações sistemáticas de viés político.

‘É na política internacional que a inconsistência do Brics se torna mais gritante’

É na política internacional que a inconsistência do Brics se torna mais gritante. A Declaração dedica longos parágrafos à condenação das ações de Israel em Gaza, ao apoio irrestrito à causa palestina e à denúncia das sanções unilaterais impostas pelos Estados Unidos e seus aliados. No entanto, a retórica de indignação é seletiva e reveladora: silencia quase completamente sobre as ações agressivas da Rússia na Ucrânia e se limita a expressar “profunda preocupação” com os ataques contra o Irã, país aliado da Rússia e da China.

A guerra da Ucrânia, que já dura mais de três anos, com extensa destruição de cidades, deportação de crianças e uso sistemático de ataques contra infraestrutura civil, é mencionada apenas no parágrafo 22 da Declaração, em linguagem diplomática estéril, sem qualquer condenação à Rússia. A menção à “Iniciativa Africana de Paz” e ao “diálogo” soa como uma cortina de fumaça para mascarar a conivência do grupo com a agressão russa. O país não é tratado como parte de um conflito violento e ilegal, mas como um ator legítimo na busca por uma solução.

O contraste com o tratamento dado a Israel é evidente. A Declaração do Brics dedica seis parágrafos à condenação da atuação israelense em Gaza, referindo-se a ela como ocupação ilegal e fazendo referência explícita às medidas cautelares da Corte Internacional de Justiça (CIJ) no processo movido pela África do Sul, que acusa Israel de genocídio. Ainda que haja razões legítimas para críticas severas à condução da guerra por parte do governo israelense, o tom do documento não encontra paralelo na abordagem de outros conflitos com níveis de violência e desrespeito ao direito internacional igualmente graves.

‘O Brics adota um discurso seletivo dos direitos humanos, utilizado como instrumento de crítica à ordem liberal ocidental, mas sem compromisso universal com os princípios que dizem defender’

Essa assimetria moral revela uma estratégia política deliberada: o Brics adota um discurso seletivo dos direitos humanos, utilizado como instrumento de crítica à ordem liberal ocidental, mas sem compromisso universal com os princípios que dizem defender.

A omissão sobre os crimes de guerra cometidos pela Rússia, as violações sistemáticas de direitos humanos no Irã ou a perseguição política em Belarus, expõe a lógica de conveniência geopolítica por trás do discurso do “Sul Global”. Direitos humanos, neste enquadramento, não são valores universais, mas ferramentas táticas mobilizadas conforme o alinhamento ideológico e estratégico dos países envolvidos.

‘O Brasil assume nessa Declaração um papel ambíguo e desconfortável’

O Brasil, que historicamente buscou se projetar como mediador equidistante e defensor do direito internacional, assume nessa Declaração um papel ambíguo e desconfortável.

Ao endossar, sem reservas, a narrativa russa sobre a guerra na Ucrânia e ao silenciar sobre a repressão no Irã, o governo brasileiro arrisca sua credibilidade como ator normativo e afasta-se de sua tradição diplomática de defesa consistente do multilateralismo, da solução pacífica de controvérsias e dos direitos humanos como valores universais. Ao mesmo tempo, critica duramente Israel, com razão em muitos aspectos, mas sem oferecer qualquer autocrítica ou menção a atrocidades cometidas por outros atores, como o Hamas, cuja prática de ataques a civis também fere gravemente o direito humanitário internacional.

Essa seletividade compromete o potencial do Brics como articulador legítimo de uma ordem internacional mais justa. Ao invés de oferecer uma alternativa normativa aos vícios da ordem liberal liderada pelos EUA, muitas vezes hipócrita e pautada por interesses, o grupo apenas reproduz outra forma de cinismo geopolítico, agora travestido de solidariedade ao Sul Global. O risco, portanto, é o Brics transformar-se em um espelho invertido do Ocidente que critica: uma coalizão de conveniência, disposta a defender “direitos” quando isso convém, mas indiferente quando os abusos partem de seus próprios aliados.

‘O Brasil perde uma oportunidade histórica de afirmar uma política externa verdadeiramente autônoma, baseada em valores consistentes e comprometida com a universalização dos direitos’

O Brasil, ao se alinhar a essa lógica na Declaração do Rio de Janeiro, perde uma oportunidade histórica de afirmar uma política externa verdadeiramente autônoma, baseada em valores consistentes e comprometida com a universalização dos direitos. Ao evitar qualquer crítica à Rússia e ao Irã, ao mesmo tempo em que lidera os ataques verbais contra Israel e denuncia genericamente os “abusos do Ocidente”, o país dilui sua tradição diplomática e se subordina a uma agenda que não controla, e que muitas vezes contradiz seus próprios interesses e valores.

A Cúpula do Rio, portanto, marca mais uma oportunidade perdida. O Brics segue sendo um fórum de grande potencial simbólico, mas ainda incapaz de oferecer um projeto robusto, coeso e transformador para o Sistema Internacional.

Sem enfrentar suas próprias contradições, o bloco arrisca-se a tornar-se irrelevante como alternativa real à ordem global existente. Pior: pode se tornar apenas mais um instrumento geopolítico a serviço de potências revisionistas, com retórica emancipatória, mas prática seletiva e inconsequente. O desafio do Brics, hoje, não é apenas o de ganhar espaço no sistema internacional é o de merecê-lo.

Karina Stange Calandrin é colunista da Interesse Nacional, professora de relações internacionais no Ibmec-SP e na Uniso, pesquisadora de pós-doutorado do Instituto de Relações Internacionais da USP e doutora em relações internacionais pelo PPGRI San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP).

Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional

 

Vidas Paralelas: Rubens Ricupero e Celso Lafer nas relações internacionais do Brasil - livro de Paulo Roberto de Almeida (Rio de Janeiro: Ateliê de Humanidades, 2025)

Próximo livro: quase pronto para impressão:


Vidas Paralelas: Rubens Ricupero e Celso Lafer nas relações internacionais do Brasil
(Rio de Janeiro: Ateliê de Humanidades, 2025)
Sumário
PREFÁCIO – Fernando de Mello Barreto
A TÍTULO DE APRESENTAÇÃO: UMA NOTA PESSOAL SOBRE MINHAS AFINIDADES ELETIVAS
1. UMA HISTÓRIA INTELECTUAL: PARALELAS QUE SE CRUZAM
Por que uma história intelectual paralela?
Por que vidas paralelas numa história intelectual?
Quão “paralelos” são Rubens Ricupero e Celso Lafer?
A importância de Ricupero e de Lafer nas relações
internacionais do Brasil
O sentido ético de uma vida dedicada à construção do Brasil
2. RUBENS RICUPERO: UM PROJETO PARA O BRASIL NO MUNDO
Do Brás italiano para o Rio de Janeiro cosmopolita
Um começo desconcertante na vida diplomática
Uma carreira progressivamente ascendente, pela via amazônica
Afinidades eletivas com base no estudo do Brasil e no conhecimento do mundo
Professor de diplomatas e de universitários, no Instituto Rio Branco e na UnB
O assessor internacional e o Diário de Bordo da viagem de Tancredo Neves
O Brasil no sistema multilateral de comércio
O mais importante plano de estabilização da história econômica brasileira
UNCTAD: a batalha pela redução das desigualdades globais
Um pensador internacionalista, o George Kennan brasileiro
A figura incontornável de Rio Branco, o paradigma da ação diplomática
Brasil: um futuro pior que o passado?
O Brasil foi construído pela sua diplomacia? De certo modo, sim
Quais as grandes leituras de Rubens Ricupero?
3. CELSO LAFER: UM DOS PAIS FUNDADORES DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS NO BRASIL
A abertura de asas de um intelectual promissor
A tese de Cornell sobre o Plano de Metas de JK
Irredutível liberal: ensaios e desafios
As relações econômicas internacionais: reciprocidade de interesses
A trajetória de Celso Lafer nas relações internacionais do Brasil
Direitos humanos: a dimensão moral do trabalho intelectual
Um diálogo permanente com Hannah Arendt
Norberto Bobbio: afinidades eletivas com o sábio italiano
A aventura da revista Política Externa e seu papel no cenário editorial
A diplomacia na prática: a primeira experiência na chancelaria, 1992
A diplomacia na prática: a segunda experiência na chancelaria, 2001-2002
No templo dos imortais: “intelectual militante” e “observador participante”
O judaísmo laico de Lafer e a unidade espiritual do mundo de Zweig
Uma coletânea dos mais importantes artigos num amplo espectro intelectual
4. PARALELAS CONVERGENTES: CONSIDERAÇÕES FINAIS
Bildung pessoal nas relações internacionais do Brasil
A dupla dimensão das vidas paralelas
Dois “professores” e não só de política externa
A République des Lettres do Itamaraty e dois dos seus representantes
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...